terça-feira, 4 de junho de 2013

O ACESSO DO MEIO DE PRODUÇÃO DA TERRA

  Ao longo de décadas, megapropriedades serviam mais como reserva de valor e/ou para afirmação do poder político e econômico do que para garantir produção e produtividade, não cumprindo a sua função social. Em 1964, foi promulgada a Lei n. 4.504/64, conhecida como Estatuto da Terra, que buscava reforçar o cumprimento desse princípio. Além disso, houve "desinteresse" durante décadas em se utilizar as terras devolutas da União para proceder às famílias sem terra. Por mais de um século, os dirigentes de nossa nação não foram capazes de dar uma solução razoável a uma questão explosiva.
  Outros países, como foi o caso dos Estados Unidos, a maior potência econômica do planeta, equacionaram a questão logo no início do século XIX, antes mesmo do início do seu processo de industrialização. A enorme área no meio-norte, compreendendo os melhores solos, conhecidas como "corn belt" (Cinturão do Milho), teve uma ocupação baseada numa estruturação fundiária planejada. Glebas com menos de 150 acres foram vendidas a preços pouco mais que simbólicos, ao longo de uma grande faixa de terras desde o estado de Michigan até o de Arkansas. Os estados e os municípios participaram do programa de assentamento. A cada 5 quilômetros, construíram-se uma escola e uma igreja. Assim, todos tinham acesso a essas duas atividades básicas de sua cultura, sem grande esforço de deslocamento. Mais tarde as glebas foram aumentando de tamanho até chegar ao tamanho médio atual da ordem de 400 hectares, tendendo para a faixa de 500 a 700 hectares, que é o módulo mais adequado para lavouras de grãos com os equipamentos modernos.
Mapa agrícola dos Estados Unidos
  No Brasil, além de vedar o acesso a tanta terra disponível, foram criadas dificuldades adicionais. Uma delas foi a institucionalização da figura do "coronel", com poderes de polícia em jurisdição definida, substituindo a presença do Estado, que se declarava incapaz de prestar esse indispensável serviço de natureza pública pelo interior do país. Isso fez com que criasse um quase senhor feudal, com direito a força militar e a faculdade de praticar o arbítrio. Essa peça na estrutura político-administrativa serviu também para garantir a intocabilidade dos latifúndios.
Latifúndio
  Outros resquícios de formas atrasadas de organizar o sistema produtivo ainda está vigente no país: a "meiação" pela qual troca-se o direito de plantio pelo pagamento de parcela da produção; e a concessão do "direito" de plantar em troca de pagamento com serviço nas terras do proprietário (na Idade Média, isso era chamado de "corveia"). Ainda hoje, assiste-se a práticas "generosas" de grandes proprietários em áreas de expansão de fronteira. Cedem parcelas de mata virgem às famílias para que desmatem, à mão, com técnicas rudimentares à base de machado e fogo, plantem arroz, milho ou feijão e devolvam a gleba  com pastagem formada. Em seguida, oferecem uma nova área para desmatamento. Milhares de famílias estão aceitando essa parceria, por falta de alternativa de vida.
Agricultura itinerante - uso da queimada para desmatar uma área para o posterior plantio
  A administração da posse e do uso da terra era uma questão de poder político, além de econômico. A relação social de produção manteve as conveniências do poder estabelecido até a fase da chamada "República Velha". Contudo, a economia de mercado não convive com formas pré-capitalistas de produção. Um desses exemplos é o Japão. Os Estados Unidos, após derrotarem aquele país na Segunda Guerra Mundial, implantaram a reforma agrária como uma das primeiras medidas de política econômica para modernizar a economia nipônica.
Propriedade agrícola no Japão
FONTE: SANTO, Benedito Rosa do E. Os caminhos da agricultura brasileira. São Paulo: Evoluir, 2001. p. 95-6.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

