segunda-feira, 12 de novembro de 2012

AUMENTO DE TEMPERATURA DA TERRA PODERIA ARRASAR PLANTAÇÕES BRASILEIRAS DE SOJA E CAFÉ

  As plantações de soja, café e milho correm sério risco de desaparecer ou diminuir drasticamente caso se concretize a previsão de cientistas sobre o aumento da temperatura da Terra, diz o pesquisador da Embrapa-Informática Agropecuária, Fábio Marin. "Temos uma grande preocupação com todas as espécies que têm uma sensibilidade maior a temperaturas elevadas e à deficiência hídrica", disse.
  O pesquisador, no entanto, é cauteloso ao dizer que ainda não se tem ideia de como será a distribuição do aquecimento global de até 4 graus previsto no relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês). [...]
  "Nós não vamos ter 4 graus em todas as regiões. Algumas regiões vão ter um pouco mais, outras um pouco menos, mas vamos manter um certo otimismo de que não vamos chegar a esse ponto", disse.
Soja - um dos cultivos que seriam mais prejudicados com o aquecimento global
  Marin explicou que, se houver a mudança de temperatura, o Brasil perderia dois milhões  de quilômetros quadrados em áreas que hoje são consideradas aptas ao cultivo da soja. No caso do milho, essa redução chegaria a 700 mil quilômetros quadrados. "O café também é uma cultura muito sensível à temperatura elevada. Tanto que os bons cafés do Brasil são produzidos em regiões com um pouco mais de altitude, com temperaturas amenas e ele seria muito afetado por essa mudança climática", disse.
Café - outro cultivo que seria prejudicado
  Segundo o pesquisador da Embrapa, a principal forma de evitar o aumento da temperatura na Terra é investir em produtos e energias que reduzem o nível de CO na atmosfera, principalmente na redução do consumo de combustíveis fósseis, como o petróleo. Além disso, as taxas de CO na atmosfera pode ser reduzidas com o uso de produtos reciclados, que normalmente consomem menos energia no processo de fabricação e pelo uso de biocombustível, que é uma forma mais limpa de combustível.
O uso de fontes de energia limpa, como a eólica, seria uma forma de evitar o aquecimento global
FONTE: Agência Brasil

domingo, 11 de novembro de 2012

AS SOCIEDADES HUMANAS E A ÁGUA

  Há milênios, as atividades humanas interferem diretamente no ciclo da água do planeta. O controle sobre os cursos e a vazão dos rios foi fundamental para muitas das civilizações da Antiguidade.
  A construção de barragens para aumentar as reservas de água e evitar o escoamento, por exemplo, começou no Rio Nilo há mais de cinco mil anos, quando a primeira represa foi erguida para reter uma parte das águas que abundavam durante as cheias. Foi o início de uma longa história de intervenções, que culminou com a construção e as sucessivas ampliações da barragem de Assuã, que deu origem ao imenso lago Nasser, na fronteira entre o Egito e o Sudão. A capacidade de retenção dessa barragem é tal que, na direção da foz, um dos maiores rios do mundo se transforma em pouco mais do que um canal.
Barragem de Assuã, no Egito
  Na era industrial, a prática de regularização dos cursos fluviais, por meio da construção de barragens, represas e canais, disseminou-se a tal ponto que, no mundo inteiro, são raros os sistemas de drenagem que mantêm intactas suas características naturais.
  Nas áreas urbanizadas, o ciclo hidrológico é profundamente alterado pelas atividades humanas. Com a quase total retirada da cobertura vegetal, o processo de transpiração diminui sensivelmente. O ar perde umidade e ocorre o aumento da drenagem superficial, acentuada pela grande quantidade de superfícies impermeáveis (concreto, asfalto, telhados), que impedem a infiltração e a percolação. Apesar da complexa estrutura de canais artificiais de drenagem, esse conjunto de alterações aumenta exponencialmente o risco de inundações nas grandes cidades.
A impermeabilização do solo associada à falta de cobertura vegetal é a principal causa dos alagamentos nas zonas urbanas
  Por outro lado, o aumento acelerado do consumo de água e a poluição dos mananciais por esgotos domésticos e efluentes industriais tornam o sistema de abastecimento urbano cada vez mais caro, dado a distância cada vez maior entre a cidade e os mananciais não poluídos. As cidades do sul da Califórnia (EUA), por exemplo, são abastecidas por um complexo sistema organizado em torno do imenso aqueduto da Califórnia, que atravessa montanhas e desertos e se ramifica nos aquedutos menores que suprem os reservatórios.
