terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

O MERCANTILISMO

   O mercantilismo foi o conjunto de ideias e práticas econômicas desenvolvidas na Europa no século XV, durante a Idade Moderna. Segundo o mercantilismo, a fonte de riqueza de uma nação se baseava no comércio com o mercado exterior e no acúmulo de metais preciosos.

  O conceito de mercantilismo foi criado no final do século XIX para tratar do sistema político e econômico dos Estados europeus e absolutistas entre os séculos XV e XVIII. O monopólio era uma das bases dessa política, em que a exploração ou a posse de uma mercadoria era concedida pelo poder real com exclusividade a uma pessoa ou companhia. Como exemplo, é possível citar os casos de permissão real para pescar baleia, extrair sal e cortar madeiras de lei, bens considerados de propriedade régia, concedida por certo número de anos e por faixas territoriais. Considera-se que a política mercantilista fortaleceu o poder real.

  O mercantilismo originou um conjunto de medidas econômicas diversas de acordo com os Estados. Caracterizou-se por uma forte intervenção do Estado na economia. Consistiu numa série de medidas tendentes a unificar o mercado interno e teve como finalidade a formação de fortes Estados-nacionais.

Quadro de Claude Lorrain, que representa um porto de mar francês de 1638, no momento fundamental do mercantilismo

  Outro aspecto do mercantilismo foi a busca incessante por uma balança comercial favorável. A ideia era conseguir mais e comprar menos produtos no comércio com o exterior;  outra possibilidade seria vender caro e comprar mais barato. Dessa forma, o comércio externo seria o principal mecanismo para o enriquecimento ou o enfraquecimento de um reino.

  A balança comercial é uma das formas de medir o desempenho de uma economia. Ela se refere à importação e à exportação de produtos que um país faz e pode ser favorável ou desfavorável.

  Balança comercial é um conceito das ciências econômicas e se refere às exportações e importações que um país realiza em um período de tempo. Ela mede o quanto de produtos entraram e saíram do país e analisa se as condições são favoráveis, desfavoráveis ou equilibradas.

  Dizemos que a balança comercial é favorável quando o número de exportações é superior ao número de importações. Ela fica desfavorável quando isso está invertido, ou seja, as importações são mais numerosas do que as exportações. O equilíbrio existe quando o número é praticamente igual.

Na figura A, nós temos a representação de uma balança comercial favorável; na figura B, a balança comercial equilibrada; e na figura C, a balança comercial desfavorável.

  Outro pilar do sistema mercantilista foi o protecionismo alfandegário, cujo objetivo era proteger as produções e mercadorias do Estado. Para isso, aumentando-se o valor da tarifa alfandegária, protegia-se o produto interno. Tanto para produzir quanto para exportar e importar, as tarifas alfandegárias eram a forma como o Estado se apropriava das rendas do comércio, pois esses valores fiscais eram do tesouro real por direito.

  As medidas protecionistas consistem essencialmente em restringir as importações estrangeiras, incentivar as exportações, dar preferência às empresas nacionais nas aquisições governamentais, ou impedir os investidores estrangeiros de adquirirem empresas nacionais.

  Ao discriminar as importações, as pessoas seriam menos propensas a comprá-las porque se tornam mais caras. O objetivo é que, em vez disso, comprem produtos locais, estimulando assim a economia do seu país. As políticas protecionistas constituiriam assim um incentivo para expandir a produção e substituir as importações por produtos nacionais.

Cartaz político do Partido Liberal do Reino Unido contra o protecionismo; a loja de comércio livre está cheia até ao limite com os clientes devido aos preços baixos, enquanto que a loja baseada no protecionismo sofreu com os preços altos e a falta de clientes

  Outra característica do mercantilismo foi o chamado Pacto Colonial ou Exclusivo Comercial Metropolitano, que era um sistema de leis e normas que as metrópoles impunham às suas colônias durante o período colonial, ou seja, as metrópoles eram os países que se beneficiavam dos produtos e da atividade econômica de seus territórios coloniais.

  As leis introduzidas no pacto tinham, como objetivo principal, garantir que as atividades econômicas das colônias gerassem lucros para a metrópole, e que as colônias teriam que comprar e vender produtos somente para a metrópole, significando, assim, que os lucros obtidos não fariam parte do mercado internacional.

