terça-feira, 16 de julho de 2013

O MITO DA EXPLOSÃO DEMOGRÁFICA

  Depois da Segunda Guerra Mundial, as taxas de mortalidade começaram a cair nos países subdesenvolvidos. Com quase 50 anos de atraso em relação à Europa, esses países começavam a ter acesso aos novos medicamentos, à vacinação em massa e ao controle sobre doenças epidêmicas, principalmente difteria, tifo e malária.
  As inovações nos campos da prevenção e da cura de doenças epidêmicas ficaram conhecidas como Revolução Médico-Sanitária e se traduziram numa drástica redução da mortalidade: a média anual estimada para o conjunto dos países subdesenvolvidos era de 40% em 1920 e caiu para menos de 8,9% nos primeiros anos do século XXI.
A Revolução Médico-Sanitária foi um dos fatores que contribuíram para a redução do crescimento vegetativo no mundo
  Como a população nos países subdesenvolvidos era numericamente maior do que a europeia, a redução em seus índices de mortalidade traduziu-se em um elevadíssimo pico de crescimento natural: as taxas médias de incremento demográfico foram superiores a 2% ao ano no conjunto dos países subdesenvolvidos, entre 1950 e 1985, e a maior parte deles registrou taxas superiores a 3% na fase aguda da transição demográfica.
  Hoje, a população dos países asiáticos é cerca de 10 vezes maior do que em 1950, e em alguns países da África Subsaariana viram sua população aumentar até 20 vezes na segunda metade do século XX.
  Na década de 1960, em pleno auge do crescimento da população mundial, surgiu o chamado neomalthusianismo, que consistiu na retomada dos prognósticos catastróficos do reverendo inglês.
  O neomalthusianismo é a atualização da Teoria Populacional Malthusiana, criada pelo demógrafo Thomas Malthus.
Thomas Malthus - criador da Teoria Malthusiana, na qual dizia que "enquanto a produção de alimentos crescia em progressão aritmética (1, 2, 3, ...) a população mundial crescia em progressão geométrica (1, 2, 4, 8, ...); assim iria faltar alimentos para grande parte da população.
  Muita gente aderiu à ideia de que o alto crescimento demográfico constituía uma das principais causas da generalização da pobreza em vastas regiões subdesenvolvidas, tanto por exigir investimentos maciços em atividades não produtivas, como a manutenção de creches e escolas, quanto por criar uma relação desfavorável entre o número de pessoas em idade de trabalhar e o total de habitantes. Assim, haveria mais crianças para serem criadas e alimentadas do que adultos em idade produtiva gerando riquezas suficientes para sustentá-las.
  Nesse cenário, o controle da natalidade surgia como a solução ideal. Com isso, surgiram instituições, muitas delas mantidas com o capital de empresas privadas, que financiaram subsídios aos países pobres para implementação de políticas que ajudassem a reduzir suas taxas de natalidade.
Evolução do crescimento da população mundial
  A partir da década de 1970, diversas associações ligadas ao movimento ambientalista ingressaram nas fileiras daqueles que se preocupavam com a chamada "explosão demográfica". Para eles, o crescimento acelerado da população colocaria em risco os ecossistemas tropicais e equatoriais, por exigirem mais área para plantio, habitação etc. Desse modo, o controle da natalidade surgia mais uma vez como elemento salvacionista, que permitia preservar o patrimônio ambiental para as futuras gerações.
  Porém, muito mais do que o crescimento vegetativo dos países pobres, é o padrão de produção e de consumo dos países ricos, justamente aqueles nos quais a população parou de crescer, que mais causa impactos negativos no meio ambiente. Os países desenvolvidos, que abrigam 20% da população mundial, são responsáveis por 80% do consumo de recursos naturais do planeta.
Mapa da transição demográfica no mundo
  Em escala mundial, a modernização da economia e a urbanização têm contribuído para diminuir as taxas de natalidade. Para as populações urbanas de baixa renda, um filho a mais representa gastos extras (principalmente com alimentação), que só começarão a ser compensados quando ele estiver com idade para ingressar no mercado de trabalho. Fenômeno semelhante pode ser observado nas zonas rurais, onde o avanço do trabalho assalariado restringe a participação das crianças no processo produtivo.
A mecanização da agricultura reduziu a população rural, contribuindo, assim, para a diminuição do crescimento vegetativo
CENÁRIOS DEMOGRÁFICOS
  Desde a década de 1970, o acelerado processo de urbanização e modernização da agricultura provocam uma redução rápida e constante das taxas de natalidade nos países da América Latina. Ao mesmo tempo, a incidência da desnutrição apresenta taxa de declínio.
  Na África Subsaariana, a queda da natalidade foi muito pequena entre 1965 e 1980, período em que a mortalidade caía rapidamente. Hoje, já se observam os primeiros sinais de redução no crescimento natural nessa região, embora as taxas de nascimento dos países que a compõem continuem sendo as mais elevadas do planeta. Neles, o processo de modernização das economias, que teve início na década de 1960, logo após a saída dos colonizadores europeus, foi interrompido em virtude da falta de novos investimentos produtivos. A miséria, as catástrofes alimentares periódicas e as elevadas taxas de mortalidade infantil mantiveram a mortalidade em alta e, consequentemente, as famílias conservaram o hábito de ter muitas crianças.
Mapa da fome no mundo
  Na China, país mais populoso do mundo, o controle da natalidade é uma das políticas prioritárias desde o começo da década de 1970. A meta demográfica estabelecida pelo governo é de um único filho por família, na maioria das províncias chinesas. As mulheres têm direito à licença paga para realizar abortos (catorze dias), fazer laqueadura de trompas (dez dias) ou inserir o DIU (três dias). Em muitas regiões da China, o Estado oferece bônus para as famílias que têm o primeiro filho, mas exige que os benefícios sejam restituídos no caso de um segundo nascimento.
  A política demográfica chinesa tem sido a causa de várias tragédias cotidianas na sociedade. Estima-se que, por medo de sofrerem represálias, cerca de 200 milhões de famílias optem por esconder o nascimento de um segundo bebê. O abandono de menores, sobretudo meninas, também ocorre com frequência.
  Outro efeito negativo da "Política do Filho Único" chinesa é a disparidade entre nascimentos de meninos e meninas. Como o casal só pode ter um filho, muitos casais optam por interromper a gestação quando descobrem que estão esperando meninas. Desse modo, para cada 113,8 nascimentos do sexo masculino, ocorrem apenas 100 do sexo feminino.
Cartaz incentivando o filho único na China
  A Índia é outro "gigante demográfico" do planeta. As políticas de controle da natalidade também estão contribuindo para a desigualdade entre os sexos: a população masculina é superior à feminina em 50 milhões.
FONTE: Terra, Lygia. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil / Lygia Terra, Regina Araújo, Raul Borges Guimarães. 1. ed. - São Paulo: Moderna, 2010.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

