O crime organizado, também denominado de organização criminosa, é toda organização cujas atividades são destinadas a obter poder e lucro, transgredindo a lei das autoridades locais, como o tráfico de drogas, os jogos de azar, a corrupção, entre outros. Em cada país, as facções do crime organizado costumam a receber um nome próprio.
Atuando em escala global, o crime organizado mantém em funcionamento o tráfico de mercadorias ilícitas, como os produtos contrabandeados e as drogas. As rotas da ilegalidade são constituídas também por um negócio igualmente lucrativo e perverso: o comércio ilegal de seres humanos, no qual pessoas são sequestradas ou aliciadas em seus países de origem para ser vendidas e exploradas fora do seu país. As mulheres e as meninas, que são a maioria das vítimas, são forçadas à servidão doméstica, e muitas vezes, à prostituição. Os homens são utilizados, principalmente, nas minas e nos campos agrícolas. Crianças de ambos os sexos são utilizadas no trabalho fabril, sobretudo no setor têxtil.
O tráfico de pessoas intercontinental é originado principalmente na Ásia Oriental, na região do Pacífico e na África, de acordo com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODOC).
O personagem mais conhecido desse período é Al Capone, imigrante italiano que chegou aos Estados Unidos e começou a participar de organizações criminosas, até deter o controle dos pontos de venda de bebidas alcoólicas, da prostituição e do jogo ilegal na cidade de Chicago na década de 1920.
Depois de anos agindo ilegalmente na cidade, assassinando adversários, participando de corrupção com policiais e juízes e expandindo seus "negócios", Al Capone foi preso em 1931. Apesar da justiça não apresentar provas concretas do seu envolvimento com o contrabando e assassinatos, ele acabou sendo preso por não pagar impostos ao governo dos Estados Unidos.
Mesmo tendo se tornado uma figura quase mítica do mundo do crime, o italiano exercia o poder apenas em algumas cidades. Isso ocorria porque, com a Lei Seca favorecendo o contrabando de bebidas, cada cidade possuía sua própria "família" mafiosa comandando as atividades criminosas locais. Essas famílias poucas vezes ultrapassavam as fronteiras regionais.
O sul da Itália foi o berço histórico de várias organizações criminosas. Sua origem remonta à Idade Média, quando famílias se uniam para manter, com o uso da violência, o controle sobre a economia de determinadas regiões.
As máfias italianas mais importantes são a Cosa Nostra, com sede na ilha da Sicília; a Camorra, localizada na cidade de Nápoles; e a Ndranghetta, da região da Calábria. A relação entre essas facções criminosas sempre foi marcada pelo respeito mútuo, apesar de ocorrerem episódios de violência entre seus membros.
As "famílias" mafiosas italianas mantêm rituais de iniciação e rígidos códigos de conduta. O apadrinhamento garante laços que se igualam ao de parentesco. A lealdade deve ser total, e qualquer traição é punida com violência. Além disso, há um pacto de silêncio, conhecido como omertá, que dificulta muito a captura dos grandes chefes.
Organizações criminosas semelhantes à máfia não se desenvolvem apenas na Europa e nos Estados Unidos. As máfias orientais são também muito antigas.
A Yakuza, famosa máfia japonesa, possui rígidas normas de conduta originadas da distorção dos códigos de comportamento dos samurais (os guerreiros do Japão feudal). Seus membros passam por diversos rituais de iniciação e têm o corpo coberto por tatuagens que simbolizam a força e a lealdade do grupo. Quando falham em alguma missão, perdem a falange do dedo mindinho; falhando novamente, perdem a vida.
As máfias também se desenvolveram na China, oriundas de antigas sociedades secretas. São as chamadas tríades chinesas, que, além de extorquir pessoas e explorar a prostituição, obtiveram poder e dinheiro com o controle da venda de drogas como o ópio e a heroína.