O AUMENTO DA POBREZA E O RACISMO NOS ESTADOS UNIDOS

  O número de pessoas pobres nos Estados Unidos vem crescendo nos últimos anos. Em 2010, esse número atingia cerca de 43,6 milhões de pessoas, correspondendo a aproximadamente 15% da população. São consideradas pobres nos Estados Unidos as famílias de quatro pessoas com renda anual igual ou inferior a 22,31 mil dólares.
  A pobreza é maior entre os hispânicos e os afrodescendentes, dos quais cerca de 27% vivem abaixo do limite de pobreza. Essa situação se reflete na expectativa de vida da população negra, que é de 71 anos, enquanto a dos brancos é de 80 anos. No caso das crianças negras, a taxa de pobreza é bem mais elevada - chega a 39%, sendo três vezes maior que a verificada entre as crianças brancas, nas quais atingem cerca de 12%.
Mendigo nas ruas de Nova York
  Um dado preocupante revelado pelo censo de 2010 foi o número de pessoas sem seguro-saúde: 50 milhões.
  Em 2010, cerca de 14 milhões de norte-americanos estavam desempregados. Isso representava uma taxa de desemprego de 9,1%. Alguns analistas entendem que mesmo uma recuperação econômica não traria uma queda acentuada desse índice, uma vez que atribuem o desemprego também ao fato de muitas empresas de setores que empregam  bastante terem migrado para países onde a mão de obra é mais barata, como a China. Daí a necessidade de requalificar intensivamente a mão de obra desempregada, já que os setores que têm crescido nos Estados Unidos são aqueles que exigem maior qualificação.
Fila de desempregados nos Estados Unidos
  Outro grave problema da sociedade norte-americana é o racismo, que atinge os imigrantes (hispânicos e asiáticos) e principalmente os afrodescendentes. Segundo o FBI, a polícia federal dos Estados Unidos, em cada dez crimes, três são motivados por racismo contra esses grupos.
  Nos estados do sul, onde, no período colonial, a economia se baseava na monocultura do algodão, foi utilizada intensamente a mão de obra de africanos escravizados.  Nesses estados, o racismo manifestou-se com mais intensidade.
Mexicanos tentando entrar ilegalmente nos Estados Unidos
  Até o início dos anos 1960, em três estados do sul - Alabama, Mississípi e Carolina do Sul - havia discriminação racial até mesmo na educação: escolas para afrodescendentes e escolas para brancos. Apesar da discriminação racial ser considerada crime nos Estados Unidos desde 1964, a segregação ainda persiste.
  A eleição de Barack Obama, primeiro presidente afrodescendente dos Estados Unidos, representou um marco na sociedade norte-americana, e ao mesmo tempo vem demonstrar que a luta dos afrodescendentes por melhores condições de vida e uma participação mais ativa na sociedade vão surtindo efeitos bastante positivos.
Barack Obama - primeiro negro a assumir a presidência dos EUA
FONTE: Lucci, Elian Alabi. Geografia: homem & espaço, 8° ano / Elian AlabiLucian, Anselmo Lázaro Branco. -  22. ed. - São Paulo: Saraiva, 2010.

