Boia-fria é o trabalhador agrícola que se desloca diariamente para a propriedade rural, geralmente para executar tarefas sob empreitada. O termo boia-fria surgiu do costume destes trabalhadores de levar uma marmita consigo logo cedo e, na hora do almoço, comê-la fria. O grande problema dos boias-frias é que suas condições de trabalho são as piores possíveis, estando muitas vezes aliadas às condições de escravidão e trabalho infantil.
Apesar da denominação "boia-fria" a principal característica do trabalhador temporário não é tanto a forma como ele ingere sua refeição, mas sim, a forma da contratação. Está inteiramente ao desamparo da legislação trabalhista, pois é contratado por tarefa. Como trabalhador sazonal, pode ser empregado por dia, por semanas ou meses, geralmente não ultrapassando 4 a 6 meses.
O contrato é verbal e feito pelo "gato", intermediário entre o proprietário rural e o trabalhador que se encarrega de fiscalização do trabalho e do pagamento.
Muitos dos boias-frias possuíam suas propriedades, mas, por causa das precárias condições em que viviam, venderam suas terras a baixo preço e saíram do campo para construir uma massa de trabalhadores temporários, residindo nas periferias urbanas, em casas pobres, casebres, favelas, cortiços, em vilas e povoados situados em áreas agrícolas ou à beira de estradas. Migram de uma região agrícola para outra, acompanhando o ciclo produtivo de diversas culturas. São agricultores em diversas lavouras mas não possuem suas próprias terras.
Um drama à parte é o transporte dos volantes feito pelo "gato", na maioria das vezes, proprietário do caminhão. A falta de segurança, o excessivo número de trabalhadores transportados e a velocidade desenfreada têm feito vítimas fatais constantemente.
Em Ribeirão Preto, em junho de 2007, foi feita uma denúncia da morte de quinze pessoas por causa de trabalho excessivo da colheita de cana-de-açúcar e pela falta de água potável, provocando acidente vascular cerebral e parada cardiovascular nesses trabalhadores.
Os assalariados temporários trabalham de 10 a 12 horas com o mínimo de tempo para almoço ou café. Somado ao tempo de viagem e de espera nos pontos de saída, eles ficam cerca de 18 horas fora de casa.
Em anos recentes houve diversas denúncias e casos de boias-frias flagrados sob a exploração de trabalho escravo e semi-escravo, o que faz desta classe um tema constante na luta por direitos humanos.
Em geral, recebem menos que o salário mínimo oficial fora do tempo de colheita, e um pouco mais no período de safra, porém, sem qualquer dos benefícios conquistados pelos trabalhadores permanentes, como férias, 13° salário, indenizações, descanso remunerado etc. No que diz respeito à assistência médica, ela é inexistente e se tornou reivindicação dos trabalhadores nos movimentos por eles realizados. Para agravar o quadro, ainda existem regiões em que toda a família trabalha como boia-fria, inclusive as crianças, que deixam de ir à escola para ajudar a família.
Os boias-frias surgiram principalmente pelo trabalho assalariado nas propriedades rurais. Em sua grande maioria eram assalariados que moravam nas fazendas, em colônias com dezenas de casas, recebiam salários, cultivavam pequenas lavouras, cuja colheita vendiam ao próprio fazendeiro ou nas cidades próximas. Outros eram pequenos proprietários, que ganhavam muito pouco com o que produziam e, quando os grandes proprietários de terras passaram a oferecer pagamento, e não parte da produção, esses pequenos proprietários venderam suas terras e foram trabalhar nas lavouras, principalmente no cultivo da cana-de-açúcar.
Muitos dos boias-frias são analfabetos ou semianalfabetos, que se sujeitam ao trabalho no campo em diversas culturas, quase sempre em períodos de colheitas.
Os boias-frias dirigem-se para o trabalho entre quatro e cinco horas da manhã, momento em que o caminhão (ou ônibus) passa para transportá-los até a plantação. Muitas vezes é o próprio motorista do transporte quem executa a negociação, e cada indivíduo ganha pelo que produz.