  Em relação às colônias europeias em outros continentes, a política foi de exclusividade, ou seja, os produtos coloniais seriam comercializados somente por súditos da metrópole, embora muitas vezes não tenha mostrado uma total eficácia, como se constatava pelos frequentes casos de contrabando.

Figurinha mostrando como funcionava o Pacto Colonial

  Outra característica do mercantilismo foi o metalismo. O metalismo consistia na medida utilizada para se saber quanto uma nação estava rica ou não. O acúmulo de metais era sinal dessa riqueza.

  O metalismo teve como um dos seus fundamentos teóricos principais a doutrina do bulionismo. O termo bulionismo deriva da palavra inglesa bullion, que significa "pequenos lingotes de ouro". A doutrina do bulionismo aconselhava um Estado a ter em seus cofres a maior quantidade de metais nobres, ouro e prata, possível. A crença era de que isso daria estabilidade econômica à nação, haja vista que esses metais representam uma riqueza não perecível.

  Movidas por essa doutrina, nações como Portugal e Espanha procuravam em suas colônias esses metais nobres. Outras nações, como Holanda, Inglaterra e França, que não tiveram o pioneirismo das nações ibéricas no que se refere às grandes navegações, acabaram por contratar piratas, chamados de corsários, para assaltar os navios carregados de metais preciosos. Muitos navios espanhóis tiveram o ouro roubado por corsários.

Pintura de Johann Moritz Rugendas de 1820-1825 retratando a mineração de ouro por lavagem perto do Morro de Itacolomi, em Minas Gerais

  Os estudos em Economia política consideram esse período a fase embrionária do capitalismo, de acumulação de capital por meio  do comércio. Alguns chamam de capitalismo comercial, embora a mão de obra assalariada, característica básica do sistema capitalista, tenha sido rara. Vislumbra-se, também, uma divisão internacional do trabalho, na qual certos Estados detinham o controle da comercialização de produções específicas. Portugal, por exemplo, por muito tempo foi o maior vendedor de açúcar da Europa. O monopólio português, assentado no açúcar produzido no Brasil, só foi quebrado quando a cana-de-açúcar passou a ser plantada nas colônias caribenhas da Inglaterra, da França e de outros reinos. A prata, outro exemplo, era uma especificidade espanhola, extraída de suas colônias na América.

  De qualquer forma, foi a acumulação de capital nesse período embrionário do capitalismo que permitiu a industrialização. E foi somente depois disso, com a consolidação do capitalismo no século XIX, que o mundo se dividiu entre países industrializados e países produtores  de alimentos ou de matéria-prima.

Figurinha mostrando as principais características do mercantilismo

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

CARVALHO, Rodrigo Janoni. A Relação Metrópole-Colônia e o Debate Historiográfico sobre o Pacto Colonial. Cerro Grande - RS: ÁGORA - Revista Eletrônica.

FERRO, Marc (org.). O livro negro do colonialismo. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.

HUNT, E. K. História do pensamento econômico; tradução de José Ricardo Brandão Azevedo. 7ª edição. Rio de Janeiro: Campus, 1989.

SILVA, Daniel Neves. "O que é mercantilismo?". Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e-mercantilismo.htm. Acesso em 21 de fevereiro de 2023.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

A REPÚBLICA DO EQUADOR

  O Equador é uma república democrática representativa localizada na América do Sul, fazendo parte da sub-região denominada América Andina. Limita-se ao norte com a Colômbia, a leste e ao sul com o Peru e a oeste com o oceano Pacífico. Além do território continental, o Equador possui também as ilhas Galápagos, a cerca de mil quilômetros do território continental, sendo o país mais próximo daquelas ilhas.

  O país é o lar de uma grande variedade de espécies endêmicas, muitas delas nas ilhas Galápagos. Esta diversidade de espécies faz do Equador um dos 17 países mais megadiversos do mundo, sendo considerado o país de maior biodiversidade do mundo por unidade de área. A nova Constituição de 2008, é a primeira no mundo a reconhecer legalmente os direitos da natureza, ou dos ecossistemas.

Mapa do Equador

   O Equador, assim como o Chile, não partilha fronteira com o Brasil. É atravessado pela linha imaginária do Equador, advindo daí o seu nome, que foi adotado quando o país se separou da Grã-Colômbia (grande Colômbia), em 1830. A Grã-Colômbia era um país sul-americano que existiu de 1819 (quando se libertou do domínio espanhol) até 1831 e incluía os atuais territórios da Colômbia, da Venezuela, do Equador e do Panamá (que até 1903 era parte da Colômbia).