domingo, 2 de junho de 2013

TURQUIA: ENTRE O ORIENTE MÉDIO E A EUROPA

  A Turquia descende de um importante império do passado. Trata-se do Império Otomano, cujo núcleo se concentrava nos limites territoriais turcos atuais.
  Depois da Primeira Guerra mundial, o Império Otomano perdeu sua influência, o que repercutiu internamente. Em 1923 foi criada a República da Turquia, que pregava um estado laico, diferentemente da tradição islâmica otomana, na qual os líderes políticos eram escolhidos por razões religiosas e de consanguinidade.
Império Otomano
  Com um território de 783.562 km² (sendo o 36° maior país em território do mundo) e uma população de 78.785.548 habitantes (sendo o 17° país mais populoso do mundo). A densidade demográfica da Turquia é de 100, 54 hab./km², sendo o 75° mais povoado do mundo. A Turquia está em uma posição estratégica, pois permite a ligação terrestre entre a Europa e o Oriente Médio por meio de pontes sobre o estreito de Bósforo.
  Além das pontes, está prevista para esse ano (2013), uma linha férrea subterrânea, que vai aumentar ainda mais a capacidade de transporte de carga entre a Europa e o Oriente Médio.
Parte do Estreito de Bósforo
  Istambul, maior cidade do país, com mais de 13 milhões de habitantes na área metropolitana, é dividida pelo Estreito de Bósforo. Parte de seu território está localizada na Europa e parte na Ásia, o que dá à cidade um caráter muito particular.
  Ancara é a capital da Turquia, com mais de 4,5 milhões de habitantes. Assim como Istambul, apresenta atividades industriais, culturais e econômicas, mas em menor quantidade que Istambul, que constitui o polo econômico e cultural do país.
  A terceira maior cidade do país é Esmirna, onde em 2012 sua população era de 3.366.947 habitantes.
Cidadela de Ancara - construída entre os século VII e IX pelos Bizantinos
  Com relação às exportações, a Turquia se apresenta tipicamente como um país emergente, conseguindo vender alguns produtos industrializados, mas o maior volume de exportações é de recursos naturais. A pauta de exportação turca é bastante diversificada, o que constitui uma vantagem para o país, pois se algum produto tem seu preço diminuído, outro pode compensar com um eventual aumento do valor. O país destaca-se com a exportação de aço e de frutas.
Paisagem peculiar da Capadócia, onde serviu de cenas para a novela Salve Jorge
  Outro produto que merece destaque é o ouro, que chegava a 3% do total exportado. Mas o principal produto vendido foram os veículos de passeio, com 5,5% das exportações turcas, representando 1,2% do total comercializado entre países no mundo. A Turquia também se destaca com o comércio de roupas femininas, com 2,3% do total exportado pelo país no ano passado.
  De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), em 2011, o PIB do país era de 778,089 bilhões de dólares, possuindo o 18° maior PIB entre os Estados analisados. O PIB per capita do país é de 10.522 dólares, possuindo o 62° maior PIB per capita do mundo.
Esmirna - terceira maior cidade da Turquia
  De acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2010, a expectativa de vida ao nascer na Turquia era de 72,96, ocupando a 91ª colocação no ranking mundial nesse quesito. Quanto à taxa de alfabetização, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento 2007/2008, essa taxa era de 88,7%, ocupando o país a colocação 101° no ranking mundial. Nesse levantamento a média de anos de estudo era de 6,5 anos, menos que o necessário para concluir o Ensino Fundamental, que em geral é de 8 anos. Apenas 27,1% das mulheres haviam concluído o Ensino Médio, enquanto entre os homens esse indicador chegava a 46,8%. A presença feminina na política era de 9,1% no Parlamento.
Istambul - maior cidade da Turquia
  Uma das dificuldades que o governo turco enfrenta internamente é o movimento separatista dos curdos.
  Os curdos, estimados em mais de 30 milhões de pessoas, lutam pela reconstrução de seu país, o Curdistão, que no passado situava-se em terras que hoje pertencem a Armênia, Azerbaijão, Geórgia, Irã, Iraque, Síria e Turquia. Na Turquia está a maior concentração de curdos, cerca de 15 milhões de pessoas. Os curdos são a maior nação sem território do mundo.
  Na Turquia, os curdos conseguiram algumas vitórias, como o ensino do curdo como língua opcional, ainda que o turco seja obrigatório para todos. Também foram autorizadas a produção e a veiculação de jornais, rádios e programas de TV falados em curdo.
Em rosa área habitada pelos curdos
  A Turquia aumentou seu poder regionalmente, mas a economia ainda depende da venda de recursos naturais, apesar de o país exportar carros e roupas em grande escala. Recentemente, uma série de eventos promoveu a aproximação do país com o Brasil.
  Em 2011, durante uma visita da presidente Dilma Rousseff à Turquia, foi emitida uma declaração conjunta que reafirmou um compromisso assumido no ano anterior de maior cooperação entre os dois países.
  Entre os setores que devem ser estimulados estão o de geração de energia, para exploração de petróleo no Mar Negro; o desenvolvimento científico e tecnológico dos dois países; e o aprimoramento dos sistemas educacionais.
  Consta também desse compromisso o apoio do Brasil para que a Turquia seja membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU, e da Turquia para que o Brasil se torne um membro permanente desse Conselho.
  Brasil e Turquia são países que estão passando por mudanças internas que se refletem externamente. Os dois aumentaram sua atividade econômica, o que permitiu melhorar as condições de vida de suas populações. Apesar das diferenças culturais, ambos almejam ampliar sua influência nas decisões mundiais.
Dilma cumprimenta o presidente turco Abdullah Gül em 2011
  Apesar da Turquia ser um Estado secular sem religião oficial, a religião predominante da Turquia é o islamismo, com 96,1% de seguidores; 0,9% da população são Ateus; 2,3% são Agnósticos (visão de que o valor de verdade de certas reivindicações, especialmente afirmações sobre a existência ou não existência de qualquer divindade, mas também de outras reivindicações religiosas e metafísicas); 0,6% são Cristãos e 0,1% professam outras religiões.
Mesquita do Sultão Ahmet, conhecida como Mesquita Azul, em Istambul
FONTE: Ribeiro, Wagner Costa. Por dentro da geografia, 8° ano: mundo / Wagner Costa Ribeiro. 1. ed. - São Paulo: Saraiva, 2012.

