quinta-feira, 4 de abril de 2024

O PROBLEMA DE MORADIA

   A cidadania também se expressa nas condições materiais de vida das pessoas. E morar, ter uma casa, um lar, é um direito humano fundamental para que todos tenham segurança física e emocional. Moradia, porém, é um problema crônico das grandes cidades. Uma de suas causas é o êxodo populacional, pois muitas cidades de países em desenvolvimento não tiveram condições econômicas de absorver a grande quantidade de pessoas que em pouco tempo migraram da zona rural e das cidades menores, aumentando o número de desempregados. Para sobreviver, muitas pessoas se submetem ao subemprego e à economia informal. Como os rendimentos, mesmo para trabalhadores da economia formal, em geral são baixos, muitos não têm condições de arcar com os altos custos de aquisição de um imóvel ou do aluguel de residências confortáveis e bem localizadas no território municipal, áreas que justamente são as mais valorizadas e, portanto, mais caras. A saída que encontram é partir em busca de imóveis com preços mais baixos na periferia distante, onde a rede comercial e de serviços públicos, como escolas, postos de saúde, equipamentos de lazer e cultura, tende a ser menor ou até ausente, e menos servida pelo sistema de transporte, o que impacta a vida pessoal cotidiana com a perda de horas no ir e vir do trabalho. Ou se veem impedidos a habitar imóveis em condições inadequadas, como os cortiços, ou a formar favelas ou outros tipos de aglomerado subnormal, porém, em áreas centrais. Essa é a face mais visível do crescimento desordenado das cidades e da segregação socioespacial.

Favela em Nairóbi, Quênia

  De acordo com o Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (agência da ONU sediada em Nairóbi, Quênia, mais conhecida como UN-Habitat), uma ou mais das seguintes características definem um assentamento urbano precário, que o IBGE denomina aglomerado subnormal:

  • Ocupação irregular: as pessoas ocupam terrenos dos quais não possuem título de propriedade.
  • Condições inseguras de habitação.
  • Baixa qualidade estrutural das construções e moradias apertadas e superlotadas.
  • Acesso inadequado a saneamento básico - água potável e tratamento de esgoto - e a demais infraestruturas.

Barracos de uma favela em Jacarta, Indonésia

  Os governos têm grande parcela de responsabilidade nesse processo, pois não implantaram políticas públicas adequadas, sobretudo no setor habitacional, para enfrentar o problema. Nos países em que políticas públicas foram adequadas, paralelamente ao aumento da oferta de empregos e à evolução da renda e da qualidade de vida, as moradias precárias foram bastante reduzidas ou até mesmo erradicadas.

  Um dos melhores exemplos é Cingapura. De acordo com o Banco Mundial, em 1965, quando o país se tornou independente, 70% de sua população vivia em condições muito precárias, a renda per capita era de 2.700 dólares ao ano, e o desemprego atingia 14% da População Economicamente Ativa (PEA). Após cinco décadas de elevados investimentos públicos em habitação, em infraestrutura urbana e em serviços públicos de qualidade, houve crescimento econômico sustentado, elevação e melhor distribuição de renda, erradicação das submoradias e, consequentemente, melhoria da qualidade de vida da população. Em 2022, segundo o Banco Mundial, a renda per capita era de 82.807,63 dólares e o desemprego de 1,8%.

Cidade de Cingapura, uma das mais desenvolvidas da Ásia

  A carência de habitações seguras e confortáveis é um problema mundial, mas principalmente nos países em desenvolvimento. Segundo a UN-Habitat, o percentual de pessoas que vivem em assentamentos precários caiu de 46% da população urbana mundial em 1990 para menos de 23% da população mundial em 2020. Ainda é um número muito alto, uma vez que corresponde a mais de 1 bilhão de pessoas. O Leste da Ásia é a região com maior número absoluto de submoradias. Embora a China e a Índia tenham reduzido significativamente a quantidade de pessoas que vivem em moradias precárias, ainda são os países que apresentam os maiores números absolutos. É preciso lembrar que, juntos, eles detêm cerca de 36% da população mundial. O Brasil é o quarto país com o maior contingente de moradores em aglomerados subnormais. O maior número relativo de moradores em assentamentos precários aparece na África Subsaariana. Na Nigéria, país com o maior número de habitantes em submoradias nessa região, o percentual de pessoas que vivem em habitações precárias chega à metade da população urbana. Nesse subcontinente, no entanto, há países com percentuais bem mais altos, como a República Centro-Africana, onde 93% da população urbana vive em favelas.

Makoko, em Lagos, Nigéria, uma das favelas mais antigas da África, construída sobre palafitas

  Na tentativa de encaminhar soluções para diversos problemas urbanos, entre os quais os assentamentos precários, foi realizada em Istambul, na Turquia, em 1996, a Conferência das Nações Unidas sobre Assentamentos Humanos - Habitat II. A primeira reunião, Habitat I, aconteceu em Vancouver, Canadá, em 1976; e a Habitat III ocorreu em Quito, Equador, em 2016.

  A Habitat II reuniu representantes dos países-membros da ONU e de diversas ONGs. Nesse encontro, ficou decidido que os governos deveriam criar condições para o acesso à moradia segura, habitável, salubre e sustentável fosse universalizado. Diversos governos, porém, entre os quais o dos Estados Unidos e o do Brasil, foram contra a proposta de que a habitação fosse considerada um direito universal do cidadão e, portanto, garantida pelo Estado, para não serem cobrados judicialmente pela não garantia desse direito.

  Em diversas cidades do mundo, tanto nos países em desenvolvimento quanto nos desenvolvidos, pessoas sem-teto se organizam para lutar pelo direito à moradia urbana adequada e por melhores condições de vida. Uma ou outra dessas organizações tem atuação nacional, mas a maioria delas atual localmente. Há também organizações com atuação internacional, como a TETO (ou TECHO, em espanhol), organização não governamental (ONG) criada em 1997, no Chile, que atua em quase toda a América Latina, até mesmo no Brasil.

Militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) em protesto para reivindicar moradias populares, no vão livre do MASP, na Avenida Paulista, São Paulo

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

HARVEY, David. Cidades rebeldes: do direito à cidade à revolução urbana. São Paulo: Martins Fontes, 2014.

LEFEBVRE, Henri. O direito à cidade. 5 ed. São Paulo: Centauro, 2009.

terça-feira, 26 de março de 2024

A INDÚSTRIA 4.0

   O termo "indústria 4.0" originou-se de um projeto de alta tecnologia do governo alemão com o objetivo de associar a automação industrial ao uso de máquinas conectadas para a fabricação de produtos cada vez mais personalizados e baseados em análises de grande quantidade de dados. Em 2013, o grupo de trabalho da Indústria 4.0, liderado pelo físico Henning Kagermann, publicou o relatório Recommendations for implementing the strategic iniative Industrie 4.0, sob o patrocínio do Ministério da Educação e Pesquisa da Alemanha. Desde então, esse conceito, que engloba as principais inovações tecnológicas dos campos de automação e tecnologia da informação (TI), vem sendo amplamente utilizado nas empresas pioneiras em alta tecnologia.

