sábado, 4 de maio de 2013

A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO FABRIL

  No início da industrialização, mulheres e crianças também trabalhavam nas fábricas. Os trabalhadores eram submetidos a muitas horas de trabalho e recebiam salários baixos. Eles tiveram de adaptar-se de uma vida no campo para uma vida urbana. Se no campo o trabalho era realizado a céu aberto, nas fábricas ocorria em um local fechado, o que permitia controlar as atividades dos trabalhadores. No campo eles produziam seu próprio alimento, enquanto nas cidades dependiam de seu trabalho para ter dinheiro e poder comprar sua comida.
Crianças trabalhando numa fábrica durante o período da Revolução Industrial
  Aos poucos foram criadas formas de organização do trabalho fabril, como o taylorismo, o fordismo, o just-in-time e as ilhas de produção.
O TAYLORISMO E O FORDISMO
  A organização do trabalho fabril também passou por importantes transformações. No início do século XX, o engenheiro industrial estadunidense Frederick Winslow Taylor desenvolveu um sistema que ficou conhecido como taylorismo, que visava a divisão de tarefas no interior da fábrica para aumentar a eficiência. O taylorismo procurou fazer uma análise científica do trabalho na fábrica, retirando o improviso da produção de modo a controlar todas as etapas do processo produtivo.
Ficheiro:F. Taylor 1856-1915.jpg
Frederick Taylor (1856-1915) - o criador do taylorismo
  Há uma série de princípios enunciados por Taylor, no que concerne à administração. Eles são entendidos como máximas pelas quais a organização deve se orientar para melhorar sua eficiência, a partir de critérios supostamente científicos.
  Logo em seguida à implementação do taylorismo, Henry Ford, outro engenheiro industrial dos Estados Unidos, aplicou uma nova maneira de organizar o trabalho na sua fábrica de automóveis. Essa forma de organização do trabalho, denominada fordismo, visava acelerar o tempo de montagem dos automóveis. Para isso, em vez de os trabalhadores se deslocarem pela fábrica para realizar suas tarefas, eles ocupavam uma posição fixa na linha de montagem e trabalhavam sem sair do lugar. As peças passavam em uma esteira rolante e cada trabalhador realizava sua tarefa repetidas vezes: um só encaixava o motor, outro apenas parafusava o motor na carroceria, outro encaixava os bancos, e assim por diante.
Henry Ford (1863-1947) - idealizador do fordismo
  Com o fordismo, o trabalho se tornou repetitivo e monótono e os operários perderam o controle sobre o processo de produção, o ritmo e os resultados de seu trabalho. Por outro lado, a produtividade da indústria aumentou, pois uma quantidade maior de mercadorias era produzida em um tempo menor.
  O fordismo teve seu ápice no segundo pós-guerra (1945-1968), que ficou conhecido na história do capitalismo como "os anos dourados". Entretanto, a rigidez deste modelo de gestão industrial foi a causa do seu declínio. Ficou a famosa frase de Ford, que dizia que poderiam ser produzidos automóveis de qualquer cor, desde que fossem pretos. Isto porque a tinta preta secava mais rapidamente, e os carros poderiam ser montados em menos tempo.
Modelo de produção fordista
  A partir da década de 1970, o fordismo entra em declínio. A General Motors flexibiliza a sua produção e seu modelo de gestão. Lança diversos modelos de veículos, várias cores e adota um sistema de gestão profissionalizado, baseado em colegiados. Com isso, a GM ultrapassa a Ford, e se torna a maior montadora do mundo.
O JUST-IN-TIME
  As transformações na produção industrial continuaram acontecendo. Na década de 1990 uma forma de administração da produção, denominada just-in-time ("bem a tempo"), tornou-se muito popular. Seu criador foi Taiichi Ohno, um engenheiro chinês (filho de japoneses) que implantou o sistema na fábrica Toyota, em meados da década de 1960.
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Taiichi Ohno (1912-1990) - idealizador do Toyotismo
  O just-in-time consiste na prática de produzir apenas o necessário, quando necessário, para evitar possíveis desperdícios. É um método que evita manter grandes estoques, trabalhando praticamente sob encomenda, isto é, a partir do pedido do cliente. Essa prática é diferente do fordismo, em que primeiro se produzia - e muito - para depois tentar vender o produto.
  Além disso, o sistema just-in-time possibilita que os produtos sejam fabricados atendendo às exigências do consumidor. No caso de um automóvel, por exemplo, o cliente pode escolher a cor do veículo, os equipamentos opcionais, como: ar-condicionado, rádio e vidro elétrico, e até a potência do motor. É como se cada um dos carros que saem da fábrica tivesse sido produzido sob medida, ao gosto do comprador.
O toyotismo está ligado diretamente à robotização
AS ILHAS DE PRODUÇÃO
  Com o just-in-time, surgiram as chamadas ilhas de produção, onde o trabalho é desenvolvido em equipe. Cada ilha realiza praticamente todas as etapas da fabricação de um produto. Em um sistema de ilhas de produção, o trabalhador deve conhecer suas funções e as dos demais colegas de equipe, isto é, todos devem realizar todas as tarefas. O trabalho realizado em uma organização de ilhas facilita a comunicação, a integração e a troca de experiências entre as equipes. As ilhas também evitam que as tarefas se tornem monótonas, pois os trabalhadores desempenham diferentes funções. Além disso, permitem aumentar a produtividade industrial e diminuir o número de mercadorias com defeito de fabricação.
As ilhas de produção exigem qualificação profissional do trabalhador
  As inovações tecnológicas não param de expandir no setor industrial, pois a maioria das grandes empresas vêm investindo nesse sentido, criando programas para ampliar a capacidade de produção.
AS INOVAÇÕES E OS TRABALHADORES
  Uma das inovações mais importantes na produção industrial foi a introdução de robôs nas linhas de montagem. Inicialmente eles foram utilizados somente para operar em locais que colocavam a vida dos trabalhadores em risco, como ambientes radioativos ou de temperaturas muito elevadas. Porém, aos poucos, acabaram sendo utilizados para desenvolver funções rotineiras nas linhas de montagem. Essa inovação levou à perda do emprego muitos trabalhadores, cujas tarefas passaram a ser feitas por robôs.
  A modernização das indústrias gera desemprego, pois consegue aumentar a produção sem ampliar o número de empregados. Atividades que antes exigiam quatro trabalhadores, passaram a exigir apenas uma máquina e um operário.
Agência O Globo
Carro sendo produzido por robôs
  O desemprego causado pelas novas tecnologias - como a robótica e a informática - recebe o nome de desemprego estrutural. Ele não é resultado de uma crise econômica, e sim das novas formas de organização do trabalho e da produção. Tanto os países ricos quanto os pobres são afetados pelo desemprego estrutural, um dos mais graves problemas de nossos dias.
  Todas essas mudanças ocorridas na indústria e nos processos de produção alteraram a atuação dos sindicatos de trabalhadores em todo o mundo. Antes, a luta era, principalmente pelo aumento dos salários.
  Atualmente, a grande reivindicação dos trabalhadores passou a ser emprego. Os sindicatos propõem, entre outras medidas, a redução da jornada de trabalho sem a diminuição do salário e a criação de mais empregos, entre outros benefícios.
Manifestantes se reúnem no centro de Atenas para manifestação durante greve geral neste 1º de Maio
Trabalhadores na Grécia protestam contra o desemprego, em 1º de maio de 2013.
FONTE: Ribeiro, Wagner Costa. Por dentro da geografia, 6º ano: geografia em sua vida / Wagner Costa Ribeiro. 1. ed. - São Paulo: Saraiva, 2012.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

