segunda-feira, 24 de junho de 2013

NATUREZA ASIÁTICA E POPULAÇÃO

  A posição geográfica da Ásia, com enorme extensão norte-sul, propicia o surgimento das mais variadas paisagens climatobotânicas.
  Essa situação é potencializada pelas grandes cadeias montanhosas, que se estendem na região central da Ásia e formam uma verdadeira barreira no sentido oeste-leste.
  Essa barreira impede que as massas de ar frio vindas do Ártico atinjam o sul do continente com muita força e que as massas de ar quente da região equatorial atravessem o continente no sentido norte.
Mapa do relevo da Ásia
  O Himalaia é a cadeia montanhosa que atinge as maiores altitudes em todo o mundo. É partilhada por seis países: Afeganistão, Paquistão, Índia, Nepal, Butão e China. Com mais de dois mil quilômetros de extensão, é uma verdadeira muralha cujos picos comumente ultrapassam os 6 mil metros. Nessa cordilheira fica o Monte Everest, o ponto culminante do planeta terra, com 8.848 metros de altitude. Por causa das altitudes elevadas, a região é muito fria e apresenta áreas totalmente congeladas. Durante o curto verão, o degelo intenso dá origem a gigantescos rios, que correm em direção ao sul.
Monte Everest - ponto culminante do planeta
  A presença do Himalaia e de outras cadeias montanhosas altera totalmente a dinâmica do clima da região.
  Durante o verão, no sul da Ásia, o ar quente sobre o continente fica mais leve e sobe, pois o ar é menos denso. O ar que está sobre o oceano também se aquece, e a evaporação forma nuvens que se dirige para o continente. No continente, há uma zona de baixa pressão atmosférica, onde as nuvens carregadas com a umidade do oceano avançam sobre ele, provocando chuvas torrenciais no sul e no sudeste da Ásia. Esse sistema é denominado de monções. As chuvas de monções é essencial para a agricultura, pois os rios trazem bastante matéria orgânica das montanhas, ajudando a fertilizar as várzeas dos rios e contribuindo para o cultivo agrícola, principalmente do arroz, o principal produto agrícola do continente.
  Em função dessa característica marcante, as regiões sul e sudeste do continente asiático também são conhecidas como Ásia das Monções.
Esquema de monções na Ásia
  Porém, em virtude das alterações que estão ocorrendo na atmosfera terrestre por causa da poluição e da destruição do meio ambiente, as monções podem sofrer com mudanças bruscas, prejudicando toda a cadeia produtiva existente na região.
  Quando as monções são mais fracas do que o normal, a irrigação fica comprometida. Isso afeta de forma aguda a população da Ásia, encarecendo os alimentos e ocasionando fome e desnutrição nas várias regiões do continente em que a renda é muito baixa.
Mapa climático da Ásia de acordo com a classificação de Köppen-Geiger
  Tanto as chuvas abundantes da região influenciada pelos climas equatorial e tropical quanto a grande quantidade de neve derretida das altas montanhas favorecem a existência de grandes rios, que correm em quase todas as direções do continente asiático. Esses rios possuem várias vertentes:
  • Vertente do Pacífico - alguns deles têm grande volume de água devido às monções de verão. Dentre esses rios, destacam-se os rios Huang-ho (ou rio Amarelo), o Si-kiang (ou rio das Pérolas) e o Yang-tsé-kiang (ou rio Azul), todos localizados na China, além do rio Mekong, localizado na península da Indochina;
  • Vertente do Índico - alguns deles também são monçônicos e tornam-se muito volumosos durante o verão. Dentre os rios dessa vertente, destacam-se os rios da Bramaputra, o Ganges e o Godovari, localizados entre a Índia e o Bangladesh, e o rio Indo, que corta grande parte do Paquistão;
  • Vertente do Oceano Glacial Ártico - esses rios congelam-se durante grande parte do ano. Como o degelo ocorre a partir dos seus altos cursos, as águas, ao chegarem ao médio curso, encontram barreiras de gelo, e espalham-se por vastas extensões de suas margens, provocando frequentes inundações. Dentre os rios dessa vertente, destacam-se o Obi, o Ienissei e o Lena, localizados na Rússia;
  • Vertente do Golfo Pérsico - dentre os rios dessa vertente, destacam-se o Tigres e o Eufrates, que cortam o território do Iraque e formam a planície da Mesopotâmia;
