Segundo dados da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) 2011, as usinas hidrelétricas respondem por 81,7% da matriz de oferta de energia elétrica no Brasil, constituindo-se na maior fonte produtora de eletricidade no país.
A partir da década de 1940, com o crescimento industrial, o Brasil orientou sua política energética para a hidreletricidade. O clima equatorial e os subtipos de climas tropicais que predominam no Brasil apresentam elevadas médias pluviométricas, fornecendo um grande volume de água para os rios. Além disso, os extensos planaltos são responsáveis pelos desníveis e cachoeiras, que propiciam força necessária para a geração de energia nas turbinas.
Matriz elétrica brasileira em 2011 |
Em 1962, foi criada a Eletrobrás (Centrais Elétricas Brasileiras S.A.) para controlar o sistema de geração e transmissão de energia elétrica no Brasil. Atualmente, essa companhia, a maior do setor de energia elétrica da América Latina, atua como holding, centralizando o controle de seis subsidiárias (Chesf, Furnas, Eletrosul, Eletronorte, CGTEE e Eletronuclear) e de grande parte dos sistemas de geração e transmissão de energia no país.
As redes elétricas brasileiras figuram entre as mais potentes e extensas do mundo. Suas linhas de transmissão percorrem grandes distâncias, permitindo, assim, o aproveitamento do potencial hidrelétrico de rios distantes dos grandes centros consumidores.
Na década de 1990, o Estado realizou intervenções no setor elétrico que alteraram seu funcionamento. Depois de mais de 50 anos de controle estatal, a Lei de Concessões Públicas, de 1995, permitiu à iniciativa privada distribuir e comercializar energia elétrica. Em 1996, foi criada a Aneel para regular e fiscalizar a produção, a transmissão, a distribuição e a comercialização de energia elétrica. A exploração dos potenciais hidráulicos, passou a ser concedida por meio de concorrência ou leilão. Nessa década, diversas empresas estatais de energia foram privatizadas, como Light, Coelba, CEEE-Centro-Oeste, CEEE-Norte-Nordeste, Eletropaulo, Celpa, Elektro, Gerasul, Celpe, Cemar, Saelpa etc.
A geração de hidreletricidade utiliza uma fonte de energia renovável que não emite gases causadores do efeito estufa. No entanto, a construção de uma hidrelétrica envolve grandes obras de engenharia, desvio ou aumento do nível dos rios e formação de barragem para o aproveitamento do fluxo das águas. A inundação de extensas áreas prejudica a fauna e a flora locais. Cidades inteiras e áreas de produção agrícola também podem ser inundadas, exigindo o deslocamento da população ribeirinha, o que acarreta, assim, prejuízos à sua subsistência.
Usina Hidrelétrica de Balbina - recebeu muitas críticas por causa do elevado custo de construção e por ter provocado o maior desastre ambiental do Brasil. |
Com mais de 80 grandes usinas hidrelétricas e pequenas centrais hidráulicas, o Brasil é o país com o maior potencial hidrelétrico do mundo.
USINAS HIDRELÉTRICAS E AS BACIAS HIDROGRÁFICAS
As maiores usinas hidrelétricas do Brasil se concentrarem nas regiões Sudeste, Sul e Nordeste, por onde o parque elétrico do país começou a ser desenvolvido. Isso se deve à maior concentração nessas regiões de áreas urbanas e atividades econômicas.
Principais usinas hidrelétricas do Brasil |
No rio Paraná encontram-se importantes usinas: Itaipu, que é a maior hidrelétrica do Brasil, Ilha Solteira, Jupiá e Porto Primavera. A Usina Binacional de Itaipu possui capacidade de 18.200 MW e é uma das maiores do mundo, sendo suplantada apenas pela Usina de Três Gargantas (China), quando operada em sua capacidade máxima. O início de seu funcionamento data de 1984, após um tratado com o Paraguai, o que lhe confere uma gestão compartilhada entre os dois países. Além de suprir 30% da demanda nacional de eletricidade e 38% da demanda das regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, essa usina proporciona ao Paraguai autossuficiência na produção de eletricidade, sendo seu excedente vendido ao Brasil.
Usina Hidrelétrica de Itaipu |
Apesar da importância de Itaipu para os dois países, a geração concentrada acarreta o risco de desabastecimento energético em grandes áreas no caso de falha no sistema de transmissão.
A bacia do rio Parnaíba abriga as usinas de Itumbiara e de São Simão.
Na Bacia do Rio São Francisco localizam-se as usinas de Xingó, Paulo Afonso, Itaparica, Sobradinho e Três Marias.
Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso na Bahia |
A Bacia Amazônica, que possui o maior potencial hidráulico do país, é a que apresenta o menor aproveitamento. Com extenso percurso navegável, seu imenso potencial hidrelétrico concentra-se nos afluentes do Rio Amazonas, que percorrem áreas de relevo planáltico. Somente 0,4% do potencial é aproveitado por apenas três usinas hidrelétricas: Balbina, no Rio Uatumã (AM), Curuá-Una, no Rio Curuá-Una (PA) e Samuel, no Rio Jamari (RO).
Usina Hidrelétrica de Samuel, em Rondônia |
Ainda na bacia do Amazonas, no Rio Madeira, estão sendo planejadas as usinas de Santo Antônio, com capacidade instalada de 3.150 MW e de Jirau, com 3.300 MW de potência. Essas usinas deverão conectar Rondônia ao sistema elétrico, expandindo a oferta de energia na região. No Rio Xingu, está sendo construída a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, próximo à Altamira (PA), que vem recebendo vários protestos dos povos da floresta e ambientalistas.
Na Bacia do Tocantins-Araguaia localizam-se as usinas de Serra da Mesa e Tucuruí. No entanto, 90% do grande potencial disponível nessa bacia tem alguma restrição ambiental.
Usina Hidrelétrica de Tucuruí, no Pará |
FONTE: Terra, Lygia. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil / Terra Lygia, Regina Araújo, Raul Borges Guimarães. - 1. ed. - São Paulo: Moderna, 2010.
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