sábado, 1 de junho de 2013

A TEMPERATURA DO AR ATMOSFÉRICO

  A superfície terrestre não recebe toda a energia enviada pelo Sol. Apenas parte dela (43%) chega até a superfície, que a retém por certo tempo sob a forma de calor, liberando-a depois para a atmosfera.
  A atmosfera é aquecida, em parte, pela radiação proveniente do Sol e pela radiação devolvida pela superfície (do solo para a atmosfera).
  Por isso, o aquecimento da atmosfera ocorre de forma direta e indireta. Esse aquecimento provoca um aumento na agitação das partículas dos gases que compõem a atmosfera. O estado de agitação das partículas é medido pela temperatura.
Esquema da radiação solar
  As temperaturas são registradas pelos termômetros ou termógrafos, e seus valores, expressos em graus. No Brasil, esses valores são comumente  divulgados em graus Celsius, cujo símbolo é °C.
  As temperaturas sofrem variações de um lugar para outro principalmente por causa das diferenças de latitude (distância ou proximidade do Equador), da altitude e do aquecimento desigual das terras e das águas.
Mapa da temperatura média anual no planeta
VARIAÇÕES DAS TEMPERATURAS CONFORME A LATITUDE
  Tendo por base a linha do Equador, conforme se distancia dessa linha, a latitude vai aumentando e as temperaturas vão diminuindo.
  Isso acontece porque, em razão da forma geoide da Terra, os raios solares atingem a superfície terrestre de forma diferenciada. À área próxima da linha do Equador, atingida mais diretamente, recebe maior quantidade de calor.
  À medida que se caminha em direção aos círculos polares, o aquecimento vai se tornando menor. Por causa da curvatura da Terra, essas regiões recebem os raios solares de maneira inclinada.
Incidência dos raios solares no planeta Terrra
A INFLUÊNCIA DA ALTITUDE SOBRE AS TEMPERATURAS
  A altitude é outro fator que provoca alteração nas temperaturas.
  A temperatura diminui com o aumento da altitude. A cada 200 metros, a temperatura diminui em média 1°C. É por isso que lugares situados na zona intertropical da Terra, mas com altitudes superiores a cinco mil metros, permanecem cobertos de neve. Isso ocorre porque à medida que a altitude vai aumentando, diminui a circulação de gases e, consequentemente, a temperatura. A altitude também influencia na vegetação e na precipitação.
Efeito da altitude na vegetação e na temperatura
AQUECIMENTO DESIGUAL DAS TERRAS E DAS ÁGUAS
  Outro fator que condiciona a alteração das temperaturas na superfície terrestre é a desigualdade no aquecimento das terras e das águas.
  Os continentes se aquecem mais rapidamente que os oceanos. Quando os continentes já estão liberando o calor recebido, os oceanos ainda estão se aquecendo, para depois liberar, por meio da irradiação, o calor recebido. Por causa dessa diferença de aquecimento entre as terras e as águas, ocorrem constantes trocas de ar quente e ar frio entre os continentes e os oceanos. Em razão desse fenômeno de troca de calor entre terras e águas, as regiões litorâneas apresentam menores variações de temperatura do que as regiões do interior dos continentes.
Efeito da continentalidade e maritimidade
FONTE: Lucci, Elian Alabi. Geografia: homem & espaço, 6° ano / Elian AlabiLucian, Anselmo Lázaro Branco. -  22. ed. - São Paulo: Saraiva, 2010.

