A Conservação Internacional (CI) é uma organização não governamental sediada em Washington D.C. (EUA), que visa a proteção dos hotspots de biodiversidade (região biogeográfica) da Terra, áreas selvagens ou regiões marinhas de alta biodiversidade ao redor do globo. O grupo também é conhecido por suas parcerias locais com ONGs e povos indígenas.
A CI foi fundada em 1987 e possui mais de 900 funcionários. Seu trabalho se desenvolve em mais de 40 países, principalmente nos países em desenvolvimento na África, na Orla do Pacífico e nas florestas tropicais das Américas do Sul e Central.
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Marca da Conservação Internacional |
A Conservação Internacional, organização que atua na defesa da biodiversidade do planeta, lançou uma lista dos dez locais mais ameaçados do mundo em 2011. Esta iniciativa tem como objetivo chamar a atenção para a necessidade de se proteger as florestas com maior chance de desaparecer do mapa. Todos os dez locais mais críticos já perderam 90% ou mais de sua cobertura original. Cada um deles abriga pelo menos 1,5 mil espécies de plantas endêmicas (nativas dessas regiões). A Mata Atlântica brasileira, da qual resta menos de 8% da cobertura original, aparece na lista ocupando a quinta posição.
As florestas são responsáveis por abrigar 80% da biodiversidade do mundo, garantir o sustento de 1,6 bilhão de pessoas e prover os mais importantes reservatórios de água doce do planeta. Somente as dez florestas ameaçadas, juntas, armazenam mais de 25 gigatoneladas de carbono, auxiliando na diminuição dos efeitos da mudança climática.
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Mapa do Brasil mostrando o que era e o que resta da Mata Atlântica |
A Conservação Internacional ainda ressalta a importância de se manter as florestas saudáveis, devido ao seu capital natural, ao oferecimento dos melhores meios econômicos para enfrentar os diversos desafios ambientais trazidos pela mudança climática e à crescente demanda por produtos florestais.
O objetivo do estudo, segundo a Conservação Internacional é encorajar os países a definirem novas estratégias de proteção aos biomas, exaltando o fato de que também é possível obter benefícios econômicos mantendo a floresta em pé.
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Em vermelho estão as áreas mais ameaçadas do planeta |
As dez florestas mais devastadas são:
1. Regiões da Indo-Birmânia
Localizada na região da Ásia-Pacífico (Tailândia, Mianmar, Laos, Camboja, Vietnã e Índia) essa região é formada por florestas latifoliadas tropicais e/ou subtropicais úmidas, possui rios e pântanos importantes para a conservação da fauna. Boa parte dos rios foi represada para a instalação de usinas hidrelétricas e muitos mangues foram transformados em reservatórios com interesses econômicos. Possuía uma extensão total de 2.373.057 km², mais de sete mil plantas, 73 mamíferos, 73 aves e 343 répteis e anfíbios endêmicos.
Os rios e pântanos desta área da Ásia são extremamente importantes para a conservação de aves, tartarugas e peixes de água doce, incluindo alguns dos maiores peixes da água doce do mundo. Atualmente, resta menos de 5% de sua cobertura vegetal.
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Vegetação em colinas ao longo do rio Mekong, em Laos |
2. Nova Zelândia
Na Nova Zelândia, florestas latifoliadas tropicais e subtropicais úmidas abrigam mamíferos e répteis que não são encontrados em nenhum outro lugar do planeta. A caça e a destruição dos habitats dessas florestas causaram a extinção de algumas espécies. Com a caça e a destruição de habitats nos últimos duzentos anos houve a extinção de inúmeras espécies de aves, invertebrados e plantas. Na Nova Zelândia existem 1.865 plantas, dois mamíferos, 89 aves e 41 répteis e anfíbios endêmicos. Atualmente, restam menos de 5% dessa vegetação no país. As poucas áreas remanescentes dessas florestas estão em lugares de difícil acesso nos Alpes Neozelandeses.
O Departamento de Conservação da Nova Zelândia desenvolveu um programa de preservação, visando minimizar o impacto ambiental em seu território. Seus objetivos englobam a regeneração da floresta natural, o uso da energia solar e a reciclagem do lixo.
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Vegetação da Ilha do Norte - Nova Zelândia |
3. Sunda (Indonésia, Malásia e Brunei)
A área de Sunda é composta por florestas latifoliadas tropicais e subtropicais, possui uma extensão territorial de 1.501.063 km² e abriga 17 mil ilhas equatoriais, sendo as duas maiores, as ilhas de Bornéu e Sumatra. Suas florestas estão sendo dizimadas para o uso comercial, para a produção de borracha, óleo de dendê e celulose, além de outros cultivos agrícolas. Essa região abriga 15 mil plantas, 173 mamíferos, 146 aves e 416 répteis e anfíbios endêmicos, e atualmente possui menos de 7% do habitat remanescente.
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Plantação de chá em área de floresta na Malásia |
4. Filipinas
Considerado um dos países mais ricos em biodiversidade do mundo, as Filipinas vêm tendo suas florestas dizimadas por causa das intensas atividades madeireiras e agrícolas, além do crescimento populacional, que provocaram a destruição de cerca de 93% de suas florestas latifoliadas tropicais e subtropicais úmidas, que cobriam juntas cerca de 297.179 km². As Filipinas possui 6.091 plantas, 102 mamíferos, 185 aves e 234 répteis e anfíbios endêmicos.
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Montanhas com vegetação destruída nas Filipinas |
5. Mata Atlântica (América do Sul)
Composta por uma floresta latifoliada tropical e subtropical densa, a Mata Atlântica já esteve presente em praticamente toda a costa brasileira, indo do nordeste do Rio Grande do Sul até o norte do litoral nordestino, além de áreas no leste do Paraguai e na província de Missiones, na Argentina, abrigando cerca de vinte mil espécies de plantas.
