terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

O ARQUIPÉLAGO DO HAVAÍ: O PARAÍSO DOS SURFISTAS

  O Havaí localiza-se no meio do Oceano Pacífico, e é considerado o estado mais isolado dos Estados Unidos em relação ao resto do país, sendo também o mais meridional dos estados norte-americanos. Historicamente é conhecido pelo nome de Ilhas Sanduíche. O atual presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, é o único de todos os presidentes norte-americanos que nasceu no Havaí.
  O Havaí possui a maior porcentagem de asiáticos (38,6%) e a maior população multirracial (23,6%) dos Estados Unidos, bem como a menor porcentagem de brancos (24,2%) dos estados do país. Os maiores grupos étnicos do Havaí são: filipinos (14,6%), nipo-americanos (13,6%), hispânicos (8,8%), polinésios (8,2%), alemães (7,4%) e luso-americanos (4,3%).
Mulheres nativas do Havaí
GEOGRAFIA
  O Havaí é um arquipélago de origem vulcânica de aproximadamente 28 mil km² de extensão, localizado no Oceano Pacífico, possuindo 132 ilhas que se estendem por 2.450 km. A maior parte do Estado concentra-se no sudeste do arquipélago, onde estão as oito maiores ilhas e as únicas habitadas (Havaí, Kauai, Lanai, Maui, Molokai, Niihau, Oahu e Kahoolawe). O meio da cadeia do Havaí é constituído por ilhas muito pequenas e rochedos, e o extremo noroeste é formado por recifes e cadeias de areia.
  A cadeia formada pelas oito grandes ilhas possui 1.200 km de comprimento. A altitude média do Havaí é de 925 metros, e o ponto mais elevado é o vulcão Mauna Kea, na ilha do Havaí (que é a maior das ilhas), com uma altitude de 4.206 metros, que se ergue do fundo do oceano, juntamente com seu vizinho conjunto, Mauna Loa, que possui uma altitude de 4.169 metros. Ambos possuem 5.998 metros de profundidade, considerando-se no conjunto, a maior montanha do mundo (da base do oceano ao cume) com 10.204 metros.
Mauna Kea - ponto culminante do Havaí
  Todas as ilhas do Havaí foram formadas por vulcões, que lentamente emergiram do leito do mar, através do que a geologia chama de ponto quente (hot spot). A teoria mantém que à medida que a placa tectônica do fundo do Oceano Pacífico move-se em direção ao noroeste, o ponto que mantém sua posição vai lentamente criando vulcões. Isso explica o fato de que são apenas os vulcões do sudeste do Havaí que continuam ativos. A cadeia de rochedos e recifes ao centro e noroeste da cadeia havaiana, já foram vulcões ativos, bem como as ilhas que possuíam tamanho comparável às oito grandes, mas ventos, ondas e correntes do mar lentamente erodiram essas ilhas, fazendo-as diminuir de superfície.
  O Havaí abriga o Parque Nacional dos Vulcões do Havaí, um Patrimônio Mundial.
Vulcão em erupção no Havaí
  O Havaí possui um clima tropical, com temperaturas elevadas o ano inteiro. A média de temperatura varia muito pouco de região para região, sendo as de temperaturas mais elevadas, as de regiões que estão ao nível do mar. As temperaturas variam de 25°C em média no verão e 22°C durante o inverno. A temperatura mais elevada já registrada no Havaí foi de 38°C, em Pahala, no dia 27 de abril de 1931, e a mais baixa foi de -11°C, no monte Mauna Kea, em 17 de maio de 1979. Nas zonas de montanhas, as chuvas intensas produzem transbordamentos dos rios e enchentes nos vales. Chove praticamente todos os dias nas ilhas.
  Quando há erupções vulcânicas nas ilhas, uma capa de fumaça se eleva no céu durante alguns dias, especialmente na zona de Kona. Os habitantes nativos chamam essa neblina de vog, ou "névoa vulcânica".