Nas entressafras os trabalhadores ficam sem trabalho e buscam serviço em outras regiões. Assim, eles vivem migrando de uma região para outra. O fluxo desses trabalhadores fica entre os estados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, atuando especialmente na colheita de cana-de-açúcar, algodão, café e laranja.
Esses trabalhadores passam por muitos problemas em face das condições desgastantes de trabalho. Para obter maiores ganhos, se sujeitam a um imenso esforço físico, muitos chegam a ter problemas de saúde ou mesmo a perderem suas vidas. Como quase todos trabalham sem carteira assinada, eles não recebem nenhuma assistência por parte dos empregadores ou dos órgãos governamentais.
Nos últimos anos, verifica-se que é cada vez maior a mecanização do campo, piorando ainda mais a situação dos boias-frias. Em muitas cidades eles estão chegando bem antes do período em que terão trabalho, para assim garantir a chance de emprego temporário.
Apesar da denominação "boia-fria" a principal característica do trabalhador temporário não é tanto a forma como ele ingere sua refeição, mas sim, a forma da contratação. Está inteiramente ao desamparo da legislação trabalhista, pois é contratado por tarefa. Como trabalhador sazonal, pode ser empregado por dia, por semanas ou meses, geralmente não ultrapassando 4 a 6 meses.
O contrato é verbal e feito pelo "gato", intermediário entre o proprietário rural e o trabalhador que se encarrega de fiscalização do trabalho e do pagamento.
Mulheres boias-frias |
Um drama à parte é o transporte dos volantes feito pelo "gato", na maioria das vezes, proprietário do caminhão. A falta de segurança, o excessivo número de trabalhadores transportados e a velocidade desenfreada têm feito vítimas fatais constantemente.
Em Ribeirão Preto, em junho de 2007, foi feita uma denúncia da morte de quinze pessoas por causa de trabalho excessivo da colheita de cana-de-açúcar e pela falta de água potável, provocando acidente vascular cerebral e parada cardiovascular nesses trabalhadores.
A precariedade dos transportes é outro problema para os boias-frias |
Em anos recentes houve diversas denúncias e casos de boias-frias flagrados sob a exploração de trabalho escravo e semi-escravo, o que faz desta classe um tema constante na luta por direitos humanos.
Em geral, recebem menos que o salário mínimo oficial fora do tempo de colheita, e um pouco mais no período de safra, porém, sem qualquer dos benefícios conquistados pelos trabalhadores permanentes, como férias, 13° salário, indenizações, descanso remunerado etc. No que diz respeito à assistência médica, ela é inexistente e se tornou reivindicação dos trabalhadores nos movimentos por eles realizados. Para agravar o quadro, ainda existem regiões em que toda a família trabalha como boia-fria, inclusive as crianças, que deixam de ir à escola para ajudar a família.
É muito comum ocorrer o trabalho infantil no campo |
Muitos dos boias-frias são analfabetos ou semianalfabetos, que se sujeitam ao trabalho no campo em diversas culturas, quase sempre em períodos de colheitas.
Os boias-frias dirigem-se para o trabalho entre quatro e cinco horas da manhã, momento em que o caminhão (ou ônibus) passa para transportá-los até a plantação. Muitas vezes é o próprio motorista do transporte quem executa a negociação, e cada indivíduo ganha pelo que produz.
Caminhões transportando boias-frias |
Esses trabalhadores passam por muitos problemas em face das condições desgastantes de trabalho. Para obter maiores ganhos, se sujeitam a um imenso esforço físico, muitos chegam a ter problemas de saúde ou mesmo a perderem suas vidas. Como quase todos trabalham sem carteira assinada, eles não recebem nenhuma assistência por parte dos empregadores ou dos órgãos governamentais.
Nos últimos anos, verifica-se que é cada vez maior a mecanização do campo, piorando ainda mais a situação dos boias-frias. Em muitas cidades eles estão chegando bem antes do período em que terão trabalho, para assim garantir a chance de emprego temporário.
Com a mecanização, muitos dos boias-frias acabam ficando sem renda |
FONTE: Giardino, Cláudio. Geografia nos dias de hoje, 7° ano / Cláudio Giardino, Ligia Ortega, Rosaly Braga Chianca. - 1. ed. - São Paulo: Leya, 2012. - (Coleção nos dias de hoje)