Mapa da Grã-Colômbia

HISTÓRIA

  A história do Equador compreende um período de cerca de nove mil anos, sendo subdividido em cinco períodos principais: Era Pré-Colombiana, Conquista Espanhola, Era Colonial, Independência e República. Essa história tem início com o estabelecimento de várias civilizações, seguidas pelo crescimento dos incas, e estes pelos colonizadores espanhóis. Na primeira metade do século XIX, surgiram os ideais de independência da América com relação ao domínio espanhol, influenciados pelos Libertadores Simon Bolívar e José de San Martin.

  No atual território do Equador, durante o período pré-inca, as pessoas viviam em clãs, que formavam grandes tribos, algumas aliadas entre si e que formavam poderosas confederações, como a Confederação de Quito. No entanto, no século XV, os incas tomaram a região. Após a ocupação de Quito (1593-1595), os incas desenvolveram um extenso centro administrativo e começaram a colonização da região.

Ruínas incas de Ingapirca

  A expansão da civilização inca em direção ao norte do atual Peru durante o final do século XV encontrou resistência de várias tribos nativas. Em 1500, os incas conquistaram definitivamente essa região, incorporando a maior parte do atual território do Equador.

  A influência desses conquistadores, que tinha sua sede em Cusco (atual Peru), limitou-se a cerca de meio século, ao menos, em algumas partes do Equador. Durante esse período, alguns aspectos da vida regional mantiveram-se inalterados. Crenças religiosas tradicionais, por exemplo, persistiram durante todo o período de domínio inca. Em outras áreas, no entanto, como agricultura, posse de terra e organização social, o Estado inca teve um efeito profundo, apesar de sua duração relativamente curta.

Santo Domingo - com uma população de 473.300 habitantes (estimativa para 2023) é a quarta cidade mais populosa do Equador

  Em 1531, com a Guerra Civil Inca, os espanhóis desembarcaram no Equador. Liderados por Francisco Pizarro, os conquistadores viram que o conflito e as doenças estavam destruindo o império. Depois de receber reforços, em setembro de 1532, Pizarro partiu para Atahualpa (último Sapa Inca) recém vitorioso.

  Ao chegar em Cajamarca, Pizarro enviou representantes liderados por Hernando de Soto, com 15 cavaleiros e um  intérprete; pouco depois, ele enviou mais 20 cavaleiros liderados por seu irmão, Hernando Pizarro, como reforços no caso de um ataque inca. Atahualpa, temia os homens vestidos com roupas dos pés a cabeça, com longas barbas e cavalos (um animal que os incas não conheciam). Na cidade, Pizarro montou uma armadilha para os incas, provocando o Massacre de Cajamarca. As forças incas eram muito superiores aos espanhóis em quantidade, no entanto, a superioridade espanhola em armas, táticas e o fato do mais confiável general inca estar em Cusco, levou a uma derrota fácil e a captura do imperador inca.

  Nas primeiras décadas de dominação espanhola, a população indígena foi dizimada pelo contágio de doenças às quais os nativos não eram imunes. Os nativos também foram forçados ao trabalho pelos proprietários de terras espanhóis através do sistema de trabalho de encomienda. Em 1563, a cidade de Quito foi elevada à categoria de distrito administrativo da monarquia espanhola, com a criação da Real Audiência de Quito.

Um dos principais eventos da conquista do Império Inca foi a morte de Atahualpa, o último imperador inca, em 29 de agosto de 1533

  A luta pela independência na Audiência de Quito foi parte de um movimento em toda a América Hispânica liderada por crioulos. O ressentimento com os privilégios dos chamados peninsulares (nascidos na Espanha) em relação aos crioulos foi o combustível da revolução contra o domínio colonial, aproveitando o enfraquecimento espanhol motivado pela invasão da Espanha por Napoleão Bonaparte, depois que ele depôs o rei Fernando VII e, em julho de 1808, colocou seu irmão, José Bonaparte, no trono espanhol.

  Em 1822, forças locais se organizaram e derrotaram o exército monarquista se unindo à Grã-Colômbia, república fundada por Simon Bolívar, da qual o Equador só veio a separar-se no dia 13 de maio de 1830.

  O século XIX foi marcado por instabilidades, com rápidos movimentos políticos e institucionais. O conservador Gabriel García Moreno unificou o país nos anos de 1860 com o apoio da Igreja Católica.

