quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

CULTURA POPULAR E A NOVA ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO

  Em vários países do mundo, as festividades são responsáveis por transformações significativas, às vezes momentâneas, nas cidades. Grande parte das festividades está associada a cultos e a manifestações religiosas. No Brasil, por exemplo, ocorrem as tradicionais festas juninas, quando se comemoram os dias de santo Antônio, são João e são Pedro, no mês de junho. Nos países de língua inglesa, principalmente, há a comemoração do dia de são Patrício, uma referência ao patrono da Irlanda.
Festa junina - tradição brasileira do mês de junho, onde é bastante forte na região Nordeste
  Os judeus também realizam muitas celebrações; suas principais festas religiosas são a Páscoa (Pessach), quando se comemora a libertação da escravidão do povo judeu no Egito, ocorrida em 1.300 a.C., e o Yom Kippur, considerado o dia do perdão, quando os judeus fazem jejum por 25 horas seguidas para purificar o espírito.
Páscoa - para os judeus significa a libertação desse povo do Egito e a fuga para Canaã - a Terra Prometida
  Para os muçulmanos, destacam-se as festividades de Eid al-Fitr, que marca o final do Ramadã, e de Eid al-Adha, que comemora o fim da peregrinação anual à Meca.
Islâmicos comemorando o Ramadã - o nono mês do calendário islâmico
  Para os chineses, o dia do ano novo lunar,, chamado também de Festa da Primavera, é o primeiro do calendário. Essa festa é o evento mais importante de todo o ano e já tem quatro milênios de história. A festa dura três semanas: começa no dia 23 de dezembro e termina no dia 15 de janeiro. Nas cidades, as ruas e as edificações são enfeitadas com lanternas vermelhas, fitas de várias cores e muitas flores. Além disso, cola-se o símbolo da felicidade na porta das casas. Durante a festa, há ainda as danças de dragão, para as quais são montados imensos bonecos de papelão, manipulados por pessoas e acompanhados de música com instrumentos locais.
Festa da Primavera na China
  Há ainda festas populares que se originaram de tradições regionais. Na Espanha, são muito conhecidas a Tomatina, festival no qual se realiza uma "guerra de tomates", na cidade de Buñol, e a Encierros, corrida de touros, em Pamplona.
Corrida dos Touros, em Pamplona - Espanha
  Todas essas festividades acabam, direta e indiretamente, influenciando a organização e a transformação do espaço geográfico, mesmo que momentaneamente. O espaço passa a ser organizado de um modo diferente do seu cotidiano: ruas são interditadas; o trânsito é desviado; as fachadas e as construções recebem proteção ou enfeites; amplia-se a segurança; instalam-se postos de assistência médica etc. Enfim, toda a cidade se volta para a festa, surgem oportunidades de emprego temporário, e a economia é estimulada.
Rua interditada para a realização do Carnatal, em Natal - RN
  Em Blumenau (SC), cidade localizada no Vale do Itajaí, a Oktoberfest - tradicional festa alemã realizada no mês de outubro - foi a solução encontrada pela população dessa região catarinense para se reerguer após algumas enchentes que lá ocorreram.
Oktoberfest, em Blumenau - SC
  No Brasil, muitas festas populares têm papel preponderante na organização da economia das cidades, como o carnaval em Olinda e Recife (PE), Salvador (BA) e Rio de Janeiro (RJ); e a festa do boi em Parintins (AM). Algumas dessas cidades construíram espaços permanentes para a realização das festividades, como os sambódromos e os bumbódromos.
Festival do boi de Parintins - AM
  Em Campina Grande (PB) e Caruaru (PE), as festas juninas realizadas no mês de junho levam à montagem de toda uma estrutura. Outras festas de cunho religioso também transformam as cidades e geram emprego e renda. Entre essas festividades destacam-se o Círio de Nazaré em Belém (PA); a lavagem do Senhor do Bonfim, na Bahia; a festa de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida (SP) e a Procissão do Fogaréu, em Goiás Velho (GO).
Procissão do Fogaréu, em Goiás Velho - GO
  No campo, estas festividades também transformam a vida das pessoas, o espaço e a organização da produção. A Festa do Divino e as festas juninas são responsáveis por um período de pausa no trabalho dos moradores do campo; é um tempo posterior à colheita, quando se pode enfeitar a frente das casas ou circular nas casas de conhecidos; é quando o encontro se torna mais fácil, e a vida toma um novo ritmo.
Festa do Divino Espírito Santo em Pirenópolis - GO
FONTE: Bigotto, José Francisco. Geografia sociedade e cotidiano: espaço mundial 2, 9º ano / José Francisco Bigotto, Márcio Abondanza Vitiello, Maria Adailza Martins de Albuquerque. -- 2. ed. -- São Paulo: Escala Educacional, 2009.

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