sexta-feira, 24 de maio de 2013

A DIVISÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO

  Divisão Internacional do Trabalho é o nome que se dá para o comércio mundial no qual cada país está voltado para produzir e exportar determinados bens ou serviços. É uma divisão do trabalho entre as economias nacionais. Tradicionalmente, a Divisão Internacional do Trabalho é marcada pela existência de dois principais grupos de países: os exportadores de produtos industrializados, uma minoria, e os exportadores de matérias-primas (gêneros alimentícios e minérios), a imensa maioria. Os primeiros compram (importam) as matérias-primas dos segundos e estes, por sua vez, compram os produtos industrializados daqueles países do primeiro grupo.
  Foi com a Primeira Revolução Industrial que se estabeleceu essa Divisão Internacional do Trabalho. Quando ela se iniciou, em meados do século XVIII, apenas o Reino Unido (Inglaterra) produzia em suas fábricas bens industrializados em grandes quantidades. Nessa época, ele pôde dominar o mercado internacional com seus produtos industrializados, que eram praticamente exclusivos. Em outras palavras, a Grã-Bretanha se especializou na produção industrial e começou a impor  ao restante do mundo uma divisão do trabalho que beneficiasse na medida em que os produtos industrializados eram e em parte ainda são mais valorizados que as matérias-primas.
Coalbrookdale - cidade britânica considerada um dos berços da Revolução Industrial
  Como a produção industrial se tornou possível graças à invenção de máquinas, como os teares mecânicos e a máquina a vapor, ambas inventadas nesse país, o Reino Unido conquistou o monopólio do desenvolvimento tecnológico. Também a existência de carvão mineral, principal fonte de energia no período, possibilitou que a industrialização se iniciasse no Reino Unido. Com isso, ele passou a exportar para os outros países da Europa e dos demais continentes produtos industrializados - principalmente tecidos - fabricados em grande quantidade e baixo custo.
  Essa foi a origem da Divisão Internacional do Trabalho, isto é, a formação de um mercado mundial integrando praticamente todos os países, em que um pequeno número deles exporta principalmente produtos industrializados enquanto o restante exporta basicamente matérias-primas.
Motor a vapor - impulsionou a Revolução Industrial na Inglaterra e no mundo
  Logo em seguida - principalmente no século XIX - vários outros países seguiram o exemplo do Reino Unido e se industrializaram, passando também a vender produtos industrializados no mercado mundial. Esses demais países foram Alemanha, França, Itália, Rússia e outros da Europa Ocidental, além de dois não europeus: os Estados Unidos e o Japão. São os atuais países desenvolvidos.
  Assim, a Divisão Internacional do Trabalho foi o resultado da formação de um mercado mundial, um comércio entre praticamente todos os continentes, todos os povos. Esse mercado mundial já havia sido iniciado anteriormente com a colonização da Oceania e da África. A África, desde o século XVI, já participava desse mercado mundial, apesar de ainda não ser ocupada e dividida em colônias dos países europeus (como ocorreu no século XIX), pois inúmeros povos africanos recebiam bugigangas (algodão, rum, armas, joias de pouco valor) e em troca forneciam para as potências europeias marfim, madeiras e principalmente escravos. Mas foi com a Revolução Industrial, iniciada em meados do século XVIII, que essa Divisão Internacional do Trabalho se consolidou, se expandiu e passou a ser em grande parte o que é até os dias de hoje.
Mapa político do mundo em 1700
  Na época da colonização do continente americano, do século XVI até o o final do século XVIII e início do século XIX, esse mercado mundial era pouco generalizado, pois as colônias só podiam comercializar com as suas respectivas metrópoles. Mas a partir do final do século XVIII ocorreu uma progressiva independência das colônias europeias na América. Estados Unidos em 1776, Haiti em 1804, Venezuela em 1810, Paraguai em 1811, Argentina em 1816, Chile em 1818, Brasil em 1822, etc. Com essas novas nações independentes, a Divisão Internacional do Trabalho se generalizou, pois agora elas podiam comercializar com qualquer país, e não mais apenas com sua metrópole. Contudo, esses países que se tornavam independentes, com exceção dos Estados Unidos, prosseguiram com a sua economia do tipo colonial, isto é, produtora de matérias-primas (algodão, açúcar, madeiras, minérios, produtos agrícolas diversos etc.) para o mercado mundial, agora não mais apenas para a metrópole, mas também para os países que se industrializavam, principalmente o Reino Unido.
Diversas etapas da Divisão Internacional do Trabalho
  A Divisão Internacional do Trabalho manteve e até mesmo agravou as desigualdades internacionais. Antes de tudo porque os gêneros agrícolas e os minérios - isto é, as matérias-primas - se valorizam menos com o decorrer do tempo do que os produtos industrializados. Os produtos com maior tecnologia - industrializados - com o tempo se valorizam mais do que os produtos brutos ou primários. Com isso, as economias não industrializadas, que só produzem matérias-primas, tendem a ficar para trás, cada vez mais atrasadas em relação às economias industrializadas.
FONTE: Vesentini, J. William. Projeto Teláris: Geografia / J. William Vesentini, Vânia Vlach. - 1. ed. - São Paulo: Ática, 2012. - (Projeto Teláris: Geografia) Obra em 4 v. para alunos do 6° ao 9° ano.

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