quinta-feira, 19 de março de 2020

OS RIOS VOADORES: SISTEMAS DE NUVENS NA AMAZÔNIA E NOS ANDES

  O clima de diversos locais do mundo é influenciado por cursos de água atmosféricos, popularmente conhecidos como "rios voadores". Trata-se de imensas massas de vapor de água decorrentes da evaporação dos oceanos, nas faixas próximas às áreas quentes do planeta. Essas massas de umidade, acompanhadas de nuvens, são transportadas pelas correntes de ar em alta velocidade e por longas distâncias, precipitando em outras regiões, distantes da área de origem.
  Os rios voadores são cursos de água atmosféricos (aéreos ou flutuantes), formados por massas de ar carregadas de vapor de água, muitas vezes acompanhados por nuvens, e são propelidos pelos ventos. Essas correntes de ar invisíveis carregam umidade da Bacia Amazônica para o Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil. São invisíveis em determinada região da Amazônia e sobrevoam em meio a copa das árvores. Eles não têm margens como os rios terrestres, porém realizam a mesma função de transportar umidade e vapor de água, advindos da evapotranspiração das árvores.
  Essa umidade, nas condições meteorológicas propícias, como uma frente fria vinda do sul, se transforma em chuva. É essa ação de transporte de enormes quantidades de vapor de água pelas correntes aéreas que recebe o nome de rios voadores.
Esquema do sistema "rios voadores"
  Para bombear a água ela suga a umidade evaporada pelo Oceano Atlântico próximo à Linha do Equador e é carregada pelos ventos alísios, formando-se assim, as nuvens. Quando chegam sobre a mata, com a influência do calor e já carregadas, ficam mais pesadas que o ar e caem em forma de chuva. Posteriormente, as árvores evapotranspiram sob o sol e a floresta devolve toda a água que absorveu para a atmosfera na forma de vapor de água. O ar é carregado e continua sendo transportado rumo a curvatura do Acre, uma vez que por causa da Cordilheira dos Andes, não passa direto, seguindo pela Bolívia e Paraguai até chegar aos estados brasileiros de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Pará, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Antes, precipita levemente próximo às montanhas, dando origem aos rios amazônicos.
  A América do Sul é influenciada pelo rio voador que tem origem nas áreas equatoriais do Oceano Atlântico. Ao se deslocarem para o interior do continente, os rios voadores ganham força com a umidade que se evapora das árvores da Floresta Amazônica. Estima-se que eles circulem na atmosfera a uma altura de até dois quilômetros. Ao adentrar pela porção norte do continente sul-americano, encontram a Cordilheira dos Andes e, em decorrência da redução da pressão atmosférica conforme aumenta a altitude do relevo, precipitam nas cabeceiras da bacia hidrográfica do rio Amazonas, retroalimentando o sistema de umidade da região.
Esquema dos chamados "rios voadores"
  Também provocam chuvas a grandes distâncias, como na Bacia do Rio da Prata, que abrange a porção sul do Brasil, o norte da Argentina, o Uruguai e o Paraguai. São extremamente importantes para as produções agrícolas e industrial e para o abastecimento de água das cidades.
  A vazão dos rios flutuantes é equivalente à vazão dos rios amazônicos, lançando cerca de 200.000 m³/s. Isso acontece porque uma árvore bombeia para a atmosfera mais de 300 litros de água em um dia, sendo que uma árvore maior pode evapotranspirar mais de mil litros por dia.
  A umidade levada para o Sudeste e o Centro-Oeste do Brasil garante a estas regiões capacidade para não se tornarem desertos, uma vez que outras regiões na mesma faixa subtropical são desérticas, como a Austrália, o Kalahari, a Namíbia e o Atacama.
  Ter consciência da influência da Floresta Amazônica na vida de todo brasileiro, seja por causa do uso cotidiano da água pelos cidadãos, pelo uso na agricultura ou na criação de animais, é estratégico para que ela seja protegida do desmatamento. A permanência da Floresta garante nosso suprimento de água e, consequentemente, de alimentos.
Chuva na Amazônia