Nos séculos XIX e XX, as máfias tradicionais ampliaram muito seus negócios devido aos fluxos migratórios. Os mafiosos italianos se estabeleceram em várias cidades dos Estados Unidos, principalmente em Nova York, Chicago e São Francisco. Já os chineses e os japoneses passaram a controlar atividades criminosas por todo o Sudeste Asiático e também em bairros orientais das cidades mais importantes da América do Norte, como o Chinatown de São Francisco.
Há outros bairros denominados "Chinatown" também nas cidades estadunidenses de Nova York, Portland, Boston, Los Angeles, Chicago, Detroit, Houston e Honolulu (no Havaí), e nas cidades canadenses de Toronto, Montreal, Vancouver e Edmonton.
Acompanhando a tendência da globalização econômica e da mundialização dos capitais, o crime organizado não possui mais fronteiras: está presente em todo o mundo com uma notoriedade que nunca teve antes. Jamais em toda a história da humanidade, constatou-se tamanha ampliação da criminalidade. O crime global não apenas se expandiu, mas também, graças à sua capacidade de acumular riquezas, transformou-se em uma poderosa força política.
A tecnologia diminuiu significativamente os custos de transporte e possibilitou que produtos ilegais, antes inviáveis de ser transportados - como órgãos humanos e grandes quantidades de outras mercadorias ilegais - passassem a ser comercializados. Possibilitou, também, uma enorme quantidade de produtos até então inexistentes, como softwares piratas, produtos falsificados e até geneticamente modificados.
O combate ao crime tornou-se ainda mais difícil, pois o dinheiro obtido de forma ilegal passa muito rápido de um país para outro, e a rede de produção e consumo de mercadorias ilícitas abrange praticamente o mundo todo.
Aliado a isso tudo, existe ainda um imenso mercado de tecnologias militares, armas e equipamentos, setor que antes era controlado pelos Estados e hoje está nas mãos de empresas privadas. Apesar dessas empresas serem importantes para as operações legais, grande parte do comércio de armas é realizada de maneira ilícita, à margem das regulamentações internacionais. É o comércio ilegal de armas o responsável, em grande parte, por conflitos civis no mundo inteiro, especialmente na África e nas favelas brasileiras.
A Cannabis (maconha) é cultivada em praticamente todos os países do mundo, sendo considerada a droga mais amplamente produzida. O Marrocos lidera a produção mundial desse produto, seguido pelo Afeganistão.
Os maiores produtores da folha de coca são a Colômbia, o Peru e a Bolívia.
Tradicionalmente, os países andinos mascam a folha de coca para inibir a fome, regular a temperatura e atenuar os efeitos da altitude sobre o organismo.
A cocaína, por sua vez, é obtida por meio de um processo químico de refino da folha da coca, feito em laboratórios e instalações clandestinas. A droga é então enviada para uma extensa rede de traficantes para o mundo inteiro, especialmente para os Estados Unidos e para a Europa Ocidental - principais mercados consumidores. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), em 2012 existiam entre 20 e 25 milhões de usuários de cocaína no mundo.
A heroína é produzida a partir da pasta de ópio, extraída da papoula. O ópio é cultivado há vários séculos na Ásia e consumido na Europa desde o século XIX.
No início do século XX, a China viveu uma verdadeira "epidemia" do ópio, com o aumento exponencial do número de usuários. Em 1909, foi formada em Xangai a Primeira Comissão Internacional do Ópio, primeiro organismo internacional antidrogas.
A produção mundial de ópio diminuiu em cerca de 70% desde o início do século XX. O número de usuários decresceu de 90 milhões em 1909 para cerca de 20 milhões na última década. Apesar disso, o ópio ainda é um dos grandes problemas de saúde pública em diversos países asiáticos, em razão dos enormes custos do tratamento da dependência química provocada pelo uso dessa substância.
O Afeganistão é o líder mundial na produção de ópio, seguido por Myanmar e Laos.
