sexta-feira, 16 de setembro de 2011

FINALMENTE DEPOIS DE MAIS DE 400 ANOS ESTAMOS APRENDENDO A CONVIVER COM O SEMIÁRIDO

  Para muitos, principalmente do Sul e Sudeste do Brasil, a Região Nordeste é conhecida como a "Região Problema", devido imperar nessa região a seca, a fome, a miséria, entre outros males. Realmente, isso é um grande problema, mas não podemos culpá-la pela miséria que ocorre no Nordeste.
  A média pluviométrica do Nordeste é de 400 milímetros por ano. Essa média é considerada alta, se compararmos muitos lugares do planeta, sem contar que o sertão nordestino é uma das regiões semiáridas mais povoadas do mundo. Israel, com uma média pluviométrica de 250 mm/ano, é um dos maiores produtores mundiais de grãos por quilômetro quadrado. Isso só foi possível graças ao aproveitamento de áreas desérticas para o cultivo de produtos agrícolas por meio da dessalinização da água do mar e do máximo aproveitamento da água das poucas chuvas.
Cultivo de trigo no deserto de Neguev
  Graciliano Ramos, em sua obra "Os sertões", disse que "O grande problema do Nordeste não é a seca, mas a cerca", e esse pode realmente ser uma das causas de miséria na região. Desde o período de colonização, que o nosso país sofre com a má distribuição de terras. Isso começou com a divisão do Brasil em Capitanias Hereditárias, quando o Rei de Portugal dividiu a colônia em 12 capitanias, entregues aos seus donatários.
  Depois, com o fracasso das capitanias, o Governo criou o sistema de sesmaria, que normatizava a distribuição de terras destinadas à produção. Depois, criou a Lei de Terras, processo pelo qual as pessoas só poderiam adquirir terras no país por meio da compra. Tudo isso favoreceu sempre os latifundiários, esquecendo as classes menos favorecidas.
Latifúndios - um dos principais problemas agrários do país
  Vários projetos foram criados ao longo da história para tentar resolver os problemas ocasionados com a seca. Um deles foi a construção de açudes e barragens no leito dos rios e riachos intermitentes. Uma solução simples, que poderia dar resultado, porém, na maioria das vezes, acaba agravando ainda mais o problema de miséria na região. A construção de grandes reservatórios acaba sempre beneficiando uma minoria que já é bastante favorecida. Sem contar que grande parte da água dos açudes acaba se evaporando devido à elevada temperatura. Assim, o problema da fome e da miséria do Nordeste, fica sempre na marginalidade desse processo, servindo para que as elites, em épocas de eleições, consigam se eleger por meio da compra do voto.
Barragem Armando Ribeiro Gonçalves - Açu - RN
  Mas hoje, a situação começa a melhorar para os sertanejos. Finalmente, depois de mais de 400 anos de povoamento, o nordestino está começando a conviver melhor com a seca. Graças a projetos do Governo Federal, em parceria com os governos estaduais e municipais, aliado às ONGs (Organizações Não-Governamentais) e a Igreja.
  A construção de cisternas, faz com que o homem do campo possa ter água de boa qualidade durante todo o ano, por meio do aproveitamento da água das chuvas; a agricultura familiar propicia ao agricultor e sua família, consumir produtos saudáveis durante boa parte do ano; a construção de barragens subterrâneas, permite um melhor aproveitamento do lençol freático, evitando a perda da água por meio da evaporação.
Programa de cisternas - contribui para que o agricultor tenha uma água de boa qualidade durante o ano todo
  A manutenção da vegetação da caatinga e o seu uso sustentável, evita que aumente o processo de desertificação, além de se aproveitar frutos desse bioma para fazer doces, geleias, além das palmáceas contribuir para alimentar o gado. O artesanato contribui para gerar emprego e renda para muitas famílias sertanejas. As festas tradicionais, como o São João, as festas de padroeiros ou os carnavais fora de época, ajudam ao desenvolvimento do turismo.
São João de Campina Grande - um dos maiores do mundo
  Enfim, hoje, a região, que já foi a maior fornecedora de mão de obra para outras regiões do país, está mostrando que é possível conviver com a seca e desenvolver cada vez mais o nosso Nordeste.
Professor Marciano Dantas

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