CULTURA DA AMÉRICA CENTRAL INSULAR

  A América Central Insular é marcada por uma grande mistura cultural. Esse caldeirão cultural é resultado da miscigenação dos vários povos que habitam a ilha, que vão desde os aborígenes (povos nativos) até os colonizadores europeus e os negros africanos, que foram trazidos à força para o continente.
  No Haiti, a vida cultural sempre foi influenciada pela França, porém, a partir do início do século XX, o primeiro país de maioria negra fora da África a se tornar independente, passou a buscar formas culturais nativas. Um dos precursores desse movimento foi George Sykvain, que adaptou fábulas de Jean de La Fontaine para o crioulo, denominando-as de Cric-crac. No Haiti, várias obras literárias se destacam, como a Ainsi parla l'oncle (Assim falou o tio), de La Revue Indigene, que trata um pouco sobre o rico folclore haitiano. Jacques Roumain é outro artista haitiano que exerceu uma forte influência sobre o teatro, a pintura e a literatura.
  A escola haitiana de pintura naif - tipo de arte que é produzida por artistas sem preparação acadêmica na arte que executam - é bastante rica no país. Os principais nomes dessa arte no Haiti são: Rigaud Benoit, Wilson Bigaud, Hector Hippolyte e Philome Obin.
  As cores brilhantes, a perspectiva ingênua e o humor astuto são características da arte haitiana. Os artistas haitianos adoram pintar fábulas, como pessoas disfarçadas de animais e animais disfarçados de pessoas.
  Um dos gêneros musicais presentes no Haiti é a Kompa, que envolve uso de sintetizadores, guitarra, batidas de médio e rápido andamento, e de metais ou saxofone para solos. As canções desse gênero são escritas em crioulo haitiano.
Pintura naif haitiano
  Cuba, é um verdadeiro caldeirão cultural, bastante influenciada pela Espanha e pela África. O esporte é uma paixão nacional, cujo país sempre manteve tradição nas olimpíadas, sendo um dos com maiores número de medalhas. Os esportes mais praticados no país são o basebol, o atletismo, o basquete, o voleibol, o boxe e o críquete.
  Cuba é também um país de longa tradição musical. A música é executada ao som de instrumentos africanos, como o bongo e a conga, onde dançam-se o bembé e o caringa.
  A Rumba é uma dança cubana em compasso binário e ritmo complexo que influenciou e foi incorporado ao Flamenco, caracterizada por um estilo mais suave, descontraído e muito alegre.
  Outra dança bastante peculiar em Cuba é a salsa, que nasceu no país nos anos 1960, e é uma espécie de adaptação do mambo da década de 1950. Salsa em castelhano significa "tempero", cuja adoção do nome transmite e ideia de uma música com "sabor".
Rumba - dança cubana em compasso binário e ritmo complexo
  Em Bahamas, a cultura é um cruzamento de formas africanas, europeias e indígenas. A principal manifestação cultural do país é uma forma rítmica de música chamada junkanoo.
  Na Jamaica, a cultura é caracterizada pelo sincretismo, resultante da mistura dos povos que habitam a ilha desde os primórdios da sua colonização pelos espanhóis. Aos nativos aruaques juntaram-se os latinos espanhóis, os negros africanos, os ingleses, além dos imigrantes que para lá se transferiram após a abolição do regime escravista. Dentre os imigrantes jamaicanos, os hindus são os mais notáveis pela influência que exerceram sobre vários aspectos do comportamento local, em especial, da questão religiosa. A religião desperta um profundo interesse na comunidade jamaicana, essencialmente mística, apesar de ser majoritariamente anglicana. O anglicanismo da ilha, uma influência da colonização britânica, não foi suficiente para evitar a miscigenação das ideias e da teologia do jamaicano, que abriga tradições que vão do cristianismo aos rituais tradicionais africanos, como o Vodu.
Igreja anglicana em Spanish Town - Jamaica
  Religião e música são os elementos culturais mais emblemáticos da Jamaica. O país é o berço do Rastafarianismo e do Reggae-music, duas expressões de subjetividade identitária que são intimamente ligadas. No reggae, se destaca o jamaicano Bob Marley (1945-1981). A religião rastafari representa uma reação original local contra os padrões de espiritualidade impostos pela religião europeia. A população negra da Jamaica é descendente de levas de escravos que foram aprisionados em diferentes regiões da África. A maioria pertencia a culturas refinadas do norte do continente que floresceram em países como o Sudão, Somália e Etiópia. As populações negras dessas regiões tinham contato com crenças variadas, como o judaismo, o islamismo e o cristianismo ortodoxo, que falavam línguas exóticas como o árabe e o aramaico.
Bob Marley
  As diferentes linhas de pensamento que aparecem nas Congregações rastafari se inclinam para o cristianismo ortodoxo, adotando mandamentos do Antigo Testamento e costumes islâmicos e hindus. Os dread ou tranças-mechas dos rastafari são idênticos aos cabelos dos saddhus indianos, bem como a ideia do uso da marijuana com finalidades rituais. Algumas congregações prescrevem condutas e indumentárias femininas de inspiração muçulmana e as "liturgias" ou encontros místicos, incluem performances com tambores que resgatam ritmos africanos. A percurssão está na raiz da criação do gênero da música denominado reggae-raiz, que combina a cadência hipnótica dos tambores com harmonias simples e arranjos que utilizam guitarras e outros instrumentos com sonoridades do blues e do rock americano.
  Além da música e da religião, a cena cultural da Jamaica se completa com a coexistência harmônica de produtos industriais com artesanais. Roupas e acessórios coloridos, além de objetos de arte em madeira são combinados com o plástico e com o alumínio da pós-modernidade.
Cabelos com tranças e compridos e roupas coloridas são as marcas do povo jamaicano
  No Caribe, o cenário de inspiração de diversas obras literárias e películas estão relacionadas com pirataria e fantasia, gênero onde se destacam atores como Daniel Defoe e Robert Louis Stevenso. Entre as películas de ficção caracterizadas geograficamente nas ilhas do Caribe estão a série de filmes Piratas do Caribe e algumas de James Bond.
  A vida e os costumes dos habitantes do Caribe também tem sido representadas em obras literárias de autores como o novelista cubano Alejo Carpentier, o dominicano Juan Bosch, o santaluciano Derek Walcott e o colombiano Gabriel Garcia Marquez, entre outros.
  A região do Caribe é o berço de diversos ritmos musicais como: o reggae e o ska, provenientes da Jamaica; o merengue e a bachata da República Dominicana; o calipso, de Trinidad e Tobago; o reggaeton, que teve suas origens em Porto Rico e Panamá; o son cubano e o son montuno, de Cuba; a cúmbia, o porro e o vallenato da costa caribenha da Colômbia; entre tantos outros.
Região do Caribe
  No Caribe, fala-se uma grande variedade de dialetos devido a diversidade de origens da sua cultura, destacando-se o espanhol (México, Cuba, República Dominicana, Porto Rico e região costeira do Caribe na América Central Continental e do Sul), o inglês, (Jamaica, Ilhas Virgens, Bahamas, Antígua e Barbuda, Dominica, Granada, São Cristóvão e Névis, São Vicente e Granadinas, Santa Lúcia, Trinidad e Tobago, Barbados, Ilhas Caiman, Anguilla, Bermudas, Ilhas Turcks e Caicos, Montserrat), o crioulo, no Haiti, o francês (Haiti, Guadalupe, Martinica, San Martim, San Bartolomeu), o holandês (Bonaire, Curaçao, San Martim e Aruba).
  Entre as religiões praticadas no Caribe, destacam-se: o catolicismo (República Dominicana, Porto Rico, Jamaica, Antígua e Barbuda, Santa Lúcia, Ilhas Caiman, Dominica, Antilhas Holandesas), o protestantismo (Barbados), o hinduismo (Trinidad e Tobago), o anglicanismo (Montserrat, São Vicente e Granadinas), o santeria (Cuba), o vodu (Haiti), o rastafarianismo (Jamaica).
Havana - capital de Cuba

FONTE: Araújo, Regina. Observatório de geografia: 8° ano: fronteiras e nações / Regina Araújo, Ângela Corrêa da Silva, Raul Borges Guimarães. - São Paulo: Moderna, 2009.

