Coreia do Sul, Taiwan, Hong Kong e Cingapura não eram muito diferentes da maioria dos seus vizinhos asiáticos até a Segunda Guerra Mundial. Os dois primeiros, de maior extensão territorial, eram países agrícolas, com a maioria da população vivendo no campo e desenvolvendo uma agricultura arcaica, principalmente de arroz. Todos tinham população pouco numerosa, em sua maioria analfabeta, território reduzido, sem nenhuma reserva importante de recursos minerais ou combustíveis fósseis, e, portanto, um futuro econômico que parecia não promissor. No entanto, possuem atualmente algumas das economias mais dinâmicas e modernas do mundo.
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Centro Financeiro de Seul, capital da Coreia do Sul |
A península da Coreia e Taiwan, foram ocupadas pelo Japão desde o fim da Guerra Sino-Japonesa (1894-1895) até o fim da Segunda Gerra Mundial. Hong Kong era um território chinês que foi cedido ao Reino Unido pelo Tratado de Nanquim (1842), que marcou o fim da Guerra do Ópio. Cingapura era um entreposto comercial da Companhia Britânica das Índias Ocidentais desde 1824. Essa pequena ilha, depois de pertencer ao Império Britânico, integrou a Federação da Malásia e a independência definitiva ocorreu apenas em 1965, quando foi criada a República de Cingapura.
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Centro Financeiro de Cingapura |
Taiwan (ou República da China), com capital em Taipé, constituiu-se como Estado a partir da fuga dos membros do Partido Nacionalista (Kuomitang), após a Revolução de 1949.
Durante a Segunda Guerra Mundial, todos esses territórios estiveram sob ocupação japonesa. No pós-guerra, especialmente a partir dos anos 1970, passaram por um rápido processo de industrialização, favorecidos pelos mecanismos da Guerra Fria: fizeram parte de um arco de alianças liderados pelos Estados Unidos para fazer frente ao avanço sino-soviético. Nas décadas de 1980 e 1990, apresentaram alguns dos maiores índices de crescimento econômico do mundo e, desde essa época, suas economias estão entre as que mais têm incorporado novas tecnologias ao processo produtivo. Além disso, vêm diminuindo as desigualdades sociais e melhorando seus indicadores socioeconômicos. Desde os anos 1980, ficaram conhecidos como Tigres Asiáticos, porque o forte empenho na busca de novos mercados no exterior levou suas economias a crescer, em média, 7,4% ao ano. Resultado do modelo plataforma de exportações.
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Taipé - capital de Taiwan |
INDUSTRIALIZAÇÃO E CRESCIMENTO ACELERADO
Nos quatro Tigres Asiáticos foram implantados regimes políticos centralistas após a Segunda Guerra Mundial, e os dois mais importantes - Coreia do Sul e Taiwan - eram governados por ditaduras militares. Nessa época, o Estado teve um papel fundamental no planejamento estratégico para estimular a industrialização e as exportações. Entre outras medidas, destacam-se:
- concedeu incentivos às exportações, como redução de impostos;
- manteve uma política de desvalorização cambial;
- tomou medidas protecionistas (tarifárias) contra os concorrentes estrangeiros;
- fez maciços investimentos em educação e concedeu bolsas de estudos no exterior;
- impôs restrições ao funcionamento dos sindicatos;
- canalizou grandes investimentos para infraestrutura de transporte, energia etc.;
- restringiu o consumo para elevar o nível de poupança interna via medidas fiscais (elevação de impostos) e controle das importações.
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Visão noturna da ilha de Hong Kong |
O alto nível de poupança interna desses países, aliado à ajuda recebida do Tesouro dos Estados Unidos no contexto da Guerra Fria, mais empréstimos contraídos em bancos no exterior (a taxas de juros fixas) possibilitaram a arrancada da industrialização.
No início da industrialização, a mão de obra nesses países asiáticos era muito barata e relativamente qualificada e produtiva, por causa do bom nível educacional. Esse baixo custo, associado às medidas governamentais, como os subsídios às exportações e o controle da política cambial, tornava o produto dos Tigres muito baratos. Isso lhes garantiu alta competitividade no mercado mundial, alcançando elevados saldos comerciais, os quais eram reinvestidos a fim de alcançar maior capacitação tecnológica.
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Hong Kong - uma das áreas mais densamente povoadas do mundo |
Desde os primórdios de seus processos de industrialização, as sociedades dos Tigres Asiáticos perceberam a importância de investir em educação, especialmente no nível básico, como condição fundamental para a formação de trabalhadores e pesquisadores qualificados, a geração de novas tecnologias e o aumento da produtividade. Principalmente a Coreia do Sul, a maior e mais moderna economia dentre os Tigres Asiáticos, desde o início deu muito valor à educação básica e a tomou como sustentação para seu desenvolvimento socioeconômico.
