A Cabanagem foi uma revolta ocorrida no Grão-Pará, entre 1835 e 1840, durante o período regencial brasileiro, que se alastrou até a província do Amazonas.
A sociedade da província do Pará era pobre e instável se comparada à de outras regiões, marcada por pobreza extrema, fome e doenças. O nome dessa revolta se deu porque os revoltosos - chamados de cabanos -, habitavam as cabanas - precárias casas localizadas nas margens dos rios. Ali os proprietários rurais tinham pouca força política e pouco espaço social. Os comerciantes portugueses concentravam certo domínio sobre uma sociedade composta por mestiços, índios, escravos e brancos pobres. O centro das atividades econômicas e políticas era a cidade de Belém.
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Belém do Pará na segunda metade do século XIX |
Para agravar o quadro de instabilidade social e econômica, no início da década de 1830 ocorreram disputas políticas entre os setores da elite da província, devido à nova nomeação do presidente da província pelo poder central. Substituir o governador e reprimir a insatisfação não solucionou a questão nem os conflitos políticos, abrindo caminho para a explosão de uma autêntica rebelião popular.
Em 1835, os cabanos se organizaram em tropas compostas por negros, mestiços e índios, que tomaram a cidade de Belém. Inicialmente houve disputas políticas entre os líderes revoltosos, como Clemente Malcher e Francisco Vinagre, que procuravam controlar a província e ao mesmo tempo manter vínculos com o governo regencial. Em agosto desse ano, as forças legalistas já haviam retomado a capital e prendido seus líderes, mas, no interior, Eduardo Angelim, um jovem cearense, resistiu e proclamou a República dos Cabanos, tornando-se seu terceiro líder.
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Eduardo Angelim - um dos líderes da Cabanagem |
No ano seguinte, as forças repressivas do governo central conseguiram algumas vitórias contra os cabanos, inclusive a prisão de Angelim, em outubro. Todavia, a rebelião já havia se alastrado por várias áreas da região, interiorizando-se; por isso foi mais difícil acabar com ela. Venceram os últimos rebeldes em território do Amazonas, em março de 1840. Calcula-se que tenham morrido cerca de 30 mil pessoas nesses anos de revolta.
A historiografia trata a Cabanagem como a mais representativa revolta regencial, por sua variada composição, a ampla participação popular, e por seus integrantes terem assumido temporariamente o poder na província.
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Paisagem frequentada pelos rebeldes cabanos durante o movimento no século XIX, por Johann Bachta |
FONTE: Moraes, José Geraldo de, 1960 - História: geral e do Brasil: volume único / José Geraldo Vinci de Moraes. - 2. ed. - São Paulo: Atual, 2005. - (Coleção Ensino Médio Atual)
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