OS FATORES LOCACIONAIS
Os fatores locacionais são as vantagens que um determinado lugar oferece para a instalação de indústrias. No momento de investir, os empresários levam em consideração quais fatores são mais importantes para aumentar sua taxa de lucro. Os principais fatores que atraem as indústrias, de modo geral, são:
Em contrapartida, a proximidade das jazidas de minérios, como ferro, manganês etc. constituem um dos principais fatores para a localização das indústrias siderúrgicas, como as do Quadrilátero Ferrífero (Minas Gerais), porque é mais barato transportar as chapas de aço do que o minério bruto.
Muitas vezes a instalação de uma indústria ou de um distrito industrial promove o crescimento das cidades em seu entorno, enquanto em outros casos as cidades atraem indústrias, que por sua vez promovem seu crescimento e as transforma em polos de atração de novos estabelecimentos industriais. Vê-se, portanto, que as cidades e as indústrias se influenciaram de maneira recíproca, principalmente até meados do século XX.
DESCONCENTRAÇÃO DA ATIVIDADE INDUSTRIAL
Com a globalização e a Revolução Técnico-Científica, entretanto, além dos consequentes avanços nos transportes e nas telecomunicações, as indústrias não precisam necessariamente se instalar próximas ao mercado consumidor. Na realidade, para as grandes corporações, o mercado consumidor é o mundo todo. A Nike, por exemplo, produtora de material esportivo, está sediada nos Estados Unidos, mas contrata outras empresas para produzir seus tênis, bolas, agasalhos etc. em países de mão de obra barata, sobretudo da Ásia, de onde seus produtos são exportados para o mundo inteiro. O grande ativo da Nike é sua marca, que vai estampada em todos os seus produtos esportivos. No capitalismo informacional a marca é mais importante que o produto, que, em muitos casos, pode ser fabricado por qualquer empresa terceirizada, localizada em qualquer lugar do mundo.
Globaliza-se, assim, não só mercado como também a produção. Essa dinâmica atual permite uma maior especialização da atividade industrial nos mais diversos países e regiões do mundo e a consequente intensificação das trocas comerciais em escala planetária. O que não é produzido em dado país ou dada região acaba sendo procurado fora. Da mesma forma, o aumento da produção exige a ampliação do mercado, que de nacional passa a continental ou mundial.
Apesar da desconcentração em curso, o fenômeno industrial ainda está distribuído de maneira bastante desigual, predominando em algumas poucas regiões do espaço geográfico mundial. As maiores aglomerações industriais ocorrem principalmente nos países desenvolvidos e nas economias emergentes, em regiões que começaram a se industrializar no tempo em que havia tendência à concentração de indústrias no espaço geográfico.
PRODUÇÃO INDUSTRIAL E MEIO AMBIENTE
Durante muito tempo a maioria das legislações ambientais eram frágeis, o que permitia a produção a custos menores e contribuía para atrair indústrias poluidoras em países em desenvolvimento. Embora isso ainda aconteça, a crescente preocupação mundial com o desenvolvimento sustentável e a preservação do meio ambiente tem aumentado a pressão para que as fábricas tenham métodos de produção que provoquem os menores impactos ambientais possíveis. Hoje, vem se firmando a ideia de que o desenvolvimento sustentável e o respeito às leis ambientais podem contribuir para aumentar a produtividade das empresas e, consequentemente, sua competitividade e seus lucros, além de reforçar a imagem positiva de "empresa verde".
No caso das indústrias típicas da Revolução Técnico-científica, um fator fundamental para a escolha de sua localização é a existência de mão de obra altamente qualificada. É por isso que as indústrias de alta tecnologia - semicondutores (microchips), informática (equipamentos, programas e sistemas), telecomunicações, biotecnologia, entre outras - se encontram nos parques tecnológicos ou tecnopolos, também chamados parques científicos.
Os parques tecnológicos são o exemplo mais acabado da geografia industrial do capitalismo informacional. Esses novos centros industriais têm relação com a Terceira Revolução Industrial, assim como as regiões carboníferas tinham com a Primeira ou as jazidas petrolíferas com a Segunda. Os tecnopolos constituem os pontos de interconexão da rede mundial de produção de conhecimentos e os principais centros irradiadores das inovações que caracterizam a revolução tecnológica que se iniciou nas últimas décadas do século passado.