  Com o aumento da demanda mundial de cacau, desde o início de 1800, produziu-se uma migração dos altiplanos em direção à fronteira agrícola na costa do Pacífico.

Ambato - com uma população de 399.741 habitantes (estimativa para 2023) é a quinta cidade mais populosa do Equador

  Entre 1904 e 1942, o Equador perdeu territórios em uma série de conflitos com seus vizinhos. Em 1941, um conflito territorial entre o Equador e o Peru conduziu as partes ao "Protocolo do Rio de Janeiro", homologado em 29 de janeiro de 1942, estabelecendo fronteiras provisórias. O estado de guerra perdurou entre os dois países até 26 de outubro de 1998, quando os presidentes Jamil Mahuad (do Equador) e Alberto Fujimori (do Peru) assinaram o acordo denominado "Ata Brasília", pelo qual o Peru concedeu um quilômetro quadrado de seu território no lugar chamado "Tiwintza", onde 14 soldados do Equador haviam sido sepultados. Ambos os países assinaram ainda tratados de comércio e acordos de navegação, pelos quais o Equador tem o direito de navegação irrestrita pelo rio Amazonas.

Reivindicações territoriais do Equador após 1916

  Depois da Segunda Guerra Mundial, a recuperação do mercado agrícola e o crescimento da indústria da banana ajudaram a restabelecer a prosperidade e a paz política. De 1948 a 1960, três presidentes, iniciando por Galo Praça Laço, foram eleitos livremente e completaram seus mandatos.

  Num ambiente em que quase toda a América do Sul foi palco de golpes militares, o retorno de políticas populistas provocou inquietações que foram motivo de intervenções militares domésticas nos anos 1960, época em que a descoberta de petróleo atraiu companhias estrangeiras e foi fundada a "Amazônia Equatoriana".

  Em 1972, um golpe militar derrubou o regime de José Maria Velasco Ibarra, passando a utilizar a riqueza do petróleo e empréstimos estrangeiros para custear um programa de industrialização, reforma agrária e subsídios para consumidores urbanos.

  Com o desenvolvimento do ciclo econômico do petróleo, o Equador voltou a democracia em 1979, sob o primeiro presidente da Constituição equatoriana de 1979, Jaime Roldós Aguilera, candidato de uma grande frente partidária, a "Concentração de Forças Populares", ou "CFP", que obteve expressiva vitória sobre Sixto Durán Ballén, do Partido Social Cristão (PSC).

  Depois de uma discordância de liderança com Asaad Bucaram, o líder da CFP, Roldós deixou a coligação para fundar com sua esposa um partido próprio denominado "Mudança e Democracia", levando consigo grande número de partidários. Com isto, o PCD, se tornou o terceiro partido em importância política.

Portoviejo - com uma população de 332.129 habitantes (estimativa para 2023) é a sexta cidade mais populosa do Equador

  Em 1981, ocorreu um novo conflito de fronteira com o Peru, na região de Paquisha, com algumas recorrências posteriores. Ao final de 1981, o vice-presidente Osvaldo Hurtado Larrea, do Partido Democrata Popular (DP), sucedeu o presidente Roldós, após a morte deste em um acidente aéreo na selva amazônica. Devido à pressão econômica da guerra sobre o mercado (particularmente do petróleo), o governo de Osvaldo Hurtado enfrentou uma crise econômica crônica em 1982, com crescente inflação, déficits de orçamento com efeitos desvalorizadores da moeda, acúmulo do serviço da dívida e um parque industrial pouco competitivo.

  Em 1984, León Febres Cordero Rivadeneira, do PSC, vence as eleições presidenciais por uma estreita margem de votos. Em março de 1987,  um terremoto devastador suspendeu as exportações de petróleo, afetando negativamente a economia do país.

  Em 1988, Rodrigo Borja Cevallos, do Partido da Esquerda Democrática (ID), elegeu-se presidente. Em 1992, Sixto Durán Ballén ganhou sua terceira concorrência para a presidência da república. As medidas macroeconômicas duras que ele impôs eram impopulares, mas obtiveram sucesso mediante iniciativas de modernização do Congresso. O vice-presidente de Durán Ballé, Alberto Dahik, foi o arquiteto das políticas econômicas. Em 1995, Dahik fugiu do país para evitar um processo por corrupção, impulsionado pela ferrenha oposição.

