quinta-feira, 8 de agosto de 2013

A ECONOMIA PRIMÁRIA DO RIO GRANDE DO NORTE

  O Rio Grande do Norte é um dos estados que mais cresceu economicamente nas últimas décadas. Foram vários fatores que contribuíram para esse crescimento. Os incentivos fiscais, aliados a mão de obra barata, são os principais fatores que têm contribuído para esse crescimento.
CANA-DE-AÇÚCAR
  A cana-de-açúcar é uma espécie originária do Sudeste Asiático e cultivada em diversas regiões do globo, especialmente nas áreas de clima quente e úmido.
  A cana-de-açúcar foi a primeira atividade econômica do Rio Grande do Norte. Essa atividade começou a ser desenvolvida no início do século XVII, quando familiares de Jerônimo de Albuquerque Maranhão fundaram o Engenho Cunhaú, no atual município de Canguaretama. Na segunda década desse século há a fundação de um segundo engenho, o Engenho Ferreiro Torto, localizado no atual município de Macaíba.
Capela do Engenho Cunhaú
  A cana-de-açúcar dirige o povoamento para a Zona da Mata, produzindo uma geografia localizada nas várzeas terminais dos rios Curimataú e Potengi-Jundiaí, caracterizada pelas áreas de cultivo da cana, pelo engenho, pela casa grande, a senzala e os espaços de escoamento da produção - o porto, espaço que vai se diferenciar daquele usado pelas populações nativas, que vivendo através da caça, pesca e de outras coletas de alimentos, não modificavam o meio geográfico.
  Dentre os fatores que contribuíram para o desenvolvimento do cultivo da cana-de-açúcar, não só no Rio Grande do Norte, mas em todo o litoral leste da região Nordeste, estão o solo de massapê (rico em matéria orgânica), o clima tropical (quente e bastante úmido) e a proximidade da Europa.
Casa grande do Engenho Ferreiro Torto em Macaíba - segunda unidade de produção de cana-de-açúcar do Rio Grande do Norte
  As atividades vinculadas à produção de açúcar geraram relações de trabalho aparentemente contraditórias à expansão do capitalismo mercantil, pois permitiam o trabalho forçado (trabalho escravo), que criava condições para uma acumulação primitiva por parte dos senhores de engenho e uma acumulação mercantil na metrópole e nos países europeus com influência sobre a economia portuguesa. Porém, a cana-de-açúcar não possibilitava a criação de um mercado interno, pois os trabalhadores não eram assalariados. Assentada no latifúndio, a empresa agrícola criou uma cultura política com desdobramentos que se reproduzem até hoje e que são apontados como causa de pobreza: a concentração de terras.
Usina Estivas, localizada no município de Arês - RN
  A cana-de-açúcar é uma cultura tradicional da economia norte-rio-grandense, sendo responsável por uma razoável absorção de mão de obra no período da colheita. Beneficiada em anos anteriores com políticas de incentivo praticadas pelo Governo Federal, a atividade canavieira tem apresentado oscilações em decorrência de condições climáticas nem sempre favoráveis por um lado e de preços dos produtos derivados dessa cultura (açúcar e álcool) por outro.
  Os principais produtores de cana-de-açúcar do Rio Grande do Norte são: Baía Formosa, Canguaretama, Ceará-Mirim, Goianinha, São José de Mipibu, Taipu, Arês, Brejinho, São Gonçalo do Amarante e Pedro Velho.
Engenho no município de Ceará-Mirim
FRUTICULTURA IRRIGADA
  A fruticultura do Rio Grande do Norte, antes de sua modernização, apresentava-se dispersa por várias regiões do Estado, sua produção destinava-se ao mercado local/regional e sua característica maior era a ausência de tecnologia. Este quadro começa a modificar-se na década de 1970, quando projetos pioneiros de fruticultura irrigada são criados, primeiro na região de Mossoró, com a Mossoró Agroindustrial S.A - MAISA - e depois no Vale do Açu, com a AgroKnool e a Frunorte.
  Esses projetos, que vão produzir melão irrigado para o mercado interno e internacional, se caracterizam por intensa adoção de tecnologias e pelo uso da água em grandes quantidades. Na região de Mossoró, fazendas como a MAISA, São João e Santa Júlia vão retirar dos poços profundos a água para irrigar o melão. No Vale do Açu o suprimento d'água usado pelas fazendas é retirado do rio Piranhas-Açu, depois de sua perenização no seu baixo-curso, através da Barragem Armando Ribeiro Gonçalves, que começa a armazenar água a partir de 1982.