Névoa vulcânica na ilha de Maui
HISTÓRIA
  Nativos polinésios viviam no arquipélago havaiano bem antes da chegada dos europeus, sendo que a região era governada por vários chefes polinésios locais, até 1810, quando Kamehameha I centralizou o governo do arquipélago e instituiu uma monarquia. Um dos primeiros europeus a desembarcar em terras havaianas foi James Cook.
  O Reino do Havaí foi estabelecido durante os anos 1795 a 1810, com a subjugação dos chefes tribais independentes de Oahu, Mauai, Molokai, Lanai, Kauai e Niihau e pelo chefe tribal da Ilha Havaí (ou Big Island) dentro de um governo unificado. O Reino foi derrubado em 17 de janeiro de 1893 e a República do Havaí foi estabelecida em 1894, sendo  anexado em 1898 pelos Estados Unidos, que instalou no seu território a importante base militar de Pearl Harbor (destruída pelos japoneses durante a Segunda Guerra Mundial).
Paisagem de Oahu - Havaí
  Graças à descoberta e a posição geográfica do arquipélago do Havaí, este tornou-se um ponto de escala frequente de navios europeus. Doenças contagiosas causadas por micróbios transportadas pelos marinheiros europeus e com as quais os nativos locais nunca tinham tido contato, mataram dezenas de nativos polinésios na região ao longo do século XIX.
  Antes da chegada dos europeus o arquipélago havaiano estava fragmentado em uma série de tribos governadas por um chefe indígena. Algumas ilhas eram governadas por uma única tribo, enquanto que outras eram governadas por tribos diferentes. Tais tribos polinésias batalhavam entre si após a morte de um chefe. Em 1782, um líder indígena, Kamehameha, iniciou uma longa guerra, que duraria treze anos, com outras tribos da região. Auxiliado por armas modernas, comercializadas com os navegadores e comerciantes europeus e americanos que utilizavam a ilha como escala em suas viagens, Kamehameha uniu todo o arquipélago, com exceção das ilhas de Kauai e Niihau, em 1795. Entre 1796 e 1803, ele comandou duas invasões a essas ilhas, que fracassaram devido a uma rebelião e a uma epidemia.
Kamehameha (1758-1819) - unificador das ilhas que formou o Reino do Havaí
  Kamehameha instituiu uma monarquia no Havaí e apropriou-se de todas as terras do arquipélago, cedendo lotes de terra para famílias rurais. Em 1810, Kauai e Niihau concordaram em unir-se pacificamente ao Reino de Kamehameha, e essa dinastia governaria o arquipélago até 1872.
  Ao longo do século XIX, a economia do Havaí prosperaria, com a venda de madeira de alta qualidade para a China, de água potável e suprimentos para navios que faziam viagens no Oceano Pacífico.
  Kamehameha II, filho de Kamehameha, tornou-se monarca do arquipélago havaiano em 1819, após a morte de seu pai, e aboliu a prática da religião havaiana em locais públicos, embora permitisse essa prática em locais privados.
  Em 1820, o governo americano enviou um grupo de missionários e professores brancos protestantes, que eventualmente converteriam a maior parte da população do Havaí para o protestantismo. Foi criado também uma forma de escrita para o idioma havaiano e fundaram-se as primeiras escolas no Havaí. Em 1824, após a morte de Kamehameha II, assumiu o trono um outro filho de Kamehameha, Kauikeaouli, que passou a se chamar Kamehameha III.
Kamehameha II (1797-1824)
  Missionários católicos espanhóis e franceses desembarcaram em 1827 no Havaí. Inicialmente, não foram bem recebidos pelos nativos havaianos, que já eram, em sua maioria, protestantes. Em 1831, os havaianos forçaram a pequena população cristã de descendência europeia a sair do arquipélago, enquanto grande parte dos cristãos de origem havaiana foram presos. Em 1836, uma fragata francesa bloqueou o porto de Honolulu, e obrigou Kamehameha III a libertar os cristãos aprisionados e a permitir a liberdade de expressão religiosa.