sexta-feira, 31 de maio de 2013

A NOVA GUERRA DO GOLFO

  Na história recente do Iraque, houve dois conflitos armados relacionados à posse do petróleo e ao controle geopolítico da região: a Primeira Guerra do Golfo e a invasão do Iraque, também chamada de Segunda Guerra do Golfo.
  Após o fim da Guerra Irã-Iraque (1980-1989), o Iraque estava arrasado e bastante endividado. Boa parte de suas dívidas tinham como credor o Kuwait, país localizado ao sul do seu território.
  No início dos anos 1990, o Iraque pressionava a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) para diminuir a produção petrolífera e aumentar o preço desse produto como forma de adquirir mais recursos para sua reconstrução, fato este atendido pela organização. Mas o Kuwait aumentou sua produção, não seguindo as cotas da OPEP, e ainda resolveu retirar petróleo dos campos iraquianos. Além disso, o Kuwait tinha uma infraestrutura portuária muito melhor que a iraquiana, que tivera grande parte dela destruída na guerra dos anos 1980.

  Assim, com o intuito de aumentar seu poder regional e obter uma saída para o Golfo Pérsico, o presidente iraquiano, Saddam Hussein, invadiu o Kuwait e anexou-o ao seu território.
Saddam Hussein (1937-2006) - ex-presidente iraquiano
  A resposta dos países árabes e dos Estados Unidos foi rápida, exigindo sanções da ONU, entre elas um embargo comercial e a autorização para o envio de tropas. No início de 1991, forças militares norte-americanas e aliadas invadiram o Kuwait para retaliar dali as tropas iraquianas. A invasão por uma coalizão liderada pelos Estados Unidos foi conhecida como Operação Tempestade no Deserto e pôs fim à ocupação do Iraque no Kuwait. Vários países da região abrigaram tropas estadunidenses em seu território, principalmente o Kuwait, que permaneceu controlado pelos Estados Unidos por um bom tempo.
Operação Tempestade no Deserto
  Em 1991, ao fim da primeira Guerra do Golfo, a economia iraquiana estava arrasada e o país, submetido a forte bloqueio econômico. A ONU criou o programa "Petróleo por alimentos" em 1996. Essa iniciativa visava permitir que o Iraque vendesse petróleo para o mercado mundial em troca de alimentos, medicamentos e outras necessidades básicas. A intenção declarada era garantir as necessidades dos cidadãos iraquianos comuns, prejudicados pelo bloqueio econômico, mas não permitir que o país reestruturasse suas forças militares.
Caças norte-americanos e artilharia antiaérea iraquiana combatem na madrugada de 18 de janeiro de 1991 em Bagdá, capital do Iraque
  As primeiras entregas chegaram em março de 1998. O programa usava um sistema de depósito pelo qual o dinheiro da venda do petróleo do Iraque era pago pelo comprador em uma conta  não acessível pelo governo iraquiano. Desse dinheiro, uma parte servia para pagar indenizações por danos causados ao Kuwait, e outra parte era para ajudar no pagamento dos gastos das forças vitoriosas e outros gastos das Nações Unidas com o Iraque. O dinheiro restante - se houvesse - permanecia na conta.
  A intenção dos Estados Unidos e de seus aliados era enfraquecer o ditador Saddam Hussein, mas quem sofria era a população iraquiana. Ao final da primeira Guerra do Golfo, o país foi dividido com a criação de Zonas de Exclusão aérea no norte e no sul. Segundo os Estados Unidos e seus aliados - França e Reino Unido, principalmente -, elas visavam proteger as minorias iraquianas que eram contra Saddam Hussein, como os curdos, no norte, e os xiitas, no sul.
Mapa da divisão do Iraque entre os Estados Unidos e seus aliados
  Logo após a primeira Guerra do Golfo, os Estados Unidos iniciaram uma campanha internacional que acusava Saddam Hussein, ditador iraquiano, de possuir armas químicas e nucleares de destruição em massa, que colocavam em risco a segurança mundial.
  A pressão cresceu após o ataque às Torres Gêmeas (World Trade Center), e Saddam Hussein foi acusado pelos Estados Unidos de ajudar os terroristas. Finalmente, vendo que eram inúteis seus esforços para convencer a ONU a invadir o Iraque, os Estados Unidos, com 30 países aliados (Itália, Reino Unido, Espanha, Austrália e outros 26, com poucos soldados), iniciaram o ataque em março de 2003. Em poucas semanas as tropas iraquianas foram derrotadas, e o país foi ocupado pelas forças estrangeiras.
Blindados norte-americanos em Bagdá, em 2003
  Diferentemente da primeira Guerra do Golfo, esse conflito não teve apoio da ONU, o que acarretou muitas críticas. A principal acusa os Estados Unidos de usarem argumentos falsos (não foram encontradas armas de destruição em massa) para invadir um país riquíssimo em petróleo, pois sua economia é muito dependente desse recurso.
FONTE: Tamdjian, James Onnig. Estudos de geografia: o espaço do mundo II, 9º ano / James Onnig Tamdjian, Ivan Lazzari Mendes. - São Paulo: FTD, 2012.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