Figurinha mostrando a evolução da indústria

  O grupo de trabalho do projeto alemão caracterizou a indústria 4.0 considerando seis princípios:

1. Tempo real: capacidade de coletar e tratar dados de forma instantânea, permitindo reagir aos acontecimentos em tempo real.

2. Interoperabilidade: capacidade dos sistemas de se conectarem com outros sistemas. Quanto maior a conectividade entre os sistemas, maior a capacidade de coleta de dados e a capacidade de tomada de decisões em tempo real. A integração entre os dados coletados na indústria e sistemas de outros setores, como marketing, operações e financeiro, permite decisões rápidas e integradas.

3. Virtualização: tecnologias de realidade virtual e realidade aumentada, muito conhecidas nos jogos eletrônicos e no cinema, têm um enorme potencial para a indústria, trazendo a representação de uma cópia virtual das fábricas inteligentes, permitindo que os profissionais visualizem produtos e comportamentos de equipamentos. Com a virtualização é possível ainda rastrear e monitorar remotamente todos os seus processos.

4. Descentralização: princípio que estabelece que cada pessoa (ou máquina) é capaz de implementar melhorias na produção com base nos dados que recebe. Sem a indústria 4.0, um grande sistema central lida com cada mínima decisão envolvendo as mais diversas áreas da indústria, o que toma mais tempo.

5. Modularidade: o século XXI trouxe um grande aumento na busca por personalização de produtos. Com a coleta de um grande número de dados de produção e consumo, a produção direciona-se para a personalização, com seus componentes sendo baseados em módulos capazes de permitir o acoplamento ou desacoplamento de recursos, segundo a demanda da fábrica. Isso permite flexibilidade na alteração de tarefas em comparação com o modelo anterior. Um bom exemplo de entendimento da modularidade é a indústria automobilística, que utiliza o conceito há alguns anos. Um único modelo de carro permite que a indústria venda tipos diversos de acessórios modulares complementares.

6. Orientação a serviços: princípio de que os softwares  são orientados a disponibilizar soluções como serviços, conectados com toda a indústria. Assim, a conexão entre trabalhadores e máquinas torna-se vital para a realização de determinadas tarefas.

Princípios da Indústria 4.0

  A indústria 4.0 é resultante, portanto, de uma linha contínua de inovação e integração de diversas tecnologias. Ela vem sendo tratada por muitos como a Quarta Revolução Industrial por ter em comum o objetivo de tornar as máquinas mais inteligentes, integrando sistemas físico-cibernéticos, o que implica um grau de complexidade bem mais elevado do que as Revoluções Industriais anteriores.

  Quando falamos em revolução na indústria, não tratamos de uma novidade que impacte localmente o processo de alguns fabricantes. Para ser tratado como uma revolução, o impacto da produção deve acontecer em escala mundial e multissetorial. Assim, a tendência tecnológica que observamos aqui se dá pela combinação de novos conceitos e novas tecnologias.

Esquema mostrando como funciona da Indústria 4.0

Internet das coisas e sistemas integrados da indústria 4.0

  A aplicação da internet das coisas na indústria 4.0 é encontrada, por exemplo, em fábricas integradas por sensores que capturam grandes quantidades de dados por toda a empresa e permitem a gestão de dispositivos de forma remota. Dessa forma, um dos primeiros impactos da internet das coisas sobre a produção industrial está em sua otimização, sem que, muitas vezes, haja a necessidade de intervenção humana.

  O monitoramento do desempenho da produção praticamente em tempo real pode ser feito desde a obtenção da matéria-prima até a embalagem e a distribuição dos produtos. A análise desses dados proporciona rapidez nas respostas, ajustando operações e identificando pontos de melhoria nos processos, com ganhos potenciais em custos e segurança.

Tecnologias da indústria 4.0

  A internet das coisas e os sistemas integrados permitem ainda o controle de estoques por meio da identificação por radiofrequência (RFID), um tipo de etiqueta que captura dados. É a mesma tecnologia dotada em cancelas de pedágio  e estacionamentos ou no monitoramento do desempenho de maratonistas em corrida. Ao receberem um número de série único, cada etiqueta identifica o produto por meio de um microchip. A partir daí, o controle do produto no estoque é muito mais eficiente. A etiqueta faz a identificação automática do produto e de todas as informações dele no sistema da empresa, prevenindo assim o roubo e as trocas de mercadoria e ainda reduzindo os erros de armazenamento. A inteligência artificial pode, em combinação com essa tecnologia, solicitar a reposição de determinado produto em estoque quando este atinge um nível crítico, por exemplo.

  A internet das coisas na indústria 4.0 também é pensada para possibilitar a melhoria da segurança e da proteção individual: câmeras e sensores capturam dados que são processados por sistemas especializados e informam atitudes inadequadas ou perigosas, disparando automaticamente ações de proteção e prevenção, ou induzem ao autodesligamento de máquinas com mau funcionamento, de forma a evitar acidentes, e informam a necessidade de manutenção.

  Com o controle integrado e automatizado e a disponibilidade de grandes volumes de dados em tempo real, problemas de qualidade do produto são corrigidos quase que instantaneamente, liberando ao mercado lotes de produtos mais bem acabados do que os do estágio anterior da industrialização, que dependiam da verificação humana para os padrões de qualidade.

Com bilhões de dispositivos que funcionam à base de sensores inteligentes, a internet das coisas pode ser utilizado nos campos mais diversos

REFERÊNCIA:

CSACOMANO, J. B.; SÁTYRO, W. C. Indústria 4.0: conceitos fundamentais. São Paulo: Blusher, 2018.

terça-feira, 19 de março de 2024

A INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS

   O poder absolutista europeu se fortaleceu em paralelo à expansão marítima e à formação de colônias ao redor do mundo. Contudo, à medida que a estrutura colonial passou a emitir sinais de colapso, diante do desejo dos colonos em traçar caminhos próprios e efetivar um rompimento definitivo com as metrópoles, o absolutismo começou a ruir.

  O primeiro sinal do conflito que se delineava no período viria de um dos elos mais frágeis do mundo colonial: as Treze Colônias Inglesas da América do Norte. Elas protagonizariam o primeiro processo de independência na América.

Mapa destacando as Treze Colônias da América Inglesa

  Em toda a América, as principais e mais prósperas colônias europeias foram construídas por portugueses e espanhóis, com a transferência de grandes recursos: capital, tecnologia, equipamentos e, sobretudo, pessoas das mais diferentes origens, etnias e condições sociais.

  Esses esforços resultaram em inúmeros e bem sucedidos núcleos populacionais, muitos deles marcados por sólidos centros urbanos, intenso comércio, riquezas e até mesmo universidades.

  Grande parte dos colonos que seguia para esses locais desejava uma rápida permanência, contando com riqueza imediata, mas acabaram encontrando inúmeras dificuldades para retornar, sobretudo com a demora em fazer fortuna. Permaneciam, assim, na colônia por longo tempo, sob o rígido controle da metrópole.

Mapa da América Colonial

  No caso de muitas das colônias inglesas da América do Norte, os caminhos foram diferentes. No início das Grandes Navegações, a Inglaterra era um reino de importância diminuta na Europa. Seu projeto colonial tinha uma estrutura bem menor que aquela demonstrada por portugueses e espanhóis. Iniciado cerca de um século depois do ibérico, quase sem apoio do governo, foi protagonizado por muitos súditos em fuga dos conflitos religiosos.

