segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

AS PLACAS TECTÔNICAS

  As placas tectônicas ou placas litosféricas são blocos sólidos que se dispõem um ao lado do outro e compõem a litosfera. Essas placas são limitadas por zonas de convergência, zonas de subducção e zonas conservativas.
  As placas tectônicas estão assentadas abaixo da litosfera, na camada da astenosfera, onde as condições térmicas e de pressão levam os materiais existentes nela a apresentar um estado físico que permite a movimentação desses blocos rochosos, a exemplo das rochas fundidas, que geralmente ficam a uma profundidade entre 60 e 400 quilômetros da superfície. Elas são criadas nas zonas de divergência, ou "zonas de rift", e são consumidas em zonas de subducção. É nas zonas de fronteira entre placas que se registra a grande maioria dos terremotos e erupções vulcânicas.
  Ao se movimentarem, as placas tectônicas arrastam consigo, de forma lenta, mas perceptível ao longo de uma escala de tempo geológica muito grande, as massas líquidas e continentais da superfície terrestre, trazendo mudanças na configuração dos continentes na superfície do planeta, de muitos terremotos e erupções vulcânicas.
  Abaixo temos um vídeo sobre o movimento das placas tectônicas.
  O território de alguns países, ou parte deles - como o Japão, a Turquia, a Itália, o Chile, o México e o oeste dos Estados Unidos -, localiza-se sobre as zonas de contato entre as placas. Por isso estão mais sujeitos à ocorrência de atividades vulcânicas e de abalos sísmicos do que outros países, distantes dessas zonas de contato ou colisão das placas, como é o caso do Brasil. 
  O Brasil está situado no centro da placa Sul-Americana, que atinge até 200 quilômetros de espessura. Os sismos nessa localidade raramente possuem magnitude e intensidade elevadas. No entanto, existe a ocorrência de terremotos no território brasileiro causados por desgastes na placa tectônica, promovendo possíveis falhas geológicas. Essas falhas, causadoras de abalos sísmicos, estão presentes em todo o território nacional, proporcionando terremotos de pequena magnitude.
  Porém, já foram registrados alguns terremotos de média intensidade, como foi o caso do Mato Grosso, que em 1955 chegou a medir 6,6 graus na escala Richter, no Ceará, em 1980, que registrou 5,2 graus, e no Amazonas, em 1983, que registrou 5,5 graus. Esses terremotos não provocaram danos materiais e nem vítimas, pois ocorreu em regiões de pouca concentração populacional.
  João Câmara, localizado no Agreste do Rio Grande do Norte, foi atingido por uma série de terremotos na década de 1980. O mais grave deles ocorreu no dia 30 de novembro de 1986, quando a cidade foi sacudida por um terremoto que registrou 5,1 graus na escala Richter, provocando a destruição de mais de quatro mil residências.
Casas destruídas após o terremoto de 1986, em João Câmara - RN
  Em Minas Gerais, no município de Itacarambi, um terremoto de 4,9 graus em dezembro de 2007 promoveu um tremor que durou aproximadamente 20 segundos, promoveu a derrubada de algumas casas e a desestruturação de várias residências.
  O último grande terremoto registrado no Brasil ocorreu no dia 22 de abril de 2008, quando um tremor de 5,2 graus na escala Richter foi sentido nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo, porém, não foi registrado nenhum desabamento nem a ocorrência de vítimas.
Casas destruídas pelo terremoto de Itacarambi - MG, em 2007
OS MOVIMENTOS DAS PLACAS TECTÔNICAS
  De acordo com a teoria de tectônica de placas, as placas litosféricas deslizam e às vezes colidem entre si, em uma velocidade que oscila entre 1 e 10 cm/ano. Os movimentos das placas tectônicas podem ser: divergentes, afastando-se uma das outras; convergentes, aproximando-se uma das outras; e horizontais, deslocando-se em direções contrárias.
  O movimento das placas gera diferenças de pressão e temperatura nas áreas em que ocorre o contato e são responsáveis pela fusão de material sedimentar que dá origem aos vulcões. Esse material fundido, o magma, é chamado de lava vulcânica quando jorra na superfície terrestre.
A lava vulcânica é o material fundido que sai do interior da Terra
1. Placas divergentes
  As placas divergentes se movimentam afastando-se uma das outras. Elas determinam a formação de fendas ou fissuras na crosta. Isso faz com que o magma alcance a superfície e, consequentemente, solidifique-se pelo resfriamento, formando uma lacuna que é preenchida com fragmentos de rochas oriundas do manto em estado líquido. O movimento desta placa solidifica o magma, transformando-o em rocha basáltica dando origem ao assoalho submarino, quando a erupção ocorre no fundo dos oceanos. Esse processo pode ser observado ao longo das extensas cadeias de montanhas, como é o caso da Dorsal Mesoatlântica.