Na América, a papoula é cultivada para a produção de heroína na Colômbia e no México. Enquanto as medidas tomadas para a redução do cultivo de ópio no Afeganistão começam a surtir efeitos, a produção no México está em escala ascendente, transformando o país em um dos maiores produtores de derivados do ópio.
As consequências do tráfico e do consumo de drogas não afetam apenas seus dependentes e suas famílias, mas toda a sociedade, de diferentes formas.
As drogas são um dos maiores problemas de saúde pública. Milhares de usuários precisam ser atendidos pelos sistemas médicos dos países que sofrem com o tráfico e o tratamento para a dependência química é complicado, caro e demorado. Além disso, o índice de jovens mortos pelo consumo de drogas aumentam muito a cada ano.
Outro problema está diretamente relacionado com o poder das máfias e do crime organizado. As fortunas conseguidas com o narcotráfico acabam financiando outros tipos de atividades ilegais, como corrupção de autoridades públicas, extorsões, roubos a bancos e compras de armamento cada vez mais potentes. Além disso, milhares de jovens e crianças são utilizados pelas organizações como mão de obra para o próprio tráfico e para outras atividades ilegais.
Uma grande soma obtida ilicitamente é dividida em montantes menores e depositada em centenas de contas "fantasmas" (abertas com documentos falsos em nome de pessoas inexistentes) ou de "laranjas" (pessoas que voluntária ou involuntariamente têm suas contas utilizadas para a transferência de dinheiro sujo). Esse dinheiro é então transferido de diversas formas (saques, ordens de pagamento, cheques de viagem, cartões de crédito) para outras contas, até que fique impossível rastrear sua origem ilegal.
Preocupados com a falta de controle sobre a movimentação de dinheiro sujo, vários países tentam adotar medidas para dificultar a lavagem, como quebra do sigilo bancário, identificação dos clientes dos bancos e maior vigilância sobre as instituições financeiras.
O erro cometido por Al Capone alertou outros criminosos, que hoje procuram evitar a possibilidade de condenação por fraudes no imposto de renda. Hoje em dia, o dinheiro, já devidamente lavado, é depositado em paraísos fiscais.
Os paraísos fiscais são países ou regiões que garantem o total sigilo das operações bancárias e também a quase completa isenção de impostos, criando condições perfeitas para o investimento do dinheiro conseguido ilegalmente.
No final de todo esse processo, o dinheiro fica disponível para investimentos em negócios legais. No passado, as máfias concentravam suas fortunas principalmente na compra de restaurantes, hotéis e imóveis. Com as facilidades em lavar o dinheiro e com um faturamento centenas de vezes maior, seus "negócios" concentram-se agora em investimentos especulativos, como a compra de ações de empresas em bolsas de valores do mundo inteiro, o jogo com a flutuação cambial e a participação em processos de privatizações de empresas.
A biopirataria não é apenas o contrabando de diversas formas de vida da flora e da fauna, mas, principalmente, a apropriação e monopolização dos conhecimentos das populações tradicionais no que se refere ao uso dos recursos naturais. Atualmente, essas populações estão perdendo o controle sobre os recursos naturais. Este conhecimento é coletivo, e não simplesmente uma mercadoria que se pode comercializar sobre qualquer objeto no mercado.
O conceito de biopirataria surgiu em 1992 durante a Convenção sobre a Diversidade Biológica apresentada na Eco-92. Desde então a biopirataria vem sendo tema de infindáveis discussões sobre a apropriação indébita por parte de grandes laboratórios farmacêuticos internacionais dos conhecimentos adquiridos por povos indígenas, quilombolas e outros, acerca das propriedades terapêuticas ou comerciais de produtos da fauna e da flora de diversos países, ou de seus princípios ativos utilizados para a confecção de medicamentos.