terça-feira, 9 de julho de 2013

A CONFERÊNCIA SOBRE O MAR

  A Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), frequentemente referida em inglês como UNCLOS (United Nations Convention on the Law of the Sea), é um tratado multilateral celebrado pelos participantes da ONU em Montego Bay, Jamaica, em 10 de dezembro de 1982, que define e codifica conceitos herdados do direito internacional costumeiro referentes a assuntos marítimos, como mar territorial, zona econômica exclusiva, plataforma continental entre outros, e estabelece princípios gerais da exploração dos recursos naturais do mar, como os recursos vivos, os do solo e os do subsolo. A Convenção também criou o Tribunal Internacional do Direito do Mar, cujo objetivo é julgar as controvérsias relativas à interpretação e aplicação daquele tratado.
  O texto do tratado foi aprovado durante a Terceira Conferência das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, que se reuniu pela primeira vez em Nova York em dezembro de 1973, convocada pela Resolução Nº 3067 da Assembleia Geral da ONU, de 16 de novembro do mesmo ano.
Países signatários da Convenção
  Ratificaram
  Assinaram, mas ainda não ratificaram
  O primeiro grande encontro internacional para discutir os oceanos ocorreu em 1930. Os participantes da reunião concordavam que o oceano é uma herança comum da humanidade, mas desejavam extrair alimentos e recursos minerais de suas águas territoriais. Até então, os países costeiros tinham direito três milhas marítimas (5,5 quilômetros) a partir da costa litorânea.
  O avanço tecnológico passou a permitir a exploração de águas cada vez mais distantes dos litorais, o que desencadeou uma série de conflitos de interesses entre os países. Para tratar desse assunto foram realizadas diversas conferências das Nações Unidas sobre o Direito ao Mar.
  A Conferência realizada em Montego Bay, na Jamaica, foi a principal dessas conferências, tendo começado em 1973 e só foi terminada em 1982. Nela foram delimitadas zonas diferenciadas pelo tipo de uso e de exploração econômica.
Conceitos estabelecidos pela Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar
  A faixa definida como mar territorial é uma zona de 12 milhas (22,2 quilômetros) a partir da costa litorânea na qual o uso e a exploração dos recursos são exclusivos do país costeiro que a possui. Nessa zona, que é uma continuidade administrativa do território dos países, há limitações para a prática de navegação, pesca e extração de petróleo, as quais só podem ser efetuadas com autorização do governo que a controla.
  Também foi delimitada a zona econômica exclusiva, faixa oceânica de 188 milhas náuticas a partir do limite do mar territorial. Nela, o país detém a exclusividade na exploração da pesca e dos recursos energéticos, porém, não pode impedir a navegação internacional. As 200 milhas (370 quilômetros) do mar brasileiro, correspondem à soma das duas faixas.
Zona Econômica Exclusiva do Brasil
  Por fim, definiu-se o alto-mar, que são as águas que estão além de 200 milhas da costa. Nessas águas, a exploração dos recursos marinhos e a pesquisa científica podem ser realizadas sem a autorização dos governos.
  O fundo do mar encontrado além dos limites das jurisdições nacionais, apesar do interesse despertado por sua riqueza e potencialidades para a exploração mineral, foi considerado patrimônio comum da humanidade e, portanto, área de preservação permanente.
  A Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, também é responsável por regular a pesca em alto-mar e outros tratados específicos, como os relativos aos atuns (Convenção Internacional para a Preservação do Atum Atlântico) ou às baleias (Convenção Internacional para a Regulamentação da Pesca da Baleia - CIRAB). A Convenção determina ainda que os Estados-membros cooperem para a conservação e a boa gestão dos recursos vivos em alto-mar.
Países signatários da CIRAB
FONTE: Araújo, Regina. Observatório de geografia / Regina Araújo, Ângela Corrêa da Silva, Raul Borges Guimarães. - 1. ed. - São Paulo: Moderna, 2009.