quinta-feira, 12 de março de 2020

AS ESTAÇÕES DO ANO

  As estações do ano são primavera, verão, outono e inverno. Cada uma delas tem duração aproximada de três meses, contemplando, portanto, os doze meses do ano.
  Na órbita que a Terra descreve ao redor do Sol, há quatro posições que indicam o início e o fim de cada estação. Duas delas recebem o nome de solstício - ocorrem nos dias 21 de dezembro e 21 e junho -, e as outras duas recebem o nome de equinócio - dias 21 de março e 23 de setembro.
  Inicialmente, o ano era dividido em duas partes:
  • o período quente (em latim "ver") era dividido em três partes: o Prima Vera (literalmente "primeiro verão"), de temperatura e umidade moderadas; o Tempo Veranus (literalmente "tempo da frutificação"), de temperatura e umidades elevadas; e o Estivum (em português traduzido como "estio"), de temperatura elevada e baixa umidade.
  • o período frio (em latim "hiems") era dividido em duas fases: o Tempus Autumnus (literalmente "tempo do ocaso"), em que as temperaturas entram em declínio gradual; e o Tempus Hibernus, a época mais fria do ano, marcada pela neve e ausência de fertilidade.
Diagrama que representa as estações do ano
  Posteriormente, para ajustar as estações à posição exata dos equinócios e solstícios, correlacionados com a influência da translação associada à mudança no eixo de inclinação da Terra, convencionou-se, no Ocidente, dividir o ano em quatro estações. Porém, em certas culturas, o ano é dividido em cinco estações, como a China. Países como a Índia, divide o ano em três estações: uma quente, uma fria e uma chuvosa.
  Já no continente africano, países como Angola, só tem duas estações: a das chuvas, quente e úmida; e a cacimbo, seca e ligeiramente mais fresca, principalmente à noite.
Figura esquemática que mostra as estações do ano
  A palavra "solstício" significa "Sol que se detém". Por causa da inclinação do eixo terrestre e da posição da Terra em relação ao Sol, no dia 21 ou 22 de dezembro ocorre o solstício de verão no Hemisfério Sul e o solstício de inverno no Hemisfério Norte: os raios solares incidem perpendicularmente sobre o Trópico de Capricórnio. Nessa data, o Hemisfério Sul tem o dia mais longo do ano, quando se inicia o verão; o Hemisfério Norte tem o dia mais curto do ano, marcando o início do inverno.
  Em 20 ou 21 de junho acontece o contrário: solstício de inverno no Hemisfério Sul e solstício de verão no Hemisfério Norte. Neste dia os raios solares incidem perpendicularmente sobre o Trópico de Câncer. É o início do verão no Hemisfério Norte, com o dia mais longo que a noite, e no Hemisfério Sul tem início o inverno, com a noite mais longa e o dia mais curto (as datas podem variar dependendo do ano bissexto).
Insolação da Terra no ano de 2013
  A palavra "equinócio" significa "dias e noites iguais", ou seja, indica que a duração do período claro (dia) é igual à do período escuro (noite). Os equinócios ocorrem em 20 ou 21 de março e 22 ou 23 de setembro, quando os raios solares incidem perpendicularmente sobre a linha do Equador, iluminando os dois hemisférios.
  O equinócio de 20 ou 21 de março anuncia o início da primavera no Hemisfério Norte e do outono no Hemisfério Sul. Já o equinócio de 22 ou 23 de setembro marca o início do outono no Hemisfério Norte e da primavera no Hemisfério Sul. Essas datas podem variar decorrente do ano bissexto.
  Na zona tropical, por exemplo, onde está localizada a maior parte do território brasileiro, é mais difícil perceber as diferenças entre uma estação e outra. Essa é a zona de maior insolação do planeta, o que mantém a temperatura do ar atmosférico elevada durante o ano todo. Apenas nos estados brasileiros situados ao sul do Trópico de Capricórnio e em lugares situados em altitudes mais elevadas o inverno é mais frio.