O MUNDO COMO FÁBULA, COMO PERVERSIDADE E COMO POSSIBILIDADE

A GLOBALIZAÇÃO COMO FÁBULA
 "[...] A máquina ideológica que sustenta as ações preponderantes da atualidade é feita de peças que se alimentam mutuamente e põe em movimento os elementos essenciais à continuidade do sistema. Damos aqui alguns exemplos. Fala-se, por exemplo, em aldeia global para fazer crer que a difusão instantânea de notícias realmente informa as pessoas. A partir desse mito e do encurtamento das distâncias - para aqueles que realmente podem viajar - também se difunde a noção de tempo e espaço contraídos. É como se o mundo houvesse tornado, para todos, ao alcance da mão. Um mercado avassalador dito global é apresentado como capaz de homogeneizar o planeta quando, na verdade, as diferenças locais são aprofundadas.  Há uma busca de uniformidade, ao serviço dos atores hegemônicos, mas o mundo se torna menos unido, tornando mais distante o sonho de uma cidadania verdadeiramente universal. Enquanto isso, o culto ao consumo é estimulado. [...]
A GLOBALIZAÇÃO COMO PERVERSIDADE
  De fato, para a grande maior parte da humanidade a globalização está se impondo como uma fábrica de perversidades. O desemprego crescente torna-se crônico. A pobreza aumenta e as classes médias perdem em qualidade de vida. O salário médio tende a baixar. A fome e o desabrigo se generalizam em todos os continentes. Novas enfermidades, como a Aids, se instalam e velhas doenças, supostamente extirpadas, fazem seu retorno triunfal. A mortalidade infantil permanece, a despeito dos progressos médicos e da informação. A educação de qualidade é cada vez mais inacessível. Alastram-se e aprofundam-se males espirituais e morais, como os egoísmos, os cinismos, a corrupção.
  A perversidade que está na raiz dessa evolução negativa da humanidade tem relação com a adesão desenfreada aos comportamentos competitivos que atualmente caracterizam as ações hegemônicas. Todas essas mazelas são direta ou indiretamente imputáveis ao presente processo de globalização.
UMA OUTRA GLOBALIZAÇÃO
  Todavia, podemos podemos pensar na construção de um outro mundo, mediante uma globalização mais humana. As bases materiais do período atual são, entre outras, a unicidade da técnica [...]. É nessas bases técnicas que o grande capital se apoia para construir a globalização perversa. Mas, essas mesmas bases técnicas poderão servir a outros objetivos, se forem postas ao serviço de outros fundamentos sociais e políticos. Parece que as condições históricas do fim do século XX apontavam para esta última possibilidade. [...]"
A proliferação de empresas transnacionais é a principal característica da globalização
FONTE: SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2004, p. 17-20.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

NACIONALISMO

  A expansão para o Oeste e a Guerra de Secessão nos Estados Unidos, as unificações alemã e italiana e a Era Meiji no Japão, têm um traço em comum: o sentimento nacionalista e patriótico de seus participantes. Tratava-se, então, de um sentimento recente na História mundial.
  A ideia de nação nasceu no começo da Idade Moderna com a formação dos Estados Nacionais. Os reis centralizavam todo o poder em suas mãos e impuseram seu governo ao povo. Organizou-se o Estado absolutista. O poder do rei, baseado no direito divino, era absoluto e a ele estava submetida a nação. Dessa forma, o Estado era mais forte do que a nação.
Luís XIV, rei da França, chegou a dizer "O Estado sou Eu".
  O Iluminismo e a Revolução Francesa difundiram as ideias de liberdade e de resistência contra a opressão. Os revolucionários franceses de 1789 derrubaram o rei e proclamaram que o povo era a nação. Surgiram movimentos nacionalistas com diferentes sentidos: contra o absolutismo (revoluções de 1830 e 1848), pela independência política (foi o caso do Brasil), pela modernização para garantir a soberania nacional (como fez o Japão), pela unificação (a Alemanha e a Itália) e pela união e expansão territorial (caso dos Estados Unidos).
Ficheiro:Eugène Delacroix - La liberté guidant le peuple.jpg
A Liberdade Guiando o Povo, por Eugéne Delacroix.
  No entanto, o que existia em comum nesses movimentos nacionalistas era a associação dos princípios liberais à concepção de nação. Defendia-se o direito de autodeterminação dos povos. Assim, o que caracteriza um grupo humano como nação é o fato de que, independentemente da diversidade religiosa, linguística ou cultural, todos os seus membros se identificam como portadores de uma mesma identidade nacional. Essa ideia de nação formou-se ao longo dos séculos XIX e XX.
  No final do século XIX, o nacionalismo se tornou cada vez mais agressivo. Os governantes das grandes potências defendiam o crescimento econômico a qualquer preço, a formação de um exército bem armado e treinado, a exaltação dos heróis nacionais, principalmente a repressão aos opositores (considerados "inimigos da pátria"). Esse patriotismo exagerado e autoritário foi chamado de chauvinismo.
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/40/Napoleon_in_His_Study.jpg
Napoleão I - defensor do Chauvinismo
  Outro elemento importante do chauvinismo consistiu na suposta superioridade moral, intelectual ou material de um povo. Os outros povos eram vistos como "inferiores" e "atrasados" e deveriam ser submetidos. Manifestações de xenofobia passaram a ocorrer contra grupos étnicos minoritários, como os judeus, migrantes, ex-escravos etc. (são exemplos de xenofobia da época: a perseguição e espancamento de judeus na Rússia e a intimidação e violência contra os negros no Sul dos Estados Unidos). O nacionalismo extremado acentuou as tensões políticas e a rivalidade econômica entre nações e grupos étnicos, conduzindo o mundo a um clima de guerra.
Ficheiro:Buchenwald Slave Laborers Liberation.jpg
Campo de Concentração de Buchenwald - o holocausto contra os judeus durante a Segunda Guerra Mundial, foi um exemplo de chauvismo.
FONTE: Rodrigues, Joelza Ester Domingues. História em documento: imagem e texto, 8° ano / Joelza Ester Domingues Rodrigues. -- Ed. renovada. -- São Paulo: FTD, 2009. -- (Coleção história em documento: imagem e texto)

sexta-feira, 26 de abril de 2013

OS DIREITOS HUMANOS

DIREITOS HUMANOS
  Os direitos humanos são direitos fundamentais de todo ser humano, sem nenhuma discriminação, seja étnica, social, econômica, jurídica, política ou ideológica. Eles constituem condição indispensável para se alcançar uma convivência em que todos sejam respeitados indistintamente.
CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS
  Os direitos humanos são:
  • universais: todas as pessoas devem ter a mesma dignidade;
  • naturais: sua origem não é o Estado ou as leis, mas a própria natureza humana;
  • inalienáveis: nenhuma pessoa pode renunciar a eles ou negociá-los, e o Estado não pode dispor dos direitos dos cidadãos;
  • invioláveis: não podem ser destruídos, o que constituiria um atentado contra a pessoa;
  • obrigatórios: impõe às pessoas e ao Estado a obrigação de respeitá-los, mesmo que não exista uma lei que assim o estabeleça;
  • indivisíveis: suprimir qualquer um deles põe em risco o respeito aos demais.
  Para garantir que os direitos humanos sejam respeitados, é preciso mais que uma declaração formal; são necessárias disposição das sociedades em observá-los e punição para os que violam os princípios de igualdade dos seres humanos.
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789
CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS
  O conjunto dos direitos humanos não foi criado de uma única vez, mas em diferentes momentos.
  • Direitos civis e políticos: primeiros direitos a ser reconhecidos, eles consideram a pessoa como ser livre e autônomo, não ligado a um grupo ou coletivo. Os direitos dessa primeira geração estão diretamente relacionados com a preservação da dignidade humana. O direito à vida é o mais importante deles. Outros direitos civis importantes são: o direito à igualdade perante a lei, sem discriminação; à integridade física e moral; a praticar livremente a própria religião ou a não ter nenhuma; à liberdade de expressão; à liberdade de informação; à liberdade de circulação, direito do cidadão de participar da vida política, elegendo seus representantes ou candidatando-se aos cargos públicos, e outros.
  • Direitos econômicos e sociais: direitos da segunda geração, agregados aos anteriores. Situam o indivíduo em um conjunto social, seja pela atividade que desempenha - empregado, empregador etc. -, seja porque requer proteção especial - menores, idosos, desempregados, enfermos etc.
  • Direitos de solidariedade: na década de 1980, generalizou-se o reconhecimento de direitos que só podem ser garantidos mediante a participação solidária de todos os membros da sociedade. São os direitos de terceira geração, que recaem sobre os sujeitos coletivos e incluem a paz, o progresso integral como pessoa e como coletivo, o meio ambiente saudável e equilibrado, e o patrimônio comum da humanidade.
  Os direitos humanos representam a oficialização da igualdade de oportunidades para todos os seres humanos, essencial para a construção de uma sociedade justa. No entanto, requerem a participação igualitária de todos os que integram essa sociedade. A democracia, por estar associada a determinados valores, entre os quais a tolerância, a solidariedade e o respeito pelos outros, é condição fundamental para essa construção.
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
  O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é uma lei brasileira que estabelece políticas de proteção e de atendimento às necessidades da infância e da juventude, sem discriminações. Insere-se no contexto da defesa dos direitos humanos, especificamente de crianças e jovens em condição de risco.
  Os avanços conseguidos por meio da lei são inegáveis, principalmente com relação à mortalidade infantil e à universalização do ensino fundamental, embora os resultados, de modo geral, ainda estejam abaixo do esperado.
FONTE: Projeto Araribá: geografia: ensino fundamental / obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela Editora Moderna: editor executivo Fernando Carlo Vedovate. - 3. ed. - São Paulo: Moderna, 2010.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

ABSOLUTISMO: "O ESTADO SOU EU"

  Desde o século XIII (Idade Média), os reis europeus vinham conquistando cada vez mais poder. Aos poucos, no lugar dos feudos isolados surgiram na Europa reinos centralizados que se organizaram em Estados Nacionais (Portugal foi o primeiro país europeu a ter uma monarquia centralizada). Apoiada pelos burgueses (banqueiros e comerciantes), os reis tomavam medidas que favoreciam suas atividades econômicas. Em troca, os burgueses pagavam os impostos que permitiram aos reis montar exércitos permanentes e fiéis. Os nobres e o clero, por sua vez, perderam poder e foram, aos poucos, ficando sob a autoridade real.
Divisão do poder na época do Feudalismo
  No século XVII, o rei detinha o poder absoluto. Somente ele podia legislar, governar, administrar a justiça e comandar o exército - o rei francês Luís XIV (1661 a 1715) chegou a afirmar: "O Estado sou eu" -. Esse sistema político forte, pessoal e sem leis restritivas ao poder real chamou-se Absolutismo.
  O rei absolutista impunha respeito à sua autoridade por meio da força militar e da cobrança de impostos. Valia-se também da "teoria do direito divino".
  Segundo essa teoria, o rei recebia o poder de Deus e era, portanto, seu representante na Terra. Coloca-se acima da sociedade, da Igreja e do papa. Opor-se ao rei significava opor-se a Deus. Com isso toda população estava obrigada a seguir uma única fé: a religião do rei - "Um rei, uma lei, uma fé", lema de Luís XIV -. O regime absolutista caracterizou-se pela intolerância religiosa e pelas violentas perseguições a quem se opunha à religião do rei.
Luís XIV - rei da França
  Ao redor do monarca absolutista viviam numerosos nobres, sempre dispostos a adular o rei em troca de privilégios e de uma vida cheia de prazeres e luxo. Eles formavam a corte real. O rei distraía a nobreza cortesã com jogos, caçadas, banquetes, bailes e espetáculos teatrais - "Caçamos toda a manhã, voltamos por volta de 3 horas da tarde, trocamo-nos, subimos para jogar até as sete. Depois fomos à peça, que nunca acaba antes das dez e meia, então à janta e depois para o baile até as três da manhã." (Carta de uma dama nobre da corte de Versalhes, França, século XVII). Era uma forma de controlá-los, tirando-lhes a força política e militar e evitando contestações e rivalidades que ameaçassem o poder real.
Esquema do absolutismo francês
  O rei absolutista favorecia também a alta burguesia com garantias, exclusividades e proteção aos negócios. Arrendava-lhe a cobrança de impostos e vendia-lhe títulos de nobreza.
  O Absolutismo foi mais intenso na França, na Espanha e em Portugal. Mas não ocorreu em toda a Europa. A Itália e a Alemanha permaneceram divididas em numerosos Estados. A Holanda constituiu-se em uma república governada por burgueses enriquecidos pelo comércio. A Inglaterra, depois de um reinado absolutista, passou por outra experiência política.
Henrique VIII - rei da Inglaterra e Irlanda
FONTE: Rodrigues, Joelza Ester Domingues. História em documento: imagem e texto, 7° ano / Joelza Ester Domingues Rodrigues. -- Ed. renovada. -- São Paulo: FTD, 2009. -- (Coleção história em documento: imagem e texto)

terça-feira, 23 de abril de 2013

A AMÉRICA LATINA NO INÍCIO DO SÉCULO XXI

  A América Latina neste início do século conhece uma consolidação dos regimes democráticos de governo, apesar de, nos últimos 25 anos, pelo menos  14 presidentes da República não terem concluído seu mandato. Tal quadro reflete uma situação de instabilidade política que é resultado de diversos fatores. Entre eles podem ser citados a corrupção, a concentração de riquezas nas mãos de poucas pessoas, os baixos índices de crescimento econômico e as elevadas taxas de desemprego em muitos países. Aproximadamente 40% da população latino-americana vive na pobreza, e os índices de crescimento econômico do conjunto dos países desse bloco são bem inferiores, por exemplo, aos das economias asiáticas e da Europa Oriental.
Mapa do crescimento econômico em 2010
  No contexto econômico mundial, o conjunto dos países latino-americanos vem perdendo participação no comércio internacional. Na década de 1950, a América Latina detinha uma fatia de aproximadamente 12% do comércio mundial; na década de 1970, esse percentual caiu para 6% e, neste início de século, está em cerca de 3%.
  Isso aconteceu em razão de diversos fatores. Os países mais industrializados da América Latina - México, Brasil e Argentina, não conheceram a ampliação e a diversificação de sua capacidade de produção industrial no mesmo ritmo de diversos países do Norte (Espanha, Alemanha e Japão, por exemplo) e do Sul (Coreia do Sul, Cingapura, Taiwan e China, por exemplo), que tiveram expressivo crescimento econômico na segunda metade do século XX.
Crescimento médio do PIB
  Bens industrializados desses referidos países - os do Norte com maior aporte tecnológico - passaram a ser exportados em grande quantidade. Todos esses países são, atualmente, grandes potências do comércio internacional. Entretanto é possível ressaltar que todos eles seguem o modelo de desenvolvimento fortemente insustentável do ponto de vista ambiental, particularmente a China.
  Além disso, os setores industriais do México, do Brasil e da Argentina não chegaram a dar um salto em termos de produção de bens de maior nível tecnológico, em razão, principalmente, da falta de incentivos por parte do Estado. Nesses países, bem como em toda a América Latina, são baixos os gastos em inovação, pesquisa e desenvolvimento. E são justamente os produtos de elevado nível tecnológico os de maior valor no mercado internacional.
Indústria automobilística
  Por outro lado, é grande a dependência que muitos países latino-americanos têm das exportações de mercadorias de baixo valor, como são os produtos primários (produtos agrícolas, da pecuária, minérios). Essa dependência também acontece com os países mais industrializados.
  No atual contexto mundial, escasseiam os recursos naturais, e a interferência humana na natureza acarreta sérios problemas ambientais e sociais. Esses fatores exigem novos padrões de desenvolvimento. Também as particularidades da geografia da América Latina e a necessidade urgente de melhorias nas condições de vida de milhões de pessoas, que vivem em situação de pobreza ou miséria no continente, trazem novos desafios à política, à sociedade e à economia de seus países.
Acabar com a miséria é um dos principais desafios dos governantes
  Entre as particularidades do espaço geográfico latino-americano, podemos destacar: a possibilidade de produzir fontes energéticas renováveis (biocombustíveis, por exemplo), a disponibilidade de recursos hídricos (águas superficiais e subterrâneas), as reservas de petróleo e gás natural em alguns países, as extensas áreas que podem ser destinadas à agropecuária, a enorme biodiversidade presente nos ecossistemas, a grande diversidade étnico-cultural.
A grande biodiversidade é um dos fatores positivos da América Latina
  Criar condições para que se promova o fim da exclusão social, a conservação da natureza e a preservação das identidades culturais locais (povos indígenas, por exemplo) deveriam ser aspectos presentes nos projetos governamentais.
FONTE: Lucci, Elian Alabi. Geografia: homem & espaço, 8° ano / Elian Alabi Lucci, Anselmo Lázaro Branco. - 23. ed. - São Paulo: Saraiva, 2010.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

CAMPANHA DE DOAÇÃO DE SANGUE



CAMPANHA DE DOAÇÃO DE SANGUE

  Esta é minha prima Celeide Albertina Dantas Silva, que está sendo beijada por sua irmã Kátia Albertina Dantas. A mesma está necessitando urgentemente de sangue (qualquer tipo). Os interessados em doar sangue para ela deverão se deslocar até o Hemonorte levando o seu nome (Celeide Albertina Dantas Silva) e o nome do hospital (Liga Norte-Riograndense contra o Câncer). Para entregar o comprovante de doação, é só levar para a Liga (Policlínica do Alecrim) ou ligar para suas irmãs Kátia (9650-3335 ou 88047323) ou Cleide (9945-9680). Desde já a família agradece de todo coração.

ETANOL DE CANA E DE MILHO: DIFERENÇAS EXPRESSIVAS DE IMPACTOS NA PRODUÇÃO E NO MERCADO DE ALIMENTOS

  As diferenças são fundamentais entre o milho e a cana-de-açúcar. Enquanto o milho corresponde a um produto alimentar fundamental para amplas massas populares, em especial de muitos países pobres - e para isso as alternativas de substituição são reduzidas -, da cana se produz açúcar que encontra substitutivo inclusive porque parcela relevante do açúcar consumido no mundo origina-se da beterraba açucareira e não da cana. Isso sem entrar no rigor dos rendimentos em termos de volume de etanol produzido, que na cana se mostra mais elevado por unidade de área que no milho. Na questão do impacto sobre o preço dos alimentos, a produção de etanol de milho como no programa norte-americano, implica a retirada de parcelas elevadas de produto do mercado com impactos direto em toda a cadeia de grãos, como a soja, o trigo e mesmo o arroz. No caso da cana não, pois em caso de menor produção de açúcar, não apenas não se trata de um produto alimentar e essencial, como os impactos colaterais não atingem outros alimentos.
Cultivo de milho na África
  Essa se constitui na grande vantagem do programa brasileiro de produção de etanol em relação ao seu rival mais direto, o etanol norte-americano. Assim, ao contrário de negar a obviedade de que a produção de etanol à base de milho tem uma relação direta com a explosão dos preços dos cereais, gerando enorme convulsão social em inúmeros países - que estão dentre os mais pobres - que dependem do milho para alimentação humana, as autoridades brasileiras deveriam incorporar-se às críticas pesadas contra esse efeito perverso da produção de biocombustíveis sobre a produção de alimentos [...]
Caminhão transportando cana no interior de São Paulo
  Isso porque nem mesmo o Brasil está imune aos impactos da política norte-americana de produção de etanol a partir do milho. E os efeitos não são todos benéficos, embora o impacto sobre o preço dos alimentos aqui estão longe de alcançar a dramaticidade vivida nos países cuja a alimentação se dá à base do milho e outros cereais.
  O Brasil antes nunca tinha sido exportador relevante de milho, passou a ser como resultante do impacto da produção dos biocombustíveis sobre a produção e os preços dos alimentos, uma vez que maiores preços internacionais de milho desde logo tornam mais cara a comida de populações que têm dieta à base de milho, como na América Central e, também, impacta a produção brasileira, em especial de feijão, uma vez que não apenas o milho corresponde à segunda cultura da maioria dos produtores de feijão como também, nesses mesmos espaços, a soja é uma lavoura concorrente por terra. Em poucas palavras, no tocante aos biocombustíveis, se configura um exagero prognosticar a falta de alimentos em função da expansão canavieira, conforma-se como uma constatação que a política norte-americana de produção de etanol a partir do milho, num primeiro momento, já impactou negativamente a produção de alimentos e os tornou mais caros. A diferença de dramaticidade consistem em que a alimentação do brasileiro não tem a mesma dependência do feijão, tendo outras opções de proteína barata. [...]
Agricultura de subsistência de feijão
FONTE: GONÇALVES, J. S.; SOUZA., S. A. M. Efeitos da política norte-americana de biocombustíveis sobre o preços de alimentos no Brasil. In: Informações Econômicas. São Paulo. v. 38, n. 7, jul. 2008, p. 62-63

quinta-feira, 18 de abril de 2013

TERRORISMO

  No início do século XXI, o terrorismo foi proclamado como a principal ameaça à humanidade. Isso por conta de sua imprevisibilidade, pela dificuldade ou até impossibilidade de controle e pela falta de visibilidade do inimigo. Desse modo, o terrorismo e a luta contra ele têm sido colocados como assuntos obrigatórios nas relações internacionais.
  Os Estados Unidos declararam guerra ao terrorismo. Após o atentado ao World Trade Center, em 2001, o combate a ele justificou as principais ações militares norte-americanas no Afeganistão e no Iraque. No entanto, essa meta já proclamada na década de 1980 pelo governo Reagan, não evitou que milhares de atentados ocorressem nos últimos anos e que aumentasse o número de grupos que utilizam o terrorismo como estratégia de luta. Muitos são bastante conhecidos, como o ETA, na Espanha; os Tigres Tâmeis, no Sri Lanka; e os grupos islâmicos fundamentalistas em diversos países africanos e asiáticos. Outros não têm a mesma projeção internacional, mas podem ser contados à dezenas.
As Torres Gêmeas em chamas após o atentado em 11 de setembro de 2001
  Ações de caráter terrorista como instrumento de luta política passaram a ocorrer já no século XIX. Ao longo dos séculos XX e XXI, diversos outros grupos promoveram ações terroristas na Europa e em outras partes do mundo. As motivações, as estratégias e as consequências foram diversas, segundo o momento histórico e as nações envolvidas.
  Foi, no entanto, durante o período da Guerra Fria que o terrorismo adquiriu dimensão internacional. Grupos terroristas de diversos matizes ideológicos (de oposição a governos, ditatoriais ou não; nacionalistas em luta pela independência e pela autonomia nacional; seitas e grupos religiosos) foram formados em todos os continentes. Na maioria dos casos, esses grupos eram apoiados pelos Estados Unidos ou pela ex-URSS.
Minutos após o assassinato de Fernando Ferdinando, herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro, em 1914, em Sarajevo, capital da Bósnia. Esse assassinato foi o estopim para o início da Primeira Guerra Mundial.
  Na década de 1970, surgiram na Europa diversas organizações terroristass de cunho político, somadas às já existentes IRA e ETA: na Itália, as Brigadas Vermelhas; na França, a Ação Direta; e na Alemanha, o Baader Meinhof. Esses grupos aterrorizavam a população europeia ao mesmo tempo em que recebiam a simpatia de parcela da população.
  No Oriente Médio, considerado hoje o grande foco do terrorismo internacional, os primeiros grupos tiveram origem entre os judeus na Palestina, na década de 1960. Mas foi somente a partir da década de 1980 que ocorreu a disseminação de grande quantidade de grupos terroristas na região. Além do uso de carros-bombas, utilizados originalmente por organizações terroristas europeias, foi acrescentado, por alguns grupos, o terrorismo suicida.
Carro-bomba colocado pelo ETA em Pamplona em 2008
FUNDAMENTALISMO ISLÂMICO
  O islamismo é a religião que mais cresce no mundo. Conta, atualmente, com 1 bilhão e 200 milhões de fiéis espalhados, sobretudo, pelo Oriente Médio, norte da África e sudeste asiático. Essa religião foi fundada por Maomé, no século VII, e baseia-se no Corão, ou Alcorão, também chamado Livro de Deus (Kitsb Alah). Os seguidores do islamismo são denominados muçulmanos.
  A interpretação do Corão não é a mesma para todos os muçulmanos. Pra os chamados fundamentalistas, certos aspectos das sociedades ocidentais, como, por exemplo, a liberdade de expressão e de religião e a igualdade de direitos para homens e mulheres, são incompatíveis com a lei do Corão. Para eles, o Ocidente, com seus valores, constitui uma ameaça à sociedade muçulmana.
Mapa do mundo muçulmano com as principais escolas da lei islâmica (madhhab)
  Superado o "perigo vermelho", representado pla extinção da URSS, o fundamentalismo islâmico surgiu como um dos grandes "vilões" do Ocidente. Após os atentados de 11 de setembro de 2001, essa imagem foi muito explorada pelos EStados Unidos, que relacionavam os grupos islâmicos de orientação fundamentalista ao terrorismo.
  Além dos esforços de preservação cultural, o crescimento do fundamentalismo islâmico está relacionado aos sucessivos fracassos econômicos e políticos dos governos de vários países muçulmanos da Ásia e do norte da África. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, esses países conquistaram a sua independência e passaram a ter governos próprios. Desde então, o caos econômico e social, aliado ao autoritarismo e à corrupção da classe política dirigente, é a base fértil da expansão do fundamentalismo. A população muçulmana depositou cada vez mais suas esperanças de uma vida melhor nas próprias raízes religiosas e culturais, já que a chegada da modernidade só trouxe benefícios para uma minoria - a elite econômica.
Peregrinação (hajj) a Meca - um dos "cinco pilares do Islão".
  Além disso, a independência política conquistada por esses países não significou o fim das interferências externas das grandes potências mundiais - sobretudo dos Estados Unidos -, cuja posição sempre foi ambígua. No Oriente Médio, por exemplo, o petróleo foi o fio condutor que determinou o apoio norte-americano a um ou outro governante, de acordo com as vantagens econômicas e estratégias que pudessem ser obtidas nessa região.
A QUESTÃO AFEGÃ E O TALIBÃ
  O Afeganistão, composto por uma variedade de etnias rivais, era uma monarquia desde 1933. Em 1973, sofreu um golpe de Estado, liderado pelo general Mohammed Daud, que transformou o país numa república e assumiu a presidência. No período da Guerra Fria, principalmente após a crise do petróleo de 1973, o Afeganistão tornou-se um país estratégico, cujo território passou a ser disputado pelas duas superpotências na época. Os soviéticos aspiravam à dominação da região para controlar o acesso ao Golfo Pérsico, e os Estados Unidos buscavam inibir a expansão soviética na região do Oriente Médio.
Mapa do Afeganistão
  Em 1978, Mohammed Daud foi derrubado e assassinado por membros do Partido Democrático do Povo (comunista). Esse episódio desencadeou a disputa pelo poder entre grupos guerrilheiros de etnias diversas, principalmente a muçulmana. Hafizullah Amim, líder de uma das facções do Partido Democrático do Povo, acabou conquistando a presidência, mas não se mostrou capaz de contemplar os interesses soviéticos. No final de 1979, a União Soviética invadiu o país. O presidente Hafizullah Amim foi assassinado e o presidente nomeado, Babrak Karmal, passou a governar o Afeganistão apoiado pelas forças soviéticas, que em pouco tempo chegaram a mobilizar quase cem mil soldados para a região.
Mapa da intervenção soviética no Afeganistão em 1981
  A resistência contra o regime de Babrak Karmal, por parte dos vários grupos de mujahedins (conhecidos como guerreiros da liberdade), foi implacável. Instaurou-se no país uma guerra civil, que os soviéticos nunca conseguiram controlar. Estados Unidos, China, Paquistão, Irã e Arábia Saudita forneceram armas e dinheiro aos guerrilheiros que lutavam contra a ocupação soviética. Durante a década de 1980, os Estados Unidos estiveram diretamente envolvidos no recrutamento e treinamento dos mujahedins, entre eles, Osama Bin Laden.
Retirada de tropas soviéticas do Afeganistão em 1988
  No final da Guerra Fria, em 1989 - no governo Gorbatchev -, o exército soviético retirou-se do Afeganistão, e a guerra continuou entre as facções de grupos muçulmanos que disputavam o poder entre si. Em 1996, o Talibã, grupo islâmico ultrarradical, assumiu o poder e o controle de 95% do território afegão, e o país se tornou abrigo seguro do principal suspeito dos atentados terroristas de 11 de setembro, o milionário saudita Osama Bin Laden.
  Os mujahedins treinados pelos Estados Unidos para combater a expansão do comunismo soviético voltaram-se contra o seu principal provedor de armas.
Osama Bin Laden em 1997
AS NOVAS DIMENSÕES DO TERRORISMO
  Durante o século XX, proliferaram grupos terroristas em praticamente todos os continentes, com objetivos os mais diferentes possíveis: grupos de esquerda em luta contra governos capitalistas, grupos de direita contra governos de orientação socialista, grupos nacionalistas, grupos separatistas, lutas pela independência, descolonização etc.
  No entanto, os atentados terroristas de grande dimensão são elementos marcantes da nova ordem mundial. Colocam em evidência a continuidade dessa estratégia de luta por grupos radicais que tentam derrotar Estados organizados, já que nada conseguiriam num combate frontal. O terrorismo é, portanto, uma guerra assimétrica, mas de grandes proporções, que amedronta e coloca a sociedade em estado de permanente tensão.
Momento em que o assassino salta em direção ao carro e dispara contra seus ocupantes, no episódio conhecido como Assassinatos de Marselha de 1934, onde foram mortos o rei Alexandre I da Iugoslávia e o Ministro das Relações Exteriores da França, Louia Barthou, em 9 de outubro de 1934, em Marselha - França.
 A rede Al Qaeda, gestada no contexto da Guerra do Afeganistão com a fusão de facções islâmicas ultrarradicais com  conexões espalhadas pelo mundo islâmico, inaugurou o terrorismo de "espetáculo", de grandes dimensões e projeção internacional. Neste início do século XXI, três atentados chocaram o mundo por sua crueldade: o de 11 de setembro de 2001, em Nova York; o de 11 de março de 2004, em Madri; e o de Beslan, na Ossétia do Norte, também em 2004. Os dois primeiros atentados foram atribuídos à rede terroristaAl Qaeda e o terceiro, a um grupo separatista da Chechênia.
Na manhã de 11 de março de 2004 dez bombas explodiram em quatro comboios que faziam a ligação entre Alcalá de Henares e a estação madrilhena de Atocha, que deixou 191 pessoas mortas e milhares feridas.
  Mesmo que o terrorismo seja uma forma de luta antiga e bem conhecida, os grandes atentados realizados pela Al Qaeda mostram que foram executados com base em planejamento minucioso, visando alcançar o máximo impacto e repercussão internacional.
  Quanto mais gigantesca e violenta é a ação, mais o terrorismo conta com a cobertura dos meios de comunicação, que transforma a barbárie em espetáculo para ser acompanhado por milhões de pessoas em todo o mundo. No atentado do World Trade Center, depois de o primeiro avião ter atingido uma das torres, as câmaras de televisão passaram a transmitir ao vivo o acontecimento. Pessoas do mundo todo puderam ver, em tempo real, um segundo avião mergulhar na outra torre. Foi também ao vivo que os telespectadores  assistiram ao edifício desabando e o desespero da população sob a poeira e os escombros.
A Torre Norte em chamas após o atentado de 11 de setembro
FONTE: Lucci, Elian Alabi. Território e sociedade no mundo globalizado: geografia: ensino médio, volume 3 / Elian Alabi Lucci, Anselmo Lázaro Branco, Cláudio Mendonça. - 1. ed. - São Paulo: Saraiva, 2010.

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