A biopirataria acontece em qualquer país do mundo que possua recursos naturais com potencial de comercialização e poucos investimentos em pesquisa e regulamentação, principalmente relacionada a medicamentos. O Brasil é o país com a maior biodiversidade do planeta. Isso contribui para o aumento da biopirataria, principalmente relacionada com o tráfico de animais, a retirada dos produtos da flora e os conhecimentos das comunidades tradicionais. A extração ilegal de madeira figura também como biopirataria.
Dentre os produtos que estão na lista da biopirataria no Brasil está o açaí, que chegou a ser patenteada pela empresa japonesa K. K. Eyela Corporation, mas que devido à pressão de diversas ONGs e da mídia, teve sua patente caçada pelo governo japonês. Outro caso foi o do veneno da jararaca, que teve o princípio ativo descoberto por um brasileiro, mas o registro acabou sendo feito por uma empresa norte-americana (Squibb), que usou o trabalho e patenteou a produção de um medicamento contra a hipertensão (o Captopril), nos anos 1970.
A maior parte dos recursos biopirateados vai para as grandes e multimilionárias empresas, sendo que a grande maioria delas encontram-se nos países desenvolvidos. Os produtos biopirateados são comercializados no comércio mundial como se fossem originários dos países onde se encontram a sede dessas empresas.
O tráfico de pessoas intercontinental é originado principalmente na Ásia Oriental, na região do Pacífico e na África, de acordo com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODOC).
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Mapa da rota do tráfico mundial de humanos |
O CRIME ORGANIZADO
Em 1919, uma emenda à Constituição dos Estados Unidos, conhecida como Lei Seca, proibiu a produção e comercialização de bebidas alcoólicas em todo o país. Os políticos conservadores e as organizações religiosas esperavam que essa medida radical resolvesse o problema do alcoolismo, já que era, naquela época, a maior ameaça ao bem-estar da sociedade norte-americana. Porém, a estratégia não surtiu efeito. As bebidas continuaram a ser controladas e disputada por criminosos rivais. Dessa forma, uma nova ameaça ganhou força com a proibição: o crime organizado.O personagem mais conhecido desse período é Al Capone, imigrante italiano que chegou aos Estados Unidos e começou a participar de organizações criminosas, até deter o controle dos pontos de venda de bebidas alcoólicas, da prostituição e do jogo ilegal na cidade de Chicago na década de 1920.
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Alphonsus Gabriel Capone, mais conhecido como Al Capone, um dos mais famosos líderes do crime organizado no mundo na década de 1920 |
Mesmo tendo se tornado uma figura quase mítica do mundo do crime, o italiano exercia o poder apenas em algumas cidades. Isso ocorria porque, com a Lei Seca favorecendo o contrabando de bebidas, cada cidade possuía sua própria "família" mafiosa comandando as atividades criminosas locais. Essas famílias poucas vezes ultrapassavam as fronteiras regionais.
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Agentes do governo norte-americano confiscando e descartando bebidas clandestinas em Chicago - 1921 |
As máfias italianas mais importantes são a Cosa Nostra, com sede na ilha da Sicília; a Camorra, localizada na cidade de Nápoles; e a Ndranghetta, da região da Calábria. A relação entre essas facções criminosas sempre foi marcada pelo respeito mútuo, apesar de ocorrerem episódios de violência entre seus membros.
As "famílias" mafiosas italianas mantêm rituais de iniciação e rígidos códigos de conduta. O apadrinhamento garante laços que se igualam ao de parentesco. A lealdade deve ser total, e qualquer traição é punida com violência. Além disso, há um pacto de silêncio, conhecido como omertá, que dificulta muito a captura dos grandes chefes.
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Regiões controladas pela máfia italiana |
A Yakuza, famosa máfia japonesa, possui rígidas normas de conduta originadas da distorção dos códigos de comportamento dos samurais (os guerreiros do Japão feudal). Seus membros passam por diversos rituais de iniciação e têm o corpo coberto por tatuagens que simbolizam a força e a lealdade do grupo. Quando falham em alguma missão, perdem a falange do dedo mindinho; falhando novamente, perdem a vida.
