Depois da Segunda Guerra Mundial, as taxas de mortalidade começaram a cair nos países subdesenvolvidos. Com quase 50 anos de atraso em relação à Europa, esses países começavam a ter acesso aos novos medicamentos, à vacinação em massa e ao controle sobre doenças epidêmicas, principalmente difteria, tifo e malária.
As inovações nos campos da prevenção e da cura de doenças epidêmicas ficaram conhecidas como Revolução Médico-Sanitária e se traduziram numa drástica redução da mortalidade: a média anual estimada para o conjunto dos países subdesenvolvidos era de 40% em 1920 e caiu para menos de 8,9% nos primeiros anos do século XXI.
Como a população nos países subdesenvolvidos era numericamente maior do que a europeia, a redução em seus índices de mortalidade traduziu-se em um elevadíssimo pico de crescimento natural: as taxas médias de incremento demográfico foram superiores a 2% ao ano no conjunto dos países subdesenvolvidos, entre 1950 e 1985, e a maior parte deles registrou taxas superiores a 3% na fase aguda da transição demográfica.
Hoje, a população dos países asiáticos é cerca de 10 vezes maior do que em 1950, e em alguns países da África Subsaariana viram sua população aumentar até 20 vezes na segunda metade do século XX.
Na década de 1960, em pleno auge do crescimento da população mundial, surgiu o chamado neomalthusianismo, que consistiu na retomada dos prognósticos catastróficos do reverendo inglês.
O neomalthusianismo é a atualização da Teoria Populacional Malthusiana, criada pelo demógrafo Thomas Malthus.
Muita gente aderiu à ideia de que o alto crescimento demográfico constituía uma das principais causas da generalização da pobreza em vastas regiões subdesenvolvidas, tanto por exigir investimentos maciços em atividades não produtivas, como a manutenção de creches e escolas, quanto por criar uma relação desfavorável entre o número de pessoas em idade de trabalhar e o total de habitantes. Assim, haveria mais crianças para serem criadas e alimentadas do que adultos em idade produtiva gerando riquezas suficientes para sustentá-las.
Nesse cenário, o controle da natalidade surgia como a solução ideal. Com isso, surgiram instituições, muitas delas mantidas com o capital de empresas privadas, que financiaram subsídios aos países pobres para implementação de políticas que ajudassem a reduzir suas taxas de natalidade.
A partir da década de 1970, diversas associações ligadas ao movimento ambientalista ingressaram nas fileiras daqueles que se preocupavam com a chamada "explosão demográfica". Para eles, o crescimento acelerado da população colocaria em risco os ecossistemas tropicais e equatoriais, por exigirem mais área para plantio, habitação etc. Desse modo, o controle da natalidade surgia mais uma vez como elemento salvacionista, que permitia preservar o patrimônio ambiental para as futuras gerações.
Porém, muito mais do que o crescimento vegetativo dos países pobres, é o padrão de produção e de consumo dos países ricos, justamente aqueles nos quais a população parou de crescer, que mais causa impactos negativos no meio ambiente. Os países desenvolvidos, que abrigam 20% da população mundial, são responsáveis por 80% do consumo de recursos naturais do planeta.
Em escala mundial, a modernização da economia e a urbanização têm contribuído para diminuir as taxas de natalidade. Para as populações urbanas de baixa renda, um filho a mais representa gastos extras (principalmente com alimentação), que só começarão a ser compensados quando ele estiver com idade para ingressar no mercado de trabalho. Fenômeno semelhante pode ser observado nas zonas rurais, onde o avanço do trabalho assalariado restringe a participação das crianças no processo produtivo.
Na África Subsaariana, a queda da natalidade foi muito pequena entre 1965 e 1980, período em que a mortalidade caía rapidamente. Hoje, já se observam os primeiros sinais de redução no crescimento natural nessa região, embora as taxas de nascimento dos países que a compõem continuem sendo as mais elevadas do planeta. Neles, o processo de modernização das economias, que teve início na década de 1960, logo após a saída dos colonizadores europeus, foi interrompido em virtude da falta de novos investimentos produtivos. A miséria, as catástrofes alimentares periódicas e as elevadas taxas de mortalidade infantil mantiveram a mortalidade em alta e, consequentemente, as famílias conservaram o hábito de ter muitas crianças.
Na China, país mais populoso do mundo, o controle da natalidade é uma das políticas prioritárias desde o começo da década de 1970. A meta demográfica estabelecida pelo governo é de um único filho por família, na maioria das províncias chinesas. As mulheres têm direito à licença paga para realizar abortos (catorze dias), fazer laqueadura de trompas (dez dias) ou inserir o DIU (três dias). Em muitas regiões da China, o Estado oferece bônus para as famílias que têm o primeiro filho, mas exige que os benefícios sejam restituídos no caso de um segundo nascimento.