Aqueduto da Califórnia em Central Valley - EUA
  No mundo inteiro, mais de 1 bilhão e meio de pessoas, a maior parte delas vivendo no meio urbano, depende principalmente da água subterrânea para suprir as suas necessidades básicas. Aproximadamente, metade das cidades europeias já explora os depósitos subterrâneos acima da capacidade de reposição natural e, portanto, não tem garantido o sistema de abastecimento futuro. O excesso de poços de bombeamento dessa água causa novas alterações no ciclo hidrológico. Grande parte dos rios depende do lençol subterrâneo para manter os seus cursos e o bombeamento em excesso causa a queda da vazão fluvial.
Ciclo hidrológico
  Além disso, a retirada da água subterrânea pode ter como consequência um efeito de subsidência (extração e consequente rebaixamento do nível da água subterrânea), já que a rocha que serve de substrato possui volume menor quando desidrata. Bancoc, capital da Tailândia, é um bom exemplo desse processo: algumas das regiões da cidade têm sofrido um "abaixamento" que chega a 14 centímetros por ano, aumentando o teor de sal do lençol subterrâneo progressivamente. Em regiões costeiras, o lugar antes ocupado pela água subterrânea pode ser preenchido pela água do mar. A água que seria utilizada para as atividades urbanas se torna salina. Na Indonésia, as águas oceânicas avançaram para o subterrâneo por 15 quilômetros continente adentro devido à exploração excessiva dos aquíferos.
Fatores que provocam a poluição da água subterrânea
  Na Cidade do México, onde cerca de 72% de toda a água consumida é extraída do subsolo, o efeito de subsidência é bastante pronunciado nas áreas centrais, chegando a comprometer a estrutura das construções e dos monumentos históricos. Em Bangladesh, dezenas de poços de água contaminados por arsênicos, gerado por reações químicas derivadas do rebaixamento do nível da água subterrânea, já causaram a intoxicação de mais de um milhão de pessoas.
Cidade do México - megacidade que já sofre com o problema da falta de água
  O esgoto também é um problema grave, em especial nas cidades dos países pobres, que não dispõem de redes completas de coleta e de estações adequadas de tratamento. Na maioria delas, a água usada nas indústrias e residências é despejada diretamente nos rios e córregos ou em poços, dos quais os poluentes contaminam o lençol freático. As estimativas da Organização Mundial de Saúde, divulgados em 2007, indicam que pelo menos 1,8 milhão de crianças morrem anualmente por causa de doenças como diarreia e cólera, provocadas pela ingestão de água contaminada por esgotos domésticos. No conjunto do mundo subdesenvolvido, cerca de 90% de todas as doenças infecciosas são transmitidas por meio da água. No Brasil, em 2004, 89% das pessoas hospitalizadas não possuíam acesso a água potável.
O crescimento desordenado, a falta de uma política habitacional e do saneamento básico, contribuem para a escassez de água potável nas áreas urbanas
  Além do consumo elevado de água nas áreas urbanas e industriais, a situação hídrica nas atividades agrícolas também é preocupante. Em áreas dependentes da agricultura de regadio (que utiliza dois recursos fundamentais, o solo e a água), como nas planícies dos rios Indo e Ganges, na Ásia, ou nas planícies do norte da China e da América do Norte, também ocorre consumo excessivo de água.
  Nos países em desenvolvimento, a agricultura absorve mais de 80% da água consumida no país. Dados da ONU (Relatório do desenvolvimento humano 2006) indicam ser necessário cerca de 70% mais de água para produzir alimentos do que para abastecer e suprir as necessidades domésticas de uma família.
  Estima-se que 15% das terras cultivadas no mundo sejam irrigadas. Muitos países, como a China, Israel e o Paquistão, dependem da agricultura irrigada para produzir a maior parte dos seus alimentos. As principais áreas de fruticultura do mundo, como o vale central da Califórnia, também dependem da irrigação.
Produção de cítricos na Galileia - Israel
  A irrigação em grande parte dos países, apresenta altas taxas de desperdício, pois se baseia em técnicas pouco eficazes. Por exemplo, quando se utiliza irrigação por gravidade, a maior parte da água (mais de 50%) evapora.