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Integrantes do Yakuza participando de um festival local no Japão |
Nos séculos XIX e XX, as máfias tradicionais ampliaram muito seus negócios devido aos fluxos migratórios. Os mafiosos italianos se estabeleceram em várias cidades dos Estados Unidos, principalmente em Nova York, Chicago e São Francisco. Já os chineses e os japoneses passaram a controlar atividades criminosas por todo o Sudeste Asiático e também em bairros orientais das cidades mais importantes da América do Norte, como o Chinatown de São Francisco.
Há outros bairros denominados "Chinatown" também nas cidades estadunidenses de Nova York, Portland, Boston, Los Angeles, Chicago, Detroit, Houston e Honolulu (no Havaí), e nas cidades canadenses de Toronto, Montreal, Vancouver e Edmonton.
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Chinatown de Montreal - Canadá |
A GLOBALIZAÇÃO DO CRIME
Muita coisa mudou desde o tempo da Lei Seca estadunidense e das primeiras máfias europeias e asiáticas. Os meios de comunicação sofreram uma verdadeira modificação, que repercutiu nas relações econômicas e sociais. Os mercados tornaram-se mundiais e as bolsas de valores passaram a atuar on line, tornando-se possível a ampliação dos fluxos internacionais de comércio, capitais e bens culturais.Acompanhando a tendência da globalização econômica e da mundialização dos capitais, o crime organizado não possui mais fronteiras: está presente em todo o mundo com uma notoriedade que nunca teve antes. Jamais em toda a história da humanidade, constatou-se tamanha ampliação da criminalidade. O crime global não apenas se expandiu, mas também, graças à sua capacidade de acumular riquezas, transformou-se em uma poderosa força política.
A tecnologia diminuiu significativamente os custos de transporte e possibilitou que produtos ilegais, antes inviáveis de ser transportados - como órgãos humanos e grandes quantidades de outras mercadorias ilegais - passassem a ser comercializados. Possibilitou, também, uma enorme quantidade de produtos até então inexistentes, como softwares piratas, produtos falsificados e até geneticamente modificados.
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A comercialização de CDs e DVDs piratas faz parte da pirataria moderna |
A DIVERSIFICAÇÃO DA ILEGALIDADE
As organizações criminosas atuais não se limitaram a apenas um ramo de atividade. Além de atuar em todos os ramos já dominados pelo crime - como tráfico de drogas, tráfico de pessoas, sequestros e cobrança de taxas de proteção -, investem em negócios "limpos", especulando no mercado financeiro, construindo hotéis e centros de lazer, realizando empreendimentos no mundo da moda e da alta costura, abrindo empresas de construção civil e até mesmo financiando campanhas políticas em vários países.O combate ao crime tornou-se ainda mais difícil, pois o dinheiro obtido de forma ilegal passa muito rápido de um país para outro, e a rede de produção e consumo de mercadorias ilícitas abrange praticamente o mundo todo.
Aliado a isso tudo, existe ainda um imenso mercado de tecnologias militares, armas e equipamentos, setor que antes era controlado pelos Estados e hoje está nas mãos de empresas privadas. Apesar dessas empresas serem importantes para as operações legais, grande parte do comércio de armas é realizada de maneira ilícita, à margem das regulamentações internacionais. É o comércio ilegal de armas o responsável, em grande parte, por conflitos civis no mundo inteiro, especialmente na África e nas favelas brasileiras.
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Na África, grande parte das armas que abastecem os grupos rebeldes entram de forma ilegal, sendo trocadas principalmente por pedras preciosas |
O NARCOTRÁFICO
Atualmente, a maior fonte de renda do crime organizado é o tráfico de drogas, o chamado narcotráfico. A maconha é a droga ilícita mais consumida, mas o tráfico de cocaína e heroína é o que representa o maior negócio, movimentando bilhões de dólares em todo o mundo.A Cannabis (maconha) é cultivada em praticamente todos os países do mundo, sendo considerada a droga mais amplamente produzida. O Marrocos lidera a produção mundial desse produto, seguido pelo Afeganistão.