Fazenda MAISA em Mossoró - RN
  A fruticultura irrigada, que tem no melão o seu principal produto, cresce desde o início da atividade aqui no Estado, mas o seu período de maior crescimento, principalmente em termos de exportação, ocorre entre os anos de 1995 e 1998.
  O ano de 1998 é marcado também pelo crescimento do cultivo de outras frutas, que passam a ser produzidas no Estado e a fazer parte da pauta de exportações, como castanha de caju, banana, manga, melancia, abacaxi e mamão.
  Dois fatos novos marcaram essa economia nos últimos anos: a falência das duas maiores empresas fruticultoras do Estado - a MAISA e a FRUNORTE, a primeira na região de Mossoró e a segunda no Vale do Açu. O outro fato está relacionado ao surgimento de pequenos e médios produtores, que terminaram ocupando o espaço deixado por essas empresas e garantindo a continuidade das exportações, quer seja para o mercado interno, quer seja para o mercado externo.
Mossoró - principal centro fruticultor do RN
  Essa mudança no perfil do empresariado que lida com esse agronegócio fez de Baraúna o município que mais produz melão no Estado e fez surgir também o cultivo de mamão do tipo "papaya" para exportação. Outro fato importante é a incorporação de outros territórios do Estado na produção de frutas tropicais. É o caso dos municípios de Touros, São José de Mipibu, Ielmo Marinho e Ipanguaçu que, juntamente com Baraúna, Mossoró, Carnaubais e Alto do Rodrigues, formam os polos de fruticultura irrigada do Rio Grande do Norte.
Alguns dos produtos da fruticultura do Rio Grande do Norte
  Os principais produtos da fruticultura no rio Grande do Norte são:
1. MELÃO
  O melão é uma fruta nativa do Oriente Médio. Existem inúmeras variedades que são cultivadas em regiões semiáridas de várias partes do mundo.
  A produção de melão no Rio Grande do Norte se concentra no Agropolo de Mossoró-Açu. O melão é a cultura de maior expressão do setor agrícola do Estado. O Rio Grande do Norte é o maior produtor nacional desse fruto, sendo que essa produção é quase toda destinada ao mercado externo. Dentre os fatores que contribuem para a elevada produção de melão no Estado estão a elevada insolação, as terras férteis e a água abundante. O clima árido reduz as possibilidades de pragas, porém, a mosca branca é a principal ameaça ao cultivo do melão.
  Os estados que mais produzem melão no Brasil, em ordem, são o Rio Grande do Norte, Ceará e Bahia.
  Apesar do sucesso desta atividade, a comercialização do fruto ressente-se de uma melhor organização, especialmente no que se refere aos pequenos e médios produtores, que normalmente vendem sua produção para empresas âncoras que intermediam a exportação. Essas empresas requerem uma padronização das técnicas de produção, para que satisfaçam as exigências dos importadores. Os principais compradores de melão do Rio Grande do Norte são a Inglaterra e os Países Baixos (Holanda), na Europa, e Japão e China, na Ásia.
Produção de melão em Mossoró
  Dentre as principais empresas que controlam a produção e exportação do melão, estão a Nolem, a Agrosol e a Soagri.
  Os municípios que mais produzem melão no Rio Grande do Norte são Baraúna, Mossoró, Açu, Carnaubais, Ipanguaçu, Alto do Rodrigues, Afonso Bezerra, Pendências, Serra do Mel e Itajá.
2. BANANA
  Originária do Sudeste Asiático, a banana é cultivada em praticamente todas as regiões tropicais do planeta e é uma das frutas mais consumidas do mundo.
  A banana é o segundo produto de exportação da fruticultura do Rio Grande do Norte. Nos últimos anos, a banana tem sido o produto agrícola de maior crescimento em termos de exportação, superando até mesmo o melão.
  Os maiores produtores de banana no Rio Grande do Norte são Ipanguaçu, Alto do Rodrigues, Baraúna, Touros, Rio do Fogo, Extremoz, Maxaranguape, Açu, Carnaubais e Pureza. Entre os estados brasileiros, o Rio Grande do Norte lidera a produção, seguido de Santa Catarina e Ceará.
  A Del Monte Fresh, localizada no município de Ipanguaçu, é responsável por mais de um terço da produção de banana no Rio Grande do Norte, cerca de 60 mil toneladas. Sem concorrente, ela é responsável por toda a exportação da fruta, gerando uma receita anual de mais de U$ 25 milhões. Beneficiada com isenção de impostos, o retorno ao Estado vem através da geração de emprego, onde são mais de 1.500 empregos.