  O resultado foi um desenvolvimento colonial lento e precário, com poucas interferências da metrópole no cotidiano dos colonos. Na costa leste da América do Norte, iriam assim se consolidando as treze colônias autônomas e com profundas diferenças entre si.

  Com o passar do tempo, a situação do reino inglês, até então secundário no cenário europeu, mudou. A burguesia inglesa se consolidou como classe dominante, e a promoção de mudanças no plano econômico empreendida por ela deu à Inglaterra uma posição de destaque na Europa.

  Diante disso, segundo o historiador Leandro Karnal, é possível encontrar a razão para o início do processo de independência das Treze Colônias americanas observando os rumos tomados pela sociedade inglesa. A falta de um projeto de colonização sistemático fez consolidar entre os colonos ingleses um espírito de autonomia que se manifesta fortemente quando o governo inglês buscou estabelecer vínculos coloniais tradicionais, com o objetivo de tornar as posses americanas rentáveis para os negociantes da metrópole.

As possessões coloniais europeias na América do Norte em meados do século XVIII, com as Treze Colônias no leste (vermelho claro) na América Britânica

O caminho da intolerância

  Os séculos XVII e XVIII, na Europa, foram marcados por inúmeros conflitos, envolvendo reinos como Inglaterra, França e Espanha. As casas dinásticas disputavam o poder, a hegemonia no continente e a posse de territórios fora do continente. Essa conjuntura provocou, na América do Norte, frequentes alterações nas fronteiras coloniais.

  No caso dos ingleses, quando os conflitos se estendiam pela América, era comum o envolvimento dos colonos e mesmo dos povos nativos, com a mobilização de combatentes e recursos. A constância dessas batalhas, porém, levou os colonos a perceber que seus propósitos eram completamente inversos aos da metrópole - cada qual desejando caminho distinto para a sociedade. A situação provocou o progressivo distanciamento entre as duas partes.

  Os conflitos com o inimigo externo ajudaram a consolidar também entre os habitantes das Treze Colônias, uma espécie de identidade embrionária. Tornaram, por fim, rotineira a mobilização e a formação de exércitos entre os colonos.

  A Guerra dos Sete Anos (1756-1763) - que envolveu vários países e reinos europeus e opôs França e Inglaterra - teve importância fundamental nos processos que estavam prestes a acontecer. Ao marcar a saída definitiva dos franceses dos territórios da América do Norte, os colonos ingleses se perceberam  menos necessitados da proteção e dos vínculos com a metrópole, ao mesmo tempo que passaram a sentir maior interesse dos britânicos nos negócios coloniais.

Operações da Guerra dos Sete Anos em 1756

  A interferência do governo tinha múltiplos objetivos, como obter recursos para arcar com as despesas das guerras e garantir, de um lado, maior fornecimento de matéria-prima para as fábricas da Revolução Industrial (entre elas o algodão utilizado no setor têxtil) e, de outro, consumidores para os produtos dessas mesmas fábricas.

  As ingerências do governo inglês na América aumentaram significativamente, passando a intervir na regulação dos negócios e no aumento dos impostos. Acendia-se assim um barril de pólvora que inflamava o desejo por autonomia dos colonos.

  A busca por essa autonomia surgiria, primeiro, nas colônias do norte, menos dependentes dos negócios com a metrópole. Essas colônias haviam consolidado um intenso comércio com outras áreas coloniais do Caribe, com a África e mesmo com as colônias ibéricas do sul. Com o interesse do governo inglês em interferir nas colônias da América, todo esse dinamismo ficava ameaçado.

Formação dos estados norte-americanos desde 1750 até os dias atuais

No (antigo) espírito mercantilista

  O governo inglês, para sustentar seus anseios políticos e econômicos, buscou intensificar seus vínculos coloniais. Na América, isso se traduziu em normas e impostos, como a chamada Lei do Açúcar (Sugar Act), de 1764, que interferia na organização do comércio realizado nas colônias, sobretudo aquelas do norte.

  A medida reduzia os impostos sobre o melaço vindo do estrangeiro e aumentava as taxas sobre produtos como açúcar, artigos de luxo e vinhos. Intensificava também o rigor na fiscalização e no combate ao contrabando. O objetivo era intensificar os negócios com as colônias inglesas das Antilhas e, ao mesmo tempo, dificultar os negócios dos colonos no Caribe, em especial a compra do açúcar usado para fabricar rum, produto que trazia grandes lucros em negócios realizados na África.

  A reação dos colonos foi intensa. Começaram a questionar se o Parlamento inglês teria o direito de aumentar os tributos na América sem a representação dos colonos naquele órgão. Recorria-se, para isso, a uma antiga tradição inglesa, consolidada nos tempos medievais com a Magna Carta: o aumento do tributo só era possível com a concordância dos súditos representados no Parlamento. Os colonos, na época, não tinham direito a essa representação.

  Outras leis restritivas seriam ainda decretadas pela metrópole, como a proibição da emissão de papel de crédito na América. Além disso, tornava-se ainda obrigatório aos colonos a hospedagem e o fornecimento de alimentos aos soldados ingleses na América. Com isso, o governo pretendia economizar nos custos de manutenção das tropas na colônia, que tinham a função de reprimir os colonos.

  Mas a goda d'água que fez explodir as tensões foi a Lei do Selo, de 1765. A medida exigia que os contratos, jornais, cartazes e quaisquer documentos oficiais fossem taxados: o símbolo do cumprimento da lei, nesse caso, era a aplicação de um selo. As manifestações contrárias foram intensas, inclusive com o boicote à compra dos produtos ingleses - o que fez os rendimentos britânicos decaírem na América. Foi organizado ainda o Congresso da Lei do Selo, que resultou na Declaração dos Direitos e Reivindicações.

Um jornal de 1765 falando sobre a Lei do Selo

  O documento reforçava a lealdade dos colonos ao governo inglês. Porém, reafirmava as reivindicações pela igualdade de direitos no reino, sobretudo no que se referia à representação no Parlamento. Pressionado, o governo acabou por revogar a medida, o que não significou recuo nas intenções da metrópole. Nos meses seguintes viriam novos impostos e mais leis restritivas.

  As tensões se multiplicavam diante das imposições da metrópole. Em Boston, no ano de 1770, manifestações contrárias ao governo inglês resultaram na morte de cinco colonos e outros tantos feridos. Esse episódio ficou conhecido como O massacre de Boston.

O massacre de Boston

  Com o aumento da tensão nas colônias, o governo inglês outorgou à Companhia das Índias Orientais, então com graves problemas financeiros, o monopólio do comércio do chá nas colônias inglesas. Isso provocou o aumento do preço do produto, levando os colonos a boicotar sua compra.

  A liderança das mulheres foi fundamental para o sucesso do boicote. Organizadas em diversas associações, elas também passaram a a incentivar a troca de produtos ingleses por objetos feitos em casa. A manifestação mais marcante, porém, seria no porto de Boston, em que 150 colonos, disfarçados de indígenas invadiram um barco que transportava chá e jogaram o produto no mar.