  Na zona temperada, as estações do ano são bem definidas: no inverno, as temperaturas são baixas e pode nevar em muitos lugares; no outono e na primavera, as temperaturas ficam amenas; e, no verão, elas costumam ser mais elevadas.  Nas zonas polares, as quatro estações do ano também não são bem demarcadas. As temperaturas são sempre baixas, geralmente inferiores a 0 ºC.
Figura esquemática que mostra uma planta durante as 4 estações do ano
  As estações do ano se repetem todos os anos. Os povos antigos já as percebiam e regulavam suas atividades diárias em função delas: o plantio, a colheita, a época de se proteger do frio etc. No entanto, as estações do ano não são bem definidas em todos os lugares da Terra, pois variam de acordo com a latitude.
  O inverno é a estação mais fria das quatro estações do ano nos climas temperados. O inverno no Hemisfério Norte é chamado "inverno boreal", e o do Hemisfério Sul é chamado "inverno austral".
  No inverno, as noites são mais longas que os dias, visto que a incidência de raios solares é menor. Durante essa estação, várias espécies de aves migram do seu lugar de origem para outras áreas com o intuito de fugir do frio.
  No Hemisfério Norte o inverno tem início no dia 21 ou 22 de dezembro e termina com o equinócio da primavera, no dia 20 ou 21 de março (dependendo do ano bissexto). No Hemisfério Sul, o inverno tem início no dia 20 ou 21 de junho e vai até o dia 22 ou 23 de setembro, quando se inicia a primavera.
Inverno na região temperada - as plantas ficam ociosas
  A primavera é a estação do ano que se segue ao inverno e precede o verão. É tipicamente associada ao reflorescimento da flora terrestre.
  A primavera do Hemisfério Norte é chamada de "primavera boreal" e a do Hemisfério Sul é chamada de "primavera austral". A primavera boreal tem início no dia 20 ou 21 de março e termina no dia 20 ou 21 de junho. A primavera austral tem início no dia 22 ou 23 de setembro e termina no dia 21 ou 22 de dezembro.
Primavera na região temperada - as plantas voltam a crescer
  O verão caracteriza-se por ser a estação mais quente do ano. Neste período, as temperaturas permanecem elevadas, os dias são mais longos e as noites são mais curtas. Geralmente, o verão é também o período do ano reservado às férias.
  No Hemisfério Norte, o verão é chamado de "verão boreal" e no Hemisfério Sul é chamado "verão austral". O verão boreal tem início com o solstício de verão, que acontece no dia 20 ou 21 de junho, e termina no dia 22 ou 23 de setembro com o equinócio de outono (dependendo do ano bissexto). O verão austral tem início no dia 21 ou 22 de dezembro e vai até o dia 20 ou 21 de março, quando ocorre o equinócio do outono.
Verão nas regiões temperadas - nessa época as plantas crescem
  O outono é a estação do ano que sucede ao verão e antecede o inverno. É caracterizado por queda na temperatura e pelo amarelar e início da queda das folhas das árvores, que indica a passagem de estações (exceto nas regiões próximas ao Equador).
  O outono no Hemisfério Norte é chamado de "outono boreal" e no Hemisfério Sul é chamado de "outono austral". O outono boreal tem início no dia 22 ou 23 de setembro e termina no dia 21 ou 22 de dezembro. O outono austral tem início no dia 20 ou 21 de março e termina no dia 20 ou 21 de junho.
Nas regiões temperadas durante o outono, as árvores ficam amareladas e liberam suas folhas