Esquema de uma placa divergente
2. Placas convergentes
  As placas convergentes se deslocam para um mesmo ponto, pressionando-a. Esse movimento forma os chamados dobramentos modernos (ou montanhas jovens), as cadeias montanhosas formadas no Período Terciário da era em que estamos vivendo, a Cenozoica. Quando as duas placas se chocam a borda de uma fica debaixo da outra até chegar ao manto. Além de formar o relevo, os movimentos convergentes podem provocar a ruptura das rochas, o que propaga ondas mecânicas e causadoras de danos na superfície, como as provenientes de terremotos e vulcões. Um fenômeno natural causado pelo movimento desta placa pode ser observado na Cordilheira dos Andes, em que a grande quantidade de energia causou o soerguimento da superfície terrestre.
Esquema de uma placa convergente
3. Placas horizontais
  As placas horizontais, também chamadas transformantes, se deslocam lado a lado. Esse tipo de movimentação faz com que suas bordas se esbarrem provocando, frequentemente, atritos que podem gerar terremotos. Entretanto, os terremotos formados no encontro das placas horizontais possuem uma intensidade menor do que aqueles ocasionados pelo contato das placas convergentes. O movimento desta placa pode gerar falhas geológicas, como a encontrada na Califórnia, nos Estados Unidos. A Falha de Santo André, que se prolonga por cerca de 1.290 km através daquele estado, já produziu terremotos devastadores, como o que atingiu São Francisco em 1906, e destruiu grande parte da cidade.
Esquema de uma placa horizontal ou transformante
PRINCIPAIS PLACAS TECTÔNICAS
  São reconhecidas 52 placas tectônicas, 12 principais e 40 menores. As principais placas tectônicas são:
1. Placa Africana
  A placa Africana é a principal placa do continente africano e faz divisas com as placas Sul-Americana, do Caribe, Euroasiática, Arábica, Indo-Australiana e Antártica. No meio do Atlântico, uma falha submersa abre caminho para o magma do manto inferior, fazendo com que esse bloco se afaste progressivamente da placa Sul-Americana - com quem formava um continente único há 135 milhões de anos, a Gondwana -, e cresça de tamanho. Essa placa mede aproximadamente 65 milhões de km² e a tendência é ultrapassar esse tamanho. O choque da placa Africana com a placa Euroasiática fez surgir o mar Mediterrâneo e o Vale do Rift. 
  Todos os limites da placa Africana são divergentes, exceto o da placa Euroasiática. A placa inclui vários blocos continentais estáveis de rochas antigas, que formaram o continente africano, durante a Gondwana. Esses blocos são, de norte a sul, o Kalahari, Congo, Saara e o bloco Oeste da África.
Deserto do Kalahari, na Namíbia
  Um dos aspectos mais importantes dessa placa é o Rift Valley, no leste. A fratura da placa Africana irá separar uma parte do continente e dividir essa placa em duas: a placa de Núbia e da Somália.
  O encontro da placa Africana com a Euroasiática está fazendo com que o continente europeu comece a mergulhar sob a África, dando origem a uma nova zona de subducção com o potencial de aumentar o risco de terremotos no Mediterrâneo Ocidental. A placa Africana está se afastando em média entre 8 e 10 cm/ano da placa Sul-Americana.
Rift Valley, na Tanzânia
2. Placa Antártica
  A placa Antártica abrange toda a Antártica e a região austral dos oceanos. Faz divisa com as placas de Nazca, Sul-Americana, Africana, Indo-Australiana, Scotia e do Pacífico. Possui aproximadamente 60,9 milhões de km², sendo a quinta maior placa tectônica do mundo.
  O movimento da placa Antártica é estimado em pelo menos 1 cm/ano em direção ao oceano Atlântico. Suas fronteiras com muitas placas são formadas principalmente por cristas oceânicas, especialmente no sudoeste e sudeste dos oceanos Índico, Pacífico, Glacial Antártico e com o Chile.
  Há aproximadamente 200 milhões de anos a parte leste da placa se encontrava bem próxima do que hoje é a Austrália, a Índia e a África, se chocando com outras placas menores que ficavam do lado oeste.