  A reação do Parlamento inglês foi dura, com a promulgação das chamadas Leis Intoleráveis. Entre outras limitações aos colonos, essas leis restringiam o direito de reunião e exigiam o imediato pagamento dos prejuízos à Companhia, com o porto devendo permanecer fechado até a quitação.

Litografia de 1846 por Nathaniel Currier chamada A Destruição do Chá no Porto de Boston

Enfim, autonomia

  A década de 1770, na Europa, foi marcada pela contestação ao absolutismo. As ideias iluministas se expandiram por diferentes locais, chegaram à América e influenciaram grupos de colonos ingleses que se opunham à política da metrópole.

  A princípio, esses grupos defendiam a formação de uma espécie de contrato social, entre os colonos e o governo inglês, que garantissem direitos como a participação na elaboração das leis que se referiam às colônias ou que afetavam a vida dos colonos.

  Na América inglesa, inclusive, à semelhança da Europa iluminista, existiam várias associações secretas, como os Filhos da Liberdade, empenhados em discutir e elaborar estratégias contra a tirania do governo.

  O sentimento de oposição ao arbítrio real seria, inclusive, o principal ponto a unir os habitantes das Treze Colônias em torno de um projeto de independência, em especial na região norte.

  Contudo, o desejo de autonomia não era compartilhado por todos. Diversos grupos temiam que a luta contra a tirania e por liberdade resultasse em um dilacerante conflito, insuflando até os grupos mais pobres, sobretudo os escravizados, a brigar pelos mesmos princípios.

A marcha para o vale Forger, por William B. T. Trego

  Nesse clima de contestação, em 1774, realizou-se o Congresso Continental da Filadélfia, que reuniu representantes de doze das Treze Colônias inglesas. O documento final reafirmava a lealdade dos colonos aos ingleses, mas pedia o fim das leis restritivas e condições para o desenvolvimento local. O governo inglês se mostrou receptivo, mas aumentou o efetivo militar na América.

  O aumento do contingente militar ampliou os choques armados entre os soldados ingleses e as tropas ligadas aos colonos. As tensões aumentaram e, em 1775, foi convocado o Segundo Congresso da Filadélfia, agora com a participação das Treze Colônias. Entre os representantes, muitos se entusiasmavam com a ideia da separação, vendo na quebra dos vínculos coloniais a solução para todos os problemas, enquanto outros viam o ato com muitas reticências. O governo real, diante dessa situação, declarou as colônias em estado de rebeldia.

  Em 1776, os congressistas da Filadélfia decidiram pela autonomia, com a divulgação, em 4 de julho de 1776, da Declaração de Independência: nasciam os Estados Unidos da América. Mais do que isso, pela primeira vez rompiam-se os vínculos coloniais e buscava-se colocar em prática os princípios iluministas. A população, constituída de ex-colonos, aceitou com entusiasmo a formação da nova república.

Declaração de Independência dos Estados Unidos

Construir o país

  Para combater o movimento pela independência, o poderoso governo inglês enviou à América um numeroso exército apoiado pela marinha e por soldados mercenários, a que se somaram inúmeros grupos de colonos contrários à separação.

  Para combater esse poderio, os rebelados estadunidenses formaram o Exército Continental sob a liderança de George Washington (1732-1799). Por todo o novo país, surgiram também inúmeras milícias, formadas por pequenos grupos de populares.

  Os conflitos entre os dois lados foram intensos, com batalhas violentas e cruéis. A princípio, o poderio bélico da metrópole só conseguiu ser contido graças ao uso de táticas semelhantes às de guerrilha, nas quais os ex-colonos exploraram o fato de conhecer bem as características locais. No decorrer dos combates, os rebelados receberam  apoio da França e da Espanha, reinos interessados na derrota inglesa.

Tropas britânicas marchando em Concord, na colônia de Massachussetts, em abril de 1775

  Esse apoio estrangeiro foi decisivo e a última grande batalha ocorreu em 1781, no atual estado da Virgínia. O reconhecimento internacional da independência veio em 1783, quando o governo inglês assinou um tratado que previa indenização aos franceses e espanhóis. Apesar da vitória, era preciso ainda dar formato ao novo país e consolidar a união entre as treze antigas colônias.

  Seguindo os princípios iluministas, foi elaborada uma constituição. Os debates foram intensos, começando pela discussão da estrutura do novo Estado: se deveria existir um governo central fortalecido ou se seria garantida a plena autonomia das antigas colônias. Aprovado em 1790, o texto era inovador, transformando os Estados Unidos em uma república federativa, com ampla autonomia para os estados e com o poder dividido em três instâncias (executivo, legislativo, judiciário), cabendo o comando do país a um presidente.

Declaração de Independência, por John Trumbull, 1817-1819

  Garantia-se ainda a representatividade dos cidadãos, sobretudo dos grupos que haviam liderado aquele processo, em especial os grandes comerciantes, os latifundiários e os intelectuais urbanos.

  No entanto, se por um lado, grande parte dos habitantes do país foi excluída da participação política, como os pobres, as mulheres e pessoas escravizadas, por outro, o texto garantia outras liberdades: religiosa, de imprensa, de reunião e associação, de contestar o governo, de portar armas para defesa, de ter um julgamento justo. Por seu caráter sintético, generalista e abrangente, a Constituição mantém-se até os dias atuais.

A primeira página da Constituição dos Estados Unidos. Lê-se acima a frase We, the People (Nós, o povo)

Reflexos

  A independência estadunidense obteve grande repercussão na Europa e na América. No Velho Continente, a quebra do vínculo colonial colaborou para acentuar a crise do absolutismo, reforçando a ideia de liberdade, a soberania popular e a luta contra a tirania. Para as colônias de toda a América, o processo serviu como parâmetro para diversos movimentos de independência, sobretudo na porção espanhola.

  A independência intensificou ainda o movimento de expansão territorial dos antigos colonos ingleses, sobretudo na direção oeste do país recém-formado, onde predominavam os povos indígenas. O movimento deixou em aberto ainda diversos conflitos, como as profundas diferenças entre o norte e o sul do país, que se estenderiam ao longo do século XIX - alguns deles levando a grandes conflitos, como a Guerra de Secessão.

Washington cruzando o rio Delaware em 25 de dezembro de 1776, de Emanuel Leutze, 1851. George Washington foi o primeiro presidente dos Estados Unidos

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

FERNANDES, Luiz Estevam de Oliveira; FERREIRA, João Paulo Mesquita Hidalgo. Formação da América Inglesa. In: Nova História Integrada - Ensino Médio - volume único. Campinas: Companhia da Escola, 2005.

KARNAL, Leandro (org.). História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. São Paulo: contexto, 2008.

LIMA, Lizânias de Souza; PEDRO, Antônio. Rebeliões e revoluções na América. In: História da civilização ocidental. São Paulo: FTD, 2005.

segunda-feira, 11 de março de 2024

A CRUCIFICAÇÃO E O CIRCO ROMANO

  No mundo Ocidental, as execuções públicas são antigas e os maiores exemplos disso são do tempo do Império Romano, que durou mais de 500 anos. O caso que se tornou mais emblemático foi o de Jesus Cristo. Segundo relato dos Evangelhos, ele foi sentenciado à morte como agitador na província romana da Judeia, após o governador ser pressionado pelos fariseus, que então dirigiam o templo hebreu. Jesus foi condenado por aclamação da multidão, quando Pilatos colocou em votação quem ele deveria libertar, Jesus ou Barrabás, um criminoso comum. Jesus foi açoitado, humilhado, obrigado a carregar a pesada cruz pelas ruas de Jerusalém até o monte Gólgota, sendo insultado de todas as maneiras no percurso. Uns e outros se apiedaram, mas a maioria apoiou com entusiasmo a Via Crucis e depois assistiu à crucificação.

