quinta-feira, 11 de julho de 2013

CULTURA DA AMÉRICA CENTRAL INSULAR

  A América Central Insular é marcada por uma grande mistura cultural. Esse caldeirão cultural é resultado da miscigenação dos vários povos que habitam a ilha, que vão desde os aborígenes (povos nativos) até os colonizadores europeus e os negros africanos, que foram trazidos à força para o continente.
  No Haiti, a vida cultural sempre foi influenciada pela França, porém, a partir do início do século XX, o primeiro país de maioria negra fora da África a se tornar independente, passou a buscar formas culturais nativas. Um dos precursores desse movimento foi George Sykvain, que adaptou fábulas de Jean de La Fontaine para o crioulo, denominando-as de Cric-crac. No Haiti, várias obras literárias se destacam, como a Ainsi parla l'oncle (Assim falou o tio), de La Revue Indigene, que trata um pouco sobre o rico folclore haitiano. Jacques Roumain é outro artista haitiano que exerceu uma forte influência sobre o teatro, a pintura e a literatura.
  A escola haitiana de pintura naif - tipo de arte que é produzida por artistas sem preparação acadêmica na arte que executam - é bastante rica no país. Os principais nomes dessa arte no Haiti são: Rigaud Benoit, Wilson Bigaud, Hector Hippolyte e Philome Obin.
  As cores brilhantes, a perspectiva ingênua e o humor astuto são características da arte haitiana. Os artistas haitianos adoram pintar fábulas, como pessoas disfarçadas de animais e animais disfarçados de pessoas.
  Um dos gêneros musicais presentes no Haiti é a Kompa, que envolve uso de sintetizadores, guitarra, batidas de médio e rápido andamento, e de metais ou saxofone para solos. As canções desse gênero são escritas em crioulo haitiano.
Pintura naif haitiano
  Cuba, é um verdadeiro caldeirão cultural, bastante influenciada pela Espanha e pela África. O esporte é uma paixão nacional, cujo país sempre manteve tradição nas olimpíadas, sendo um dos com maiores número de medalhas. Os esportes mais praticados no país são o basebol, o atletismo, o basquete, o voleibol, o boxe e o críquete.
  Cuba é também um país de longa tradição musical. A música é executada ao som de instrumentos africanos, como o bongo e a conga, onde dançam-se o bembé e o caringa.
  A Rumba é uma dança cubana em compasso binário e ritmo complexo que influenciou e foi incorporado ao Flamenco, caracterizada por um estilo mais suave, descontraído e muito alegre.
  Outra dança bastante peculiar em Cuba é a salsa, que nasceu no país nos anos 1960, e é uma espécie de adaptação do mambo da década de 1950. Salsa em castelhano significa "tempero", cuja adoção do nome transmite e ideia de uma música com "sabor".
Rumba - dança cubana em compasso binário e ritmo complexo
  Em Bahamas, a cultura é um cruzamento de formas africanas, europeias e indígenas. A principal manifestação cultural do país é uma forma rítmica de música chamada junkanoo.
  Na Jamaica, a cultura é caracterizada pelo sincretismo, resultante da mistura dos povos que habitam a ilha desde os primórdios da sua colonização pelos espanhóis. Aos nativos aruaques juntaram-se os latinos espanhóis, os negros africanos, os ingleses, além dos imigrantes que para lá se transferiram após a abolição do regime escravista. Dentre os imigrantes jamaicanos, os hindus são os mais notáveis pela influência que exerceram sobre vários aspectos do comportamento local, em especial, da questão religiosa. A religião desperta um profundo interesse na comunidade jamaicana, essencialmente mística, apesar de ser majoritariamente anglicana. O anglicanismo da ilha, uma influência da colonização britânica, não foi suficiente para evitar a miscigenação das ideias e da teologia do jamaicano, que abriga tradições que vão do cristianismo aos rituais tradicionais africanos, como o Vodu.
Igreja anglicana em Spanish Town - Jamaica