domingo, 7 de julho de 2013

O FEUDALISMO

  O feudalismo tem início com as invasões germânicas (mais conhecidas como invasões bárbaras), no século V, sobre o Império Romano do Ocidente.
  Restrito ao continente europeu, o feudalismo assumiu diversas formas durante a Idade Média. Essa estrutura socioeconômica foi produto da relação entre elementos do Império Romano e das sociedades germânicas.
  Como características básicas dessa estrutura, estão: a economia agrária e de subsistência; poder político fragmentado, descentralizado, nas mãos dos senhores feudais; sociedade de ordens, fortemente hierarquizada; hegemonia ideológica e cultural da Igreja Católica.
Império Romano
AS ORIGENS ROMANAS E GERMÂNICAS DO FEUDALISMO
  No lento processo de gestação do feudalismo, iniciado no século III, com a desestruturação do Império Romano, para impedir a movimentação dos camponeses foi instituído legalmente o sistema de colonato, no qual o colono era obrigado  a se fixar na terra, sob a tutela do proprietário. Essa relação de trabalho permanecia durante o feudalismo, dando origem à servidão.
  As grandes propriedades rurais - chamadas de villas - também colaboraram para a formação dessa estrutura. Com a decadência das atividades urbanas e as penetrações bárbaras, as villas tornaram-se o centro da vida econômica e o refúgio dos camponeses, que tentavam se proteger dos bárbaros. Desse modo, o império adquiriu uma estrutura rural e as decisões políticas passaram a ser tomadas pelos poderes locais.
Desenho esquemático de um feudo
  Alguns costumes dos povos germânicos - o comitatus, a economia rural e o direito consuetudinário - encontram-se na base da formação do feudalismo.
  O comitatus definia as relações de lealdade entre os guerreiros e os chefes de tribos. Em troca dos serviços militares, os guerreiros recebiam terras dos seus chefes e tinham autonomia para administrá-las. Na sociedade romana também existia a relação de dependência pessoal dos clientes e a concessão precária de terras por meio do benefício. Assim, da convivência dessas instituições, germânicas e romanas, surgiu a relação de suserania e vassalagem.
Esquema de como funcionava a sociedade feudal
  Suserania era o termo empregado para distinguir um nobre que doava algum bem (normalmente terras, mas podia ser a concessão de impostos sobre uma ponte, o uso de equipamentos agrícolas, o uso de uma fonte d'água, etc.) a outro nobre. Nessa relação, suserano é quem doa o bem e quem o recebe é denominado de vassalo. Em troca do benefício doado pelo suserano, o vassalo lhe faz um juramento de fidelidade, devendo-lhe prestar diversos serviços, como lutar no exército do suserano quando for convocado, ajudar seu suserano economicamente quando este precisar etc. Também um suserano pode se tornar vassalo de outro nobre se dele receber algo; da mesma forma, um vassalo pode se tornar um suserano se doar algo a outro nobre.
Deveres do suserano e do vassalo
  Os povos germânicos praticavam a agricultura e o pastoreio, fato que acentuou o processo de ruralização da economia europeia.
  O sistema de leis do feudalismo baseou-se no direito consuetudinário, ou seja, as leis tradicionais herdadas de antepassados e transmitidas oralmente.
A ECONOMIA FEUDAL
  A partir do século IX, a Europa já estava ruralizada. Os novos deslocamentos bárbaros (vikings, magiares) e a expansão dos árabes na península Ibérica contribuíram para que a situação política e econômica se tornasse muito instável.
  O desdobramento dessa situação foi a redução das atividades comerciais e a organização de defesas locais mediante a formação de exércitos particulares e fortificação dos castelos. Nesses universos fechados e localizados, conviveriam senhores e camponeses, produzindo seus próprios meios de sobrevivência.
Esquema de trabalho no feudalismo
  A grande propriedade rural, tendia para a autossuficiência, uma vez que produzia quase tudo de que necessitava. O que faltava era obtido nas feiras, nas aldeias e em outros feudos por meio de trocas.
  Nos feudos, a terra era dividida da seguinte maneira:
  • manso senhorial (terras do senhor), onde se localizava o castelo; a produção dessas terras pertencia ao senhor;
  • manso servil, dividido em lotes (tenências) entre os camponeses, que daí retiravam seu sustento;
  • manso comunal, composto por pastagens, bosques, florestas; era utilizado pelo senhor e pelos seus servos.
Divisão de um feudo
  A produção baseava-se no sistema trienal, uma forma de explorar a terra por meio do revezamento de três campos divididos em faixas, para evitar seu esgotamento.
POLÍTICA E SOCIEDADE