Monte Gólgota, a leste de Jerusalém. Lugar onde, segundo a Bíblia, Jesus foi crucificado

  Os Evangelhos podem ser lidos do ponto de vista religioso, mas também podem ser tomados como fontes históricas. Eles contêm relatos específicos sobre um tipo de execução largamente praticado no Império Romano contra ladrões, assassinos e rebeldes. Na época, prevalecia a ideia de que criminosos deviam ser escravizados ou executados com crueldade diante de todos.

  A morte cruel era tão valorizada no Império Romano que foram construídas arenas, locais reservados ao combate de gladiadores, em geral escravizados por agentes comerciais para lutar no circo romano, espaço de entretenimento a céu aberto. Por vezes, combatentes em condições desiguais eram postos, propositalmente, para lutar uns contra os outros. Quando um gladiador submetia outro, aguardava o veredito do imperador, que decidia pela vida ou pela morte do vencido com base nas manifestações da multidão.

Coliseu de Roma, anfiteatro localizado no centro da capital italiana, foi construído entre 72-80 d.C., era utilizado para combate entre gladiadores e espetáculos públicos

  Nessas arenas, havia também batalhas entre leões e elefantes, que acabavam em muito sangue e mortes. Na maioria das vezes, cobrava-se ingresso dos espectadores, mas havia ocasiões em que a entrada era gratuita. A gratuidade desse tipo de espetáculo levou à consagração da ideia de que o Império Romano promovia uma política de panem et circenses, ou seja, de "pão e circo". Segundo essa ideia, tendo pão e diversão, o povo ficaria quieto e satisfeito.

O destino de um gladiador derrotado era decidido pelo público

  No tempo do imperador Nero, que governou de 54 d.C. a 68 d.C., as primeiras comunidades cristãs de Roma foram perseguidas e executadas. Pedro, fundador da Igreja cristã por designação de Jesus, foi crucificado. A maioria dos cristãos, porém, foi levada ao circo romano, em grupos de vinte e trinta pessoas, para se defrontar com leões e tigres famintos. A crônica da época registra que muitos corriam das feras até serem alcançados e devorados. Outros ficavam quietos, rezando, certos de que morreriam como mártires e teriam uma vida melhor no paraíso celeste. Em resumo: no Império Romano, a crueldade e a morte atroz eram parte de um espetáculo bastante popular.

"A última prece dos mártires cristãos", por Jean-Léon Gérôme (1883)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

JÚNIOR, Jason José Guedes; CÂNDIDO, Maria Regina. Gladiadores e o Império: os poderes nas arenas romanas (séculos I e II). Nearco: revista eletrônica de antiguidade, vol. 1, ano VIII, n. 1, 2015.

GARRAFFONI, Renata Senna. Gladiadores na Roma Antiga. São Paulo: Annablume, FAPESP, 2005.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

O GENOCÍDIO DOS ARMÊNIOS

   Um autêntico genocídio ocorreu no Império Turco Otomano décadas antes da perseguição nazista aos judeus. Durante a Primeira Guerra Mundial, o governo turco otomano considerou que a minoria armênia era traidora da pátria e resolveu exterminá-la sistematicamente. A partir de 1915, os armênios foram expropriados, confinados em campos de prisioneiros e aniquilados por afogamento, fuzilamento, enforcamento ou mesmo queimados vivos. Estima-se que entre 800 mil e 1,5 milhão de armênios foram exterminados entre 1915 e 1923.

  O massacre teve início no dia 24 de abril de 1915, quando as autoridades otomanas caçaram, prenderam e executaram cerca de 250 intelectuais e líderes comunitários armênios em Constantinopla (atual Istambul).

Mapa dos locais de massacres e campos de extermínio e deportação no território otomano

  O genocídio foi realizado durante e após a Primeira Guerra Mundial e executado em duas fases: a primeira se deu com a matança da população masculina através de massacres e sujeição de recrutas do exército para o trabalho forçado; a segunda se deu pela deportação de mulheres, crianças, idosos e enfermos em marchas da morte que levavam ao deserto sírio. Impulsionada por escoltas militares, os deportados foram privados de comida e água e submetidos a roubos, estupros e massacres periódicos. Outros grupos étnicos nativos e cristãos, como os assírios e gregos otomanos, também foram igualmente perseguidos pelo governo otomano e seu tratamento é considerado por muitos historiadores como parte da mesma política genocida. A maioria das comunidades armênias que surgem após a diáspora deste povo por todo o mundo são um resultado direto do genocídio.

Sobreviventes enviados à Jerusalém, em abril de 1918

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

HOBSBAWM, Eric J. Era dos extremos: o breve século XX: 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.


terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

A TEORIA MALTHUSIANA

   Thomas Robert Malthus era de uma família abastada e sacerdote inglês da Igreja Anglicana. O contexto histórico  em que viveu e suas convicções religiosas influenciaram significativamente suas ideias. Enquanto seu pai defendia os ideais de progresso proposto por Condorcet e outros autores (Condorcet temia que o número de pessoas ultrapassasse a capacidade de produção dos meios de subsistência). Malthus argumentava que fazer desaparecer as desigualdades seria socializar a miséria e que a superpopulação impossibilitaria a eliminação da pobreza.

  A teoria de Malthus foi construída a partir de dois postulados: 1) o alimento é necessário para a existência humana; 2) a paixão entre os sexos é necessária e permanecerá aproximadamente em seu estágio atual. A primeira afirmação é óbvia e verdadeira, não há como refutá-la. Contudo, seu segundo postulado é contestável em vários aspectos.

  Para Malthus, o impulso heterossexual seria um princípio absoluto e imutável em seus resultados. Ao não fazer distinção entre relação sexual e procriação, ele desconsiderava a possibilidade do uso de métodos contraceptivos. Assim, Malthus constrói a seguinte lei: a população, quando não controlada, cresce numa progressão geométrica (1, 2, 4, 8, 16...) e os meios de subsistência numa progressão aritmética (1, 2, 3, 4, 5...).

Gráfico explicativo sobre a teoria malthusiana

  Malthus supôs que a capacidade de crescimento da população é indefinidamente superior à capacidade da terra de produzir alimentos e, de modo mais geral, meios de subsistência  necessários à vida. Dessa forma, deveria haver um equilíbrio entre o tamanho da população e os meios de sobrevivência. Segundo o autor, esse equilíbrio só poderia ser mantido por meio da lei da necessidade. Na sua visão, acontecimentos como catástrofes ambientais, guerras e epidemias seriam necessários para manter o equilíbrio entre população e recursos disponíveis.