Durán - com uma população de 325.858 habitantes (estimativa para 2023) é a sétima cidade mais populosa do Equador

  Uma guerra com o Peru (chamada Guerra de Cenepa, na área do rio com este nome) estourou entre janeiro e fevereiro de 1995 em função de atrito sobre as fronteiras estabelecidas em 1942 e foi solucionada pelo Protocolo do Rio.

  Abdulá Bucaram, do PRE, foi eleito presidente em 1996 com uma plataforma populista, prometendo reformas econômicas e sociais e o rompimento do que chamou de poder da oligarquia nacional, sendo deposto em 1997 pelo Congresso sob alegação de incompetência mental. Em maio de 1997, a presidência interina de Fabián Alarcón, nomeado pelo Congresso, foi endossada por um referendo popular. Durante a presidência de Alarcón, foi estabelecida uma nova Constituição, que entrou em vigor em 5 de junho de 1998.

  Em 1998, o então prefeito de Quito, Jamil Mahuad, do DP, foi eleito por uma estreita margem de votos, assumindo o cargo no dia 10 de agosto de 1998, mesmo dia em que a nova Constituição do Equador entrou em vigor. Mahuad concluiu um acordo de paz com o Peru em 26 de outubro de 1998, mas com as crescentes dificuldades econômicas, fiscais e financeiras do país, a sua popularidade foi diminuindo até quando, inesperadamente, substituiu a moeda corrente indígena, o sucre (homenagem póstuma de um herói venezuelano na guerra revolucionária contra a Espanha) obsoleto, pelo dólar norte-americano (política monetária chamada de dolarização). Esta reforma monetária causou grave desassossego nas classes de baixo poder aquisitivo, que tentava converter seus sucres em dólar com muita perda no câmbio, enquanto as classes mais abastadas, que já possuíam grandes volumes desta moeda e já faziam negócios com ela, capitalizaram grandes lucros.

Tropas equatorianas durante a Guerra de Cenepa, em 1996

  Nas manifestações populares de grupos indígenas de 21 de janeiro de 2000, em Quito, o exército e a polícia se recusaram reprimir os manifestantes e em seguida a Assembleia Nacional Constituinte, num golpe de Estado semelhante aos muitos já ocorridos no Equador, instituiu uma junta de tripartite para intervir na administração do país. Oficiais militares graduados declararam seu apoio à intervenção e, durante uma noite de confusão, depois de fracassarem as conversações, o presidente Mahuad foi forçado a fugir do palácio presidencial, encarregando, por decreto, o seu vice-presidente Gustavo Noboa como responsável pela administração.

  Na manhã seguinte, Mahuad endossou Noboa como seu sucessor por uma rede nacional de televisão e o triunvirato militar, que efetivamente já dirigia o país, também o endossou. Assim, na reunião de emergência do mesmo dia 22 de janeiro, em Guayaquil, o Congresso do Equador ratificou Noboa como Presidente da República. A política de dolarização permaneceu sob a liderança de Noboa.

  Em 15 de janeiro de 2003, o coronel aposentado Lucio Gutiérrez, membro da junta militar que subverteu o presidente Jamil Mahuad em 2000, assumiu a presidência do Equador com uma plataforma de combate à corrupção. O partido de Gutiérrez, tendo poucos assentos no Congresso, o força a negociar com outros partidos para mudar a legislação, já tendo ensaiado algumas reformas econômicas. Lucio Gutiérrez deixou o poder em 2005 diante da falta de apoio das Forças Armadas e no meio de fortes protestos, levando seu vice-presidente, Alfredo Palacio, a assumir a presidência. Nas eleições seguintes, Rafael Correa foi eleito e assumiu o cargo em 15 de janeiro de 2007. Rafael Correa governou o país por 10 anos. Em 28 de setembro de 2008 foi adotada uma nova Constituição. Em 24 de maio de 2017, tomou posse como novo presidente o administrador Lenin Moreno Garcez. Em 24 de maio de 2021, assumiu a presidência o banqueiro Guillermo Lasso, sucedendo a Lenin Moreno.

Posse de Rafael Correa em 2007

GEOGRAFIA

  O relevo equatoriano é dominado pela cordilheira dos Andes, que atravessa o centro do país no sentido norte-sul, com altitudes que chegam a 6.310 metros no monte Chimborazo. O Chimborazo é um estrato vulcão e é o ponto mais elevado do país. Está situado na província de Chimborazo, dominando uma região de 50 mil km² e apresentando uma base de 20 quilômetros de diâmetro. É o 17º monte de maior proeminência topográfica do mundo.