  Durante o feudalismo, o poder do Estado era quase inexistente, e o rei mantinha um poder apenas nominal. Isso se deu principalmente em razão da lenta fragmentação do poder político centralizado, desde a decadência do Império Romano, o que reforçou os poderes locais e as relações pessoais de vassalagem, originadas nas tradições romanas e germânicas.
  As relações de suserania e vassalagem reproduziam-se sucessivamente entre os nobres, formando uma extensa rede, na qual a maioria dos nobres era ao mesmo tempo suserano de uns e vassalos de outros.
Sociedade feudal
  A posse da terra era o elemento que definia a divisão da sociedade. A partir dessa definição pode-se considerar a existência de duas classes fundamentais: os senhores feudais, proprietários, que poderiam ser leigos ou eclesiásticos; e os não-proprietários, isto é, os servos (a maioria da população). Por não haver mobilidade entre esses dois grupos sociais, pois a condição era dada por hereditariedade (filho de nobre era nobre, filho de servo era servo), cada segmento tinha uma situação jurídica e social própria e inalterável, tornando a sociedade fortemente estratificada.
  A relação entre essas classes baseava-se na exploração do trabalho do servo. Era assim que o senhor feudal se mantinha como elite. O servo era o trabalhador rural, que, sem a propriedade da terra e desamparado de qualquer defesa militar ou jurídica, buscava a proteção do nobre. Embora esse vínculo entre o servo e senhor ocorresse de forma obrigatória, o camponês não podia ser vendido como mão de obra nem ser expulso da terra, muito menos ser escravizado.
O trabalho dos servos sustentava os senhores feudais
  Em troca das terras concedidas pelos senhores (tenências) e da proteção militar, os servos deviam uma série de obrigações como:
  • Corveia - esta obrigação correspondia ao pagamento, através de serviços prestados nas terras ou instalações do senhor feudal. De três a quatro dias por semana, o servo era obrigado a cumprir com diversos trabalhos, como a manutenção do castelo, construir um muro, limpar o fosso do castelo, limpar o moinho, entre outros. Podia também realizar trabalhos de plantio e colheita no manso senhorial (parte das terras do feudo de uso exclusivo do senhor feudal).
  • Talha - era uma obrigação pela qual o servo deveria passar para o senhor feudal, metade de tudo que produzia nas terras que ocupava no feudo. Se produzisse 40 quilos de batata, 20 quilos deveria ser separados para o senhor feudal.
  • Banalidades - esta obrigação correspondia ao pagamento de taxas pela utilização das instalações do castelo, como o uso de moinho, forno, celeiros e outras instalações do feudo.
  Além da corveia, da talha e das banalidades, havia outras obrigações que os servos deveriam pagar, como:
  • Mão-morta - era uma espécie de taxa que o servo devia pagar ao senhor feudal para permanecer no feudo quando o pai morria.
  • O Tostão de Pedro - era 10% da produção que o servo devia pagar à Igreja de sua região.
Os servos eram verdadeiros escravos dos senhores feudais
  Mas não havia apenas servos trabalhando; havia ainda trabalhadores livres (vilões ou moradores da villa) e, em algumas partes da Europa Oriental, escravos. O fato, porém, é que a mão de obra predominante na Idade Média era a servil.
  Responsável pela construção do retrato que a sociedade medieval deveria ter de si mesma, a Igreja Católica defendia a ideia de que existia uma ordem das pessoas na sociedade, criada por Deus, natural e necessária. Na Idade Média havia ordens sociais determinadas pela vontade divina: os oratores, os bellatores e os laboratores. Os bellatores, ou aqueles que combatem, isto é, os guerreiros, eram os que mais se destacavam. Tratava-se dos cavaleiros, que se tornaram símbolo da cultura e da sociedade feudal. A participação nas guerras  e disputas constituía privilégio desse segmento social.
As três ordens sociais do feudalismo
  Os cavaleiros tinham basicamente duas origens sociais: a linhagem nobre e outra mais humilde; os indivíduos eram armados e sustentados por um senhor mais poderoso, que também lhes cedia um pedaço de terra. Com o tempo, os cavaleiros se apossavam da terra e exerciam o poder político e o domínio sobre os camponeses, aumentando ainda mais seu prestígio. Enfim, estabeleciam-se entre eles as relações de suserania e vassalagem.
  No século XII, com as Cruzadas, a imagem do cavaleiro e a ética da cavalaria foram exaltadas. O crescimento de seu prestígio durante esse século colaborou para a construção da imagem mística e romântica dos cavaleiros medievais.
Cavaleiros medievais - símbolo de poder e prestígio na Idade Média
FONTE: Moraes, Geraldo Vinci de, 1960 - História geral e do Brasil: volume único / José Geraldo Vinci de Moraes. - 2. ed. - São Paulo: Atual, 2005. - (Coleção Ensino Médio Atual)