domingo, 8 de março de 2020

OS QUILOMBOLAS E OS QUILOMBOS

  Para fugir dos maus-tratos e da submissão do colonizador, os escravizados resistiram de diversas maneiras. Uma delas foi a formação de quilombos, para onde negros, além de indígenas e mestiços fugiam. Nos quilombos, considerados fortalezas escondidas no meio da mata, eles se organizavam, plantavam, criavam animais e viviam em liberdade.
  A palavra "quilombo" tem origem nos termos "kilombo" (Quimbundo) e "ochilombo" (Umbundo), estando presente também em outras línguas faladas ainda hoje por diversos povos Bantus que habitam a região de Angola, na África Ocidental. Originalmente, designava apenas um lugar de pouso, utilizado por populações nômades ou em deslocamento. Posteriormente, passou a designar também as paragens e acampamentos das caravanas que faziam o comércio de cera, escravos e outros itens cobiçados pelos colonizadores. Significava também "acampamento guerreiro", capital, povoação, união. Porém, foi só no Brasil que o termo "quilombo" ganhou o sentido de comunidades autônomas de escravos fugitivos. Os moradores dessas comunidades são chamados de quilombolas.
Comunidade quilombola de Curiaú, no Amapá
  No Brasil houve diversos quilombos, tanto pequenos quanto grandes. Parte da produção quilombola era usada para a sobrevivência da sua população, parte era comercializada com comunidades vizinhas.
  O quilombo mais conhecido, sempre lembrado pelos livros de história, foi Palmares, instalado na Serra da Barriga, em Alagoas, mas pelo menos dois mil outros deram origem a comunidades hoje chamadas de remanescentes de quilombo ou quilombolas.
  Os quilombos eram entendidos pelo Conselho Ultramarino do governo português de 1740 como "todo agrupamento de negros fugidos que passe de cinco, ainda que não tenham ranchos levantados em parte despovoada nem se achem pilões neles".
  Alguns quilombos se formaram a partir da compra de muitas terras de escravos alforriados, alguns receberam áreas por meio de herança, outros grupos se mantiveram em fazendas decadentes.
  Os escravos fugiam das fazendas entre os séculos XVI e XIX e se abrigavam nos quilombos para se defenderem do sistema escravista e resgatarem a cosmovisão africana e os laços de família perdidos com a escravização. Neles existiam manifestações religiosas e lúdicas, como a música e a dança.
Comunidade quilombola Boa Vista dos Negros, em Parelhas (RN)
  De acordo como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atualmente existem cerca de 3 mil comunidades quilombolas. Os moradores dessas comunidades lutam para obter o direito às terras que vêm sendo ocupadas desde o tempo de escravização. Visam, assim, garantir sua sobrevivência, sem perder suas tradições e seu modo de vida. Atualmente, as comunidades quilombolas passam por um processo de reconhecimento legal de sua existência por parte dos governos nacionais e das organizações internacionais.
  As comunidades quilombolas, de acordo com certos critérios, podem pleitear ao Estado brasileiro:
  • o reconhecimento oficial como comunidade quilombola, pela Fundação Cultural Palmares;
  • o título de propriedade da terra, como consta na Constituição Federal de 1988;
  • o acesso ao projeto de sustentabilidade, preservação e valorização de seus patrimônios histórico-culturais, assegurados nos Artigos 214, 215 e 216 da Constituição do Brasil.
Mapa do Brasil sobre a distribuição das comunidades quilombolas
O Quilombo dos Palmares
  o Quilombo dos Palmares foi o mais importante quilombo da era colonial brasileira. Localizava-se na Serra da Barriga, na então Capitania de Pernambuco, região hoje pertencente ao município de União dos Palmares, no estado de Alagoas.
  O auge do Quilombo dos Palmares ocorreu na segunda metade do século XVII, constituindo-se no mais emblemático dos quilombos formados no período colonial. Resistiu por mais de um século e se transformou em um símbolo de resistência do africano à escravidão. Seu primeiro líder foi Ganga Zumba (Grande Senhor), um escravo nascido no Reino do Congo por volta de 1630, e sucedido por seu sobrinho Zumbi, que foi um dos pioneiros na resistência contra a escravidão na América.