  Kamehameha III criou, em 1839, a primeira constituição do Havaí e um sólido governo central composto pelos poderes executivo, legislativo e judiciário. Com essa Constituição, o governo americano reconheceu o Havaí como um Estado independente.
Kamehameha III (1813-1854)
  Desde a década de 1850 em diante, o Havaí começou a receber centenas de imigrantes asiáticos, sendo os chineses os primeiros imigrantes, vindo depois polinésios de outras ilhas da Oceania. De 1880 até 1930, entrou no arquipélago uma grande quantidade de imigrantes japoneses.
  Outra leva de imigrantes foram os de origem portuguesa, principalmente das ilhas de Açores e Madeira. Esta comunidade dedicou-se ao cultivo da cana-de-açúcar, misturando um vasto patrimônio cultural com os costumes dos havaianos.
  Em 1874, Kalakaua tornou-se rei do Havaí. Ele promoveu os costumes e a cultura havaiana entre a população nativa. Porém, a população do Havaí, especialmente agricultores, não gostavam dos laços políticos e econômicos que Kalakaua tinha com o governo e com comerciantes americanos. Entre outros atos, Kalakaua permitiu que os americanos construíssem uma base naval em Pearl Harbor. Foi também obrigado a criar uma nova Constituição em 1887, que limitava seus poderes.
Kalakaua (1836-1891)
  Quando Kalakaua morreu, sua irmã, Liliuokalani, tornou-se rainha do Havaí. Ela apoiava a população havaiana em seu descontentamento contra a população de novos estrangeiros ou de descendência europeia. Porém, à época, comerciantes e agricultores americanos já controlavam grande parte da economia do arquipélago. Em 1893, tropas americanas e grupos de militantes liderados por americanos, alemães e britânicos, tomaram o Havaí e depuseram Liliuokalani.
  A invasão norte-americana causou grande descontentamento entre a população do Havaí, fazendo com que o próprio presidente americano, à época Grover Cleveland, aconselhasse que a rainha voltasse ao trono. Tanto Liliuokani (que recusou o perdão publicamente aos líderes desta invasão) quanto os principais líderes desta invasão recusaram. Liliuokani foi a última monarca do arquipélago.
Rainha Liliuokani (1838-1917)
  Em 1894, uma república foi instituída, com um americano, Sanford Dole, como presidente. A república foi abolida em 1898, quando uma parte do Congresso dos Estados Unidos criou uma resolução conjunta, que é usada especificamente internamente como um meio para adquirir o Reino do Havaí como seu novo território, em agosto de 1898. Em 14 de junho de 1900, o Havaí tornou-se um território dos Estados Unidos.
  A localização estratégica do Havaí, no meio do Oceano Pacífico, fez com que o governo norte-americano iniciasse a construção de uma base naval primária no arquipélago, através de uma grande expansão das instalações portuárias de Pearl Harbor, durante a Primeira Guerra Mundial.
  Em 7 de dezembro de 1941, a base naval americana de Pearl Harbor foi atacada por aviões da força aérea japonesa. Este ataque, que destruiu vários navios, aviões e instalações militares, bem como a morte de mais de 2,4 mil militares, foi o episódio que levou os Estados Unidos à entrarem de vez na Segunda Guerra Mundial ao lado dos Aliados. A Lei Marcial foi declarada no Havaí. O estado de lei marcial foi revogado somente em 1944.
Base naval de Pearl Harbor destruída pelos japoneses, em 1941
  A grande população japonesa do Havaí fez com que muitos cidadãos americanos de origem europeia temessem sabotagem ou espionagem por parte dos americanos de descendência japonesa.