A INDÚSTRIA NA REGIÃO NORTE

  A partir da década de 1960, houve um crescimento marcante da atividade industrial na região Norte, pois o governo passou a incentivar a instalação de indústrias no local.
  A atividade industrial foi estimulada com a criação de um distrito industrial localizado na cidade de Manaus (Amazonas), o qual recebeu o nome de Zona Franca. Esse nome deve-se ao fato de que as mercadorias nele produzidas são comercializadas sem a cobrança de impostos. A isenção de impostos, entre outros benefícios oferecidos pelo governo, atraiu para a Zona Franca muitas empresas nacionais e, principalmente, transnacionais. As indústrias mais importantes nessa área são as montadoras de aparelhos eletrônicos (computadores, televisores, relógios, aparelhos de som e vídeo), de motocicletas e bicicletas, e, ainda, as indústrias do setor madeireiro. Esses produtos abastecem sobretudo o mercado brasileiro, mas parte deles é exportada.
Visão noturna de Manaus - AM
  O gasoduto Coari-Manaus, leva o gás natural da província de Urucu em Coari até Manaus. A principal finalidade desse insumo é a produção de energia elétrica em termelétricas, que atende a capital e cidades vizinhas. A extração de petróleo e gás natural ocorre no campo de Urucu, em Coari, com o processamento e distribuição a partir da Refinaria Isaac Saabbá ou REMAN - Refinaria de Manaus, como é mais conhecida. A refinaria está localizada na área ribeirinha de Manaus e foi inaugurada às margens do Rio Negro com o nome de Companhia de Petróleo da Amazônia.
REMAN - Refinaria de Manaus
ZONA FRANCA DE MANAUS
  Criada com o objetivo de estabelecer um polo industrial na Amazônia brasileira, a Zona Franca de Manaus ampliou a atividade na região, atraiu grande número de empresas nacionais e estrangeiras e gerou milhares de empregos diretos e indiretos.
  Contudo, está previsto pela Emenda Constitucional n° 42, de 19 de dezembro de 2003, que, no ano de 2023, termina a vigência desse conjunto de estratégias, como incentivos fiscais (a exemplo da isenção de impostos) que deixarão de ser oferecidos às indústrias instaladas na Zona Franca. No entanto, há uma proposta em tramitação no Congresso Nacional de estender esse conjunto de estratégias por mais 50 anos.
  A intenção é transformar a Zona Franca de Manaus em um centro exportador. Atualmente, as empresas comercializam a maior parte de seus produtos no mercado interno. As empresas tanto podem permanecer em Manaus, como podem se transferir para outros locais. Sem essas indústrias, seriam extintos mais de 110 mil empregos diretos, o que comprometeria de maneira significativa a economia da região.
Zona Franca de Manaus
  Outro centro industrial importante da região localiza-se em Belém, no Pará. Nessa área destacam-se as indústrias alimentícias, têxteis, madeiras e de bebidas, além de fiações e tecelagens. Essa produção atende principalmente o mercado local e regional. Em Barcarena, nas proximidades de Belém, destaca-se também o complexo metalúrgico de Albras, empresa que transforma em alumínio a bauxita que é extraída na serra dos Carajás.
Belém - PA
  O Parque Industrial de Icoaraci, em Belém, abriga os ramos de pesca, madeira, palmito e marcenaria, principalmente. Porém, o que mais se destaca nesse distrito é o polo de artesanato em cerâmica, instalado no bairro de Paracuri, onde se produzem réplicas de vasos típicos de antigas nações indígenas, como a Marajoara e a Tapajônica. O Polo Siderúrgico de Marabá é um importante produtor de ferro gusa.
Visão noturna de Marabá - PA
  Em Rondônia, destacam-se as indústrias madeireira e de processamento de alimentos, com destaque para os Distritos Industriais de Porto Velho e Ji-Paraná. O Distrito Industrial de Porto Velho produz, principalmente, produtos elétricos e de alimentos. O Distrito Industrial de Ji-Paraná está em franco processo de expansão, onde se destacam as indústrias de laticínios, serrarias, beneficiamento de alimentos, entre outras.
Porto Velho - RO
  A indústria de Roraima é pouco expressiva, destacando-se apenas o Parque Industrial de Boa Vista, que produz principalmente refrigerantes, derivados do leite e de cereais.
  No Amapá, não existe uma grande economia industrial. Apenas na cidade de Santana há um distrito industrial com um número regular de empresas. Na capital, Macapá, há algumas indústrias de beneficiamento de minerais, como cassiterita e tantalita. Em Serra do Navio há um importante centro de beneficiamento do manganês e em Calçoene, de ouro.
Macapá - AP
  As indústrias localizadas no Acre é principalmente alimentícias, com destaque para a fabricação de queijos, manteiga, refrigerantes, a transformação rudimentar de farinha de mandioca e açúcar benguê. Também se destacam as indústrias de beneficiamento da borracha, madeireira e moveleira.
  Em Tocantins destacam-se produtos derivados da agroindústria, centralizada em seis distritos instalados em cinco cidades-polos: Palmas, Araguaína, Gurupi, Porto Nacional e Paraíso do Tocantins. Palmas, possui quatro distritos industriais, sendo eles o Distrito Industrial de Palmas, o Distrito Industrial de Tocantins I, o Distrito Industrial de Tocantins II e o Distrito Industrial de Taquaralto.
Palmas - TO
FONTE: Geografia espaço e vivência: a organização do espaço brasileiro, 7° ano / Levon Boligian ... [et al.]. -- 4. ed. -- São Paulo: Saraiva, 2012