Mirante da Serra da Barriga
  À época das invasões holandesas no Brasil (1624-1625 e 1630-1654), com a perturbação causada nas rotinas dos engenhos de açúcar, registrou-se um crescimento da população em Palmares, que passou a formar diversos núcleos de povoamento (mocambos), nos quais os principais foram:
  • Cerca Real do Macaco - o maior centro político do quilombo, contando com cerca de 1.500 habitações;
  • Subupira - centralizava as atividades militares, contando com cerca de 800 habitações;
  • Zumbi - era o líder do povo. Tornou-se símbolo da luta dos afro-brasileiros contra a opressão e a discriminação;
  • Dandara - esposa de Zumbi, liderava as falanges femininas do exército palmarino.
Zumbi dos Palmares (1655-1695)
  Segundo historiadores, em 1670 a população do Quilombo dos Palmares chegou a 20 mil pessoas. Essa população sobrevivia graças à caça, à pesca, à coleta de frutas (goiaba, caju, abacate, entre outras) e à agricultura (feijão, milho, mandioca, banana, laranja e cana-de-açúcar). Praticavam também o artesanato (cestos, tecidos, cerâmica, metalurgia), onde os excedentes eram comercializados com as populações vizinhas, e os colonos chegavam a alugar terras para o plantio e a trocar alimentos por munição com os quilombolas.
  Com a expulsão dos holandeses do Nordeste do Brasil, acentuou-se a carência de mão de obra para a retomada de produção dos engenhos de açúcar da região. Dado o elevado preço dos escravos africanos, os ataques a Palmares aumentaram, visando a recaptura de seus integrantes.
Lagoa Encantada dos Negros
  A prosperidade de Palmares atraía a atenção e receio, e o governo federal sentiu-se obrigado a tomar providências para afirmar o seu poder sobre a região. Em carta à Coroa Portuguesa, um governador-geral reportou que os quilombos eram mais difíceis de vencer do que os holandeses.
  Foram necessários cerca de 18 expedições, organizadas desde o período de dominação holandesa, para erradicar definitivamente o Quilombo dos Palmares. Após várias investidas, o governador e capitão-general da Capitania de Pernambuco, Caetano de Melo e Castro, contratou o bandeirante Domingos Jorge Velho e o capitão-mor Bernardo Vieira de Melo para erradicar de vez a ameaça dos escravos fugitivos na região. O quilombo passou a ser atacado pelas forças do bandeirante e, em 1694, após um ataque frustrado, as forças dos bandeirante iniciaram uma empreitada vitoriosa, com um contingente de seis mil homens, bem armados e municiados. Um quilombola, Antônio Soares, foi capturado e, mediante a promessa de Domingos Jorge Velho de que seria libertado em troca da revelação do esconderijo do líder, Zumbi foi encurralado e morto em uma emboscada em 20 de novembro de 1695.
  A cabeça de Zumbi foi cortada e conduzida para Recife, onde foi exposta em praça pública no Pátio do Carmo, no alto de um mastro, para servir de exemplo a outros escravos. Sem a liderança de Zumbi, por volta de 1710, o quilombo se desfez por completo.
Pátio do Carmo, em Recife (PE) - aqui a cabeça de Zumbi dos Palmares foi exposta
A Fundação Cultural Palmares
  A Fundação Cultural Palmares é uma entidade pública brasileira vinculada ao Ministério da Cultura, instituída pela Lei Federal nº 7.668, de 22 de agosto de 1988.
  A entidade teve seu Estatuto aprovado pelo Decreto nº 418, de 10 de janeiro de 1992, e tem como missão os preceitos constitucionais de reforços à cidadania, à identidade, à ação e à memória dos segmentos étnicos dos grupos formadores da sociedade brasileira, além de fomentar o direito de acesso à cultura e à indispensável ação do Estado na preservação das manifestações afro-brasileiras.
Comemoração de 27 anos da Fundação Cultural Palmares, em 2015