A CRISE DA ÁGUA
  As alterações no ciclo hidrológico não implicam a diminuição do estoque total dos recursos hídricos. A crise da água diz respeito à escassez de água potável, sobretudo em razão da ampliação do consumo e da poluição dos mananciais disponíveis.
  O consumo mundial de água dobrou nos últimos 50 anos, em grande parte devido ao crescimento da população e à urbanização acelerada. Por ano, são consumidos no planeta cerca de 4.500 km³ de água doce, o que corresponde à metade da disponibilidade anual efetiva de todos os recursos hídricos acessíveis, incluindo rios, lagos, aquíferos subterrâneos e águas do degelo sazonal. A Ásia, com sua enorme população, é responsável por cerca de metade do consumo global e, no continente, o uso agrícola abrane cerca de 85% do consumo total de água.
Gráfico do consumo mundial de água
  Nos países desenvolvidos, o principal uso da água é industrial. Mas, globalmente, há intenso predomínio de uso agrícola, principalmente por causa de irrigação. Estima-se que 15% das terras cultivadas no mundo seja irrigadas, e que nessa parcela sejam produzidos 40% do volume global de alimentos. Muitos países, como China, Israel, Paquistão e Líbia, produzem a maior parte dos seus alimentos em terras irrigadas, e as principais áreas de fruticultura do mundo - como o vale central da Califórnia - também dependem essencialmente das técnicas de irrigação.
Mapa da distribuição de água no mundo
  Devido à irrigação, diversas áreas agrícolas também sofrem as consequências da superexploração dos lençóis freáticos: no nordeste da China, o lençol freático vem diminuindo à razão de cerca de um metro por ano, e algo similar ocorre em um quarto das terras de cultivo irrigado dos Estados Unidos.
  Entre os diversos usos da água, a irrigaçãoé a que apresenta as maiores taxas de desperdício. A irrigação, na maior parte do mundo, baseia-se em técnicas pouco eficazes e de baixo rendimento. O método de irrigação por gravidade, o mais difundido, apresenta altas taxas de evaporação e sua eficiência (parcela da água colocada à disposição das plantas), é inferior a 50%.
Irrigação por asperção - uma das formas de maior perda de água
  A irrigação extensiva já produz alguns efeitos desastrosos. O aquífero de Ogallala, em Nebraska, nas Grandes Planícies dos Estados Unidos, já perdeu o equivalente a 18 volumes do Rio Colorado e está sob ameaça de desaparecimento. No Egito, as águas do Rio Nilo se destinam basicamente à agricultura e não há fontes para a demanda crescente dos usos domésticos e industriais. Na Líbia, a situação é ainda mais grave, pois os projetos de irrigação extensiva exigiram a extração excessiva da água do subsolo por meio de poços artesianos. As reservas de águas subterrâneas se renovam em velocidade menor que a retirada, causando a secagem dos poços e obrigando a novas perfurações. Em maior ou menor grau, esse problema é detectado em toda a África do Norte e no Oriente Médio.
Mapa do esgotamento de água subterrânea em milímetros por ano
  A crise das águas afeta o mundo inteiro, ainda que em proporção e intensidade diferentes. Parcelas crescentes da população mundial não têm garantido o acesso à água doce em quantidade e qualidade suficientes para atender às suas necessidades básicas. A agricultura, a indústria e a produção de energia também apresentam demanda crescente pela água. Os recursos hídricos existentes precisam ser compartilhados entre os diversos tipos de usuários, muitas vezes situados em países diferentes. Os ecossistemas que garantem a reciclagem da água doce precisam ser protegidos da contaminação. Além disso, as espécies animais e vegetais também necessitam de água para sobreviver e se multiplicar.
  Por sua vez, uma parcela cada vez maior da água doce que circula pelo planeta está contaminada, seja por resíduos de processos industriais, por esgotos domésticos ou, ainda, por fertilizantes e pesticidas químicos utilizados na agricultura.
Os resíduos sólidos são um dos maiores causadores da poluição das águas, principalmente nas grandes cidades
  De acordo com as estimativas da ONU, cada litro de água residual que retorna ao ciclo, ou seja, que é lançado sem tratamento em rios e lagos ou atinge os depósitos subterrâneos, contamina oito litros de água doce. A quantidade de água contaminada que existe no mundo hoje - cerca de 120 mil km³ - já é maior do que o volume total das dez maiores bacias hidrográficas do planeta. Milhões de pessoas em todo o mundo utilizam essa água poluída para suprir as suas necessidades básicas: estima-se que cerca de 35% da população mundial não tenha acesso a água potável e 43% não conte com serviços adequados de saneamento básico. Grande parte da água que circula pelo planeta está contaminada.