Monte Chimborazo

  A leste da cordilheira dos Andes, cerca de um quarto do território está integrado à bacia Amazônica, e a oeste dessa cordilheira existe a planície costeira, na qual se concentra a maioria da população.

  A capital Quito, localiza-se nos Andes, praticamente no centro do território. Guayaquil, a maior cidade do país, possui um porto marítimo no golfo de Guayaquil, no sudoeste do território. O Equador também possui o arquipélago de Galápagos, situado a cerca de mil quilômetros a oeste do continente. Galápagos foi declarado pela Unesco um patrimônio da humanidade cuja importância ecológica e ambiental é incalculável. É considerada o principal laboratório vivo da biologia do mundo e foi visitando essas ilhas que, no século XIX, o naturalista Charles Darwin elaborou a teoria da evolução.

Animação em 3 D das ilhas Galápagos

  Há uma grande variedade de climas no país, em grande parte determinada pela altitude. Com um clima ameno durante todo o ano nos vales das montanhas, o país tem um clima subtropical úmido nas zonas costeiras e clima tropical nas terras mais baixas. A área costeira do Pacífico tem um clima tropical com uma estação chuvosa. O clima no planalto andino é temperado e relativamente seco.

  Devido à sua localização na zona equatorial, há pouca variação entre o dia e a noite durante o ano.

Mapa climático do Equador

  O Equador é um dos 17 países megadiversos do mundo, segundo a Conservação Internacional, e possui a maior biodiversidade por quilômetro quadrado do mundo. O país possui 1.600 espécies de aves (15% das espécies de aves conhecidas no mundo) na área continental e 38 mais endêmicas em Galápagos, além de mais de 16 mil espécies de plantas, 106 tipos de répteis endêmicos, 138 anfíbios endêmicos e 6 mil espécies de borboletas.

  As Ilhas Galápagos são conhecidas por serem uma região de fauna distinta e o local de nascimento do evolucionismo, criado pelo britânico Charles Darwin, e também por serem Patrimônio Mundial da Unesco.

Patola-de-pés-azuis, espécie comum nas Ilhas Galápagos

  O país sul-americano possui uma Constituição que reconhece os direitos da natureza. A proteção da biodiversidade do país é uma prioridade explícita e indicada no Plano Nacional do Bom-Viver, Objetivo 4: "Garantir os direitos da natureza"; Política 1: "conservar e gerir sustentavelmente o patrimônio natural, incluindo a biodiversidade terrestre e marinha, que é considerada um setor estratégico".

  No momento da elaboração do plano, em 2008, 19% da área terrestre do país era considerada uma área protegida, no entanto, o Plano também afirma que 32% da área do Equador deve ser protegida, para proteger sua verdadeira biodiversidade. Entre as atuais áreas protegidas estão 11 parques nacionais, 10 refúgios de vida silvestre, 9 reservas ecológicas e outros tipos de conservação.

Machala - com uma população de 298.480 habitantes (estimativa para 2023) é a oitava cidade mais populosa do Equador

  O Equador é banhado por dois grandes sistemas hidrográficos: em primeiro lugar, o dos rios que nascem na Cordilheira Ocidental ou em suas encostas, banham as planícies da costa e deságuam no Pacífico, como os rios Mataje, Santiago, Esmeraldas, Chone, Daule, Naranjal, Jubones e Santa Rosa; e em segundo lugar, o dos rios que nascem na Cordilheira Oriental, banham a região do Oriente e formam os grandes afluentes amazônicos dessa região, como os rios Aquarico, Coca, Napo, Curaray e Pastaza, a maioria navegáveis.

Rio Napo

  As planícies do Oriente e do Guayas e a costa norte são cobertas de floresta tropical rica em árvores de grande porte, epífitas e lianas. Ao longo da costa do Pacífico, a partir do rio Esmeraldas, a floresta desaparece, dando lugar a uma vegetação arbustiva decídua e onde ocorrem palmeiras como a jarina (Phyteleophas macrocarpas), cujo coco é usado na fabricação de botões, e a planta Carludovica palmata, que produz fibra dos chamados chapéus tipo Panamá. As montanhas - até a altitude de 1.500 metros - são cobertas de espessa floresta. Acima desse limite até o máximo de 3.000 metros, predomina a ceja de la montaña, vegetação compacta coberta de musgo. Daí até as regiões das neves eternas estendem-se os prados.

