Última rodada de debates definiu três propostas sobre o tema, que serão apresentadas aos líderes mundiais
O tema Oceanos reuniu dez debatedores, brasileiros e estrangeiros, entre acadêmicos, empresários e representantes de Organizações Não-Governamentais na última sessão dos Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável. Do encontro, saíram três recomendações que serão apresentadas aos Chefes de Estado e de Governo durante o Segmento de Alto Nível da Rio + 20, que se inicia dia 20 de junho. Lançar um acordo global para salvar a biodiversidade marina em alto-mar. Esta foi a proposta eleita pelos cerca de mil membros da sociedade civil presentes no Rio Centro. Evitar poluição dos oceanos pelo plástico por meio da educação e da colaboração comunitária foi a recomendação eleita pelas votações realizadas pela Internet, encerradas no dia 15 de junho. Os debatedores, por sua vez, decidiram unir duas recomendações das que vieram da plataforma online: desenvolver uma rede global de áreas marinhas protegidas internacionais; e a criação de mecanismos de governança global dos oceanos para preservar a biodiversidade e os recursos genéticos em um cenário de crescente nacionalização do ambiente marinho. A redação final será feita pelos organizadores.
O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República do Brasil, Gilberto Carvalho, encerrou os Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável. "Nós podemos dizer, hoje, que a Rio + 20 é a maior conferência da história das Nações Unidas em termos de envolvimento popular. Este método de participação veio para ficar", afirmou Carvalho. Ele informou que, em média, cada sessão contou 1,3 mil votos do público.
A pesca predatória e sem controle foi apontado pelos participantes como um dos grandes desafios para salvar o ecossistema dos oceanos. Margareth Nakato, representante do World Fishermen Forum, defendeu as pequenas comunidades pesqueiras que, segundo ela, são as mais vulneráveis às mudanças climáticas. "Para saber se os oceanos estão bem, precisamos ver se os peixes estão bem. Os peixes não vão bem.", disse Ussif Rashid Sumaila, diretor da Fisheries Centre e Fisheries Economics Research Unit da British Columbia University. Ele acrescentou que é uma ilusão o homem acreditar que pode produzir peixes em fazendas marítimas tão bem quanto a natureza.
A poluição dos mares com os resíduos deixados pelos navios e os plásticos também é vista pelos especialistas como algo que precisa envolver governos e sociedade. "A total falta de governança sobre os oceanos impede que essas questões sejam tratadas com clareza. Precisamos investir na pesquisa sobre os reais impactos causados nos mares por essa poluição", disse o representante do Global Ocean Forum, Richard Delaney. Shaj Thayil, vice-presidente da Technical Services and Ship Management, apresentou números relevantes para discussão: 80% do lixo do mundo vai para o mar, uma garrafa plástica demora 450 anos para se decompor e os oceanos absorvem um terço das emissões de gás carbônico do mundo, ressaltando que isso leva a acidificação dos mares. "A acidificação tornará os oceanos irreconhecíveis.", reforçou Robin Mahon, professor da University of West Indies.
"Nós não herdamos a Terra dos nossos antepassados. Nós só a pegamos emprestada das gerações futuras", encerrou Shaj Thayil, fazendo uso do provérbio indiano.
O tema Oceanos reuniu dez debatedores, brasileiros e estrangeiros, entre acadêmicos, empresários e representantes de Organizações Não-Governamentais na última sessão dos Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável. Do encontro, saíram três recomendações que serão apresentadas aos Chefes de Estado e de Governo durante o Segmento de Alto Nível da Rio + 20, que se inicia dia 20 de junho. Lançar um acordo global para salvar a biodiversidade marina em alto-mar. Esta foi a proposta eleita pelos cerca de mil membros da sociedade civil presentes no Rio Centro. Evitar poluição dos oceanos pelo plástico por meio da educação e da colaboração comunitária foi a recomendação eleita pelas votações realizadas pela Internet, encerradas no dia 15 de junho. Os debatedores, por sua vez, decidiram unir duas recomendações das que vieram da plataforma online: desenvolver uma rede global de áreas marinhas protegidas internacionais; e a criação de mecanismos de governança global dos oceanos para preservar a biodiversidade e os recursos genéticos em um cenário de crescente nacionalização do ambiente marinho. A redação final será feita pelos organizadores.