- Matérias-primas: minerais e agrícolas;
- Energia: petróleo, gás natural, eletricidade etc.;
- Mão de obra: pouco qualificada (baixa remuneração) ou muito qualificada (alta remuneração);
- Tecnologia: parques tecnológicos, incubadoras, universidades, centros de pesquisa e desenvolvimento (P&D);
- Mercado consumidor: relacionado à quantidade de pessoas e disponibilidade de renda;
- Logística: disponibilidade e custos de transporte e armazenagem;
- Rede de telecomunicações: telefonia, internet etc.;
- Complementaridade: proximidade de indústrias afins;
- Incentivos fiscais: redução ou isenção de impostos concedida pelo Estado.
As fontes de energia, como o petróleo, são um dos fatores locacionais para a instalação de indústrias
Durante a Primeira Revolução Industrial, do final do século XVIII até meados do século XIX, as jazidas de carvão mineral era um dos fatores mais importantes para a localização das fábricas, pois o carvão era a fonte de energia usada para movimentar as máquinas e a precariedade dos meios de transporte dificultava seu deslocamento por longas distâncias. Daí ter ocorrido uma intensa industrialização em torno das principais bacias carboníferas britânicas, alemães, francesas e norte-americanas. Com a Segunda Revolução Industrial, na última metade do século XIX, outras fontes de energia, como o petróleo e a eletricidade, passaram a ser utilizadas, houve modernização dos meios de transporte de carga e passageiros e a proximidade das jazidas de carvão foi cada vez mais perdendo importância como fator de localização das fábricas.
Carvão mineral - principal fonte de energia da Primeira Revolução Industrial
Os derivados de petróleo, além de serem fonte de energia, constituem matéria-prima essencial na fabricação de vários produtos, como plásticos, borrachas e tecidos sintéticos, fertilizantes, tintas, cosméticos etc. Um dos setores que mais cresceu desde a descoberta dessa nova fonte de energia e matéria-prima foi a indústria petroquímica. Implantadas nas primeiras décadas do século XX, nessa época as petroquímicas se concentravam perto das jazidas de petróleo, mas a construção de oleodutos e de grandes navios petroleiros levou à sua dispersão espacial.
Indústria petroquímica - uma das que mais crescem
Os custos com transporte são um dos principais fatores locacionais para as indústrias pesadas. Por exemplo, a maioria das refinarias de petróleo se localiza próxima aos grandes centros consumidores de seus produtos, o que nem sempre coincide com as áreas de extração, porque é mais barato transportar o petróleo bruto que seus derivados - gasolina, nafta, querosene e outros derivados ocupam volume maior que o petróleo bruto, demandando maior custo de transporte.Em contrapartida, a proximidade das jazidas de minérios, como ferro, manganês etc. constituem um dos principais fatores para a localização das indústrias siderúrgicas, como as do Quadrilátero Ferrífero (Minas Gerais), porque é mais barato transportar as chapas de aço do que o minério bruto.
Exploração de minério de ferro no Quadrilátero Ferrífero - MG
Nas últimas décadas, um fator determinante para a localização de qualquer tipo de indústria é a existência de uma logística de transportes e armazenagem que possibilite o recebimento de matérias-primas e o escoamento das mercadorias produzidas a custos competitivos. Por isso, muitos centros industriais importantes desenvolveram-se próximos a portos marítimos ou fluviais ou ainda em entroncamentos rodoviários ou ferroviários. Centros industriais mais modernos - que produzem bens de alto valor agregado, como os da área de informática - tendem a se localizar perto de aeroportos. Com a mobilidade do capital e das mercadorias pelo mundo, a logística ganha uma importância determinante na alocação dos investimentos produtivos no espaço geográfico.
Rodovias - importante no fator locacional
Com o desenvolvimento tecnológico e o consequente barateamento dos transportes, as indústrias, mesmo as que utilizam muita matéria-prima, já não precisa se localizar perto das reservas. O Japão, por exemplo, grande produtor de aço, importa todo o minério de ferro e o carvão utilizados em suas indústrias; o Canadá, grande produtor de alumínio, importa toda a alumina (óxido de alumínio, resultante do primeiro processamento da bauxita) necessária a sua produção. Tanto as indústrias siderúrgicas japonesas como as metalúrgicas canadenses localizam-se em áreas onde os navios carregados de minérios podem atracar. O Japão, contudo, não é grande produtor de alumínio, porque o que mais pesa no funcionamento dessa indústria é a energia elétrica, da qual o Canadá, por sua vez, é grande produtor. A produção de alumínio a partir da alumina consome muita energia e tende a se localizar em países que têm grande disponibilidade de energia hidrelétrica, como é o caso do Canadá e também do Brasil.