Carludovica palmata

  Nas florestas tropicais existe grande variedade de macacos e animais carnívoros, como o jaguar, o puma, o ocelote, s raposa, s lontra, o quati, o jupará, entre outros. Há ainda antas, cervídeos, caititus, grande número de morcegos e roedores. A fauna ornitológica é igualmente rica, com cerca de 1.500 espécies. Os peixes e répteis são numerosos e no litoral ocorrem duas espécies de grandes tartarugas. Há grande quantidade de insetos, com destaque para espécie de escaravelho gigante que pode atingir até 12 centímetros de comprimento.

  Na extraordinária Ilha Galápagos figuram verdadeiros fósseis vivos. No século XIX, o cientista Charles Darwin realizou estudos que o conduziram a suas célebres teorias sobre a evolução das espécies. Em sua visita ao arquipélago, descobriu como surgiram os animais e as plantas, do mesmo modo que os países surgiram da hegemonia política ao longo da história da humanidade.

O condor-dos-andes, ave símbolo do Equador

DEMOGRAFIA

  A população equatoriana é etnicamente diversa. O maior grupo étnico são os mestiços, descendentes de colonizadores espanhóis que se miscigenaram com os povos indígenas e que constituem cerca de 68% da população. Os equatorianos brancos respondem por 6% e podem ser encontrados em todo o território equatoriano, principalmente nas áreas urbanas.

  Os ameríndios representam cerca de 13% da população. O povo montubio, principalmente rural, que vive nas províncias costeiras do país e que poderiam ser classificados como pardos, representa 7,4% da população. Os afro-equatorianos são uma população minoritária, representando cerca de 5,6% da população e inclui os mulatos e os cafuzos e estão localizados em grande parte, na província de Esmeraldas.

Loja - com uma população de 282.965 habitantes (estimativa para 2023) é a nona cidade mais populosa do Equador

ECONOMIA

  A economia equatoriana é frágil. O petróleo - que existe em uma quantidade limitada - constitui o principal produto de exportação, representando cerca de 40% do total. Outros produtos exportados pelo país são: café, flores, bananas, camarão, peixes enlatados, madeira e cacau. Seu principal parceiro comercial são os Estados Unidos, que compram cerca de 37% das exportações equatorianas.

  Em 2001, o Equador substituiu sua instável moeda nacional, o sucre, pelo dólar americano, que passou a ser a moeda que vigora no país. De 2001 até 2022, o país cresceu a uma taxa anual média de 3,5%, bem acima da média da América Latina, que nesse mesmo período cresceu em torno de 2,5%. Houve nesse período uma sensível diminuição nos índices de pobreza e a distribuição social da renda melhorou, tornando-se um pouco menos concentrada. A situação piorou um pouco entre 2015 e 2016 por causa da queda nos preços dos produtos exportados, especialmente petróleo, e devido a um terremoto que ocorreu em abril de 2016, que ocasionou grande destruição na parte noroeste do país; mas a partir de 2017, a economia equatoriana voltou a crescer, tendo outro grande impacto negativo entre 2020 e 2021 por causa do Corona Vírus.

Manta - com uma população de 272.817 habitantes (estimativa para 2023) é a décima cidade mais populosa do Equador

ALGUNS DADOS SOBRE O EQUADOR

NOME: República do Equador

INDEPENDÊNCIA: da Espanha

Declarada: 24 de maio de 1822

Anexação à Grã-Colômbia: 25 de junho de 1824

Dissolução da Grã-Colômbia: 13 de maio de 1830

CAPITAL: Quito

Centro Histórico de Quito, com a Basílica do Voto Nacional ao fundo

GENTÍLICO: equatoriano (a)

LÍNGUA OFICIAL: espanhol

GOVERNO: Republica Presidencialista

LOCALIZAÇÃO: América do Sul

ÁREA: 283.561 km² (73º)

POPULAÇÃO (ONU - Estimativa para 2023): 18.209.396 habitantes (66°)

DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 64,24 hab./km² (129°). Obs: a densidade demográfica, densidade populacional ou população relativa é a medida expressa pela relação entre a população total e a superfície de um determinado território.

CRESCIMENTO POPULACIONAL (ONU - Estimativa 2023): 1,07% (124°). Obs: o crescimento vegetativo, crescimento populacional ou crescimento natural é a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade de uma  determinada população.