sexta-feira, 28 de junho de 2013

DIFERENÇAS NO NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO ENTRE OS PAÍSES

  A ampliação de mercados, o maior contato entre as nações e o aumento dos fluxos comerciais no âmbito internacional fizeram parte do desenvolvimento do capitalismo desde sua origem. Com a anexação de novos territórios, o capitalismo se fortaleceu, e como consequência, foi se tornando cada vez mais clara a diferenciação dos países, uma vez que eles assumiam papéis diversos na produção, circulação e consumo de mercadorias.
  O capitalismo é um sistema político, econômico e social, baseado em vários princípios. Os principais deles, são:
  • predomínio da propriedade privada dos meios de produção, onde as pessoas, individualmente ou reunidas em sociedade, são donas dos meios de produção;
  • a  transformação da força de trabalho em mercadoria, onde quem não é dono dos meios de produção é obrigado a trabalhar em troca de um salário;
  • a acumulação de capital, onde o dono do capital objetiva produzir pelo menor custo e vender pelo maior preço possível. Quanto maior o lucro, melhor para a empresa. Para diminuir os custos, os donos dos meios de produção procuram pagar o mínimo possível pelas matérias-primas, salários e outras despesas;
  • a definição dos preços é feita pelo mercado, com base na lei da oferta e da procura. Quando um produto tem muito no mercado, a tendência é o preço cair; já quando esse produto no mercado é escasso, a tendência é o preço subir. Com base nisso, existe a livre concorrência, em que àqueles que não oferecerem um produto de qualidade ou com um preço acima do oferecido pelo mercado, tende a perder competitividade e, assim, ficar excluído desse processo.
Pôster da Industrial Workers of the World, de 1911, mostrando a pirâmide do sistema capitalista
  Com o término da Segunda Guerra Mundial, teve início o processo de independência das colônias europeias na África (Líbia, Sudão, Marrocos, Uganda, Somália, entre outras dezenas de países) e na Ásia (Índia, Paquistão, Filipinas, entre outros). A descolonização afro-asiática evidenciou o fracasso da "missão civilizadora" empreendida pelo colonizador europeu. Em 1951, a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou que, nos novos países, vivia 68% da população mundial, que controlava apenas 17% da renda global. Além disso, metade da população mundial se concentrava em países onde a renda anual por habitante era inferior a 100 dólares. Esses dados mostram as diferenças de desenvolvimento existentes entre os países do mundo. Com o processo de globalização, intensificado a partir dos anos 1980, essa desigualdade aumentou, onde os ricos ficaram mais ricos e os mais pobres.
Nível de Desenvolvimento dos países, segundo a ONU e o FMI
  Economias avançadas
  Economias emergentes
  Economias subdesenvolvidas