  Politicamente, Malthus se opunha ao auxílio material às pessoas mais pobres. Para ele, o aumento dos rendimentos dessas pessoas acarretaria incremento da demanda por mercadorias e, consequentemente, haveria elevação no preço dos alimentos. Em seu julgamento, se a população pobre recebesse acima de suas necessidades básicas, ela gastaria com bebidas e futilidades. Em decorrência dessas visões, entendia que para evitar a superpopulação e o aumento da pobreza era preciso pôr fim ao amparo aos pobres e incentivar a prudência no casamento. Isso evitaria o excesso de trabalhadores em relação à demanda por mão de obra.

Thomas Malthus (1766-1834)

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

MALTHUS, Thomas. Ensaio sobre a população. São Paulo: Nova Cultural, 1996.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

SAIBA UM POUCO SOBRE MYANMAR, ANTIGA BIRMÂNIA

  Myanmar, antiga Birmânia, é um país do Sul da Ásia continental, limitado ao norte e nordeste pela China, a leste por Laos, a sudeste pela Tailândia, ao sul e sudoeste pelo mar de Andamão e pelo golfo de Bengala, e a noroeste por Bangladesh e pela Índia. Em 2006, a capital do país foi transferida de Rangum para Nepiedó.

  O país tornou-se independente do Reino Unido em 4 de janeiro de 1948, com o nome oficial de "União da Birmânia", designação que voltou a adotar após um período como "República Socialista da União da Birmânia (4 de janeiro de 1974 a 23 de setembro de 1988). Em 18 de junho de 1989, o regime militar birmanês anunciou que o nome oficial do país passaria a ser União de Myanmar. A nova designação foi reconhecida pela Nações Unidas e pela União Europeia, mas não pelos governos dos Estados Unidos e do Reino Unido. A Constituição de 2009, promoveu a mudança no nome do país para "República da União de Myanmar, implementada em 21 de outubro de 2010.

Mapa de Myanmar

HISTÓRIA

  A História de Myanmar abrange o período a partir do momento dos primeiros assentamentos humanos conhecidos de 13 mil anos atrás até os dias atuais. Uma sucessão de povos emigrou pelo vale do Irawadi, desde o Tibete até a China e foi influenciada pelas instituições da Índia. Os primeiros foram os môn, cerca de 3 mil anos. O povo pyu chegou em 628 d.C., enquanto os birmaneses entraram na região em meados do século IX. Migrações posteriores trouxeram os shan, kachin e os karen.

  No início da era cristã, Myanmar incluía na área de influência  da cultura indiana. O budismo expandiu-se pelo país durante o século IX e, dois séculos depois, o reino budista de Pagã conseguiu unificar a região central. As terras de Myanmar foram dominadas pelos mongóis, entre o início do século XIII e o fim do século XIV, promovendo a instalação da dinastia de origem xãs.

  Na metade do século XVI, o rei Tabinshwehti, originário de uma província do sul, e seu filho, com o auxílio dos portugueses, conseguiu unificar a região. O reino de Pegu passou a dominar a região a partir de 1599, sob a gestão do Império Português do Oriente.

  Novos combates entre reinos e etnias ocorreram antes do controle total pela dinastia criada por Alaungpaya. Seu poderio foi expandido para oeste, e isso deixou contrariados os interesses britânicos no golfo de Bengala, de modo que, depois de três guerras - que travaram-se entre 1824 e 1826, em 1852 e em 1885 -, todo o território submeteu-se ao controle britânico, o qual começou a chamá-lo de Burma (Birmânia).

Reino de Tungoo, em 1580, na sua máxima extensão

  Em 1937, os britânicos desmembram a Birmânia da Índia. A Birmânia desenvolveu-se economicamente porque o povo cultivava arroz, além de explorar a teca e a borracha, o que foi significativo durante o período colonial.

  Na época da Segunda Guerra Mundial, o país foi cenário de lutas sangrentas durante vários anos, tendo sido ocupado pelas tropas japonesas. Sob o comando de Lord Mountbatten e do general Orde Charles Wingate, o país foi reconquistado e teve sua independência proclamada em 4 de janeiro de 1948.

  Após a independência, a vida política da Birmânia foi bastante conturbada, com várias tentativas de separação dos estados autônomos. Em 1962, um golpe de Estado, liderado pelo general Ne Win, aboliu a Constituição e deu início a uma ditadura militar, implementando boa parte do sistema econômico socialista no país.

O general Ne Win instituiu um governo militar que procedeu à socialização de grande parte do sistema econômico

  Em 1988, a população do país manifestou seu descontentamento devido à décadas de má gestão da economia. Um novo governo militar alterou o nome do país para Union of Myanmar em 1989 (União de Myanamar em português).

  Em 1990, foram realizadas eleições para a Assembleia Nacional, na qual saiu vitorioso o partido oposicionista Liga Nacional pela Democracia (LND), apesar da recusa do governo em entregar o poder. Um ano após as eleições, a secretária-geral da LND, Aung San Suu Kyi, foi agraciada com o Prêmio Nobel da Paz.

  Em 1992, as guerrilhas formadas por grupos étnicos minoritários, foram reprimidas, provocando a fuga de milhares de pessoas para os países vizinhos. Em 1997, os Estados Unidos e a União Europeia condenaram Myanmar por violar os direitos humanos.

  Em 2007, uma manifestação que reuniu mais de  de cem mil manifestantes em Rangum, fez com que o exército prendesse 6 mil pessoas e assassinasse 31 manifestantes.

Aung San Suu Kyi, líder da oposição e Prêmio Nobel da Paz de 1991

  Em 2008, o país foi devastado pelo ciclone Nargis, que matou 134 mil pessoas e deixou 2,4 milhões de desabrigados. Em novembro de 2010, ocorreram as primeiras eleições para o legislativo após 20 anos. Os partidos políticos pró-forças armadas conseguiram cerca de 80% das vagas. Nesse mês, Suu Kyi libertou-se da prisão domiciliar.

  Em fevereiro de 2011, o general reformado Thein Sein, foi eleito presidente pela Assembleia e em março foi dissolvido o regime militar. O governo deu anistia a vários presos políticos, possibilitando a retomada americana das relações diplomáticas em 2014.

  Uma comissão foi formada para revisar a Constituição e a instalação pela Assembleia. A reforma foi considerada interessante por Suu Kyi, que só poderia concorrer à presidência se fosse derrubado o veto a candidatos cujos cônjuges fossem naturais de outros países (seu esposo é natural do Reino Unido).

Ciclone Nargis próximo de atingir a costa de Myanmar em 1 de maio de 2008

  Budistas do povo raquine atacaram muçulmanos da minoria ruainga, no estado de Arração, e essa onda de violência foi intensificada em 2012, matando 167 pessoas. em 2013, o conflito se alastrou para os demais estados. Devido aos confrontos, cerca de 140 mil muçulmanos fugiram do país.

  No início de 2013, o exército atacou os rebeldes cachins, no norte do país, provocando a morte de mais de 300 pessoas. Em setembro desse mesmo ano, o governo propôs negociar um cessar-fogo nacional com as várias guerrilhas étnicas atuantes no país, pedindo uma autonomia regional. Em outubro, o governo e os cachins entraram num acordo preliminar.