Indústria siderúrgica no Japão
Outros fatores que antigamente eram fundamentais para a localização de muitas indústrias, sobretudo as de bens de consumo, como eletrodomésticos, alimentos e roupas, foram a disponibilidade de mão de obra e a proximidade do mercado consumidor. É por isso que o fenômeno industrial esteve inicialmente ligado às grandes cidades como Londres, Paris, Nova York, Tóquio, Munique, São Paulo, Cidade do México, Seul etc.Muitas vezes a instalação de uma indústria ou de um distrito industrial promove o crescimento das cidades em seu entorno, enquanto em outros casos as cidades atraem indústrias, que por sua vez promovem seu crescimento e as transforma em polos de atração de novos estabelecimentos industriais. Vê-se, portanto, que as cidades e as indústrias se influenciaram de maneira recíproca, principalmente até meados do século XX.
Fábrica no Distrito Industrial de Maracanaú - CE
Além desses fatores, há outros que, cada vez mais, vem ganhando importância na hora da decisão sobre onde implantar uma nova fábrica: os incentivos fiscais. Interessados em atrair novas fábricas, diversas esferas de governo concede isenções de impostos às empresas que pretendem instalar em seus territórios. Em geral fazem essas concessões a indústrias que têm efeito multiplicador, isto é, que atraem outras fábricas que, por sua vez, não terão incentivos, o que em geral compensa a isenção concedida. Por exemplo, o governo de um estado concede incentivos fiscais para atrair uma indústria automobilística - como fez o governo da Bahia com a Ford -, que atrai várias fábricas de autopeças para seu entorno. Vale dizer que os incentivos fiscais complementam outros fatores locacionais; isoladamente, não conceguem atrair indústrias.
Fábrica da Ford em Camaçari - BA
É comum também a cessão de terrenos para a instalação de unidades produtivas, muitas vezes até mesmo com a infraestrutura básica já implantada. Em qualquer país, quando uma grande empresa anuncia o projeto de uma nova fábrica, começa uma "guerra" fiscal entre estados (ou províncias, departamentos etc.) e entre municípios com o objetivo de atraí-las.DESCONCENTRAÇÃO DA ATIVIDADE INDUSTRIAL
Com a globalização e a Revolução Técnico-Científica, entretanto, além dos consequentes avanços nos transportes e nas telecomunicações, as indústrias não precisam necessariamente se instalar próximas ao mercado consumidor. Na realidade, para as grandes corporações, o mercado consumidor é o mundo todo. A Nike, por exemplo, produtora de material esportivo, está sediada nos Estados Unidos, mas contrata outras empresas para produzir seus tênis, bolas, agasalhos etc. em países de mão de obra barata, sobretudo da Ásia, de onde seus produtos são exportados para o mundo inteiro. O grande ativo da Nike é sua marca, que vai estampada em todos os seus produtos esportivos. No capitalismo informacional a marca é mais importante que o produto, que, em muitos casos, pode ser fabricado por qualquer empresa terceirizada, localizada em qualquer lugar do mundo.
Operárias vietnamitas em fábrica de produtos para a Nike
No México, há pouco tempo, muitas "maquilladoras" (nome dado às filiais de multinacionais instaladas em cidades mexicanas situadas na fronteira com os Estados Unidos, onde montam produtos para vender no mercado norte-americano) têm sido fechadas e sua produção transferida para a China, a milhares de quilômetros de seu mercado-alvo. O custo de transporte é compensado porque a mão de obra chinesa é mais barata do que a mexicana. Com esses exemplos, fica evidente que, para as indústrias trabalho-intensivas, a mão de obra barata é um fator fundamental, mais importante do que a proximidade do mercado consumidor.
Fábrica de aviões norte-americanos Boeing na China
O crescimento econômico e populacional das grandes cidades tem provocado aumento dos custos de produção devido à forte alta no preço dos imóveis e dos impostos, aos enormes congestionamentos de trânsito e à elevação do custo de mão de obra. Por conta disso, nas últimas décadas tem ocorrido uma reorganização da distribuição das indústrias no espaço geográfico nas escalas regional, nacional e mundial. A desconcentração industrial resulta da necessidade de buscar custos menores e foi viabilizada pela modernização dos sistemas de transportes e de telecomunicações, e nos métodos de gestão. Hoje, requer-se cada vez menos tempo para que as mercadorias, pessoas e informações se desloquem pelo espaço terrestre.