PAÍSES COM MENOR DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL
  Geralmente, como herança do Período Colonial, muitos países que se encontram nessa situação apresentam atividades industriais e tecnológicas deficientes e defasadas, o que os torna, principalmente, fornecedores  de matérias-primas e consumidores de produtos industrializados. As matérias-primas são exportadas, transformadas na indústria dos países ricos e recompradas por eles por preços muito mais elevados. A desvantagem econômica leva ao endividamento internacional, por meio de empréstimos tomados em bancos e outras instituições de crédito ligadas aos países ricos ou desenvolvidos.
  Como devedores, costumam facilitar a instalação de empresas estrangeiras em seu território, de modo que a economia passa a ser cada vez mais controlada por empresas transnacionais. Apesar de beneficiar o país onde se instalam - gerando empregos e, às vezes, associando-se a empresas nacionais -, as transnacionais ficam com a maior parcela dos lucros.
Algumas das principais empresas transnacionais
  Em muitos países menos desenvolvidos, a agricultura apresenta baixa produtividade, utiliza técnicas pouco eficientes ou inadequadas e ocupa muita mão de obra; o investimento em ciência e tecnologia é reduzido. Como os rendimentos da população são pequenos, o mercado consumidor é restrito; a infraestrutura das cidades é deficiente; há subnutrição, altas taxas de mortalidade infantil e analfabetismo; a expectativa de vida é baixa; há grande porcentagem de população rural e as famílias geralmente são bastante numerosas.
A má distribuição de renda leva famílias a viverem em submoradias, como na imagem acima
  Há, porém, diferenças entre os países com menor desenvolvimento social e econômico. Alguns chegam a ter em determinadas regiões de seus territórios certas características de país desenvolvido, como agricultura intensiva e predomínio da população urbana sobre a rural. É o caso do Brasil, da Argentina e do México, chamados também de países emergentes, juntamente com a China, a Índia, o Chile e a África do Sul.
Área de fronteira agrícola no Cerrado brasileiro
PAÍSES COM MAIOR DESENVOLVIMENTO SOCIAL E ECONÔMICO
  A evolução do capitalismo possibilitou o enriquecimento dos países da Europa Ocidental, da América Anglo-Saxônica, do Japão, da Austrália e da Nova Zelândia, que hoje apresentam uma economia mais desenvolvida. Além disso, as diferenças sociais não são muito significativas, pois a maioria da população usufrui de benefícios sociais como saúde, educação e moradia. A mortalidade infantil e o analfabetismo são insignificantes, e as pessoas em geral vivem mais de 75 anos de idade.
Mapa do mundo que mostra os países por PIB (nominal) e PPC (Paridade do Poder de Compra)
  Em vários desses países, a agricultura é muito produtiva e possibilita a exportação de grande quantidade de alimentos, as atividades rurais ocupa pouca mão de obra e se utilizam de máquinas e técnicas modernas. Os investimentos em ciência e tecnologia são elevados, o que favorece a constituição de um parque industrial poderoso e diversificado, de onde saem produtos da indústria microeletrônica, satélites artificiais, armamentos sofisticados, tecnologias ambientais e biotecnologia.
Vale do Silício, nos Estados Unidos - considerado o maior tecnopolo do mundo
  Nesses mercados fortes constituíram-se grandes corporações internacionais, que instalam suas filiais em países latino-americanos, africanos e asiáticos, dos quais obtêm lucros  e alteram profundamente a estrutura econômica, social e espacial local. Os lucros são remetidos aos países de origem  e boa parte é investida no aprimoramento tecnológico para melhorar ainda mais  o desempenho produtivo.
Düsseldorf - importante cidade industrial da Alemanha
  Nos países com maior desenvolvimento social e econômico, parte dos lucros é destinada a impostos, revertidos em benefícios sociais - transporte coletivo, hospitais, escolas, creches - e melhorias voltadas para a própria atividade econômica, como rodovias, usinas geradoras de eletricidade, sistemas de telecomunicações etc.
  Apesar de a maioria de sua população ter boas condições de vida, eles também apresentam problemas econômicos e sociais, como elevadas taxas de desemprego e não raro altas dívidas externas em alguns países. Nos Estados Unidos, a desigualdade de oportunidades fez surgir um grupo de mais de 30 milhões de pessoas consideradas pobres.
A cada ano aumenta o número de pobres nos Estados Unidos
FONTE: Moreira Igor.  Mundo da geografia: 8º ano / Igor Moreira; ilustrações Antônio Éder, Divo. Curitiba: Positivo, 2012.