Moulmein - com uma população de 467.337 (estimativa 2022) é a quarta cidade mais populosa de Myanmar

  As eleições gerais de Myanmar foram realizadas em 8 de novembro de 2015. Estas foram as primeiras eleições abertamente contestadas e realizadas em Myanmar desde 1990. Os resultados deram à Liga Nacional para a Democracia a maioria dos assentos em ambas as câmaras do Parlamento nacional, o suficiente para garantir que o seu candidato se tornasse presidente, enquanto a líder da LND, Aung San Suu Kyi, foi constitucionalmente impedida de ocupar a presidência.

  O novo parlamento reuniu-se em 1 de fevereiro de 2016 e, em 15 de março de 2016, Htin Kyaw foi eleito como o primeiro presidente não militar do país desde o golpe militar de 1962. Em 6 de abril de 2016, Aung San Suu Kyi assumiu o cargo recém-criado de Conselheiro de Estado, um papel semelhante ao de primeiro-ministro.

  Em 1 de fevereiro de 2021, militares do governo promoveram um golpe de Estado e prenderam a conselheira do estado Aung San Suu Kyi e o presidente do país, Win Myint. Os militares acusaram o antigo governo de promoverem uma fraude eleitoral, e instalaram o regime militar que dura até os dias de hoje.

Bloqueio militar da estrada que conduz ao gabinete do Governo da Região de Mandalay

GEOGRAFIA

  Com uma área de 676.578 km², Myanmar é o maior país da Ásia continental e o 39º maior do mundo. Seu território é um pouco maior do que a soma das áreas dos estados de Minas Gerais e Santa Catarina, ou de Alemanha e Itália juntas.

  Limita-se a noroeste com Chatigão (Bangladesh), com uma fronteira de 193 quilômetros, e com os estados de Assã, Nagaland e Manipur (Índia), com uma fronteira de 1.463 quilômetros. A nordeste faz fronteira de 2.185 quilômetros com a China (Tibete e Yunnan), Faz um limite de 235 quilômetros com Laos a leste, e com a Tailândia de 1.800 quilômetros a leste e sudeste. O país possui um litoral contínuo de 1.930 quilômetros, sendo banhado pelo golfo de Bengala e pelo mar de Andamão. Possui uma fronteira terrestre de 5.876 quilômetros.

  Regiões distintas fazem parte de Myanmar. A região da Birmânia propriamente dita compreende quase o seu centro inteiro, formada pela grande depressão ocupada pelo rio Irauádi e pelo seu delta, que desemboca no golfo de Bengala. Essa região constitui uma faixa geralmente aplainada de norte a sul. A mesma orientação é seguida pelas cordilheiras que as delimitam a oeste, nas quais estão localizados os montes Patkai e Chin e a cordilheira litorânea do Shan de grande desgaste pela erosão em certas partes, e também cortado de norte a sul pelo rio Salween, o qual, em uma grande quantidade de trechos, desce entre vales curtos e desfiladeiros.

  O rio Irauádi é o mais importante do país, e seus principais afluentes são: Chindwin e Sittang.

Rio Irauádi, maior rio de Myanmar

  O sul da região central abrange também a bacia do rio Sittang, paralelo ao rio Irauádi. Os montes Pegu, de pequena elevação, separam o rio Sittang do rio Irauádi.

  A rede de drenagem de Myanmar caracteriza-se, de um lado, pelos diminutos e muitos rios que correm da cordilheira do Arakan ao golfo de Bengala. Nar, Kaladan, Lemro e An Chaung. De outro lado, pelos rios da bacia hidrográfica do Salween, os quais cortam o planalto de Shan.

  O maior corpo de água do país é o lago Inle, que localiza-se no planalto Shan. Outro lago importante é o Indawgyi, localizado ao norte do país. Nas planícies de Myanmar há muitos lagos correspondentes a meandros em condições de abandono; os demais são intermitentes, que resultam das cheias do rio Irauádi.

  Ao norte da depressão do Irauádi, cordilheiras trançadas atingem altitudes superiores a 4 mil metros. Nessa região, encontra-se o ponto mais elevado do país, o Hkakabo Razi, com uma altitude de 5.881 metros, e localiza-se na tríplice fronteira: Myanmar-China-Índia.

Hkakabo Razi - a montanha mais elevada de Myanmar e do Sudeste Asiático

  O clima de Myanmar é classificado como tropical monçônico, mas seu relevo é fragmentado. Nas regiões montanhosas a pluviosidade ultrapassa os 5.000 mm. As elevações montanhosas nos arredores do médio vale do Irauádi, fazem com que as precipitações pluviométricas cheguem a 900 mm. O país é atravessado pelo Trópico de Câncer.

  Apesar do clima tropical predominar no país, as temperaturas não são tão elevadas em relação às áreas tropicais. A bacia do Mandalai, na porção central da zona árida, a temperatura média é de 28ºC.

Cultivo às margens do lago Inle

  As regiões montanhosas, onde chove muito, predomina a floresta tropical, de difícil acesso. Nas regiões mais secas, há poucas florestas. A fauna é composta por uma grande variedade de aves, rinocerontes, búfalos, gauros (bisão indiano), elefantes, tigres, leopardos e gatos selvagens. Nas regiões montanhosas são encontrados ursos e uma grande variedade de macacos e, nos deltas dos rios, cobras e crocodilos.

  Cerca de 50% do país é ocupado pelas ricas florestas tropicais, que contêm várias espécies. Entre as árvores de maior importância, são encontrados a teca, o pau-ferro e a palmeira. Há também bosques de bambu.

Mapa climático de Myanmar, segundo a classificação climática de Köppen-Geiger

DEMOGRAFIA

  A população de Myanmar é de 55.797.249 habitantes (segundo estimativas 2023). Distribui-se de forma bastante irregular, onde as taxas de concentração populacional são mais elevadas na área do delta do rio Irauádi. As montanhas e os planaltos são as áreas menos povoadas.

  A população de Myanmar é multiétnica, formada em sua maioria por mongoloides. O maior grupo étnico é formado por birmaneses, que ocupa principalmente o centro do país e são originalmente sino-tibetanos. Uma grande diversidade de etnias minoritárias habita nos arredores do país. A população birmanesa é composta também por grupos étnicos imigrantes, como indianos, bengalis e chineses.

  Muitas religiões são praticadas em Myanmar. Há muitos edifícios religiosos e festivais são realizados em grande escala. As populações cristãs e muçulmanas, enfrentam perseguições religiosas, principalmente por parte dos budistas. O budismo representa cerca de 80% da população.

  Em Myanmar há uma das minorias étnicas mais perseguidas do mundo: os rohingya, que seguem a religião muçulmana e se concentram na parte oeste do país, no estado de Rakhine. As pessoas dessa etnia não são oficialmente reconhecidas como cidadãos birmaneses, o que as caracteriza, perante a ONU, como apátridas (pessoas sem nacionalidade ou cidadania). O governo de Myanmar alega que se trata de imigrantes ilegais provenientes de Bangladesh.

  Os frequentes confrontos com as forças militares obrigam os rohingya a fugir para Bangladesh, Malásia, Tailândia e Indonésia. Outras centenas de milhares são deslocadas internamente e vivem em acampamentos precários em Rakhine, no oeste do país.