A política demográfica chinesa tem sido a causa de várias tragédias cotidianas na sociedade. Estima-se que, por medo de sofrerem represálias, cerca de 200 milhões de famílias optem por esconder o nascimento de um segundo bebê. O abandono de menores, sobretudo meninas, também ocorre com frequência.
Outro efeito negativo da "Política do Filho Único" chinesa é a disparidade entre nascimentos de meninos e meninas. Como o casal só pode ter um filho, muitos casais optam por interromper a gestação quando descobrem que estão esperando meninas. Desse modo, para cada 113,8 nascimentos do sexo masculino, ocorrem apenas 100 do sexo feminino.
A Índia é outro "gigante demográfico" do planeta. As políticas de controle da natalidade também estão contribuindo para a desigualdade entre os sexos: a população masculina é superior à feminina em 50 milhões.
As inovações nos campos da prevenção e da cura de doenças epidêmicas ficaram conhecidas como Revolução Médico-Sanitária e se traduziram numa drástica redução da mortalidade: a média anual estimada para o conjunto dos países subdesenvolvidos era de 40% em 1920 e caiu para menos de 8,9% nos primeiros anos do século XXI.
A Revolução Médico-Sanitária foi um dos fatores que contribuíram para a redução do crescimento vegetativo no mundo |
Hoje, a população dos países asiáticos é cerca de 10 vezes maior do que em 1950, e em alguns países da África Subsaariana viram sua população aumentar até 20 vezes na segunda metade do século XX.
Na década de 1960, em pleno auge do crescimento da população mundial, surgiu o chamado neomalthusianismo, que consistiu na retomada dos prognósticos catastróficos do reverendo inglês.
O neomalthusianismo é a atualização da Teoria Populacional Malthusiana, criada pelo demógrafo Thomas Malthus.
Muita gente aderiu à ideia de que o alto crescimento demográfico constituía uma das principais causas da generalização da pobreza em vastas regiões subdesenvolvidas, tanto por exigir investimentos maciços em atividades não produtivas, como a manutenção de creches e escolas, quanto por criar uma relação desfavorável entre o número de pessoas em idade de trabalhar e o total de habitantes. Assim, haveria mais crianças para serem criadas e alimentadas do que adultos em idade produtiva gerando riquezas suficientes para sustentá-las.
Nesse cenário, o controle da natalidade surgia como a solução ideal. Com isso, surgiram instituições, muitas delas mantidas com o capital de empresas privadas, que financiaram subsídios aos países pobres para implementação de políticas que ajudassem a reduzir suas taxas de natalidade.
Evolução do crescimento da população mundial |
Porém, muito mais do que o crescimento vegetativo dos países pobres, é o padrão de produção e de consumo dos países ricos, justamente aqueles nos quais a população parou de crescer, que mais causa impactos negativos no meio ambiente. Os países desenvolvidos, que abrigam 20% da população mundial, são responsáveis por 80% do consumo de recursos naturais do planeta.
Mapa da transição demográfica no mundo |
A mecanização da agricultura reduziu a população rural, contribuindo, assim, para a diminuição do crescimento vegetativo |
CENÁRIOS DEMOGRÁFICOS
Desde a década de 1970, o acelerado processo de urbanização e modernização da agricultura provocam uma redução rápida e constante das taxas de natalidade nos países da América Latina. Ao mesmo tempo, a incidência da desnutrição apresenta taxa de declínio.Na África Subsaariana, a queda da natalidade foi muito pequena entre 1965 e 1980, período em que a mortalidade caía rapidamente. Hoje, já se observam os primeiros sinais de redução no crescimento natural nessa região, embora as taxas de nascimento dos países que a compõem continuem sendo as mais elevadas do planeta. Neles, o processo de modernização das economias, que teve início na década de 1960, logo após a saída dos colonizadores europeus, foi interrompido em virtude da falta de novos investimentos produtivos. A miséria, as catástrofes alimentares periódicas e as elevadas taxas de mortalidade infantil mantiveram a mortalidade em alta e, consequentemente, as famílias conservaram o hábito de ter muitas crianças.
Mapa da fome no mundo |
A política demográfica chinesa tem sido a causa de várias tragédias cotidianas na sociedade. Estima-se que, por medo de sofrerem represálias, cerca de 200 milhões de famílias optem por esconder o nascimento de um segundo bebê. O abandono de menores, sobretudo meninas, também ocorre com frequência.
Outro efeito negativo da "Política do Filho Único" chinesa é a disparidade entre nascimentos de meninos e meninas. Como o casal só pode ter um filho, muitos casais optam por interromper a gestação quando descobrem que estão esperando meninas. Desse modo, para cada 113,8 nascimentos do sexo masculino, ocorrem apenas 100 do sexo feminino.
Cartaz incentivando o filho único na China |
FONTE: Terra, Lygia. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil / Lygia Terra, Regina Araújo, Raul Borges Guimarães. 1. ed. - São Paulo: Moderna, 2010.
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