Águas poluídas do Rio Tietê em Bom Jesus do Pirapora - SP
  Somam-se a esses problemas o aumento do consumo e a limitação de muitos países para criar uma infraestrutura de armazenamento e proteger suas bacias hidrográficas.
  Segundo dados da ONU de 2006, a necessidade de água de uma pessoa, para atender às necessidades em termos de agricultura, indústria, energia e meio ambiente, é de 1.700 m³ por ano. Uma disponibilidade inferior a 1.000 m³ anuais representa escassez e abaixo de 500 m³ anuais, escassez absoluta. Cerca de 700 milhões de pessoas oriundas de 43 países vivem abaixo do limiar mínimo que define a situação de falta de água. O Oriente Médio é a região do mundo mais atingida pela ameaça de falta da água.
  No que diz respeito ao sistema de abastecimento, as desigualdades entre os países e continentes são dramáticas. No conjunto do continente africano, 53% da população urbana não conta com serviço de abastecimento de água, enquanto na Europa esse número cai para 0,5%.
Mapa da disponibilidade de água per capita por ano
  Se é certo que a água não vai acabar, é certo também que as reservas disponíveis são limitadas e encontram-se mal distribuídas, variando no tempo (estações de chuvas curtas, monções) e no espaço. Por exemplo, a maior parte da Ásia recebe quase 90% de sua precipitação anual em menos de 100 horas, o que pode dar origem a cheias nesses períodos e a secas prolongadas em outros, com riscos de escassez.
Inundações na Índia provocada pelas chuvas de monções
  Como acontece com os demais recursos naturais, quanto maior a escassez de água potável, maior é a sua valorização. Porém, a água é um recurso vital para a vida humana. A valorização das reservas de água doce e a necessidade de sistemas de captação cada vez mais sofisticados podem se traduzir em preços cada vez maiores para o consumidor. Quando os custos de água se tornam proibitivos para parcelas da população devido ao preço, está em jogo não apenas a qualidade da vida dessas populações, mas a própria vida. É por isso que muita gente defende a ideia de que a água potável é um direito básico de todos os habitantes do planeta, que deveriam ter assegurado uma cota mínima para o consumo, independentemente dos custos sociais de produção desse recurso.
FONTE: Terra, Lygia. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil / Lygia Terra, Regina Araújo, Raul Borges Guimarães. 1 -- ed. São Paulo: Moderna, 2010.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

MANEJO SUSTENTÁVEL E OCUPAÇÃO DO SOLO

  Para garantir o intercâmbio genético e reforçar o sistema de UCs (Unidades de Conservação), o Ibama pretende instalar corredores ecológicos, no interior dos quais seriam tomadas medidas tanto de preservação da fauna e da flora quanto de manejo sustentável dos ecossistemas. Sete desses corredores já estão em fase de implantação: cinco na Amazônia e dois na Mata Atlântica.
  A realidade das UCs brasileiras é bem precária. De acordo com o SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação), todas as Unidades de Proteção Integral devem estar instaladas em áreas de domínio público, e muitas delas não admitem sequer visitantes, menos ainda moradores. No caso de terras particulares, a lei prevê que os proprietários sejam indenizados e removidos. Na realidade, porém, poucas entre as Unidades de Conservação foram originalmente criadas em áreas de propriedade do Estado. A maioria delas se estendem sobre verdadeiros mosaicos patrimoniais, mesclando terras públicas, particulares e de posse. A regularização fundiária dessas áreas demandaria um enorme volume de recursos por parte do poder público.
  A questão não é só fundiária, mas também social. Em sua maioria, as UCs são habitadas. Além dos fazendeiros e turistas, existem centenas de comunidades indígenas que vivem nessas áreas muito antes de elas se tornarem UCs, ainda que frequentemente não possuam o título legal da terra. Alguns grupos ambientalistas defendem que a preservação desses ambientes implica a retirada de todos os seus habitantes. Outros, porém, alegam que simplesmente não faz sentido expulsar comunidades inteiras dos lugares onde moram e de onde extraem o seu sustento. Pelo menos por enquanto, a lei está a favor dos primeiros.