Refugiados rohingya cruzam a fronteira de Myanmar rumo a Bangladesh, em meados de 2017

ECONOMIA

  Myanmar possui uma economia emergente e mista. O setor privado domina a agricultura, a indústria leve e as atividades de transporte. O Estado, controla a produção de energia, a indústria pesada e o comércio do arroz.

  A Birmânia foi a principal rota de comércio entre Índia e China desde o ano 100 a.C. e, atualmente, continua recebendo uma quantidade expressiva de investimentos chinês no setor de energia. Após a conquista do território pelos ingleses, o país tornou-se o mais rico do Sudeste Asiático, sendo o maior exportador mundial de arroz e possuía uma população altamente alfabetizada.

  Após o governo parlamentar ser formado, em 1948, o primeiro-ministro U NU embarcou em uma política de nacionalização. O golpe de Estado, em 1962,  foi seguido por um regime econômico chamado de Via Birmanesa para o Socialismo, que tinha como objetivo nacionalizar todas as indústrias. Este programa catastrófico levou a Birmânia a ser um dos países mais pobres do Sudeste Asiático.

  Os principais produtos agrícolas cultivados no país são: arroz, algodão, milho, amendoim e gergelim. Os principais rebanhos são de bovinos, suínos e caprinos. As principais jazidas minerais do país são de chumbo, zinco, estanho, tungstênio, cobre, pedras preciosas, petróleo, gás natural e carvão mineral. Há poucas indústrias e as principais são petrolífera e alimentícias.

Pegu - com uma população 256.863 habitantes (estimativa 2023) é a quinta cidade mais populosa de Myanmar

ALGUNS DADOS SOBRE MYANMAR

NOME: República da União de Myanmar

INDEPENDÊNCIA: do Reino Unido, em 4 de janeiro de 1948

CAPITAL: Nepiedó

Pagode Uppatasanti, em Nepiedó, capital de Myanmar

GENTÍLICO: mianmarense, birmanês, birmã, birmane, birmano, birmaniano, birmanense

LÍNGUA OFICIAL: birmanês

GOVERNO: Ditadura Militar

LOCALIZAÇÃO: Ásia Meridional

ÁREA: 676.578 km² (39º)

POPULAÇÃO (ONU - Estimativa para 2023): 55.797.249 habitantes (26°)

DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 82,46 hab./km² (108°). Obs: a densidade demográfica, densidade populacional ou população relativa é a medida expressa pela relação entre a população total e a superfície de um determinado território.

CRESCIMENTO POPULACIONAL (ONU - Estimativa 2023): 0,85% (138°). Obs: o crescimento vegetativo, crescimento populacional ou crescimento natural é a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade de uma  determinada população.

CIDADES MAIS POPULOSAS (Estimativa para 2023):

Rangum: 4.689.558 habitantes

Centro de Rangum, cidade mais populosa de Myanmar

Mandalai: 1.268.572 habitantes

Mandalai - segunda maior cidade de Myanmar

Nepiedó: 948.185 habitantes

Nepiedó - capital e terceira cidade mais populosa de Myanmar

PIB (FMI - 2022): US$ 59,530 bilhões (90º). Obs: o PIB (Produto Interno Bruto), representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano).

PIB PER CAPITA (FMI 2022): US$ 1.066 (156°). Obs: o PIB per capita ou renda per capita é o Produto Interno Bruto (PIB) de um determinado lugar dividido por sua população. É o valor que cada habitante receberia se toda a renda fosse distribuída igualmente entre toda a população.

Mapa-múndi mostrando a renda per capita dos países em 2019

IDH (ONU - 2022): 0,585 (149°). Obs: o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida oferecida à população. Este índice é calculado com base em dados econômicos e sociais, variando de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país. No cálculo do IDH são computados os seguintes fatores: educação (anos médios de estudos), longevidade (expectativa de vida da população) e PIB per capita. A classificação é feita dividindo os países em quatro grandes grupos: baixo (de 0,0 a 0,500), médio (de 0,501 a 0,800), elevado (de 0,801 a 0,900) e muito elevado (de 0,901 a 1,0).

Mapa-múndi representando as quatro categorias do Índice de Desenvolvimento Humano, baseado no relatório publicado em 15 de dezembro de 2020, com dados referentes a 2019

EXPECTATIVA DE VIDA (OMS - 2022): 63,54 anos (150º). Obs: a expectativa de vida refere-se ao número médio de anos para ser vivido por um grupo de pessoas nascidas no mesmo ano, se a mortalidade em cada idade se mantém constante no futuro, e é contada da maior para a menor.

Planisfério com a expectativa de vida dos países

TAXA DE NATALIDADE (ONU - 2022): 17,10/mil (92º). Obs: a taxa de natalidade é a porcentagem de nascimentos ocorridos em uma população em um determinado período de tempo para cada grupo de mil pessoas, e é classificada do maior para o menor.

Mapa com a taxa de natalidade dos países

TAXA DE MORTALIDADE (CIA World Factbook 2022): 9,8/mil (67º). Obs: a taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um índice demográfico que reflete o número de mortes registradas, em média por mil habitantes, em uma determinada região por um período de tempo e é classificada do maior para o menor.

TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2022): 41,8/mil (172°). Obs: a taxa de mortalidade infantil refere-se ao número de crianças que morrem no primeiro ano de vida entre mil nascidas vivas em um determinado período, e é classificada do menor para o maior.

Mapa da taxa de mortalidade infantil no mundo

TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook 2022): 2,05 filhos/mulher (105º). Obs: a taxa de fecundidade refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria do início ao fim do seu período reprodutivo (15 a 49 anos), e é classificada do maior para o menor.

Mapa da taxa de fecundidade de acordo com o CIA World Factbook de 2020

TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2022): 92,7% (118º). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.

Mapa da taxa de alfabetização no mundo em 2020

TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2022): 31,1% (165°). Obs: essa taxa refere-se a porcentagem da população que mora nas cidades em relação à população total.

Mapa da taxa de urbanização no mundo em 2020

MOEDA: Quiate

RELIGIÃO: budismo (80%), crenças tradicionais (6%), protestantismo (5%), islamismo (4%) catolicismo (2%), hinduísmo (2%), outras religiões/sem religião (1%).

DIVISÃO: Myanmar possui 14 divisões administrativas, que incluem sete regiões (tyne) e sete estados (pye-ne), além de um território da União (os números correspondem à região no mapa: 1. Estado de Rakhine (anteriormente Arracão); 2. Estado de Chin; 3. Estado de Kachin; 4. Estado de Shan; 5. Estado de Kayah (anteriormente Karenni); 6. Estado de Kayin (anteriormente Karen); 7. Estado de Mon; 8. Região de Sagaing; 9. Região de Tanintharyi (anteriormente Tenasserim); 10. Região de Ayeyarwady (anteriormente Irrawady); 11. Região de Rangum; 12. Região de Bago (anteriormente Pegu); 13. Região de Magway; 14. Região de Mandalai.

Mapa da divisão administrativa de Myanmar

FONTE:

FRANCISCO, Wagner de Cerqueira e. "Mianmar"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/mianmar.htm. Acesso em: 18/12/2023.

Wikipédia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Myanmar. Acesso em 04/12/2023.

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