quarta-feira, 29 de maio de 2013

FORMAÇÃO DOS REINOS GERMÂNICOS

  A formação dos diversos reinos germânicos foi o resultado de um longo processo, que teve origem com a entrada dos diversos povos germânicos nos domínios do Império Romano do Ocidente.
O PERÍODO DAS MIGRAÇÕES
  O período das migrações corresponde àquele em que numerosos grupos germânicos entraram no Império de forma pacífica, fazendo acordos com o governo de Roma. Isso aconteceu nos séculos II e III, quando o governo romano estava militarmente enfraquecido.
  Nessa etapa, os germanos ocuparam terras reservadas para eles pelas autoridades romanas, e seus guerreiros tornaram-se soldados nas legiões de Roma. Alguns de seus chefes até mesmo ocuparam postos de comando.  Além disso, aos poucos, os germanos foram se integrando à sociedade romana por meio do trabalho e de casamentos.
Mapa dos reinos bárbaros
  Devido a esse contato entre os povos foi ocorrendo certa "germanização" do exército romano, assim como certa "romanização" de alguns grupos germânicos.
O PERÍODO DAS INVASÕES
  O período das invasões ocorreu entre os séculos IV e V, quando os germanos entraram no Império Romano de forma violenta.
  Um dos principais motivos que desencadearam essas invasões foi o avanço dos hunos sobre os territórios que os povos germânicos ocupavam há muito tempo, fora do Império Romano.
  Os hunos eram grupos de tribos nômades e seminômades originários da Ásia, grandes cavaleiros e guerreiros. Eles invadiram a Europa, atacando primeiramente os ostrogodos, em 375, e logo depois os visigodos.
Território do Reino dos Visigodos
  Para escapar ao ataque dos hunos, o chefe dos visigodos pediu permissão ao imperador romano Valente para que seu povo ocupasse os domínios de Roma. O imperador consentiu e milhares de visigodos atravessaram o rio Danúbio, refugiando-se no Império. Posteriormente, os visigodos passaram a saquear e pilhar aldeias e cidades romanas, iniciando o período das invasões.
  Em 455, Roma foi saqueada pelos Vândalos, outro povo de origem germânica. Depois eles abandonaram a cidade, incendiando tudo e escravizando milhares de prisioneiros romanos. Em 476, o último imperador romano foi deposto por Odoacro, líder dos hérulos. Era o fim do Império Romano do Ocidente. Esse episódio marca também o início da Idade Média.
Mapa da migrações na Europa entre os séculos II e V: Visigodos (castanho), Vândalos (verde), Lombardos (azul), Godos (vermelho), Ostrogodos (castanho-claro), Anglos (amarelo) e Hunos (preto).
FONTE: Cotrim, Gilberto, 1955 - Saber e fazer história, 6º ano / Gilberto Cotrim, Jaime Rodrigues. - 7. ed. - São Paulo: Saraiva, 2012.