  Os parques nacionais estadunidenses, nos quais os legisladores brasileiros se inspiraram,  cumprem efetivamente uma função importante como alternativa de lazer para as populações urbanas. A maior parte dos parques brasileiros, porém, está fechada para visitantes devido à precariedade das instalações implantadas. Mesmo aqueles que funcionam  apresentam problemas crônicos de falta de estrutura, como trilhas mal sinalizadas e ausência de monitores adequadamente treinados.
FONTE: Terra, Lygia. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil / Lygia Terra, Regina Araújo, Raul Borges Guimarães. 1 -- ed. São Paulo: Moderna, 2010.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

PAÍSES ÁRABES DO ORIENTE MÉDIO

  Líbano, Síria, Iraque, Jordânia, Arábia Saudita, Omã, Iêmen, Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Catar, Kuwait, Irã, Palestina (no Oriente Médio), mais Egito, Djibouti, Somália, Sudão, Líbia, Tunísia, Argélia, Marrocos e Mauritânia (África), são considerados países árabes. Esses países possuem tradições comuns, principalmente a religião. A principal diferença entre eles é que alguns exportam petróleo e outros não. Os grandes exportadores de petróleo em geral possuem uma renda per capita muito alta. Já os países árabes cuja economia é baseada na agropecuária possuem renda per capita baixa.
Mapa do Mundo Árabe
  No Oriente Médio destacam-se pela produção e exportação de petróleo os seguintes países: Arábia Saudita, Kuwait, Irã, Iraque, Omã, Catar, Bahrein, Síria, Emirados Árabes Unidos e Iêmen. Os demais países - Líbano e Jordânia - não exportam petróleo. Possuem uma economia pobre, baseada na agropecuária, destacando-se o cultivo de trigo, legumes, frutas cítricas, algodão, sorgo, gergelim e a criação de gado ovino.
Economia do Oriente Médio
  O regime político dos países árabes é muito variado. Aí encontramos:
  • monarquias absolutistas semifeudais - Arábia Saudita, Omã, Bahrein e Catar;
  • monarquias constitucionais - Kuwait e Jordânia;
  • repúblicas presidencialistas - Síria, Líbano, Iêmen e Iraque;
  • regimes políticos originais - Irã, um país teocrático; Emirados Árabes Unidos, uma federação de emirados.
  Contudo, essas diferenças entre os regimes políticos são apenas formais. Na realidade, em praticamente todos esses países a regra geral é a concentração do poder nas mãos de duas ou três famílias. Geralmente o sogro ou o irmão do presidente ou do emir é o ministro do Exército; o cunhado, o ministro da Economia; um primo cuida do Banco Central ou da política secreta; e assim por diante. Ou seja, apesar das diferenças formais (emirados, monarquias, repúblicas), o poder político está sempre monopolizado por uma minoria da população, que dispõe também da maior parte das propriedades e da renda.
Rei Abdullah bin Abdul Aziz al-Saud da Arábia Saudita
LÍBANO: A DIFÍCIL RECONQUISTA DA SOBERANIA
  O Líbano já foi um dos países mais prósperos da região - possui solos férteis e excelente posição geográfica para o comércio mundial -, mas hoje é um dos mais pobres e enfrenta enormes problemas internos. O país apresenta uma grande diversidade cultural e religiosa. Os muçulmanos - divididos em sunitas e xiitas - abrangem cerca de 60% da população. No entanto, é grande a presença de católicos, cristãos ortodoxos, armênios, protestantes, entre outros.
Beirute - capital do Líbano
  As lutas entre essas comunidades, agravadas ainda mais pela presença de refugiados palestinos, têm sido frequentes e violentas, e quase constituem um reflexo das lutas entre Israel e os vizinhos. Em 1975, iniciou-se uma verdadeira guerra civil no país, principalmente entre cristãos - apoiados por Israel - e muçulmanos - apoiados pelos árabes. Além disso, o sul do país foi frequentemente bombardeado por forças israelenses, que respondiam aos ataques dos palestinos, instalados nessa parte do Líbano. Essa terrível guerra civil, que conheceu alguns períodos de trégua, terminou em 1991. Mas com frequência Israel invade e/ou bombardeia o sul do Líbano, com o pretexto de revidar as ações terroristas do Hezbollah, grupo xiita radical apoiado pelo Irã e que possui milícias no sul do Líbano.