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Mapa do consumo de maconha no mundo |
Tradicionalmente, os países andinos mascam a folha de coca para inibir a fome, regular a temperatura e atenuar os efeitos da altitude sobre o organismo.
A cocaína, por sua vez, é obtida por meio de um processo químico de refino da folha da coca, feito em laboratórios e instalações clandestinas. A droga é então enviada para uma extensa rede de traficantes para o mundo inteiro, especialmente para os Estados Unidos e para a Europa Ocidental - principais mercados consumidores. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), em 2012 existiam entre 20 e 25 milhões de usuários de cocaína no mundo.
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Mapa dos principais produtores e consumidores de cocaína |
No início do século XX, a China viveu uma verdadeira "epidemia" do ópio, com o aumento exponencial do número de usuários. Em 1909, foi formada em Xangai a Primeira Comissão Internacional do Ópio, primeiro organismo internacional antidrogas.
A produção mundial de ópio diminuiu em cerca de 70% desde o início do século XX. O número de usuários decresceu de 90 milhões em 1909 para cerca de 20 milhões na última década. Apesar disso, o ópio ainda é um dos grandes problemas de saúde pública em diversos países asiáticos, em razão dos enormes custos do tratamento da dependência química provocada pelo uso dessa substância.
O Afeganistão é o líder mundial na produção de ópio, seguido por Myanmar e Laos.
Na América, a papoula é cultivada para a produção de heroína na Colômbia e no México. Enquanto as medidas tomadas para a redução do cultivo de ópio no Afeganistão começam a surtir efeitos, a produção no México está em escala ascendente, transformando o país em um dos maiores produtores de derivados do ópio.
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Mapa do fluxo mundial de heroína |
AS DROGAS E A VIOLÊNCIA
Além da maconha, da cocaína e da heroína, uma série de outras drogas sintéticas - drogas produzidas a partir de substâncias químicas em laboratórios -, como as anfetaminas, contribui para um faturamento estimado em centenas de bilhões de dólares em todo o mundo.As consequências do tráfico e do consumo de drogas não afetam apenas seus dependentes e suas famílias, mas toda a sociedade, de diferentes formas.
As drogas são um dos maiores problemas de saúde pública. Milhares de usuários precisam ser atendidos pelos sistemas médicos dos países que sofrem com o tráfico e o tratamento para a dependência química é complicado, caro e demorado. Além disso, o índice de jovens mortos pelo consumo de drogas aumentam muito a cada ano.
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Mapa dos principais problemas com drogas refletido em procura por tratamento |
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O tráfico de drogas contribui cada vez mais para a entrada de jovens no mundo do crime |
AS MÁQUINAS DE LAVAR DINHEIRO
Movimentando uma fortuna superior ao PIB de muitos países, o crime organizado camufla a origem ilegal e a movimentação do dinheiro. Ocorre um processo conhecido como "lavagem de dinheiro", por tornar legal, ou seja, "limpo", o dinheiro "sujo" obtido pelo narcotráfico e pelo crime.Uma grande soma obtida ilicitamente é dividida em montantes menores e depositada em centenas de contas "fantasmas" (abertas com documentos falsos em nome de pessoas inexistentes) ou de "laranjas" (pessoas que voluntária ou involuntariamente têm suas contas utilizadas para a transferência de dinheiro sujo). Esse dinheiro é então transferido de diversas formas (saques, ordens de pagamento, cheques de viagem, cartões de crédito) para outras contas, até que fique impossível rastrear sua origem ilegal.