Continente Antártico
3. Placa Arábica
  A placa Arábica abrange áreas da península Arábica e da Turquia, além de parte do Irã e de outros países do Oriente Médio, que sofrem bastante com terremotos originados do choque desta placa com a Euroasiática. Possui em torno de 6,5 milhões de km² e faz divisa com as placas Indo-Australiana, Africana e Euroasiática. Em tempos remotos essa placa foi responsável pela origem do Mar Vermelho.
  A região em que esta placa está localizada passou por vários processos naturais que favoreceram a formação de enormes reservas de petróleo e gás natural. Há aproximadamente 40 milhões de anos, o movimento das placas tectônicas contribuiu para o fechamento dos oceanos primitivos. A água evaporou e minúsculos vegetais marinhos se depositaram no fundo dos mares. Por meio da decomposição e do aumento da pressão e da temperatura, o material orgânico desses microrganismos deu origem às imensas reservas de petróleo existentes atualmente no Oriente Médio.
Extração de petróleo na Arábia Saudita
4. Placa Indo-Australiana
  A placa Indo-Australiana é formada por duas placas: a Australiana e a Indiana. Possui em torno de 45 milhões de km² e sobre esta placa estão assentados a Austrália, a Índia, a Nova Zelândia, parte da ilha de Nova Guiné e do Oceano Índico. Essa placa forma uma zona de convergência com a placa das Filipinas, o que contribui para o aparecimento de ilhas.
  De acordo com estudos recentes, a placa Indo-Australiana encontra-se em processo de divisão, principalmente pela colisão dessa placa com a Euroasiática ao longo da cordilheira do Himalaia. A parte oriental (Austrália) está se movendo em direção ao norte, a uma taxa de 5,6 centímetros por ano, enquanto a parte ocidental (Índia) está se movendo a uma taxa de 3,7 centímetros por ano por causa do Himalaia. Este movimento diferencial dá lugar a uma compressão da placa perto do seu centro em Sumatra, na Indonésia.
Cordilheira do Himalaia, no Nepal
5. Placa do Caribe
  A placa do Caribe, também chamada de placa das Caraíbas, cobre uma área de 3,2 milhões de km², inclui uma parte da América Central Continental e constitui o fundo do Mar do Caribe. Essa placa faz divisa com as placas Norte-Americana, Sul-Americana e de Cocos, e está se movendo na direção sudeste. Sobre a borda desta placa existe uma intensa atividade sísmica com presença de alguns vulcões ativos.
  A placa do Caribe possui várias falhas geológicas, a falha de Motagua, na Guatemala, das ilhas Swan (Honduras), Túmulo Cayman (pequena elevação divergente no fundo do mar do Caribe), em Cuba e o Trench Puerto Rico (trincheira marinha localizada na fronteira entre o mar do Caribe e o Oceano Atlântico).
  A zona de subducção existente nessa placa é responsável pela ocorrência do arco de ilhas vulcânicas existentes nas Pequenas Antilhas, que vai das Ilhas Virgens até a costa da Venezuela. Nesta área encontram-se vários vulcões ativos, como o Soufriere Hils em Montserrat, Monte Pelée em Martinica, o La Grande Soufriere em Guadalupe, o Soufriere São Vicente em São Vicente e Granadina, e o Kick-'em-Jenny em Granada.
Monte Pelée - Martinica
6. Placa de Cocos
  A placa de Cocos localiza-se no oceano Pacífico, na costa oeste da América Central e faz limites com as placas do Pacífico, de Nazca, Norte-Americana e do Caribe. Possui uma área de cerca de 3,4 milhões de km² e fazia parte, junto com a placa de Nazca, da antiga placa de Farallon, que se fragmentou há cerca de 23 milhões de anos atrás. Depois da fissura, a placa foi empurrada para leste, fundindo-se em algumas partes com a placa do Caribe, num processo chamado de subducção, criando um arco vulcânico na América Central Continental (Guatemala e Costa Rica) e em parte do México.
  Na parte sul da placa de Cocos ocorre a dorsal de Cocos, uma cordilheira submarina que vai do Panamá até a ilha de Galápagos, onde nessa ilha está o hotspot Galápagos (arco de vulcões ativos e inativos).
Ilha de Galápagos
7. Placa Euroasiática
  A placa Eurasiática possui uma área de cerca de 100 milhões de km² e é a maior das placas tectônicas, compreendendo quase toda a Eurásia, com exceção do Subcontinente Indiano, da Península Arábica e de parte da Sibéria. Limita-se com as placas Norte-Americana, Africana, Arábica, Indo-Australiana, do Pacífico, das Filipinas, além das placas menores de Okhotsk e Amuria. Essa placa divide-se em Euroasiática Ocidental e Euroasiática Oriental.