Miliciano cristão lutando contra os palestinos na guerra civil libanesa próximo ao Porto de Beirute em 1976
  Se a paz se confirmar internamente no Líbano; se a paz entre Israel e a Autoridade Palestina se consolidar na região; se Israel parar de bombardear esse território, o Líbano poderá, enfim, começar a se reconstruir  como um Estado soberano. E, por conseguinte, recuperar o antigo prestígio de centro turístico e financeiro do Oriente Médio.
IRÃ: EM BUSCA DE REFORMAS POLÍTICAS
  O Irã, com uma área de 1.628.750 km² e uma população de 78.785.548 habitantes, tem a maior população e o segundo maior território do Oriente Médio (perdendo apenas para a Arábia Saudita, que possui 2.149.690 km²). A revolução islâmica de 1979 instalou um regime político profundamente religioso e antiliberal.
  Com base no Alcorão, o governo baixou, entre outros, os seguintes atos:
  • Proibiu a música e a dança ocidentais;
  • Proibiu homens e mulheres de frequentarem juntos praias ou piscinas;
  • Determinou que, nas universidades, as mulheres devem sentar-se atrás dos homens durante as aulas, e nunca olhar diretamente nos olhos do professor nem dirigir-lhe a palavra.
Mulheres usam véu em Teerã, capital do Irã, onde ainda prevalece um regime islâmico fundamentalista que restringe a liberdade da mulher
  Esses atos e muitos outros, fundamentados no islamismo mais radical - o xiismo -, são estranhos para os ocidentais, embora não sejam para esse povo que há séculos convive com eles.
  A partir da revolução islâmica, esse Estado contestou radicalmente a hegemonia dos Estados Unidos, a quem qualificou como o "grande Satã" e com o qual suas relações permanecem tensas até hoje.
  O Irã ainda não se refez das consequências provocadas pela longa guerra contra o Iraque, que se estendeu de 1980 a 1988 e só terminou pelo esgotamento da capacidade de continuação dos combates, por parte do Irã. Na verdade, encerraram-se os combates, mas os dois Estados ainda não assinaram um tratado de paz. A economia, arruinada pela destruição de inúmeras instalações industriais (especialmente petroquímicas), ainda não se recuperou, apesar da renda obtida com a exportação de petróleo. O país depende da importação de bens de consumo, de produtos industrializados e também de alimentos.
Guerra Irã X Iraque - deixou um grande número de mortos e os dois países arrasados
  O precário desempenho da economia é uma das fontes da insatisfação do povo iraniano, que reivindica melhores condições de vida. Talvez isso tenha contribuído para o retorno de políticos da linha radical ao governo nas eleições de 2005.
GUERRA DO GOLFO
  Após a guerra contra o Irã, o Iraque encontrava-se em precárias condições econômicas. Para tentar conseguir recursos financeiros, o governo do Iraque, em 1989 e 1990, procurou empréstimos nos países vizinhos e acordos com os demais países exportadores de petróleo para elevar os preços desse combustível. Como não conseguiu nenhum desses objetivos - os países árabes vizinhos já lhe haviam emprestado grandes somas durante a guerra contra o Irã -, o Iraque invadiu o Kuwait, em agosto de 1990, procurando anexá-lo ao seu território.O Kuwait é um país pequeno e vizinho do Iraque, com grandes reservas de petróleo e com saída para o mar, algo que os iraquianos sempre almejaram.
Caças norte-americanos e artilharia antiaérea iraquiana se enfrentam em 18 de janeiro de 1990 na cidade de Bagdá, capital do Iraque
  Mas a reação a essa invasão, em especial dos Estados Unidos, pegou o Iraque de surpresa. A ONU decretou um boicote comercial: nenhum país comprava nem vendia nada a ele. Além disso, foi dado ao governo iraquiano um prazo, até o início de 1991, para a retirada de suas tropas do Kuwait sob pena de as tropas das forças aliadas - lideradas pelos Estados Unidos e com a participação do Reino Unido, Itália, França, Egito e Arábia Saudita - iniciarem uma guerra contra o Iraque pela libertação do Kuwait. A antiga União Soviética, que até o fim dos anos 1980 sempre ajudou os países adversários dos Estados Unidos, nada fez pelo Iraque.