terça-feira, 25 de junho de 2013

A TERRA NO SISTEMA SOLAR

  A Terra é um ponto minúsculo na imensidão do Universo. Junto com outros sete planetas - Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, Netuno e Urano - faz parte do Sistema Solar e, como eles, recebe luz e calor do Sol.
  No entanto, outras condições favoráveis, como a presença de água em estado líquido, oxigênio e temperaturas adequadas, fazem da Terra o único planeta, entre os conhecidos, que permite e existência de formas de vida tal qual conhecemos.
Planeta Terra visto do Universo
  O Sistema Solar é constituído pelo conjunto de corpos celestes que orbitam o Sol e que estão sob sua influência gravitacional. Dentre esses corpos, os maiores são os oito planetas, seguidos pelos cinco planetas anões (Ceres, Plutão, Haumea, Makemake e Éris), vários satélites naturais (Lua, satélite da Terra, Genímedes e Titã, satélites de Júpiter Saturno, respectivamente, entre outros), e inúmeros corpos menores (objeto astronômico que orbita diretamente o Sol), como asteroides e cometas.
Sistema Solar
  A Terra é o terceiro planeta em ordem de afastamento do Sol. É também o quinto maior planeta do Sistema Solar em tamanho, atrás e Júpiter (o maior deles), Saturno, Urano e Netuno.
  Além dos planetas, outros corpos celestes participam do Sistema Solar, a exemplo de cometas e satélites. Alguns planetas possuem satélites naturais - corpos que, pela ação da gravidade, orbitam ao redor deles.
A Lua parcialmente obscurecida e as camadas mais altas da atmosfera terrestre
OS SATÉLITES ARTIFICIAIS E NATURAL DA TERRA
  Existem os satélites naturais e os artificiais. Quando da origem e evolução do Universo, formaram-se os satélites naturais, como é o caso da Lua - satélite natural da Terra - e também de satélites (luas) em outros planetas. Júpiter até agora possui 61 satélites conhecidos; Urano, 21; Marte, 2.
Principais luas do Sistema Solar
  A Lua é a principal responsável pelos efeitos de maré que ocorrem sobre a Terra, em seguida vem o Sol, com uma participação menor. É por meio do efeito de maré na Terra que os oceanos acompanham o movimento orbital da Lua, sendo que esse efeito causa um atrito com o fundo  dos oceanos, atrasando o movimento de rotação da Terra cerca de 0,002 s por século e, como consequência, a Lua se afasta do nosso planeta em média 3 cm por ano.
  A Lua é, proporcionalmente, o maior satélite natural do Sistema Solar. Sua massa é tão significativa em relação à massa da Terra que o eixo de rotação do sistema Terra-Lua encontra-se muito longe do eixo central de rotação da Terra.
Lado visível da Lua
  As partes mais próximas de um objeto em órbita em volta de um planeta sofrem uma atração gravitacional maior deste (porque estão a uma menor distância dele) do que as mais distantes. Isso faz com que gere um binário que leva o objeto a acabar por ficar orientado no espaço de modo a parte com uma maior massa fique voltada para o planeta. É esse efeito que explica o porque da Lua assumir uma taxa de rotação estável que mantém sempre a mesma face voltada para a Terra.
Lado oculto da Lua
 Os satélites artificiais são construídos pelo ser humano. Lançados e colocados na órbita da Terra por meio de foguetes espaciais, são destinados a cumprir vários objetivos, entre eles o de facilitar as telecomunicações - as transmissões das Olimpíadas, da Copa do Mundo, as notícias jornalísticas do mundo, e outros eventos que estão ocorrendo  no mesmo momento, graças aos satélites de telecomunicações.
  Alguns satélites artificiais têm a finalidade de obter dados da atmosfera, como os deslocamentos das massas de ar. Os dados são enviados para centros meteorológicos onde são estudados e transformados em mapas do tempo, com o uso de programas de computador.

Animação de uma órbita geoestacionária
  Existem também satélites artificiais que têm a missão de fotografar a Terra com a finalidade de fornecer dados  sobre recursos naturais (florestas, minerais etc.) ou sobre queimadas, localizar o deslocamento de tropas militares e navios, controlar o espaço aéreo contribuindo para a segurança das aeronaves, realizar espionagem e até reprimir o contrabando.
Sputnik I - lançado pela ex-União Soviética, em 4 de outubro de 1957, foi o primeiro satélite artificial lançado na órbita terrestre
FONTE: Adas, Melhem. Expedições geográficas / Melhem Adas, Sérgio Adas. - 1. ed. - São Paulo: Moderna, 2011.

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