  Em 1957, o Congresso americano aprovou a emenda que autorizava a elevação do Havaí à categoria de Estado. Em 21 de agosto de 1959, como consequência do interesse estadunidense em fortalecer sua presença militar no Pacífico, o Havaí foi transformado no quinquagésimo estado dos Estados Unidos.
  Desde a década de 1970, grande parte da população havaiana começou a apoiar um movimento que pede maior autonomia do Havaí em relação aos Estados Unidos. Este movimento pede por auto-soberania, sem remoção dos laços políticos e econômicos existentes com os Estados Unidos. Em 1993, o então presidente, Bill Clinton, aprovou uma resolução, onde o governo americano oficialmente desculpava-se do papel que tiveram durante a revolução de 1893.
Praia no Havaí
ECONOMIA
  A economia do Havaí depende exclusivamente do turismo, da exploração mineral, da atividade pesqueira e da atividade agrícola direcionada principalmente ao plantio de cana-de-açúcar e de frutas, como abacaxi, além da atividade industrial voltada à transformação de produtos oriundos das atividades ligadas ao cultivo agrícola.
  O Havaí possui a menor taxa de desemprego dos Estados Unidos, que é de apenas 3,3%. O setor primário responde por 1% do PIB. A indústria agropecuária responde por 0,8% do PIB do Estado e emprega aproximadamente 21 mil pessoas. A pesca e a silvicultura respondem juntas por 0,2% do PIB, e empregam aproximadamente 2 mil pessoas.
  O setor secundário responde por 7% do PIB, com destaque para a indústria de construção, que responde por 4% do PIB e emprega aproximadamente 32 mil pessoas. A manufatura e a mineração respondem, juntas, por 3% do PIB e empregam cerca de 22 mil pessoas.
  O setor terciário é responsável pela maior parte do PIB do Havaí, com 92% do total, e emprega mais de 249 mil pessoas. O turismo é a principal fonte de renda, onde todos os anos, milhões de turistas visitam o Estado. Além das praias, o surf destaca-se como importante atrativo turístico. Foi no Havaí que esse esporte nasceu e se desenvolveu.
As ondas gigantescas fazem do Havaí o paraíso dos surfistas
ALGUNS DADOS SOBRE O HAVAÍ
NOME OFICIAL: Estado do Havaí
CAPITAL: Honolulu
Visão noturna de Honolulu - capital do Havaí
GENTÍLICO: havaiano, havaiana
LÍNGUA OFICIAL: inglês, havaiano
PROCLAMAÇÃO DO ESTADO: 21 de agosto de 1959
LOCALIZAÇÃO: Oceano Pacífico
ÁREA: 28.313,02 km² (43° maior estado em extensão dos Estados Unidos)
POPULAÇÃO: (Estimativa - 2014): 1.527.618 habitantes (40° estado mais populoso dos Estados Unidos)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 53,95 hab./km² (22° estado mais povoado dos Estados Unidos)
MAIORES CIDADES (Estimativa 2014):
Honolulu: 378.738 habitantes
Honolulu - capital e maior cidade do Havaí
Pearl City: 53.564 habitantes
Pearl City - segunda maior cidade do Havaí
Hilo: 48.584 habitantes
Hilo - terceira maior cidade do Havaí
PIB (Referente a 2010): U$ 68,900 bilhões (39° estado mais rico dos Estados Unidos)
IDH (2013): 0,961 (3° estado com maior IDH dos Estados Unidos)
MOEDA: Dólar Americano
RELIGIÃO: protestantes (38,8%), católicos (23,8%), mórmons (3,3%), budistas (9%), judeus (0,7%), sem religião, agnósticos, ateus e outras religiões (24,4%).
FONTE: Antunes, Celso Avelino. Geografia e participação: 8° ano / Celso Avelino Antunes, Maria do Carmo Pereira e Maria Inês Vieira. - 2. ed. - São Paulo: IBEP, 2012.

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