Essa vegetação desenvolveu-se graças à umidade trazida pelos ventos que sopram do mar. A maior parte das espécies tem folhas perenes (permanecem verdes o ano todo). Possui uma grande biodiversidade, convivendo nessa floresta árvores gigantescas, como jequitibás e figueiras, e grande variedade de palmeiras, folhagens, arbustos, além de musgos e fungos.
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Vegetação de Mata Atlântica na Serra do Mar, no Paraná |
Durante séculos, a Mata Atlântica manteve-se vigorosa e com grande poder de regeneração. Enquanto a natureza esteve em equilíbrio, a própria floresta se encarregava de cobrir rapidamente as clareiras abertas pela queda de alguma grande árvore. Atualmente, menos de 8% da cobertura original continua em pé, a maior parte em pequenos fragmentos de floresta secundária.
No Brasil, restam menos de 7% de sua cobertura original, sendo a maior parte na Serra do Mar. A destruição da Mata Atlântica começou no início da colonização europeia, com a extração do pau-brasil e, posteriormente com o cultivo da cana-de-açúcar e da atividade cafeeira. Atualmente, a urbanização é o principal responsável pela destruição da Mata Atlântica.
A Mata Atlântica possui cerca de 8 mil espécies de plantas, 270 de mamíferos, 992 de aves, 569 de répteis e anfíbios e 350 espécies de peixes endêmicos.
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As linhas amarelo escuro representa a área coberta pela Mata Atlântica |
6. Montanhas do Centro-Sul da China
As montanhas do Centro-Sul da China cobrem uma área de 262.446 km² e inclui uma grande diversidade de habitats, uma das maiores taxas de endemismo do mundo e a maior parte dos sistemas hídricos da Ásia. É composta por uma floresta de coníferas temperadas, e o seu principal problema ambiental é a construção de barragens para a obtenção de energia, além das atividade ilegais de caça, coleta de lenha e pastagens. Atualmente, menos de 8% da vegetação nativa continua intacta. Essa região abriga 3.500 plantas, cinco mamíferos, uma ave e 55 répteis e anfíbios endêmicos.
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Montanhas do Centro-Sul da China |
7. Província Florística da Califórnia (EUA)
A Província Florística da Califórnia, possui uma área de 293.804 km², é formada por florestas latifoliadas tropicais e subtropicais úmidas, possui um clima mediterrâneo e abriga o maior organismo vivo do planeta, a sequoia gigante. É também o local de maior reprodução de aves dos Estados Unidos. Essa região é o lar de 3.500 espécies diferentes de plantas, sendo 61% delas endêmicas. Os principais problemas que ameaçam essa província são a expansão de áreas urbanas, a poluição, a agricultura comercial e a construção de estradas. Atualmente, a região possui menos de 10% de seu habitat natural.
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Sequoias localizadas no Sequoia National Park, na Califórnia - EUA |
8. Florestas Costeiras da África Oriental (Somália, Quênia e Tanzânia)
Espalhadas pela Somália, Quênia e Tanzânia, essas florestas ocupavam uma área de 291.250 km², e possuem uma grande diversidade de espécies endêmicas, que sofrem com um solo pobre e o crescimento populacional. Apesar de pequenos e fragmentados, os remanescentes que formam as Florestas Costeiras da África Oriental contêm níveis extraordinários de biodiversidade. São 1.750 plantas, 11 mamíferos, 12 aves e 62 répteis e anfíbios endêmicos. Os primatas são espécies-símbolo da região. A expansão agrícola continua sendo a principal ameaça para essas florestas, principalmente a agricultura de subsistência e a comercial. Atualmente restam menos de 10% de sua cobertura vegetal.
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Área que antes era ocupada pela Floresta Costeira na Tanzânia |
9. Madagascar e ilhas do Oceano Índico (África)
Essas ilhas juntas compreendem uma área de 600.461 km² e possuem diversos animais que não são encontrados no continente. São 11.600 plantas, 144 mamíferos, 183 aves e 593 répteis e anfíbios endêmicos. Menos de 10% da área de floresta conseguiu resistir às pressões do crescimento populacional e das atividades mineradoras, agrícolas e de extração não sustentável de madeira, além da caça e da pesca predatória. Este hotspot é um exemplo vivo da evolução de espécies em isolamento e contém uma exuberante coleção de espécies, com altos níveis de endemismo.
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Área desmatada em Madagascar |
10. Florestas de Afromontane (África)
As Florestas de Afromontane possuem uma área total de 1.017.806 km² e é uma sub-região de montanhas descontínuas e separadas uma das outras por zonas baixas. Essas florestas possuem uma flora única e abrigam alguns dos lagos mais belos do mundo. A agricultura, especialmente as grandes plantações de banana, feijão e chá, é a principal ameaça desse ecossistema, seguida do comércio, da caça predatória e da extração ilegal de madeira. O Vale do Rift abriga uma grande variedade de plantas, mamíferos, aves, peixes e anfíbios endêmicos. São 2.356 plantas, 104 mamíferos, 110 aves, 172 répteis e anfíbios e 617 espécies de peixes endêmicas vivendo nessas florestas. Atualmente existe menos de 11% da floresta remanescente.
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Montanhas Semien, na Etiópia |
FONTE: Perspectiva geografia, 6 / Cláudia Magalhães ... [et al.]. - 2. ed. - São Paulo: Editora do Brasil, 2012. - (Coleção perspectiva).
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