domingo, 19 de maio de 2013

A QUESTÃO AGRÍCOLA NA ÁFRICA

  Os países situados na África Subsaariana apresentam, em geral, índices de crescimento econômico baixos, conflitos étnicos, guerras civis e economia dependente dos setores primários da agricultura e da mineração dirigidos para a exportação, apesar de terem ocorridos alguns avanços em termos de ampliação da capacidade de produção e da economia. Nesses países, a fome é um grave problema social, e os resultados das políticas de combate a ela são pouco animadores. De modo geral, esses problemas resultam do processo histórico do continente, marcado, desde o século XVI, pela escravidão e pelo colonialismo.
Mapa do tráfico negreiro
  A ocupação da África no século XIX, durante a expansão imperialista europeia, provocou a substituição das culturas de subsistência, nas regiões com solos mais férteis, pelas monoculturas de exportação, que permanecem até os dias atuais. Esse modelo de ocupação imperialista gerou concentração fundiária e impediu muitas comunidades de praticar a lavoura para o consumo, ampliando os problemas sociais e levando a fome a boa parte da população africana. Os efeitos do imperialismo também se fazem presentes na instabilidade política herdada da formação dos Estados africanos. As disputas pelo poder e as guerras civis desviam boa parte dos recursos para o financiamento dos conflitos, que ocorrem desde a época da descolonização.
Mapa dos principais conflitos na África
  A agricultura de subsistência, ou para o consumo próprio, se caracteriza pelo uso de instrumentos e técnicas rudimentares e tem baixo rendimento. É praticada principalmente no interior do continente, nas áreas de savanas. O lavrador faz a queimada para limpar o terreno e, posteriormente, com a enxada, tira os torrões de terra e faz a semeadura, utilizando as próprias cinzas, ricas em potássio, como fertilizante. O uso constante de queimadas prejudica o solo, obrigando o agricultor a se deslocar para outras áreas, onde reproduz o mesmo sistema de cultivo. O fogo ateado às matas destrói os microorganismos do solo e transforma troncos e folhas em cinzas, impedindo a formação da matéria orgânica fundamental à manutenção da fertilidade do solo.
Agricultores africanos preparando a terra para realizar a queimada e, posteriormente, o plantio
  As comunidades que habitam o Sahel, região que se estende ao sul do deserto do Saara, na África, são as mais atingidas pela tragédia da fome. A doação de alimentos promovida por organizações internacionais evita uma mortandade ainda maior e ameniza o sofrimento dos povos da região mas pouco tem sido feito para ajudá-los a garantir a própria sobrevivência
  A região saheliana é relativamente povoada e aos poucos tem sido incorporada ao Saara, devido ao rápido processo de desertificação. Desde a década de 1970, com o avanço do deserto, o drama da seca se intensificou, a agricultura tornou-se impraticável em boa parte da sua extensão, o capim não se desenvolve e não se formam pastagens adequadas ao rebanhos. Nos seus cerca de 5 milhões de km² de superfície, a produção agrícola tem ficado muito reduzida, e em várias áreas habitadas a criação de gado praticamente desapareceu. O deslocamento da população é constante, na maioria das vezes sem destino, em busca de água e pastagens.
Área desertificada na região do Sahel - África
  Na região do Magreb (Marrocos, Argélia e Tunísia) e no extremo sul da África do Sul, os cereais (centeio, trigo e cevada), oliveira e videira é feito na faixa de clima mediterrâneo. No Magreb, as fazendas foram implantadas pelos franceses durante o processo de colonização (do século XIX até a segunda metade do século XX, quando foram expulsos). A atividade agropecuária nessa região tem rendimento superior à média africana.
  Nas áreas mediterrâneas e nas regiões do Saara próximas ao relevo montanhoso da cadeia do Atlas, prevalece o pastoreio nômade (de ovelhas, cabras e camelos), com deslocamento do gado para as montanhas durante a primavera e o verão, devido à abundância de água formada pelo derretimento da neve dos cumes mais elevados.
Região agrícola de Cap Bon - Tunísia
FONTE: Lucci, Elian Alabi. Território e sociedade no mundo globalizado: geografia: ensino médio, volume 2 / Elian Lucci Alabi, Anselmo Lázaro Branco, Cláudio Mendonça. - 1. ed. - São Paulo: Saraiva, 2010. 

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