Aviões F-15 e F-16 dos Estados Unidos sobrevoam poços de petróleo incendiados pelo governo iraquiano em 1991
  Após intensos bombardeios, as tropas iraquianas foram desalojadas do Kuwait em março de 1991 e o saldo dessa breve mas intensa guerra foi catastrófico para esses dois países árabes:
  • cidades e instalações industriais, principalmente petroquímicas, em ruínas;
  • derramamento de petróleo no mar, o que causou grande poluição;
  • poços de petróleo em chamas, o que provocou enorme concentração de gases venenosos na atmosfera e nas poucas fontes de água potável.
Poços de petróleo em chamas no deserto iraquiano em 1991
GUERRA DO IRAQUE
  Em 2003, a ameaça norte-americana de invadir o Iraque mobilizou centenas de milhares de manifestantes em todo o mundo. Essas manifestações foram convocadas, basicamente, pela internet e se singularizaram pelo fato de que, rompendo as esferas de mobilização social, acompanharam os avanços da conjuntura internacional.
 Apesar da rejeição por parte da opinião pública internacional e da ausência de aval do Conselho de Segurança da ONU, em 19 de março de 2003, os Estados Unidos invadiram o Iraque, como um desdobramento do combate ao "Eixo do Mal" (países que representam uma ameaça aos seus interesses, ou pretendem desenvolver um arsenal atômico fora do controle de inspeções feitas por órgãos da ONU, ou, ainda, fomentam o terrorismo). Paralelamente, os governos da França e da Alemanha protestaram veemente contra essa intervenção militar.
Prédio do governo iraquiano em chamas após ser bombardeado pelas tropas norte-americanas em 21/03/2003
  A uma ocupação, aparentemente fácil, do território iraquiano, seguiu-se um período de grande instabilidade política: os árabes xiitas, que constituem 60% da população, após a queda do ditador Saddam Hussein, coordenaram uma série de atentados contra os cerca de 150 mil soldados estadunidenses e seus tradicionais aliados britânicos que se encontravam no país. Em um desses atentados, o diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Melo, representante da ONU no esforço de reconstrução do país, perdeu a vida, juntamente com outros funcionários dessa instituição.
Sérgio Vieira de Melo - diplomata brasileiro que foi morto após um atentado terrorista no Iraque em 19 de agosto de 2003
  Em dezembro de 2006, Saddam Hussein, que havia sido capturado pelos soldados norte-americanos após inúmeras tentativas, foi julgado e condenado à morte por enforcamento. À revelia das inúmeras manifestações contrárias, tanto nos Estados Unidos, quanto no exterior, a guerra no Iraque prossegue com um saldo de mais de 40 mil mortos nos anos de ocupação norte-americana.
Saddam Hussein se preparando para ser enforcado em 30 de dezembro de 2006
FONTE: Vesentini, José William. Geografia crítica / José William Vesentini, Vânia Vlach. -- 4. ed. -- São Paulo: Ática, 2009.

sábado, 3 de novembro de 2012

O COMPLEXO AGROINDUSTRIAL DO CENTRO-SUL

  A concentração e a diversificação das atividades fabris no Centro-Sul criaram, a partir da segunda metade do século XX, as condições tecnológicas necessárias para a produção em série de maquinários e insumos agrícolas, até então importado dos países ricos e industrializados do hemisfério Norte. Como consequência da fabricação desses produtos agroindustriais, estabeleceu-se na região, sobretudo a partir da década de 1970, uma série de empresas voltadas ao desenvolvimento da biotecnologia, principalmente à criação de técnicas de melhoramento genético, tanto de plantas e sementes como de rebanhos.
O melhoramento genético contribuiu para aumentar a produtividade, tanto de plantas como de animais
  Essas inovações foram a base para a expansão do agronegócio, que desencadearia, a partir de então, profundas mudanças na paisagem agrária desse complexo regional, promovendo saltos de produtividade e a ocupação de extensas áreas com lavouras monocultoras, principalmente com commodities, como o café, a cana-de-açúcar, a laranja, a soja e, na porção mais meridional do país, o trigo, gêneros agrícolas destinados, sobretudo, à exportação e ao abastecimento das indústrias. Os estímulos concedidos a essas culturas comerciais, tanto pelo mercado como pelo Estado, causaram a redução da área ocupadas com culturas alimentares, como feijão, mandioca, batata, frutas e hortaliças, nessa região.