Preocupados com a falta de controle sobre a movimentação de dinheiro sujo, vários países tentam adotar medidas para dificultar a lavagem, como quebra do sigilo bancário, identificação dos clientes dos bancos e maior vigilância sobre as instituições financeiras.
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Esquema da lavagem de dinheiro |
OS PARAÍSOS FISCAIS
A globalização possibilitou que negócios ilícitos estabelecessem suas redes e facilitou a transferência de dinheiro entre sistemas financeiros de diversos países. Atualmente, é possível transferir fortunas de um banco para outro simplesmente apertando a tecla de um computador. Em minutos, o dinheiro pode passar por vários bancos em diversos países, até atingir um destino "seguro".O erro cometido por Al Capone alertou outros criminosos, que hoje procuram evitar a possibilidade de condenação por fraudes no imposto de renda. Hoje em dia, o dinheiro, já devidamente lavado, é depositado em paraísos fiscais.
Os paraísos fiscais são países ou regiões que garantem o total sigilo das operações bancárias e também a quase completa isenção de impostos, criando condições perfeitas para o investimento do dinheiro conseguido ilegalmente.
No final de todo esse processo, o dinheiro fica disponível para investimentos em negócios legais. No passado, as máfias concentravam suas fortunas principalmente na compra de restaurantes, hotéis e imóveis. Com as facilidades em lavar o dinheiro e com um faturamento centenas de vezes maior, seus "negócios" concentram-se agora em investimentos especulativos, como a compra de ações de empresas em bolsas de valores do mundo inteiro, o jogo com a flutuação cambial e a participação em processos de privatizações de empresas.
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Principais paraísos fiscais no mundo |
A BIOPIRATARIA
Outro tipo de comércio ilegal é a biopirataria. A biopirataria é a exploração, manipulação, exportação e/ou comercialização internacional de recursos biológicos que contrariam as normas da Convenção sobre Biodiversidade Biológica.A biopirataria não é apenas o contrabando de diversas formas de vida da flora e da fauna, mas, principalmente, a apropriação e monopolização dos conhecimentos das populações tradicionais no que se refere ao uso dos recursos naturais. Atualmente, essas populações estão perdendo o controle sobre os recursos naturais. Este conhecimento é coletivo, e não simplesmente uma mercadoria que se pode comercializar sobre qualquer objeto no mercado.
O conceito de biopirataria surgiu em 1992 durante a Convenção sobre a Diversidade Biológica apresentada na Eco-92. Desde então a biopirataria vem sendo tema de infindáveis discussões sobre a apropriação indébita por parte de grandes laboratórios farmacêuticos internacionais dos conhecimentos adquiridos por povos indígenas, quilombolas e outros, acerca das propriedades terapêuticas ou comerciais de produtos da fauna e da flora de diversos países, ou de seus princípios ativos utilizados para a confecção de medicamentos.
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Os conhecimentos indígenas são os mais cobiçados pelas empresas farmacêuticas |
Dentre os produtos que estão na lista da biopirataria no Brasil está o açaí, que chegou a ser patenteada pela empresa japonesa K. K. Eyela Corporation, mas que devido à pressão de diversas ONGs e da mídia, teve sua patente caçada pelo governo japonês. Outro caso foi o do veneno da jararaca, que teve o princípio ativo descoberto por um brasileiro, mas o registro acabou sendo feito por uma empresa norte-americana (Squibb), que usou o trabalho e patenteou a produção de um medicamento contra a hipertensão (o Captopril), nos anos 1970.
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Os produtos da Amazônia são os mais cobiçados no mundo da biopirataria |
FONTE: Araújo Regina. Observatório de geografia / Regina Araújo, Ângela Corrêa da Silva, Raul Borges Guimarães. - 1. ed. São Paulo: Moderna, 2009.
3 comentários:
interessante mas não entendi muito esse site
Mto bom mesmo obgd super me ajudou com o trabalho
Ótimo artigo, bem completo, parabéns ao criador
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