  Religião e música são os elementos culturais mais emblemáticos da Jamaica. O país é o berço do Rastafarianismo e do Reggae-music, duas expressões de subjetividade identitária que são intimamente ligadas. No reggae, se destaca o jamaicano Bob Marley (1945-1981). A religião rastafari representa uma reação original local contra os padrões de espiritualidade impostos pela religião europeia. A população negra da Jamaica é descendente de levas de escravos que foram aprisionados em diferentes regiões da África. A maioria pertencia a culturas refinadas do norte do continente que floresceram em países como o Sudão, Somália e Etiópia. As populações negras dessas regiões tinham contato com crenças variadas, como o judaismo, o islamismo e o cristianismo ortodoxo, que falavam línguas exóticas como o árabe e o aramaico.
Bob Marley
  As diferentes linhas de pensamento que aparecem nas Congregações rastafari se inclinam para o cristianismo ortodoxo, adotando mandamentos do Antigo Testamento e costumes islâmicos e hindus. Os dread ou tranças-mechas dos rastafari são idênticos aos cabelos dos saddhus indianos, bem como a ideia do uso da marijuana com finalidades rituais. Algumas congregações prescrevem condutas e indumentárias femininas de inspiração muçulmana e as "liturgias" ou encontros místicos, incluem performances com tambores que resgatam ritmos africanos. A percurssão está na raiz da criação do gênero da música denominado reggae-raiz, que combina a cadência hipnótica dos tambores com harmonias simples e arranjos que utilizam guitarras e outros instrumentos com sonoridades do blues e do rock americano.
  Além da música e da religião, a cena cultural da Jamaica se completa com a coexistência harmônica de produtos industriais com artesanais. Roupas e acessórios coloridos, além de objetos de arte em madeira são combinados com o plástico e com o alumínio da pós-modernidade.
Cabelos com tranças e compridos e roupas coloridas são as marcas do povo jamaicano
  No Caribe, o cenário de inspiração de diversas obras literárias e películas estão relacionadas com pirataria e fantasia, gênero onde se destacam atores como Daniel Defoe e Robert Louis Stevenso. Entre as películas de ficção caracterizadas geograficamente nas ilhas do Caribe estão a série de filmes Piratas do Caribe e algumas de James Bond.
  A vida e os costumes dos habitantes do Caribe também tem sido representadas em obras literárias de autores como o novelista cubano Alejo Carpentier, o dominicano Juan Bosch, o santaluciano Derek Walcott e o colombiano Gabriel Garcia Marquez, entre outros.
  A região do Caribe é o berço de diversos ritmos musicais como: o reggae e o ska, provenientes da Jamaica; o merengue e a bachata da República Dominicana; o calipso, de Trinidad e Tobago; o reggaeton, que teve suas origens em Porto Rico e Panamá; o son cubano e o son montuno, de Cuba; a cúmbia, o porro e o vallenato da costa caribenha da Colômbia; entre tantos outros.
Região do Caribe
  No Caribe, fala-se uma grande variedade de dialetos devido a diversidade de origens da sua cultura, destacando-se o espanhol (México, Cuba, República Dominicana, Porto Rico e região costeira do Caribe na América Central Continental e do Sul), o inglês, (Jamaica, Ilhas Virgens, Bahamas, Antígua e Barbuda, Dominica, Granada, São Cristóvão e Névis, São Vicente e Granadinas, Santa Lúcia, Trinidad e Tobago, Barbados, Ilhas Caiman, Anguilla, Bermudas, Ilhas Turcks e Caicos, Montserrat), o crioulo, no Haiti, o francês (Haiti, Guadalupe, Martinica, San Martim, San Bartolomeu), o holandês (Bonaire, Curaçao, San Martim e Aruba).
  Entre as religiões praticadas no Caribe, destacam-se: o catolicismo (República Dominicana, Porto Rico, Jamaica, Antígua e Barbuda, Santa Lúcia, Ilhas Caiman, Dominica, Antilhas Holandesas), o protestantismo (Barbados), o hinduismo (Trinidad e Tobago), o anglicanismo (Montserrat, São Vicente e Granadinas), o santeria (Cuba), o vodu (Haiti), o rastafarianismo (Jamaica).
Havana - capital de Cuba

FONTE: Araújo, Regina. Observatório de geografia: 8° ano: fronteiras e nações / Regina Araújo, Ângela Corrêa da Silva, Raul Borges Guimarães. - São Paulo: Moderna, 2009.

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