CIDADES MAIS POPULOSAS (Estimativa para 2023):

Guayaquil: 2.911.094 habitantes

Guayaquil - maior cidade do Equador

Quito: 2.870.931 habitantes

Quito - capital e segunda maior cidade do Equador

Cuenca: 638.833 habitantes

Cuenca - terceira maior cidade do Equador

PIB (FMI - Estimativa 2023): US$ 117,469 bilhões (63º). Obs: o PIB (Produto Interno Bruto), representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano).

PIB PER CAPITA (FMI ESTIMATIVA 2023): US$ 6.451 (88°). Obs: o PIB per capita ou renda per capita é o Produto Interno Bruto (PIB) de um determinado lugar dividido por sua população. É o valor que cada habitante receberia se toda a renda fosse distribuída igualmente entre toda a população.

Mapa-múndi mostrando a renda per capita dos países em 2019

IDH (ONU - 2022): 0,740 (95°). Obs: o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida oferecida à população. Este índice é calculado com base em dados econômicos e sociais, variando de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país. No cálculo do IDH são computados os seguintes fatores: educação (anos médios de estudos), longevidade (expectativa de vida da população) e PIB per capita. A classificação é feita dividindo os países em quatro grandes grupos: baixo (de 0,0 a 0,500), médio (de 0,501 a 0,800), elevado (de 0,801 a 0,900) e muito elevado (de 0,901 a 1,0).

Mapa-múndi representando as quatro categorias do Índice de Desenvolvimento Humano, baseado no relatório publicado em 15 de dezembro de 2020, com dados referentes a 2019

EXPECTATIVA DE VIDA (OMS - 2022): 75,03 anos (64º). Obs: a expectativa de vida refere-se ao número médio de anos para ser vivido por um grupo de pessoas nascidas no mesmo ano, se a mortalidade em cada idade se mantém constante no futuro, e é contada da maior para a menor.

Planisfério com a expectativa de vida dos países

TAXA DE NATALIDADE (ONU - 2022): 19,2/mil (119º). Obs: a taxa de natalidade é a porcentagem de nascimentos ocorridos em uma população em um determinado período de tempo para cada grupo de mil pessoas, e é classificada do maior para o menor.

Mapa com a taxa de natalidade dos países

TAXA DE MORTALIDADE (CIA World Factbook 2022): 5,1/mil (167º). Obs: a taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um índice demográfico que reflete o número de mortes registradas, em média por mil habitantes, em uma determinada região por um período de tempo e é classificada do maior para o menor.

TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2022): 13,6/mil (104°). Obs: a taxa de mortalidade infantil refere-se ao número de crianças que morrem no primeiro ano de vida entre mil nascidas vivas em um determinado período, e é classificada do menor para o maior.

Mapa da taxa de mortalidade infantil no mundo

TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook 2022): 2,04 filhos/mulher (101º). Obs: a taxa de fecundidade refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria do início ao fim do seu período reprodutivo (15 a 49 anos), e é classificada do maior para o menor.

Mapa da taxa de fecundidade de acordo com o CIA World Factbook de 2020

TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2022): 91,9% (124º). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.

Mapa da taxa de alfabetização no mundo em 2020

TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2022): 64,7% (87°). Obs: essa taxa refere-se a porcentagem da população que mora nas cidades em relação à população total.

Mapa da taxa de urbanização no mundo em 2020

MOEDA: Dólar americano

RELIGIÃO: católicos (79%), protestantes (13%), sem religião/ateus (5%), outras religiões (3%).

Catedral Metropolitana de Quito - é a catedral mais antiga da América do Sul

DIVISÃO: o Equador se divide geograficamente em quatro regiões: Serra, Costeira, Amazônica e Insular. Política e administrativamente, o Equador se divide em 24 províncias, que por sua vez estão subdivididas em 219 cantões. Os cantões estão divididos em paróquias, que são classificadas em paróquias urbanas e paróquias rurais.

Mapa com as províncias do Equador

FONTE:

ESCOLA, Equipe Brasil. "História do Equador"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historia-da-america/historia-equador.htm. Acesso em: 19/01/2023.

GUITARRARA, Paloma. "Equador"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia /equador.htm. Acesso em: 18/01/2023.

Wikipédia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Equador. Acesso em: 18/01/2023.

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