  • Rios da Ásia Centro-Oriental - são rios que deságuam em lagos. Dentre eles, destacam-se o Sir Daria e o Amu Daria, que deságuam no mar de Aral, além de outros que desaparecem dentro do deserto. O represamento das águas dos rios Sir Daria e Amu Daria, provocou um grande dano ambiental na região, pois está provocando a redução do mar e consequentemente uma expansão de área desértica na região.
O mar de Aral deu lugar a um Aralkum, um deserto de sal e poluentes sólidos
  A Ásia apresenta poucos lagos, embora de grande extensão, como o Baikal e o Balkhash, localizados na Rússia. Porém, o continente é formado por muitos mares, com destaque para o mar Vermelho, que limita as costas africanas e asiáticas, e os mares da Arábia, da China Meridional Oriental, o de Andamá, o Amarelo, o da Indonésia, de Java, de Timor, de Okotsk, do Japão, entre outros. No limite com a Europa, aparece o maior mar fechado do mundo, o mar Cáspio.
Mar Cáspio em Turkmenbachi, no Turcomenistão
  As formações vegetais do continente também são bastante variadas.
  No extremo norte, junto ao pólo norte, não há condições para a existência da vegetação, devido às baixas temperaturas durante praticamente o ano todo. Porém, mais ao sul, na planície Siberiana, começam a surgir formações de tundra. Em direção ao sul, à medida que o clima polar se torna menos intenso e o frio se estende por um número menor de meses, aparece a vasta região da taiga, quase totalmente no território russo.
  O maior destaque da vegetação no continente, são as estepes, que ocupam grandes extensões da Ásia Central, em áreas do clima semiárido.
  Os arquipélagos situados na Ásia Meridional apresentam-se recobertos por florestas equatoriais e tropicais. Essas formações ocorrem também no centro-sul, onde ocorrem também a presença de savanas.
  As florestas temperadas ocorrem em extensões consideráveis do Extremo Oriente, e nas áreas de clima desértico e semi-áridas, ocorrem a presença de plantas xerófilas.
Paisagem típica da Sibéria, com destaque para a taiga siberiana
  A distribuição da população resulta da evolução das diversas sociedades desse continente. Há milhares de anos, as populações asiáticas ocupavam as margens dos grandes rios, onde a disponibilidade desse recurso e dos solos irrigados facilitava a atividade agrícola.
  Durante séculos, a disponibilidade de água esteve relacionada a uma relativa fartura de alimentos, em sociedades cuja principal característica era a dedicação às atividades rurais.
  Historicamente, as sociedades agrárias tinham como traço distintivo as altas taxas de natalidade. Assim, mesmo com o aumento da mortalidade em determinados períodos (guerras, epidemias), mantinha-se o grande crescimento vegetativo da população.
Rio Bhagirathi, uma das nascentes do Ganges, na Índia
  Nas últimas décadas, a economia mundial criou diversas regiões industriais. Na Ásia esse fenômeno é bem recente, exceto no Japão, onde a industrialização é mais antiga. Alguns países industrializaram-se somente nas décadas de 1980 e 1990.
  Isso mudou o espaço geográfico da Ásia, que antes era marcado pelas atividades agrárias. Hoje as cidades crescem e se multiplicam, criando verdadeiros "formigueiros humanos". Anualmente, em toda a Ásia, milhões de pessoas deixam o campo e vão para as cidades.
Mapa da distribuição da população mundial. As maiores concentrações populacionais encontram-se no continente asiático
  As cidades da Ásia são as que mais crescem no mundo, e muitas delas são megacidades - centros urbanos que possuem mais de 10 milhões de habitantes. Essas cidades passaram, e ainda passam, por um grande crescimento populacional nas últimas décadas. A qualidade de vida nelas é extremamente baixa, existindo enormes dificuldades no transporte e no saneamento.
  Em oposição à situação de concentração de população, na Ásia existem também espaços poucos habitados, geralmente situados nas regiões mais frias do continente e nas áreas montanhosas.
Mapa das maiores cidades do mundo
FONTE: Tamdjian,  James Onnig. Estudos de geografia: o espaço do mundo II, 9º ano / James Onnig Tamdjian, Ivan Lazzari Mendes. - São Paulo: FTD, 2012.

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