  A Del Monte é líder no mundo em produção de frutas. Além do Brasil, a empresa mantém produção própria em mais 10 países e operações de comercialização, venda e compra em outros 50 países.
Cultivo de bananas em Ipanguaçu - RN
3. CASTANHA DE CAJU
  O caju é um pseudofruto originário do Nordeste brasileiro. Muito antes da chegada dos portugueses, o caju já era o alimento básico das populações autóctones. Os colonizadores portugueses foram os responsáveis por introduzir essa planta em outras regiões, como a Ásia e África. O fruto do cajueiro, e principal produto econômico, é a castanha de caju, uma amêndoa rica em aminoácidos e vitaminas
  De todos as culturas tradicionais do Estado, o cultivo do cajueiro é o mais representativo para a economia agrícola potiguar. Teve um grande impulso há três décadas, quando a expansão do mercado de castanha de caju provocou a plantação do cajueiro em extensas áreas. O aquecimento do mercado externo e interno, fez surgir agroindústrias de beneficiamento de castanha espalhadas por diversas regiões do Estado.
  O Rio Grande do Norte é o terceiro maior produtor nacional de castanha de caju, perdendo apenas para o Ceará e o Piauí.
  No Rio Grande do Norte a safra de castanha de caju vai de novembro a fevereiro. Os municípios que mais produzem castanha de caju são Serra do Mel, Mossoró, Cerro Corá, Pureza, Macaíba, Touros,  João Câmara e Apodi.
Serra do Mel - município maior produtor de caju do Rio Grande do Norte
4. MAMÃO
  O mamoeiro é considerado uma planta tropical e tem como provável centro de origem a região compreendida entre o Norte da Bacia Amazônica Superior e a América Central. Como planta tropical apresenta melhor desenvolvimento em regiões de clima quente e úmido. Atualmente, graças aos trabalhos de melhoramento genético seu cultivo tem-se estendido para regiões subtropicais e atualmente está presente em mais de sessenta países.
  No Rio Grande do Norte, o cultivo do mamoeiro intensificou-se nas últimas décadas, tornando o Estado o terceiro maior produtor nacional, perdendo apenas para a Bahia e o Espírito Santo.
  O crescimento do cultivo de mamão teve a participação de empresas agrícolas que se instalaram e desenvolveram atividades de produção, visando principalmente a comercialização com os mercados internacionais, especialmente o europeu e o norte-americano. A principal empresa responsável pela produção de mamão no Estado é a Caliman Agrícola.
  Os principais produtores de mamão no Rio Grande do Norte são os municípios de São José de Mipibu, Baraúna, Pureza e Ceará-Mirim.
Cultivo de mamão em São José de Mipibu - RN
5. ABACAXI
  O ananás ou abacaxi é uma planta originária da América tropical, e já era bastante cultivada pelos indígenas antes da chegada dos europeus.
  No Rio Grande do Norte o abacaxi é cultivado tradicionalmente na região Agreste. Nos últimos anos, graças à demanda por produtos orgânicos nos mercados nacional e internacional, entre os quais inclui esse fruto, verifica-se uma expansão da área cultiva em direção ao Litoral Norte, fazendo uso de sistemas de irrigação como forma de enfrentar os períodos de estiagem.
  No Rio Grande do Norte, os principais produtores são Touros, Ielmo Marinho e Pureza.
Abacaxi - produto que teve um grande incremento nas últimas décadas
6. MANGA
  A manga é uma fruta nativa do Sul e do Sudeste Asiático e um dos principais produtos da pauta de exportações do Rio Grande do Norte. O produto é cultivado em todo Estado. Existem diversos tipos desse fruto, porém o principal tipo de manga que é exportada pelo RN é a Tommy Atkins.
  A Finobrasa, localizada no Vale do Açu, é a maior produtora e exportadora de manga do Rio Grande do Norte.
  As exportações de manga destinam-se principalmente a dois mercados: Holanda e Estados Unidos.
  Os municípios que mais produzem a manga são Ipanguaçu, Açu e Carnaubais.
Cultivo de manga em Ipanguaçu - RN

FONTE: Felipe, José Lacerda Alves. Atlas, Rio Grande do Norte: espaço geo-histórico e cultural: José Lacerda Alves Felipe, Edilson Alves de Carvalho, Aristotelina Pereira Barreto Rocha. João Pessoa, PB: Editora Grafset, 2010.

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