segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

HIDRELETRICIDADE E AMEAÇAS À SOCIOBIODIVERSIDADE

  Segundo dados da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) 2011, as usinas hidrelétricas respondem por 81,7% da matriz de oferta de energia elétrica no Brasil, constituindo-se na maior fonte produtora de eletricidade no país.
  A partir da década de 1940, com o crescimento industrial, o Brasil orientou sua política energética para a hidreletricidade. O clima equatorial e os subtipos de climas tropicais que predominam no Brasil apresentam elevadas médias pluviométricas, fornecendo um grande volume de água para os rios. Além disso, os extensos planaltos são responsáveis pelos desníveis e cachoeiras, que propiciam força necessária para a geração de energia nas turbinas.
Matriz elétrica brasileira em 2011
  Em 1962, foi criada a Eletrobrás (Centrais Elétricas Brasileiras S.A.) para controlar o sistema de geração e transmissão de energia elétrica no Brasil. Atualmente, essa companhia, a maior do setor de energia elétrica da América Latina, atua como holding, centralizando o controle de seis subsidiárias (Chesf, Furnas, Eletrosul, Eletronorte, CGTEE e Eletronuclear) e de grande parte dos sistemas de geração e transmissão de energia no país.
  As redes elétricas brasileiras figuram entre as mais potentes e extensas do mundo. Suas linhas de transmissão percorrem grandes distâncias, permitindo, assim, o aproveitamento do potencial hidrelétrico de rios distantes dos grandes centros consumidores.
  Na década de 1990, o Estado realizou intervenções no setor elétrico que alteraram seu funcionamento. Depois de mais de 50 anos de controle estatal, a Lei de Concessões Públicas, de 1995, permitiu à iniciativa privada distribuir e comercializar energia elétrica. Em 1996, foi criada a Aneel para regular e fiscalizar a produção, a transmissão, a distribuição e a comercialização de energia elétrica. A exploração dos potenciais hidráulicos, passou a ser concedida por meio de concorrência ou leilão. Nessa década, diversas empresas estatais de energia foram privatizadas, como Light, Coelba, CEEE-Centro-Oeste, CEEE-Norte-Nordeste, Eletropaulo, Celpa, Elektro, Gerasul, Celpe, Cemar, Saelpa etc.
  A geração de hidreletricidade utiliza uma fonte de energia renovável que não emite gases causadores do efeito estufa. No entanto, a construção de uma hidrelétrica envolve grandes obras de engenharia, desvio ou aumento do nível dos rios e formação de barragem para o aproveitamento do fluxo das águas. A inundação de extensas áreas prejudica a fauna e a flora locais. Cidades inteiras e áreas de produção agrícola também podem ser inundadas, exigindo o deslocamento da população ribeirinha, o que acarreta, assim, prejuízos à sua subsistência.
Usina Hidrelétrica de Balbina - recebeu muitas críticas por causa do elevado custo de construção e por ter provocado o maior desastre ambiental do Brasil.
  Com mais de 80 grandes usinas hidrelétricas e pequenas centrais hidráulicas, o Brasil é o país com o maior potencial hidrelétrico do mundo.
USINAS HIDRELÉTRICAS E AS BACIAS HIDROGRÁFICAS
  As maiores usinas hidrelétricas do Brasil se concentrarem nas regiões Sudeste, Sul e Nordeste, por onde o parque elétrico do país começou a ser desenvolvido. Isso se deve à maior concentração nessas regiões de áreas urbanas e atividades econômicas.
Principais usinas hidrelétricas do Brasil
  No rio Paraná encontram-se importantes usinas: Itaipu, que é a maior hidrelétrica do Brasil, Ilha Solteira, Jupiá e Porto Primavera. A Usina Binacional de Itaipu possui capacidade de 18.200 MW e é uma das maiores do mundo, sendo suplantada apenas pela Usina de Três Gargantas (China), quando operada em sua capacidade máxima. O início de seu funcionamento data de 1984, após um tratado com o Paraguai, o que lhe confere uma gestão compartilhada entre os dois países. Além de suprir 30% da demanda nacional de eletricidade e 38% da demanda das regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, essa usina proporciona ao Paraguai autossuficiência na produção de eletricidade, sendo seu excedente vendido ao Brasil.
Usina Hidrelétrica de Itaipu
  Apesar da importância de Itaipu para os dois países, a geração concentrada acarreta o risco de desabastecimento energético em grandes áreas no caso de falha no sistema de transmissão.
  A bacia do rio Parnaíba abriga as usinas de Itumbiara e de São Simão.
  Na Bacia do Rio São Francisco localizam-se as usinas de Xingó, Paulo Afonso, Itaparica, Sobradinho e Três Marias.
Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso na Bahia
  A Bacia Amazônica, que possui o maior potencial hidráulico do país, é a que apresenta o menor aproveitamento. Com extenso percurso navegável, seu imenso potencial hidrelétrico concentra-se nos afluentes do Rio Amazonas, que percorrem áreas de relevo planáltico. Somente 0,4% do potencial é aproveitado por apenas três usinas hidrelétricas: Balbina, no Rio Uatumã (AM), Curuá-Una, no Rio Curuá-Una (PA) e Samuel, no Rio Jamari (RO).
Usina Hidrelétrica de Samuel, em Rondônia
  Ainda na bacia do Amazonas, no Rio Madeira, estão sendo planejadas as usinas de Santo Antônio, com capacidade instalada de 3.150 MW e de Jirau, com 3.300 MW de potência. Essas usinas deverão conectar Rondônia ao sistema elétrico, expandindo a oferta de energia na região. No Rio Xingu, está sendo construída a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, próximo à Altamira (PA), que vem recebendo vários protestos dos povos da floresta e ambientalistas.
  Na Bacia do Tocantins-Araguaia localizam-se as usinas de Serra da Mesa e Tucuruí. No entanto, 90% do grande potencial disponível nessa bacia tem alguma restrição ambiental.
Usina Hidrelétrica de Tucuruí, no Pará
FONTE: Terra, Lygia. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil / Terra Lygia, Regina Araújo, Raul Borges Guimarães. - 1. ed. - São Paulo: Moderna, 2010.

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