terça-feira, 28 de maio de 2013

ASCENSÃO E QUEDA DO SOCIALISMO NO MUNDO

  Como sistema social, político e econômico, o socialismo foi implantado inicialmente na Rússia, em 1917, por meio de uma revolução que provocou a queda do antigo governo monarquista, e deu origem, em 1922, à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
  Da URSS, o socialismo também se estendeu para outros países do mundo. Por meio de revoluções que levaram governos autoritários ao poder, o socialismo foi implantado nos países do Leste Europeu (Hungria, Polônia, Romênia, entre outros), na China, em Cuba e também em alguns países da África e da Ásia.
Divisão contemporânea da Europa por regiões:
  Europa Setentrional
  Europa Ocidental
  Leste Europeu
  Europa Meridional
  O sistema de governo socialista caracterizou-se pelo excessivo controle do Estado na vida econômica, política e social do país. No campo econômico, esse controle foi exercido com a socialização dos meios de produção, ou seja, todas as empresas, incluindo indústrias, estabelecimentos comerciais, bancos e propriedades rurais passaram a ser controlados pelo Estado, a quem cabia também definir o valor do salário pago aos trabalhadores, o preço das mercadorias, os setores que deveriam receber mais investimentos etc.
  No plano político, o controle ocorreu com a centralização do poder por uma classe dirigente autoritária, que restringia, inclusive com o uso da força, a participação popular em movimentos organizados.
Moscou
  Após mais de 70 anos de conquistas sociais, que melhoraram de maneira significativa as condições de vida da população, o socialismo soviético começou a apresentar sinais de desgaste, com o agravamento de crises econômicas que se estenderam aos planos político e social.
  As crises econômicas foram provocadas, entre outros fatores, pelo atraso tecnológico que comprometeu seriamente a produtividade da indústria e do campo, gerando um sério problema de desabastecimento. Assim, até mesmo para comprar alimentos e produtos de primeira necessidade, a população era obrigada a enfrentar longas filas. A recuperação da economia, no entanto, foi diretamente afetada pela escassez de investimentos, comprometidos com enormes gastos na área militar durante o período da Guerra Fria.
C-47 no Aeroporto de Tempelhof em Berlim durante o Bloqueio de Berlim
  Além desses problemas, o enriquecimento de uma minoria da população, formada pelos altos funcionários do governo, associado à falta de liberdade política, desencadeou uma série de manifestações populares reivindicando reformas. Tais manifestações tornaram-se mais intensas após a queda do Muro de Berlim, em 1989, que selou a reunificação entre a Alemanha Ocidental (capitalista) e a extinta Alemanha Oriental (socialista).
O Muro de Berlim e ao fundo o Portão de Brandemburgo, em 9 de novembro de 1989
  Diante disso, o governo soviético, que desde o início da década de 1980 vinha promovendo mudanças muito tímidas, viu-se obrigado a implantar reformas mais profundas visando à abertura política e mudanças econômicas. Tais reformas acabaram culminando com a queda do socialismo soviético e o fim da União Soviética, desmembrada em 15 novos países. Esses países, com exceção da Letônia, Lituânia e Estônia, deram origem à Comunidade dos Estados Independentes (CEI).
  Logo em seguida, vários outros países, sobretudo os do Leste Europeu, também abandonaram o socialismo, incorporando-se à economia capitalista. Atualmente, são poucos os países que ainda se declaram socialistas, entre eles China, Cuba, Coreia do Norte e Vietnã.
Divisão do mundo durante a Guerra Fria
  Primeiro Mundo: países capitalistas desenvolvidos
  Segundo Mundo: países socialistas
  Terceiro Mundo: países capitalistas subdesenvolvidos
 FONTE: Garcia, Valquíria Pires. Projeto radix: geografia / Valquíria Pires Garcia, Beluce Bellucci. -- 2. ed. -- São Paulo: Scipione, 2012. -- (Coleção projeto radix)

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