segunda-feira, 2 de março de 2020

A DISSOLUÇÃO DO SEGUNDO MUNDO

  Após a Segunda Guerra Mundial, durante a Guerra Fria, o mundo se encontrava bipolarizado entre os Estados Unidos, capitalista, e a União Soviética, socialista. A rivalidade entre os países capitalistas e socialistas baseava-se, em grande parte, no desenvolvimento de suas economias e de seus modelos de produção, o que impulsionou as corridas armamentista e espacial.
  Nesse contexto de Guerra Fria, o demógrafo francês Alfred Sauvy utilizou o termo Terceiro Mundo, em artigo escrito em 1952, para se referir aos países economicamente mais frágeis e com pouca influência política nas decisões mundiais. Com base nesse conceito, teve origem uma nova regionalização do mundo, que classificou os países em Primeiro, Segundo e Terceiro Mundo.
  O Primeiro Mundo correspondia aos países capitalistas desenvolvidos, como Estados Unidos, Canadá, os países da Europa Ocidental, Japão, Austrália e Nova Zelândia. O Segundo Mundo era formado pelos países socialistas, como União Soviética, China, Cuba, países da Europa Oriental. O Terceiro Mundo representava os países capitalistas menos desenvolvidos, como os países da América Latina, da África, da Ásia e da Oceania que não se enquadrava no Primeiro nem no Segundo Mundo.
  Primeiro Mundo: os Estados Unidos e seus aliados
  Segundo Mundo: a União Soviética e seus aliados
  Terceiro Mundo: países não-alinhados ou neutros
  A partir da segunda metade do século XX, as expressões Primeiro, Segundo e Terceiro Mundo se popularizaram e passaram a ser utilizados nos meios de comunicação e em estudos sobre a desigualdade entre os países.
  Entretanto, com a desestruturação da União Soviética, no final da década de 1980, a expressão Segundo Mundo tornou-se obsoleta. Muitos países socialistas passaram a adotar o capitalismo como sistema econômico. A maior parte desses países passou a apresentar, após a dissolução da União Soviética, níveis de desenvolvimento econômico e social comparáveis aos dos países do Primeiro Mundo.
  A Teoria dos Mundos apresenta uma análise de um mundo já histórico, não condizendo mais com a realidade pós-Guerra Fria em que vivemos, uma vez que com a queda do Muro de Berlim e o colapso da União Soviética, e consequentemente o brusco colapso do socialismo no Leste Europeu, a dissolução da Iugoslávia e a abertura econômica chinesa levou o mundo na década de 1990 a experimentar a hegemonia do capitalismo como sistema econômico global.
Mudanças nas fronteiras nacionais soviéticas após o fim da Guerra Fria
  Com o colapso econômico e ideológico do Segundo Mundo, o termo entrou em total desuso, embora alguns ainda venham a fazer uso erroneamente dos termos Primeiro e Terceiro Mundo, ao se referir aos países ricos e pobres, respectivamente. Atualmente, as diferenças entre os mundos se combinam em vários aspectos, sendo atualmente mais utilizado os termos Países do Norte e Países do Sul e também países desenvolvidos e países subdesenvolvidos, que também recebem críticas sobre sua abrangência.
  No mundo bipolar da Guerra Fria, havia um grande abismo socioeconômico entre os países capitalistas ricos e pobres. Desde o fim da Guerra Fria, especialmente no século XXI, o mundo experimenta uma larga queda na desigualdade econômica entre nações, com as clássicas nações ricas estagnadas e vários antigamente pobres experimentando um período de florescimento da classe média e desenvolvimento técnico-industrial.
  Atualmente, vários autores estão considerando uma nova definição para "Segundo Mundo", que seria composto pelos países de economia emergente, tais como os países que fazem parte do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), Argentina, México, entre outros, por apresentarem ora características do Primeiro Mundo, ora do Terceiro Mundo.
Divisão do mundo de acordo com critérios econômicos em Países do Norte e Países do Sul
  A União Soviética foi dissolvida em 26 de dezembro de 1991, como resultado da declaração nº 142-H do Soviete Supremo da União Soviética. A declaração reconheceu a independência das antigas repúblicas soviéticas e criou a Comunidade dos Estados Independentes (CEI). No dia anterior, o presidente soviético Mikhail Gorbachev, o oitavo e último líder da União Soviética, renunciou, declarou seu cargo extinto e entregou seus poderes - incluindo o controle dos códigos do arsenal nuclear soviético - para o presidente russo Bóris Iéltsin. Naquela noite, às 19:32, a bandeira soviética foi baixada do Kremlin de Moscou pela última vez e substituída pela bandeira russa pré-revolucionária.
  Anteriormente, de agosto a dezembro, todas as repúblicas individualmente, incluindo a Rússia, se separaram da União. Na semana anterior da dissolução formal da URSS, 15 repúblicas - todas, exceto os Estados bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia) e a Geórgia - assinaram o Protocolo de Alma-Ata, estabelecendo formalmente a CEI e declarando que a União Soviética tinha deixado de existir. As revoluções de 1989 e a dissolução da URSS, bem como a queda do Muro de Berlim e a reunificação da Alemanha, assinalaram o fim da Guerra Fria.
Mapa da CEI
  Várias ex-repúblicas soviéticas têm mantido laços estreitos com a Federação Russa, o Estado sucessor da URSS, e formaram organizações multilaterais, como a Comunidade Econômica Eurasiática (que reúne Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão e Rússia), a União da Rússia e Bielorrússia (entidade supranacional que compreende a Federação Russa e a Bielorrússia), a União Aduaneira da Eurásia (UAE - que compreende Armênia, Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão e Rússia) e a União Econômica Eurasiática (que tem como membros Armênia, Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão e Rússia, e como país observador a Moldávia), para reforçar a cooperação econômica e militar. Algumas, no entanto, se distanciaram e se juntaram à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e à União Europeia.
Projeto de formação Euro-asiático da Rússia
REFERÊNCIA: Araribá mais: geografia. Editora Moderna: editor responsável César Brumini Dellore. 1. ed. - São Paulo: Moderna, 2018.

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