  Ainda nesse período, destacou-se também a pecuária bovina, com a criação extensiva de gado em grandes propriedades, valendo-se da aplicação de tecnologias avançadas, como vacinação, inseminação artificial e ração balanceada. Outro destaque foi a criação de suínos e de aves por meio do chamado sistema de integração, modelo de trabalho muito difundido no interior dos estados sulistas. Nesse sistema, é estabelecida uma parceria direta entre os criadores, em geral pequenos e médios proprietários rurais que oferecem seus estabelecimentos e sua mão de obra para criar animais, e as grandes empresas de alimentos, como laticínios e frigoríficos, que oferecem técnicos especializados, insumos e filhotes para o desenvolvimento das criações nesse minifúndios.
Criação de aves no sistema de integração em Santa Catarina
  Essas foram as principais estratégias criadas de acordo com o modelo agroexportador implantado pelo Estado brasileiro, que passou a colocar as tecnologias do campo a serviço do aumento da produção, como forma de abastecer em larga escala as agroindústrias com matéria-prima (farelo de cereais, suco concentrado, carne, couro, leite, entre outras) e de cumprir as metas estatais de exportação de grãos, angariando novas divisas econômicas para o país.
O DESLOCAMENTO DAS FRONTEIRAS AGRÍCOLAS
    Boa parte dos centros urbanos fundados no Brasil a partir da década de 1960 tem origem no movimento de expansão das fronteiras agrícolas em direção à porção ocidental do território nacional. No Centro-Sul houve, nas últimas décadas, uma intensificação desse processo por meio do deslocamento dos investimentos para atividades ligadas ao agronegócio, como a cultura da soja, do algodão e do milho, e a pecuária extensiva tecnificada.  Empresas de beneficiamento desse tipo de produção foram implantadas no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, sul do Tocantins e oeste da Bahia, assim como no Distrito Federal.
Agronegócio - provocou uma mudança significativa no campo brasileiro
  Entre as principais causas dessa migração de capitais para o interior, podemos citar: o esgotamento das bases de expansão agrícola nas porções mais antigas da região Centro-Oeste (com o aumento do valor da terra, o intenso fracionamento das propriedades rurais em estados como Santa Catarina e Rio Grande do Sul e, ao mesmo tempo, a concentração de terras no interior do Paraná e de São Paulo); os incentivos fiscais concedidos pelos governos estaduais e federal para a compra de terras nas áreas de fronteira agrícola, em geral, latifúndios; o desenvolvimento da infraestrutura necessária para o escoamento da produção e para o afluxo de pessoas em direção a essas porções interioranas; o desenvolvimento de tecnologias apropriadas à exploração do cerrado, disponibilizando extensas áreas para a introdução de lavouras monocultoras e para a pecuária bovina de corte.
Solo do Cerrado sendo preparado para o plantio em Goiás
  Além do incremento na criação de animais e na produção de lavouras comerciais, tem sido notório o crescimento das atividades de beneficiamento, com a implantação de empreendimentos agroindustriais (frigoríficos, indústrias de óleos vegetais, usinas de álcool e açúcar, entre outros) com capital de grupos empresariais estrangeiros, como Bunge e Unilever, e nacionais, como Seara, Perdigão, Sadia e Batavo.
Fábrica da Sadia em Concórdia - SC
  Na realidade, esse processo vem consolidar o plano de metas instituído pelo governo federal a cerca de cinquenta anos, que visava à ocupação do interior do território nacional por meio do deslocamento das fronteiras agrícolas a partir do Sul-Sudeste em direção ao Centro-Oeste e à Amazônia.
FRONTEIRAS AGRÍCOLAS E OS BIOMAS DO CENTRO-SUL
  O avanço acelerado das fronteiras agrícolas, provocado sobretudo pelas atividades agropecuária e madeireira, devastou grande parte dos biomas localizados no Centro-Sul do país, como as áreas de mata de Araucárias, de floresta tropical, de campos e de cerrados.
  No período de aproximadamente cinquenta anos, as áreas de mata de Araucárias ficaram reduzidas a pequenas áreas com relevo de maior altitude no interior dos estados do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. As áreas com floresta tropical foram confinadas a parques estaduais e nacionais. O cerrado, por sua vez, foi o bioma que sofreu maior devastação, tendo sua extensão reduzida drasticamente.
Mapa do desmatamento do Cerrado
FONTE: Boligian, Levon. Geografia espaço e vivência, volume único / Levon Boligian, Andressa Turcatel Alves Boligian. -- 3. ed. -- São Paulo: Atual, 2011.

ADSENSE

Pesquisar este blog