sábado, 12 de novembro de 2011

TERRORISMO E GUERRILHA

  De acordo com o Dicionário de política, terrorismo é a "prática política de quem recorre sistematicamente à violência contra as pessoas ou as coisas provocando o terror". Quando uma organização qualquer faz algum atentado terrorista, seja instalando uma bomba em algum local ou utilizando um homem-bomba num ataque suicida, está querendo intimidar, disseminar o medo em uma comunidade ou país para atingir algum fim, que pode ser a difusão de uma ideologia, a autonomia político-territorial, a autoafirmação étnica ou religiosa etc.
  É importante também fazer uma distinção entre guerrilha e terrorismo, embora muitas vezes um grupo guerrilheiro possa lançar mãos de táticas terroristas. A guerrilha se caracteriza por se um conflito que opõe formações irregulares de combatentes e forças armadas de um Estado. É típica de países onde há profundas injustiças políticas e sociais e, portanto, parte da população está disposta a lutar por mudanças ou apoiar o grupo que se propuser a isso. Segundo o Dicionário de política: "A destruição das instituições existentes e a emancipação social e política das populações são, de fato,  os objetivos precípuos dos grupos que recorrem a este tipo de luta armada". Em geral, os grupos guerrilheiros atacam alvos militares e pontos estratégicos do Estado contra o qual lutam. Preocupam-se em fazer o mínimo de vítimas civis e em conquistar a simpatia e o apoio da população para sua causa. Já os terroristas procuram fazer o máximo de vítimas civis, com o intuito de causar pânico, e não se interessam em dialogar com a população nem obter seu apoio.
Soldados do Exército de Libertação Nacional (ELN) - segundo maior grupo guerrilheiro da Colômbia
  Há vários exemplos históricos de grupos guerrilheiros em diversos países, especialmente na América Latina, na África e na Ásia, continentes marcados pela pobreza e injustiça social.
  Na América Latina, o grupo guerrilheiro mais representativo ainda em atuação são as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que lutam contra o Estado colombiano pelo controle de parte do seu território. Fundada em 1964 por Manuel Marulanda, no início era uma guerrilha rural de inspiração revolucionária (tinha ligações com o Partido Comunista da Colômbia) que lutavam contra as injustiças sociais. Entretanto, as Farcs se tornaram  um grupo terrorista por causa de seus métodos violentos, que inclui sequestros de civis, além de envolvimento com o narcotráfico, hoje sua principal fonte de renda. Por isso, não têm mais o apoio da população. A partir de 2002 o governo colombiano passou a combatê-los mais intensamente com recursos e armas fornecidos pelos Estados Unidos por meio de um acordo batizado por Plano Colômbia. Em 2008, as Farcs sofreram um duro golpe: numa operação forças armadas colombianas na selva, três de seus mais importantes líderes, entre os quais Manuel Marulanda, foram mortos; em outra operação, 15 reféns que estavam em poder do grupo foram resgatados.
Soldados das Farcs (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia)
  Na África, em diversos países, houve grupos guerrilheiros que lutavam contra o colonialismo, como o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e a União para a Independência Total de Angola (Unita) que combateram a dominação portuguesa. Entretanto, após a independência política, obtida em 1975, o conflito armado em Angola entrou na lógica da Guerra Fria. O MPLA se consolidou no poder com o apoio da União Soviética e a Unita, apoiada pelos Estados Unidos e pela África do Sul, passou a lutar contra o governo. A guerra em Angola se estendeu até 2002, quando foi selado um acordo de paz. A Unita deixou de ser um grupo guerrilheiro e se tornou um partido de oposição ao MPLA.
Soldados da Unita
  Há outros grupos guerrilheiros que adotam táticas terroristas contra um Estado nacional tentando separar parte do território ou expulsar tropas de ocupação. Encaixam-se nessa definição o ETA (Pátria Basca e Liberdade, dobasco Euskadi Ta Askatasuna), no norte da Espanha, os grupos chechenos, na Rússia, e os curdos, na Turquia. É o caso também dos atuais grupos palestinos, como o Hamas, o Jihad Islâmica e as Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa, que reivindicam territórios ocupados por Israel.
Militantes do Hamas, na Faixa de Gaza - Palestina
  Finalmente, há grupos que espalham o terror como afirmação de seu fundamentalismo religioso contra a hegemonia da sociedade cristã ocidental, representada pelos Estados Unidos. É esse o caso da rede terrorista Al Qaeda ("a base", em árabe), que teve como fundador e líder o milionário saudita Osama Bin Laden - morto em maio de 2011 no Paquistão pelas tropas norte-americanas.
Osama Bin Laden - foi o fundador e líder do grupo terrorista Al Qaeda
  O terrorismo também pode ser praticado pelo Estado. Nos anos 1920, Josef Stálin, então secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), perseguiu seus opositores e os mandou para campos de concentração. Na Alemanha, no início dos anos 1930, com a ascensão dos nazistas sob a liderança de Hitler, o Estado deu início a um processo de genocídio contra judeus, comunistas e ciganos.
Holocausto - morte de milhões de judeus provocado pelo regime nazista
  Na África do Sul, enquanto vigorou o regime segregacionista chamado apartheid ("separação", em inglês), também havia um Estado terrorista. Após a independência política em 1961, chegou ao poder o Partido Nacional, controlado pelos descendentes de holandeses e alemães (conhecidos como afrikaners); a partir de então, a minoria branca (14% da população) oficializou o apartheid. Essa minoria controlava o aparelho estatal, as empresas, as terras e explorava a maioria negra (composta por diversas etnias: zulus, xhosas, pedis, sothos etc.), que vivia confinada em guetos, coagida pela violência e sem direitos políticos  mínimos. Em 1994, quando Nelson Mandela (de etnia xhosa), após 27 anos preso, foi eleito presidente, esse regime segregacionista foi extinto.
Apartheid - regime segregacionista da África do Sul que separava os negros dos brancos
  O terrorismo de Estado também foi comum na América Latina durante as várias ditaduras militares que se instalaram durante a Guerra Fria: Brasil (1964-1985), Chile (1973-1990), Argentina (1976-1983), entre outras. Nesse período, milhares de pessoas foram presas sem julgamento, torturadas e muitas delas assassinadas, apenas porque faziam oposição ao governo vigente. Em reação ao fechamento político e à ausência de diálogo surgiram grupos armados que passaram a adotar práticas terroristas contra os governos ditatoriais, acirrando o conflito e a violência.
Ditadura militar no Brasil - uma página na história do terrorismo do país
 FONTE: Sene, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil, volume 2: espaço geográfico e globalização: ensino médio / Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. - São Paulo: Scipione, 2010.

5 comentários:

Emanuel disse...

Essa pagina é boa sim. Gostei mais acho que se tivesse algo mais ficaria melhor meu voto é que essa pagina é interessante

Emanuel disse...

Essa pagina é boa sim. Gostei mais acho que se tivesse algo mais ficaria melhor meu voto é que essa pagina é interessante

Marciano Dantas de Medeiros disse...

Ok, obrigado Emanuel

Vitor disse...

Estou fazendo uma matéria no mestrado que se chama Terrorismo e Violência Política. ME ajudou bastante nos esclarecimentos entre as diferençasde guerrilha e terrorismo. Obrigado!

Unknown disse...

Alguém poderia me dizer onde ocorreu os conflitos?

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