Os engarrafamentos nas grandes cidades, como em São Paulo, é um dos fatores que contribui para a desconcentração industrial
O atual estágio de desenvolvimento da logística de transportes e das telecomunicações levou a uma maior integração e aumento na interdependência entre os diversos lugares no espaço geográfico mundial, permitindo o surgimento da indústria globalizada. Desse modo, uma indústria automobilística japonesa pode conceber um projeto num centro de P & D localizado no Japão ou nos Estados Unidos, desenvolvê-lo num desses países, na Europa ou na China, realizar a produção das diversas peças em uma dúzia de países de acordo com as vantagens que ofereçam, escolher alguns deles para realizar a montagem final e garantir suas vendas em escala mundial.Globaliza-se, assim, não só mercado como também a produção. Essa dinâmica atual permite uma maior especialização da atividade industrial nos mais diversos países e regiões do mundo e a consequente intensificação das trocas comerciais em escala planetária. O que não é produzido em dado país ou dada região acaba sendo procurado fora. Da mesma forma, o aumento da produção exige a ampliação do mercado, que de nacional passa a continental ou mundial.
Apesar da desconcentração em curso, o fenômeno industrial ainda está distribuído de maneira bastante desigual, predominando em algumas poucas regiões do espaço geográfico mundial. As maiores aglomerações industriais ocorrem principalmente nos países desenvolvidos e nas economias emergentes, em regiões que começaram a se industrializar no tempo em que havia tendência à concentração de indústrias no espaço geográfico.
PRODUÇÃO INDUSTRIAL E MEIO AMBIENTE
Durante muito tempo a maioria das legislações ambientais eram frágeis, o que permitia a produção a custos menores e contribuía para atrair indústrias poluidoras em países em desenvolvimento. Embora isso ainda aconteça, a crescente preocupação mundial com o desenvolvimento sustentável e a preservação do meio ambiente tem aumentado a pressão para que as fábricas tenham métodos de produção que provoquem os menores impactos ambientais possíveis. Hoje, vem se firmando a ideia de que o desenvolvimento sustentável e o respeito às leis ambientais podem contribuir para aumentar a produtividade das empresas e, consequentemente, sua competitividade e seus lucros, além de reforçar a imagem positiva de "empresa verde".
Empresa verde - um símbolo para as empresas que contribuem com a preservação do meio ambiente
OS PARQUES TECNOLÓGICOSNo caso das indústrias típicas da Revolução Técnico-científica, um fator fundamental para a escolha de sua localização é a existência de mão de obra altamente qualificada. É por isso que as indústrias de alta tecnologia - semicondutores (microchips), informática (equipamentos, programas e sistemas), telecomunicações, biotecnologia, entre outras - se encontram nos parques tecnológicos ou tecnopolos, também chamados parques científicos.
Os parques tecnológicos são o exemplo mais acabado da geografia industrial do capitalismo informacional. Esses novos centros industriais têm relação com a Terceira Revolução Industrial, assim como as regiões carboníferas tinham com a Primeira ou as jazidas petrolíferas com a Segunda. Os tecnopolos constituem os pontos de interconexão da rede mundial de produção de conhecimentos e os principais centros irradiadores das inovações que caracterizam a revolução tecnológica que se iniciou nas últimas décadas do século passado.
Vale do Silício - mais importante tecnopolo do mundo
A maioria dos tecnopolos situa-se nos países desenvolvidos, onde se reúnem os fatores favoráveis para seu desenvolvimento: renomadas universidades e institutos de pesquisa de ponta, mão de obra qualificada, empresas inovadoras, capital de risco para investimentos, boa infraestrutura de transporte e de telecomunicações e apoio direto ou indireto do Estado. Os tecnopolos concentram-se especialmente nos Estados Unidos, na União Europeia e no Japão, embora existam em outros países desenvolvidos e também em alguns países emergentes, como nos BRIC, na Coreia do Sul, em Taiwan, no México, entre outros.
Mapa da localização das indústrias no Japão
FONTE: Sene, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil, volume 2: espaço geográfico e globalização: ensino médio / Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. - São Paulo: Scipione, 2010.
Um comentário:
lindo de maravilhoso, ajudou muito, PERFEITO!!
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