O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República do Brasil, Gilberto Carvalho, encerrou os Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável. "Nós podemos dizer, hoje, que a Rio + 20 é a maior conferência da história das Nações Unidas em termos de envolvimento popular. Este método de participação veio para ficar", afirmou Carvalho. Ele informou que, em média, cada sessão contou 1,3 mil votos do público.
Gilberto Carvalho
O moderador Philippe Cousteau abriu a sessão com uma declaração que seu avô, Jacques Cousteau, fez há 20 anos, na Rio 92. "Destaco a importância das delegações redigirem decisões originais." Segundo Philippe, a participação da sociedade civil por meio dos Diálogos da Rio + 20 é a essência desta inovação. A falta de um entendimento internacional sobre a proteção dos oceanos foi o ponto mais destacado pelos debatedores convidados. Jean-Michel Cousteau ressaltou que 70% do planeta é água e 65% dos oceanos são uma terra de ninguém, onde todos fazem o que querem. Cousteau ainda acrescentou que esta é a grande oportunidade da comunidade internacional criar uma regulamentação para os oceanos.
Philippe Cousteau
"Na Eco-92, acreditava-se que os oceanos eram infinitos. Hoje, sabe-se muito bem que isso não é verdade, e ainda não fizemos nada. Essa pode ser a nossa última chance.", enfatizou Sylvia Earle, fundadora da Fundação Mission Blue. A bióloga marinha da Western Austrália University, Asha de Vos, disse que a agenda dos oceanos é urgente. "Isso é imediato! Para amanhã, porque não temos mais 20 anos". Ela defende que a comunidade mundial se organize para atingir o objetivo que dissemina o conhecimento por meio das novas mídias disponíveis.
Sylvia Earle
Grande defensor de que a reversão dos impactos ambientais reside na ciência e tecnologia, Segen Farid Estefen, professor da COPPE-UFRJ, ressaltou que os oceanos são uma enorme fonte de energia renovável. "A energia criada pelas ondas, marés e mudanças de temperatura da água excede a necessidade do mundo." Arthur Bogason, presidente da Associação Nacional de Proprietários de Pequenas Embarcações da Islândia, concorda e acrescenta que é preciso unir tecnologia com o conhecimento tradicional. "As pesquisas costais são as mais sustentáveis. Criam três vezes mais empregos, sem perda de lucro, e seus pequenos barcos consomem até 10 vezes menos combustível. Até a fabricação dessas embarcações é local."A pesca predatória e sem controle foi apontado pelos participantes como um dos grandes desafios para salvar o ecossistema dos oceanos. Margareth Nakato, representante do World Fishermen Forum, defendeu as pequenas comunidades pesqueiras que, segundo ela, são as mais vulneráveis às mudanças climáticas. "Para saber se os oceanos estão bem, precisamos ver se os peixes estão bem. Os peixes não vão bem.", disse Ussif Rashid Sumaila, diretor da Fisheries Centre e Fisheries Economics Research Unit da British Columbia University. Ele acrescentou que é uma ilusão o homem acreditar que pode produzir peixes em fazendas marítimas tão bem quanto a natureza.
A poluição dos mares com os resíduos deixados pelos navios e os plásticos também é vista pelos especialistas como algo que precisa envolver governos e sociedade. "A total falta de governança sobre os oceanos impede que essas questões sejam tratadas com clareza. Precisamos investir na pesquisa sobre os reais impactos causados nos mares por essa poluição", disse o representante do Global Ocean Forum, Richard Delaney. Shaj Thayil, vice-presidente da Technical Services and Ship Management, apresentou números relevantes para discussão: 80% do lixo do mundo vai para o mar, uma garrafa plástica demora 450 anos para se decompor e os oceanos absorvem um terço das emissões de gás carbônico do mundo, ressaltando que isso leva a acidificação dos mares. "A acidificação tornará os oceanos irreconhecíveis.", reforçou Robin Mahon, professor da University of West Indies.
"Nós não herdamos a Terra dos nossos antepassados. Nós só a pegamos emprestada das gerações futuras", encerrou Shaj Thayil, fazendo uso do provérbio indiano.
FONTE: www.rio20.gov.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário