domingo, 2 de dezembro de 2012

O APARTHEID NA ÁFRICA DO SUL

  Na África Negra, praticamente nenhum país esteve imune às violações dos direitos humanos e ao terror praticado pelo Estado. Mas, sem dúvida, a África do Sul marcou o século passado devido à institucionalização da violência e da segregação racial contra os negros.
  Os conflitos entre o Estado segregacionista comandado pelos brancos e os movimentos negros tiveram início ainda na primeira década do século XX. Criada em 1910, a República da África do Sul promulgou a Lei de Terras, que destinava 87% das terras sul-africanas para os 18% que formavam a população branca. Os negros, impedidos de participar das decisões políticas, eram considerados apenas mão de obra para a agricultura, a exploração das minas, os serviços domésticos etc. Alguns chegaram a fazer parte da própria polícia sul-africana, colaborando ironicamente, para o cumprimento das leis racistas.
Negro protesta contra o regime do apartheid na África do Sul (África do Sul do regime do mal)
Cartaz racista na África do Sul indicando que apenas os brancos podiam circular por esse local
  Em 1912, foi criado o Congresso Nacional Africano (CNA), em defesa dos direitos da população negra, que liderou a luta contra a discriminação na África do Sul por todo o século XX. A partir de 1948, o apartheid (separação), que já existia de fato, passou a fazer parte da própria Constituição do país, obrigando os negros a viver em zonas residenciais separadas e impedindo-os de frequentar os mesmos lugares que os brancos.
  Os negros utilizavam serviços públicos (transporte, assistência médica e escola) separados dos brancos. Proibiram-se, também, casamentos e relações inter-raciais. Em defesa dessa política, afirmava-se que brancos, negros e mestiços eram iguais, mas deveriam viver separados.
Placa indicando o local por onde poderiam circular os brancos e os negros
  Em 1960, o CNA foi proibido. Nelson Mandela, presidente do partido, e um grupo de militantes passaram a agir clandestinamente, apesar da oposição de vários líderes do CNA, e a utilizar métodos terroristas, como bombas e sabotagem, para atacar as minas de ouro e diamante, as fábricas, a polícia e a população civil branca.
  A reação do Estado sul-africano contra o terrorismo do CNA foi violenta. Prisões ilegais, julgamentos sumários, torturas, mortes e ataques à população civil negra indefesa eram realizados com frequência pelo governo branco opressor, num país de ampla maioria negra. Em 1962, Mandela foi preso, permanecendo nessa condição por 27 anos.
Protesto contra o apartheid na África do Sul
  A política segregacionista tornou-se cada vez mais dura, principalmente no governo de Balthazar Johannes Vorster. Em 1971, foram criados os bantustões, territórios negros independentes, separados da África do Sul, situados nas piores terras e desprovidos de qualquer obra de infraestrutura. Com isso, os negros teriam seu próprio território e governo, mas teriam que enfrentar sozinhos os inúmeros problemas encontrados nos bantustões. Para entrar e circular na África do Sul, dependiam de autorização e precisavam ter um passaporte como qualquer estrangeiro que entra em outro país. Dez bantustões foram criados: Bofutatsuana, Transkei, Ciskei, Venda, Leboua, Gazankulu, Kuazulu, Kuákua, Kuandebele e Kanguane. Transkei, Bofutatsiana, Venda e Ciskei foram transformados em "países independentes".
Bantustões: territórios negros independentes
  Na verdade, essa foi uma estratégia geopolítica das autoridades sul-africanas para resolver o problema racial. Como os bantustões não têm riquezas nem atividades econômicas importantes, os negros eram obrigados a trabalhar nas indústrias sul-africanas instaladas nas proximidades dos bantustões. Estes seriam apenas fornecedores de mão de obra barata para as empresas da África do Sul e seus habitantes não teriam direitos políticos na medida em que seriam "estrangeiros".
  Assim, teoricamente, a culpa pela pobreza desses bantustões não seria o governo da África do Sul, mas dos próprios negros que adquiriram sua "independência". Essa ideias astuciosa acabou sendo denunciada no mundo inteiro. A estratégia do governo da África do Sul provocou indignação de toda a comunidade internacional, resultando na exclusão do país da ONU, em 1974, e na adoção de sanções econômicas com o objetivo de pressionar o governo e acabar com o apartheid.
Em 21 de março de 1961, em Sharpeville, África do Sul, oficiais de polícia brancos mataram 69 pessoas que protestavam em frente da estação de polícia de Sharpeville.
  Dessa forma, em fevereiro de 1990, o governo da África do Sul tomou diversas medidas com o objetivo de abrandar o regime do apartheid, promovendo ao mesmo tempo reformas no campo político e libertando o líder negro Nelson Mandela. Também foram legalizados os partidos e movimentos de oposição, entre eles o Congresso Nacional Africano. Praticamente todos os presos políticos ganharam a liberdade. Por outro lado, numerosas restrições que afetavam a vida dos negros foram eliminadas, como a proibição de frequentar piscinas e praias reservadas só a brancos e a proibição de usar ônibus só de brancos. Também foi abolida a lei de censura. Apesar dessas medidas, os líderes negros continuaram reivindicando a eliminação total do apartheid, para que brancos e negros pudessem gozar de igualdade absoluta. Em 1992, o governo realizou um plebiscito (consulta à população) sobre o final do apartheid, que foi aprovado pela maioria da população branca.
Frederik De Klerk, então presidente da África do Sul, e Nelson Mandela se cumprimentam, no Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça, em janeiro de 1992, dois meses antes do plebiscito.
  A partir de abril de 1994, com a realização das primeiras eleições livres e multirraciais na África do Sul para os cargos legislativos e para a Presidência da República, desapareceu oficialmente o apartheid. Uma nova Constituição foi promulgada, tornando iguais os direitos de todas as pessoas, qualquer que seja a sua etnia ou cor da pele. Várias línguas dos povos africanos também foram oficializadas no país. Além das duas línguas oficiais que existiam (o inglês e o africâner, um idioma derivado do holandês, falados respectivamente por 15% e 9% da população total do país), os idiomas zulu e xosa, mais outros sete, tornaram-se línguas oficiais da África do Sul.
Nelson Mandela - primeiro negro da história da África do Sul a se tornar presidente do país.
  Nelson Mandela tornou-se o primeiro negro presidente da história do país, e tentou realizar um projeto de união nacional, com a participação no seu governo de negros e brancos, representados por seus partidos políticos. Esse governo de unidade nacional conseguiu evitar uma guerra civil (entre brancos e negros, entre grupos étnicos negros diferentes e entre estes e os indianos).
Divisão da África do Sul após 1994
  É preciso lembrar que o final do domínio político (mas não econômico), da minoria branca acirrou as rivalidades entre as várias tribos ou etnias negras, em especial os zulus e os xosas, os dois principais grupos étnicos do país. O presidente Mandela, de origem xosa, foi visto a princípio com desconfiança pelas lideranças zulus, o que não impediu uma convivência pacífica com vistas ao bem comum. O governo de Nelson Mandela terminou em 1999. Em seu lugar assumiu Thabo Mbeki, que governou o país até 2008, quando renunciou após pressão do seu próprio partido sob acusação de interferência no poder judicial.  Assumiu em seu lugar, Kgalema Motlanthe, que ficou no cargo até maio de 2009, quando assumiu Jacob Zuma.
Jacob Zuma - atual presidente da África do Sul
FONTE: Lucci, Elian Alabi. Território e sociedade no mundo globalizado: geografia: ensino médio, volume 3 / Elian Alabi Lucci, Anselmo Lázaro Branco, Cláudio Mendonça. - 1. ed. - São Paulo: Saraiva, 2010.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

TRABALHO: TRANSFORMAÇÕES E DESEMPREGO

  A partir da Revolução Industrial, ocorreu uma maior diferenciação entre as categorias profissionais: operários, comerciantes, pequenos artesãos, camponeses, maquinistas, bancários e muitos outros que compunham o diversificado perfil dos trabalhadores que inicialmente movimentaram a sociedade industrial. Isso se deveu às mudanças nos modos de produção, com a introdução de fábricas e do maquinário no meio urbano, o que alterou também a relação desses profissionais com suas atividades originais. Naquele período (séculos XVIII e XIX), as profissões ligadas aos serviços tiveram um grande crescimento, embora inferior àquelas ligadas diretamente à indústria.
Revolução Industrial - modificou o modo de trabalho e de relações entre as pessoas
  Atualmente, existem milhares de atividades profissionais com os mais diversos graus de especialização e qualificação. Assim como novas profissões surgiram, outras desapareceram ou estão desaparecendo, como soldador em indústria automobilística, telefonista, torneiro mecânico, entre outros.
Torneiro mecânico - uma das profissões que estão desaparecendo
  As novas tecnologias, substituíram por máquinas, computadores e robôs não só trabalhadores, mas também várias categorias profissionais, contribuindo para aumentar o desemprego. No entanto, é importante lembrar que o desemprego em larga escala, associado a determinados processos de mudança na atividade produtiva ou a crises econômicas, não é um fenômeno exclusivo do mundo globalizado. Já ocorreu em outros momentos da história, como por exemplo, na Europa do século XIX, com a Segunda Revolução Industrial, e no mundo todo, com a crise de 1929.
Crise de 1929 - afetou economicamente o modelo de produção capitalista
  Há circunstâncias em que ocorre o desemprego conjuntural, ou seja, temporário. Ele é provocado por crises econômicas, motivadas por fatores internos ou externos, que atingem mais acentuadamente alguns setores econômicos, havendo a possibilidade de os trabalhadores migrarem para outras atividades, no mercado formal ou informal.
  Na fase atual, verifica-se em vários países o desemprego estrutural, também denominado tecnológico. Ele ocorre porque as inovações tecnológicas se processam muito rapidamente, com novas técnicas e equipamentos inseridos nos processos de produção, realização de serviços e venda de mercadorias. A falta de planejamento ou intervenção do Estado (infraestruturas e novas legislações trabalhistas, como, por exemplo, a diminuição da jornada) acentua a diminuição dos postos de trabalho. Além disso, a concorrência tornou-se mundial, motivando maiores cortes de custos por parte das empresas. Esse tipo de desemprego agrava-se pelo fato de ser ao mesmo tempo quantitativo, pois há uma redução numérica dos postos de trabalho, e qualitativo, pois exclui sobretudo a mão de obra menos qualificada.
Desemprego estrutural - motivado pelo avanço da tecnologia
  A supressão de algumas funções em virtude da informatização e do avanço nas telecomunicações ocorre em todos os setores da economia, inclusive nos serviços e comércio. As consultas de saldos e transferências de valores bancários, por exemplo, podem ser realizadas por telefone ou por um computador pessoal, via internet ou, ainda, num caixa eletrônico/terminal de atendimento. No e-commerce (comércio eletrônico), apresentam-se, na tela do monitor do computador, inúmeros produtos, com detalhes do funcionamento e modo de usar, além da possibilidade de realizar financiamentos e transações comerciais apenas com o fornecimento do cartão de crédito.
Comércio eletrônico - possibilita o consumidor fazer suas compras sem precisar se deslocar ao estabelecimento comercial
  A própria Organização Internacional do Trabalho (OIT) reconhece que, desde a sua criação, nunca o desemprego no mundo chegou a índices tão elevados, atingindo, embora em proporções diferentes, tanto os países subdesenvolvidos quanto os desenvolvidos. Na atual fase do capitalismo mundial, as novas tecnologias, de modo geral, promoveram um crescimento econômico desigual e ampliaram a desigualdade entre os países.
Gráfico do desemprego entre os jovens do mundo
  De outro lado, há algumas exceções: a China, por exemplo, tem apresentado grande ritmo de crescimento econômico com a aplicação de novas tecnologias na produção. Já no Japão, que tinha apresentado crescimento nas décadas anteriores, tem sofrido redução em sua expansão econômica diante da concorrência com outros mercados e especialmente em função da crise financeira que abalou o mundo no fim de 2008.
Gráfico do crescimento econômico entre os países
  Estudos da ONU e da OIT, neste início de século, propõe uma série de medidas para melhorar a situação internacional:
  • O comércio mundial deve reduzir as barreiras que impedem o acesso de produtos competitivos oriundos de países em desenvolvimento.
  • Os Investimentos Diretos Estrangeiros (IDE) precisam de nova regulamentação, para se destinar ao setor produtivo.
  • O sistema financeiro internacional deveria prestar um apoio mais decisivo ao crescimento global sustentado.
  • A adoção de incentivos à mão de obra, em vez de estímulos ao capital.
  • Políticas nacionais de estímulo à melhoria da qualificação profissional e de aumento no ritmo de crescimento econômico.
FONTE: Lucci, Elian Alabi. Território e sociedade no mundo globalizado: geografia: ensino médio, volume 3 / Elian Alabi Lucci, Anselmo Lázaro Branco, Cláudio Mendonça. - 1. ed. - São Paulo: Saraiva, 2010.

domingo, 18 de novembro de 2012

A VIDA MODIFICANDO AS PAISAGENS

  Muitas teorias procuram explicar a origem da Terra, bem como o surgimento dos seres vivos. Entre as explicações, são apresentadas três: duas de caráter religioso, que entendem que a criação da Terra como obra de Deus ou de outros seres superiores, e outra que se apoia nos achados científicos, como as descobertas de fósseis e outras evidências, para explicar a origem e a evolução do ser humano no planeta.
  O surgimento da vida na Terra também é objeto de estudo de muitos cientistas. Para tentar explicá-lo, existem diversas teorias.
  Os fósseis são vestígios petrificados de seres vivos que viveram há milhões de anos. Eles nos ajudam a entender a dinâmica da vida na Terra.
Réptil primitivo da espécie Stereosternum tumidum, que habitou o Brasil no Período Permiano, procedente da Formação Irati, na Bacia do Paraná
TEORIAS RELIGIOSAS SOBRE A ORIGEM DA VIDA
  O criacionismo é a crença religiosa de que a humanidade, a vida, a Terra e o Universo são a criação de um agente sobrenatural. No entanto, o termo é mais comumente usado para se referir à rejeição, por motivação religiosa, de certos processos biológicos, particularmente a evolução.  
  Desde o desenvolvimento da ciência evolutiva a partir do século XVIII, vários pontos de vista criados tiveram como objetivo conciliar a ciência com a narrativa de criação do Gênesis. Nessa época, aqueles que mantinham a opinião de que as espécies tinham sido criadas separadamente eram, geralmente, chamados de "defensores da criação", mas foram ocasionalmente chamados de "criacionistas" em correspondências privadas entre Charles Darwin e seus amigos. À medida que a controvérsia da criação versus evolução se desenvolveu, o termo "anti-evolucionistas" tornou-se mais comum.
Criacionismo - uma teoria com várias versões
  Criacionistas estritos acreditam que a evolução não pode explicar adequadamente a história, a diversidade e a complexidade da vida na Terra. Criacionistas rigorosos das religiões judaica e cristã geralmente baseiam a sua crença em uma leitura literal do mito da criação do Gênesis. Outras religiões têm diferentes mitos da criação, enquanto que os diferentes membros de religiões individuais variam em sua aceitação das descobertas científicas. Em contraste com os criacionistas estritos, os criacionistas evolucionários sustentam que, embora as contas de evolução para a natureza da evolução da biosfera, por si só, é cosmologicamente atribuível a uma divindade criadora.
Representação de Michelangelo da Garganta de Deus na Capela Sistina
A TEORIA CIENTÍFICA SOBRE A ORIGEM DA VIDA
  Hoje, há três maneiras mais comumente aceitas de explicar a origem da vida. Uma delas acredita que a vida pode ter vindo de fora da Terra (origem extraterrestre) e é também chamada de panspermia. A segunda, proposta pelos criacionistas, relaciona a origem da vida a forças sobrenaturais e divinas. Apoiam-se para isso nas afirmações da Bíblia Sagrada e, em especial, no livro do Gênesis. A terceira, defendida pelos cientistas evolucionistas, aceita que a vida evoluiu a partir da matéria não viva há bilhões de anos. Esse processo não ocorre mais, nos dias de hoje, porque as condições da Terra primitiva eram muito diferentes. Esses primeiros seres de organização muito primitiva teriam sofrido modificações através dos tempos, dando origem as espécies atualmente existentes.
Terra primitiva
  Alguns grupos religiosos só aceitam a hipótese criacionista como verdadeira; outros aliam-se aos cientistas, porque não acreditam que exista incompatibilidade entre religião e evolucionismo ou qualquer outra teoria científica. Estes religiosos preferem interpretar o relato bíblico, verificar seus princípios éticos, mas não torná-los ao pé da letra. Foi Charles Darwin quem conseguiu criar uma teoria aceita até hoje e conhecida como Teoria da Seleção Natural, para explicar a evolução. Darwin pretendia ser teólogo mas, convidado para ser naturalista do navio Beagle, embarcou em uma viagem que mudou totalmente o rumo de sua vida.
Teoria da Seleção Natural proposta por Darwin
A PRESENÇA HUMANA E A MODIFICAÇÃO DAS PAISAGENS
  A paisagem da Terra vêm sofrendo modificações desde a formação do planeta. Estudando diferentes lugares da Terra, é possível verificar as transformações e supor quais foram os agentes responsáveis por elas. Dentre esses agentes está a sociedade humana que, por meio de seus valores, seu modo de vida, seu trabalho, sua cultura e sua história, interfere nas paisagens.
  Marcado pela necessidade de adaptação e de sobrevivência, o ser humano encontrou na natureza os recursos necessários para manter-se vivo.
  Das rochas foram construídos diversos instrumentos e moradias. Além disso, eram usados ossos e peles de animais, árvores e folhas.
  Os diversos instrumentos, como objetos e adornos, revelam diferentes estágios do desenvolvimento da espécie humana. Essas diferenças acentuam-se com o passar do tempo, sobretudo com as novas invenções e com o avanço da tecnologia. Vejamos as mudanças que ocorreram em alguns lugares do mundo.
Tempo geológico
A TERRA HÁ 35 MILHÕES DE ANOS
  Há 35 milhões de anos, começa a distribuição dos continentes e oceanos. Algumas paisagens dessa época, em áreas onde hoje estão situadas as cidades de Nova York (EUA), Bordeaux (França) e o vale do Rio Nilo (África), eram composta por florestas quentes e úmidas e habitadas por grandes animais.
As grandes florestas cobriam o planeta há 35 milhões de anos
  Depois dos dinossauros, surgiram os mamíferos com várias formas, tamanhos e espécies, como, por exemplo, o Hesperocyon, que era carnívoro e antepassado dos lobos, cães e chacais.
  Na América, diferentes espécies de mamíferos viveram no norte e no sul, mas, quando as do norte se deslocaram para o sul, se adaptaram melhor, como os mamutes e os tigres-dentes-de-sabre.
Smilidon ou tigre-dente-de-sabre
  As diferentes espécies de cobertura vegetal, sempre mantiveram uma relação direta com o clima e, nesse período, houve uma diminuição drástica das temperaturas médias, alteração no índice pluviométrico e, consequentemente, mudanças nas espécies das coberturas vegetais.
  Ao comparar o planisfério atual com o de 35 milhões atrás, perceberá que a distribuição dos continentes e oceanos é semelhante nos dois mapas. As paisagens, porém, sofreram profundas transformações em função das zonas climáticas.
A Terra a 35 milhões de anos atrás
A TERRA HÁ 20 MIL ANOS
  Geleiras polares  avançaram e recuaram, alterando o nível dos oceanos e modificando os fatores climáticos. Algumas espécies de seres vivos desapareceram, enquanto outras puderam se desenvolver. À medida que o gelo se expandia para o sul, nos polos e no equador ocorria outro processo de formação dos desertos e florestas com chuvas abundantes. O último período glacial terminou há 10 mil anos atrás.
Mamutes - animais comuns há 10 mil anos atrás
  Nesse período, houve glaciação. Alguns ancestrais do ser humano atual, como o Homo habilis, que deu origem ao Homo erectus - surgido na África por volta de 1,7 milhão de anos -, já tinham se espalhado por certas regiões da Europa e da Ásia, nas quais tiveram de se adaptar ao clima frio que gerou a glaciação.
  O Homo sapiens habitava cavernas e caçava, mas ainda sabe-se pouco sobre seus costumes e hábitos. Instrumentos característicos feitos com sílex foram encontrados em vários lugares na Europa e no Oriente Próximo.
A Terra durante a última glaciação
A TERRA HÁ 5000 ANOS a.C.
  Nessa época, a população humana era de 6 milhões de habitantes. A maior parte encontravam-se nas margens de grandes rios, principalmente os rios Nilo, Tigres e Eufrates. Os seres humanos já conseguiam cultivar plantas e criar animais e, por isso, muitos clãs se fixavam em territórios predeterminados, deixando de ser nômades.
Há 5000 a.C. foi o apogeu das grandes civilizaões da Antiguidade
  É importante perceber que até aqui as principais mudanças nas paisagens estavam muito relacionadas às dinâmicas da natureza do que às dinâmicas da apropriação dos lugares pelos seres humanos. No entanto, com a estabilidade climática, o crescimento da população mundial e o seu deslocamento para todos os lugares do planeta interferiram no ritmo das mudanças nas paisagens.
  Esse foi um período em que houve um intenso desenvolvimento econômico e social. O aparecimento de tecnologias caracteriza o período neolítico como revolucionário. Aos poucos foi se espalhando para o Oriente Próximo, Europa, África e Ásia mesolítica. As inovações tecnológicas desse período foram a técnica do cultivo do trigo, a domesticação de animais como cabra e gado, o uso do fogo para a preparação da cerâmica e a utilização de instrumentos de pedra polida. Como consequência, nesse período, em função das inovações agrícolas houve crescimento populacional.
A vida no Egito antigo
A TERRA ENTRE 1500 A.c. E 1300 a.C.
  Os seres humanos desenvolveram técnicas agrícolas que permitiram a construção de canais de irrigação nos rios Nilo e Eufrates. A partir desses canais, os egípcios transformaram o vale do rio Nilo e consagraram como uma das civilizações mais fascinantes da humanidade. Foi um período em que surgiram as cidades, intensificou-se o comércio, e a escrita começa a ter importância nas várias sociedades, com hieróglifos egípicios, hititas e as escritas do Sinai.
Cultivo do trigo no Egito antigo
A TERRA NO ANO 100 d.C.
  Nesse período já havia uma importante rede de circulação (estradas) para unir as cidades e expandir o comércio. As paisagens desses lugares já estavam alteradas em função das construções e do uso das técnicas. Já havia a domesticação de animais e de plantas, tornando as sociedades mais sedentárias. Elas se fixaram no meio geográfico. Assim, várias cidades nasceram. Novas técnicas de cultivo, domesticação de animais, objetos ligados à aragem e transportes de mercadorias já faziam parte da história das civilizações antigas, e as novas se formavam, adaptando-se às condições locais.
Esse período é marcado pelo apogeu do Império Romano
A TERRA NO ANO 1250
  Nessa data a Europa Ocidental começava a viver o fim da Idade Média da história da humanidade.
  A população mundial chegava a 360 milhões de pessoas, sendo que 240 milhões viviam na Ásia. Hangzhou, no sul da China, com cerca de 1,5 milhão de habitantes, era a maior cidade do mundo na época. Era um período de crescimento urbano, com expansão comercial voltada para os produtos alimentícios, têxteis e minerais. Na agricultura, as plantações de trigo, cevada e aveia espalhavam-se para o norte da Europa. O sal era obtido nas costas do Atlântico e do Mediterrâneo.
Esse período é marcado pelo apogeu do Feudalismo na Europa
  Os nativos da  ilha de Manhattan, onde hoje está a cidade de Nova York, viviam da caça, da pesca e do cultivo dos campos. A madeira das árvores era usada na construção das casas e das paliçadas que cercavam a aldeia, para evitar o ataque dos inimigos.
  O Egito e o vale do Rio Nilo estavam sob o domínio árabe e eram parte do Império Islâmico. A cultura mulçulmana deixou suas marcas na paisagem - nas mesquitas e nas sólidas muralhas construídas para proteger as cidades.
  No ano de 1250 já se percebiam grandes mudanças no modo de vida da população. Novo tipo de arado e nova técnica de cultivo permitiram aumentar a produção agrícola.
A Revolução Agrícola provocou grandes mudanças na relação homem-natureza
  O mercador, que já era uma figura importante na sociedade medieval, ampliava constantemente as regiões comerciais com o Báltico, mar do Norte e Atlântico. No Egito se comercializavam madeira, armas e ferros, em troca de algodão, açúcar e seda.
A TERRA EM 1650
  Em 1650, 600 milhões de pessoas povoavam o mundo.
  Desde o século XV, empenhados na procura de caminhos de comércio, os europeus haviam chegado a novos territórios, em especial aos continentes africano, americano e asiático, e passaram a explorar essas novas terras, instalando colônias.
  A descoberta de metais preciosos na América acelerou a conquista dos antigos impérios asteca e inca. A colonização espanhola instalou uma nova paisagem no Novo Mundo, completada pela mudança nas relações de trabalho de seus habitantes, forçados a trabalhar em regime de escravidão nas minas de ouro e prata.
As Grandes Navegações - descoberta e colonização de novas terras
  A Ilha de Manhattan foi comprada por holandeses para a fundação de uma colônia, chamada Nova Amsterdã. Os novos colonos instruíram o seu modo de vida, e a paisagem adquiriu o estilo dessa gente: construções feitas de tijolos com telhados pontiagudos, por exemplo. Em 1664, os ingleses ocuparam a ilha e mudaram o nome do lugar para Nova York.
A cidade de Nova York, na época Nova Amsterdã, retratada por pintor holandês do século XVII
  No vale do Nilo, o Egito continuou parte do poderoso império otomano, com sede na Turquia. Os soldados do império fiscalizavam e controlavam a vida da população. Os habitantes do Egito continuavam a praticar a agricultura e a pecuária, além de desenvolver atividades comerciais.
  Os portugueses também instalaram colônias na América, nas terras que hoje formam o Brasil. Aqui desenvolveram a cultura da cana-de-açúcar, alterando significativamente as paisagens das regiões onde elas se instalaram, em especial no Nordeste e no Sudeste.
Formação territorial do Brasil
  Nos séculos XVIII e XIX, desenvolveram-se as indústrias na Europa, transformando mais ainda a paisagem. Novos conjuntos arquitetônicos passaram a concentrar os trabalhadores e toda a produção, que anteriormente era feita na casa de cada artesão independente.
 Os reflexos da nova vida instalada nas cidades foram também sentidos no campo, com as mudanças nas técnicas de plantio e na organização das propriedades.
Revolução Industrial - mudança nas paisagens, principalmente urbanas
A TERRA EM 1900
  O mundo em 1900 reúne 1 bilhão e 600 milhões de habitantes. Nessa época, Londres era a maior cidade do mundo. Essa grandeza deve-se ao avanço que a Inglaterra conseguiu em relação aos outros países do mundo, devido ao desenvolvimento da indústria e à expansão colonial. Os ingleses tornaram-se os maiores colonizadores mundiais. Interferiram nas paisagens de várias localidades, nos mais distantes lugares, impondo seu modo de vida, seus produtos e leis.
Commonwealth - reúne alguns dos países que foram colônias do Reino Unido
  Foi construído um aterro na Ilha de Manhattan para ampliá-la até a costa. Essa zona da cidade foi ocupada com as casas das pessoas mais ricas. Os cabriolés - transportes puxados por cavalos - e os bondes já circulavam pelas ruas, cercadas de construções de luxo. Os navios traziam mercadorias de todo o mundo. Muitos imigrantes procuravam os Estados Unidos para aí viver e trabalhar.
Ruas de Nova York em 1900
  O Egito estava sob o domínio inglês, como muitas outras regiões do mundo. O comércio era uma atividade importante, pois o Egito era um grande centro comercial, para onde se destinavam os produtos vindos de regiões da África e da Ásia. A população europeia, que veio morar no lugar, misturou-se aos egípcios, compondo a nova paisagem.
  As cidades transformaram-se, e o avanço tecnológico atingiu vários setores da vida: mudaram os meios de comunicação, a arte, a medicina, as formas de trabalho. A mecanização atingiu fortemente a agricultura e a indústria.
No início do século XX, o automóvel começa a modificar os meios de transporte
A TERRA HOJE
  Hoje, mudaram e continuaram em transformação as paisagens e o modo de vida dos grupos sociais, em função principalmente dos avanços das técnicas e da tecnologia.
  Além das transformações promovidas pela natureza (terremotos, vulcões, inundações, secas), ocorrem as transformações resultantes da ação dos seres humanos, que se apropriam dos lugares, usando e interferindo na natureza. A agricultura, por exemplo, ocupou muitas áreas de vegetação nativa.
Com o avanço das fronteiras agrícolas, muitas áreas de florestas foram derrubadas
  O surgimento das cidades transformou o relevo, os rios e até o clima dos lugares. A dinâmica natureza demorou milhões de anos para criar na superfície terrestre o relevo, a cobertura vegetal, os cursos dos rios etc. Os seres humanos vêm modificando rapidamente essas paisagens, em função das suas necessidades de recursos naturais.
Poluição - reflexo das mudanças do homem sobre a natureza
  As inter-relações existentes entre a sociedade e a natureza provocam mudanças nas paisagens. Hoje, notamos que as mudanças nas paisagens são mais rápidas. Podemos, então, entender o que são as paisagens, considerando que são unidades visíveis, aquilo que conseguimos olhar, mas que têm dimensão cultural, social e natural, foram formadas em vários lugares e tempos e não são homogêneas.
  A partir da leitura da paisagem podemos compreender o lugar em diferentes tempos.
FONTE: Castellar, Sônia. Geografia: uma leitura do mundo: introdução, 6° ano / Sônia Castellar, Valter Maestro. -- 1. ed. -- São Paulo: Quinteto Editorial, 2009. -- (Coleção geografia)

terça-feira, 13 de novembro de 2012

AS PRECIPITAÇÕES

  O Sol aquece a Terra, causando a evaporação da água da superfície do planeta, como a água dos mares, dos rios, do corpo dos animais e dos vegetais.
  O vapor de água, ao alcançar maiores altitudes, condensa-se, transformando-se em gotículas de água líquida que formam as nuvens.
  A chuva é a precipitação da água das nuvens.
  As chuvas podem ser classificadas em três tipos:
  • Chuva de convecção - causada por aquecimento solar diferencial do solo (intensa insolação) e das camadas de ar mais baixas, principalmente no fim do verão. A intensidade de chuva pode ser elevada, mas em geral é de curta duração. Acontece com frequência, principalmente na Amazônia.
  • Chuva frontal ou ciclônica - causada pelo ar quente invadindo o ar frio ou vice-versa. O ar quente é forçado para cima, provocando precipitações de longa duração sobre áreas extensas. Predomina em áreas temperadas, subtropicais e tropicais.
  • Chuva orográfica - causada por ar úmido sendo forçado para cima por uma barreira física, como as montanhas de uma linha costeira (Serra do Mar, por exemplo). Portanto, é um tipo de chuva provocada pelo relevo, que faz com que o ar se eleve para poder ultrapassá-lo. Como resultado, o ar úmido se resfria, formando gotinhas que se tornam pesadas e caem. As áreas onde acontece esse tipo de chuva são as encostas de cadeias montanhosas.
  • Neve - a neve é um tipo de precipitação que se dá quando as temperaturas estão abaixo de 0°C. Por causa do frio intenso, o vapor de água das nuvens se congela e cai em forma de flocos de gelo, formando a neve.
 
  • Granizo - as chuvas de granizo acontece pelo congelamento das gotículas de água existentes nas nuvens. Quando uma camada de ar mais frio encontra uma nuvem, há o congelamento dessas gotículas, que se precipitam na forma de granizo.
FONTE: Castellar, Sônia. Geografia: uma leitura do mundo: introdução, 6° ano / Sônia Castellar, Valter Maestro. -- 1. ed. -- São Paulo: Quinteto Editorial, 2009. -- (Coleção geografia)

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