sexta-feira, 8 de julho de 2011

EVOLUÇÃO DA PEDAGOGIA

  O conceito de ensino, assim como o conceito de educação, evoluiu graças aos questionamentos e pesquisas realizadas por diversos pensadores, educadores, psicólogos, sociólogos etc.
  Segundo o conceito etmológico, ensinar (do latim signare) é "colocar dentro, gravar no espírito". De acordo com esse conceito, ensinar é gravar ideias na cabeça do aluno, ou seja, o método de ensino é o de marcar e tomar a lição.
  Do conceito etimológico surgiu o conceito tradicional de ensino: "Ensinar é transmitir conhecimentos". Seguindo esse conceito, o método utilizado baseia-se em aulas expositivas e explicativas. O professor fala aquilo que sabe sobre determinado assunto e espera que o aluno saiba reproduzir o que ele lhe disse.
  Esse tipo de ensino, no entanto, por mostrar-se cada vez mais ineficaz, passou a receber uma série de críticas. Essas críticas, formuladas a partir do final do século XIX, foram, aos poucos, dando origem a uma nova teoria da educação. Toma corpo, assim, um novo conceito de ensino e de educação que passou a se denominar Escola-novismo ou Escola Nova.
  Com a Escola Nova o eixo da questão pedagógica passa do intelecto (ensino tradicional) para o sentimento; do aspecto lógico para o psicológico; dos conteúdos cognitivos para os métodos ou processos pedagógicos; do professor para o aluno; do esforço para o interesse; da disciplina para a espontaneidade; do diretivismo para o não-diretivismo; da quantidade para a qualidade; de uma pedagogia de inspiração filosófica centrada na ciência da lógica para uma pedagogia de inspiração filosófica centrada na ciência da lógica para uma pedagogia de inspiração experimental baseada principalmente nas contribuições da Biologia e da Psicologia. Assim, essa teoria pedagógica considera que o importante não é o aprender, mas aprender a aprender.
  Para funcionar de acordo com os princípios da Escola Nova, o ensino teria que passar por uma sensível reformulação. "O professor agiria como um estimulador e orientador da aprendizagem cuja iniciativa principal caberia aos próprios alunos. Tal aprendizagem seria uma decorrência espontânea do ambiente estimulante e da relação viva que se estabeleceria entre os alunos e entre estes e o professor. Para tanto, cada professor teria de trabalhar com pequenos grupos de alunos, sem o que a relação interpessoal, essência da atividade educativa, ficaria dificultada; e num ambiente estimulante, dotado de materiais didáticos ricos, biblioteca de classe etc. Em suma, a feição das escolas mudaria seu aspecto sombrio, disciplinado, silencioso e de paredes opacas, assumindo um ar alegre, movimentado, barulhento e multicolorido" (SAVIANI, D. "As teorias da educação e o problema da marginalidade na América Latina". Cadernos de pesquisa, São Paulo, Fundação Carlos Chagas (42); 8-18, ago. 1982)
  No entanto, esse tipo de ensino e de escola é de  difícil realização. Ele implica custos bem mais elevados do que o ensino tradicional. Por isso, a Escola Nova organizou-se basicamente na forma de escolas experimentais ou como núcleos raros, muito bem equipados e circunscritos a pequenos grupos de elite. No entanto, o ideário escolanovista, tendo sido amplamente difundido, penetrou nas cabeças dos educadores, acabando por gerar consequências também nas amplas redes escolares oficiais organizadas na forma tradicional. Em contrapartida, a Escola Nova aprimorou a qualidade do ensino destinado às elites.
  No entanto, ao término da primeira metade do século XX, um sentimento de desilusão começa a se alastrar nos meios educacionais com relação ao escolanovismo. Surge, assim, uma nova concepção de ensino e educação: a concepção tecnicista.
  Segundo a concepção tecnicista, o ensino deve se inspirar nos princípios de racionalidade, eficiência e produtividade. Por isso, deve-se planejar a educação e o ensino de maneira a evitar as interferências subjetivas que possam pôr em risco sua eficiência. Deve-se operacionalizar os objetivos e, em certos aspectos, mecanizar o processo. Surgem, então, propostas pedagógicas como o enfoque sistêmico, o microensino, o tele-ensino, a instrução programada, as máquinas de ensinar etc.
FONTE: PILETTI, Cláudio. Didática Geral. São Paulo: Ática, 1989.

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