  A placa Euroasiática Ocidental possui uma área de cerca de 60 milhões de km² e nela estão localizadas o continente europeu e o oeste do continente asiático. O choque entre essa placa e a Indo-Australiana originou-se a Cordilheira do Himalaia, no sul da Ásia, onde há mais de 100 montanhas com altitudes superiores a 7 mil metros.
  A placa Euroasiática Oriental possui uma área de cerca de 40 milhões de km² e nesse bloco se localiza a parte leste do continente asiático. Essa placa forma uma zona de convergência com as placas das Filipinas e do Pacífico, formando a zona com a maior intensidade de atividades vulcânicas e sísmicas do planeta.
Monte Evereste - a montanha mais alta do mundo
8. Placa das Filipinas
  A placa das Filipinas possui uma área de cerca de 7 milhões de km², e nas zonas de seus limites concentram-se quase a metade de todos os vulcões ativos do planeta. Essa placa faz limites com as placas Euroasiática, Indo-Australiana, do Pacífico e de Amuria e Okhotsk.
  A leste dessa placa, uma zona de subducção com a placa do Pacífico deu origem à Fossa das Marianas, o ponto mais profundo do planeta Terra. O ponto mais setentrional dessa placa é a península de Izu, no Japão, onde encontra-se o monte Fuji.
Monte Fuji - ponto culminante do Japão
9. Placa de Nazca
  A placa de Nazca possui uma área de cerca de 10 milhões de km² e está situada à esquerda da América do Sul, ao lado da cordilheira dos Andes. Essa placa faz fronteira com as placas da Antártica, Sul-Americana, de Cocos, do Pacífico e do Caribe. A zona leste da placa de Nazca está dentro de uma zona de subducção com a placa Sul-Americana, que deu origem à Cordilheira dos Andes. Nessa área há uma intensa atividade sísmica e vulcânica. O limite sul da placa, na fronteira com a placa da Antártica, forma a dorsal do Chile.
Machu Pichu - Peru
10. Placa Norte-Americana
  A placa Norte-Americana possui uma área de aproximadamente 70 milhões de km² e abrange a América do Norte, a Groenlândia, as ilhas de Cuba e das Bahamas, parte ocidental do Oceano Atlântico, parte do Oceano Glacial Ártico e o leste da Sibéria. Faz limite com as placas Euroasiática, de Cocos, do Caribe, Africana, Sul-Americana e do Pacífico.
  Nos últimos tempos (em termos geológico), a placa Norte-Americana vem passando por um processo de subducção com duas outras placas menores (de Kula e a placa Farallon, que desapareceram completamente). O contato entre as placas do Pacífico com a Norte-Americana originou a falha de San Andreas, bem como o choque dessas placas com outras placas originou também o conjunto de montanhas denominados de Montanhas Rochosas.
Montanhas Rochosas, no Colorado - EUA
11. Placa do Pacífico
  A placa do Pacífico possui uma extensão de cerca de 70 milhões de km² e abrange a maior parte do oceano Pacífico. Ao norte ela faz divisas com algumas placas menores, como as placas do Explorador, de Juan Fuca e de Gorda. Estes conflitos geram fissuras na litosfera. Também faz limite com as placas Norte-Americana, de Cocos, Nazca, das Filipinas, Antártica, Indo-Australiana, além de outras placas menores. É a maior placa oceânica e, junto com a placa Norte-Americana, forma uma zona de convergência que é a principal responsável pela ocorrência da Falha de San Andreas.
Falha de San Andreas, na Califórnia - EUA
12. Placa Sul-Americana
  A placa Sul-Americana é uma placa continental que inclui toda a América do Sul e se estende para leste até a Dorsal Média Atlântica. Possui uma extensão de aproximadamente 32 milhões de km² e faz limite com as placas Africana, Antártica, do Caribe, Nazca e outras placas menores. O Brasil está localizado no centro dessa placa, o que explica a inexistência de dobramentos modernos no país.
  A placa Sul-Americana faz um limite divergente com a placa Africana, provocando o afastamento em torno de 5 a 10 cm/ano das duas placas. Esse afastamento vem aumentando o tamanho da dorsal Meso-Oceânica do Atlântico. À medida que se afasta da placa Africana, a placa Sul-Americana vai se aproximando cada vez mais da placa de Nazca, provocando a cada ano a elevação da Cordilheira dos Andes.
Dorsal Meso-Oceânica do Atlântico
 FONTE: Antunes, Celso Avelino. Geografia e participação: 6° ano / Celso Avelino Antunes, Maria do Carmo Pereira e Maria Inês Vieira. - 2. ed. - São Paulo: IBEP, 2012.

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