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Mapa da Coreia do Sul |
Ao contrário dos países latino-americanos e africanos, os Tigres Asiáticos tinham um modelo vizinho bem-sucedido para se espelhar: seguiram de maneira quase integral os passos do Japão. Além disso, se beneficiaram de uma conjuntural liberal o suficiente, principalmente nos Estados Unidos, dispondo, assim, de amplos mercados para colocar seus produtos e converteram-se em verdadeiras plataformas de exportação. Mas recentemente, no entanto, o aumento da renda per capita e a elevação salarial, resultantes do crescimento da produtividade da economia, ocasionaram uma expansão qualitativa e quantitativa dos mercados internos, sobretudo na Coreia do Sul, o país mais populoso dos quatro.
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Mapa de Cingapura e suas ilhas vizinhas |
Assim como investidores japoneses, norte-americanos e europeus, os empresários dos Tigres também têm construído filiais na Tailândia, na Malásia e na Indonésia, que, como os primeiros Tigres, também cresceram aceleradamente a partir da década de 1980. Por isso, esses três países são conhecidos como os Novos Tigres. Há ainda muitos investimentos sendo feitos na China, sobretudo por empresários de origem chinesa com empresas sediadas em Taiwan, Hong Kong e Cingapura.
Apesar de muitos pontos em comum, principalmente quanto ao processo de industrialização, há contudo, muitas diferenças entre esses países, em particular quanto à estrutura industrial.
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Arquitetura moderna de Seul e o Palácio Deoksugung |
A Coreia do Sul é o país mais industrializado dos Tigres Asiáticos. A economia sul-coreana é controlada por redes de grandes empresas, denominadas chaebols, a exemplo dos keiretsus japoneses. Fabricam uma enorme diversidade de produtos, desde aço e navios até artigos eletrônicos e automóveis, além de também atuarem no setor financeiro e no comércio. Os chaebols sul-coreanos cada vez colocam mais seus produtos mundo afora, figuram na lista das maiores empresas mundiais e já são responsáveis por algumas inovações tecnológicas. Entre elas se destacam: Samsung Eletronics, LG, a SK Holdings, a Hyundai Motor, Hyundai Heavy Industries, Samsung C&T, entre tantas outras. Com a crise financeira asiática de 1997, contudo, algumas empresas tiveram problemas por causa do seu alto grau de endividamento e foram obrigadas a se desfazer de parte de suas unidades operacionais ou foram incorporadas a outras, como, por exemplo, a Kia Motors, comprada pela Hyundai Motor em 1998.
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Chaebols - grupo formado por grandes empresas sul-coreanas |
Cingapura cada vez mais se consolida como um grande entreposto comercial e importante centro financeiro internacional, possuindo uma das maiores bolsas de valores do mundo. É o país com o maior índice de logística e possui o porto mais movimentado do mundo. Além disso, tem procurado investir em indústrias de alto valor agregado, como a naval e a eletrônica. Está sediada no país a Flextronics International, segunda maior fabricante mundial de semicondutores, atrás apenas da Intel.
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Cidade de Cingapura com destaque para o Marina Bay Sands e a Cingapura Flyer - a maior roda gigante do mundo |
Cingapura e Taiwan formam os Tigres que menos sofreram com a crise financeira de 1997, graças ao baixo grau de endividamento de suas empresas e ao controle das contas públicas, exercido por seus governos. Já Hong Kong, poucos meses após sua reincorporação à China, sofreu os efeitos dessa crise. Em outubro daquele ano houve uma queda brusca no valor das ações de sua bolsa de valores (que estava operando em alta graças à especulação), agravando ainda mais a crise regional.
A Coreia do Sul sofreu um duro golpe por causa do peso que os chaebols têm em sua economia, mas o país já se recuperou e voltou a crescer, beneficiado pela desvalorização da sua moeda (won), que favoreceu suas exportações.
Apesar da crise, esses países, que, durante muito tempo, foram conhecidos como exportadores de bugigangas de baixa qualidade e de tecnologia banal, hoje estão vendendo produtos sofisticados como navios, automóveis, semicondutores, computadores, aparelhos eletrônicos domésticos etc.
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Namdaemun em Seul à noite |
FONTE: Sene, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil, volume 2: espaço geográfico e globalização: ensino médio / Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. - São Paulo: Scipione, 2010.
3 comentários:
muito bom :D
MUITO BOM :D
muito bom :D
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