Reinos hauçás foram um conjunto de cidade-Estado independentes iniciados pelos Hauçás, situadas entre os rios Níger e o lago Chade (atual norte da Nigéria). Ficavam entre os reinos do Sudão Ocidental da Antiga Gana e Mali, e os reinos do Sudão oriental de Canem-Bornu.
Entre os séculos VI e VIII, os hauçás se estabeleceram nas regiões que correspondem atualmente ao norte da Nigéria e ao sudeste de Níger. Para evitar os ataques e saques dos inimigos, fundaram sete cidades, que eram, também, fortalezas. O governo era eleito por um conselho de notáveis.
De acordo com a lenda de Baiajida, as cidades-Estados Hauçás foram fundadas pelos filhos e netos de Baiajida, um príncipe cuja origem difere pela tradição, mas o cânone ofiical o registra como a pessoa que se casou com Daurama, a última Cabara de Daura, e anunciou o fim das monarcas matriarcais que outrora governaram o povo Hauçá.
Principais cidades dos reinos hauçás. As fronteiras modernas estão em vermelho |
De acordo com a versão mais famosa da lenda, a história das cidades-Estados hauçás começou com um príncipe de Bagdá chamado Abu Iázide. Quando ele chegou a Daura, foi a casa de uma velha e pediu a ela que lhe desse água, mas ela lhe contou a situação difícil da terra, pois o único poço em Daura, cusugu, era habitado por uma cobra chamada Sarqui, que permitia aos cidadãos de Daura buscarem água apenas às sextas-feiras. Como "Sarqui" é a palavra em Hauçá para "Rei", essa pode ter sido uma metáfora para uma figura poderosa. Baiajida matou Sarqui, e por causa desse feito, a rainha casou-se com ele por sua bravura.
Depois de seu casamento com a rainha, as pessoas começaram a chamar de Baiajida, que significa "ele não entendia (a língua) anteriormente". Baiajida teve um filho com a rainha Daurama, chamado Bauó, e outro filho com Baquaria, criada da rainha, chamado Carbagari.
Uma família hauçá, em 2022 |
Os Reinos Hauçás começaram como sete cidades-Estados fundadas, de acordo com a lenda Baiajida, pelos seis filhos de Bauó e ele próprio. Essas cidades incluíam apenas reinos habitados por falantes da língua hauçá. As sete cidades-Estados eram: Daura, Cano, Catsina, Zária, Gobir, Rano e Hadeja.
Algumas cidades chegavam a ter de 30 mil a 60 mil habitantes e tornaram-se pontos importantes de comércio, sobretudo de artesanato, tecidos, calçados e artigos de metal.
No século XIV, Cano havia se tornado a cidade-Estado mais poderosa e se tornou a base do comércio transaariano de sal, tecido, couro e grãos. Essa cidade é considerada o centro comercial e cultural dos hauçás.
Em termos de relações culturais com outros povos da África Ocidental, os hauçás são culturalmente e historicamente próximos dos fulas, songais, mandês e tuaregues, bem como outros grupos afro-asiáticos e nilo-saariano.
Cano, na Nigéria, é considerada o centro comercial e cultural dos hauçás |
Mais para o oeste da África, onde hoje ficam Nigéria e Benin, encontravam-se povos de língua iorubá. Eles estavam distribuídos em sete cidades, cuja riqueza vinha do comércio e dos impostos cobrados dos comerciantes. Ilé Ifé era governada pelo grande sacerdote. Todas as cidades tinham um governo eleito e formado por um conselho de Estado, com mandato por período determinado. Eles tinham a responsabilidade de conservar os costumes tradicionais e zelar pela segurança das cidades.
Os iorubás constituem um dos maiores grupos étnico-linguísticos da África Ocidental, com mais de 30 milhões de pessoas em toda a região. Trata-se do segundo maior grupo étnico da Nigéria, correspondendo em torno de 21% da sua população total.
Porcentagem nativa de iorubás na Nigéria, Benin e Togo |
A partir do século VII a.C., os povos africanos que viviam em Iorubalândia, não foram inicialmente conhecidos como iorubá, embora eles compartilhassem um grupo de etnia e língua comum.
A história oral registrada sob o Império de Oió deriva o iorubá como um grupo étnico da população do reino mais antigo do Ilé-Ifé. Arqueologicamente, o povoado de Ifé pode ser datado do século IV a.C., com estruturas urbanas aparecendo no século XII.
O Império de Oió e seu Obá, conhecido como Alafim de Oió, era ativo no comércio de escravos durante o século XVIII. O iorubá muitas vezes exigiu escravos como uma forma de homenagem das populações, objeto que, por sua vez, às vezes faziam guerras contra outros povos para capturar os escravos necessários.
A maioria das cidades-Estados foram controladas por Obás (ou soberanos reais com vários títulos individuais) e os conselhos compostos por Oloiês.
Os iorubás deixaram uma presença importante no Brasil, particularmente muito significativa na Bahia.
Pessoas iorubás, em 2021 |
FONTES:
WIKIPÉDIA. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Reinos_hauçás. Acesso em: 22/05/2023.
WIKIPÉDIA. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/iorubás. Acesso em: 22/05/2023.
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