quinta-feira, 7 de julho de 2011

INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS GEOGRÁFICOS

  Ao longo da história os grupos humanos gradativamente foram transformando a natureza com o objetivo de garantir sua subsistência. Com isso, o espaço geográfico foi ficando cada vez mais artificializado.
Pré-História
  De um meio natural o homem avançou para um meio cada vez mais técnico: expandiram-se as áreas agrícolas, desenvolveram-se as cidades e as indústrias, construíram-se estradas, portos, hidrelétricas etc.
Revolução Industrial - período da História em que a natureza começa mais a ser modificada
  Poucas áreas da superfície terrestre ainda não sofreram transformações. E mesmo aquelas intocadas, como muitas no interior da Floresta Amazônica ou do continente Antártico, o território está delimitado e sob o controle político - sujeito a soberania nacional ou a acordos internacionais. Sobre esses territórios atuam interesses de diferentes grupos, que buscam sua preservação ou que desejam explorá-los de forma predatória. Em um meio natural, aparentemente intocado, existem relações políticas, econômicas, culturais e ambientais que nem sempre são visíveis na paisagem.
Base científica espanhola na Antártica
  De acordo com o geógrafo brasileiro Milton Santos (1926-2001), paisagem é somente a aparência da realidade, aquilo que nossa percepção, especialmente a visual, capta. Embora as paisagens materializem relações sociais, econômicas e políticas travadas entre os homens, essas relações não são facilmente percebidas. Desvendá-las requer observação, estudo e pesquisa, sendo esse o caminho para que o espaço seja apreendido em sua essência.
Paisagem - é tudo aquilo que a nossa visão alcança
  A paisagem pode ser natural e cultural, humanizada ou geográfica. Paisagem natural é àquela em que prevalecem os aspectos naturais, como uma floresta, uma cachoeira, dentre outros.
Exemplo de paisagem natural
  A paisagem cultural, também chamada de humanizada ou geográfica é àquela em  os aspectos artificiais, ou seja, aquela que sofreu ou sofre a interferência humana, prevalecem, como uma lavoura, uma cidade, uma ponte, dentre outros.
Zona urbana de Patos de Minas - MG. Exemplo de uma paisagem humanizada
  O espaço geográfico é formado pela associação entre a sociedade e a paisagem. O espaço contém todos os objetos naturais e humanizados, mais as relações humanas que se desenvolvem na vida em sociedade.
  Para compreender o espaço geográfico, precisamos entender as relações sociais e as marcas deixadas pelos grupos humanos na paisagem no decorrer da história, ou seja, entender as relações próprias da sociedade e, de forma integrada, as relações entre sociedade e natureza. É a isso que a Geografia, enquanto ciência, estuda hoje.
Inscrições rupestres em Carnaúba dos Dantas - RN. Marcas deixadas pelos grupos humanos pré-históricos na natureza.
  A origem da geografia é antiga. Desde a Antiguidade muitos pensadores elaboraram estudos considerados geográficos, embora o conhecimento fosse disperso e desarticulado, vinculado à filosofia, à matemática e às ciências da natureza. Na Grécia Antiga, Heródoto (484-420 a.C), Eratóstenes (275-194 a.C) e Estrabão (63a.C-entre 21 e 25 d.C), entre outros, nalisaram a dinâmica dos fenômenos naturais, elaboraram descrições de paisagens e estudaram a relação homem-natureza.
Estátua dedicada à Heródoto em Bodrum - Grécia
  Mesmo durante o período em que estiveram sob o domínio romano, os gregos continuaram desenvolvendo seus estudos teóricos. Nas obras de Cláudio Ptolomeu, como a que se intitula Geografia, há importantes registros geográficos, cartográficos e astronômicos. Ele viveu em Alexandria aproximadamente entre os anos 100 e 180 de nossa era, período em que o Egito fazia parte do Império Romano, mas seus estudos só foram descobertos no século XV.
Representação medieval de Ptolomeu
  Os conhecimentos legados por Ptolomeu, como o de um sistema de projeção e coordenadas, ajudaram na produção de mapas mais precisos, fundamentais para a expansão marítima europeia do século XVI.
  No século XVIII diversos filósofos contribuíram para o desenvolvimento da geografia, com destaque para o alemão Immanuel Kant (1724-1804), um dos primeiros a se preocupar com a sistematização do conhecimento geográfico.
Immanuel Kant
  Kant influenciou fortemente seus compatriotas fundadores da geografia como ciência: alexander von Humboldt (1769-1859) e Karl Ritter (1779-1859).
Karl Ritter
  Em meados do século XIX, os dois cientistas alemães gradativamente sistematizaram o arcabouço teórico-metodológico da geografia, que se transformou em disciplina acadêmica, passando a ser pesquisada e ensinada nas universidades. Humboldt foi um importante explorador, fez viagens pela América e, em Cosmos, sua obra maior, sintetizou anos de estudos geográficos.
Alexander von Humboldt
  No final do século XIX, outro importante pesquisador alemão - Friedrich Ratzel (1844-1904) - definiu a geografia como ciência humana, embora na prática a tenha tratado como ciência natural. Ratzel considerou a influência que as condições naturais exercem sobre a humanidade como objeto de estudo da disciplina. Seus discípulos radicalizaram suas ideias, dando origem ao "determinismo geográfico". Além disso, Ratzel foi um dos principais formuladores da geopolítica.
Friedrich Ratzel
  A relação entre o Estado e o espaço é central em sua obra mais importante - Antropogeografia. Segundo ele, a partir do momento em que uma sociedade se organiza para defender um território, transforma-se em Estado. Através disso, surgiu o conceito de território, que é o espaço geográfico sob o controle de um poder instituído.
  No início do século XX, um geógrafo francês - Paul Vidal de la Blache (1845-1918) - passou a criticar o método puramente descritivo e a defender que a geografia se preocupasse com a relação homem-meio, posicionando os seres humanos como agentes que sofrem influência da natureza, mas que também agem sobre ela, transformando-a. Ele inaugurava, uma contraposição ao "determinismo", uma corrente teórica conhecida como "possibilismo", ambas posteriormente rotuladas como "geografia tradicional".
Vidal de la Blache
  A geografia lablachiana, embora tenha avançado em relação à visão naturalista de Ratzel, não rompeu totalmente com ela: a disciplina continuava sendo uma ciência dos lugares, não dos homens.
  Até meados do século XX a grande maioria dos geógrafos se limitava a descrever as características físicas, humanas e econômicas das diversas formações socioespaciais, procurando estabelecer comparações e diferenciações entre elas. Nesse período desenvolveu-se a geografia regional, fortemente influenciada pela escola francesa, e o conceito de região ganhou importância na análise geográfica.
  A região pode ser conceituada como uma determinada área da superfície terrestre, com extensão variável, que apresenta características próprias e particulares que a diferencia das demais. Desde então região ficou associada à noção de particularidade e pode ser definida por diversos critérios. Pode ser natural, quando o critério de distinção é a paisagem natural, ou geográfica, se a diferenciação for econômica, social ou cultural.
Região Amazônica - exemplo de região natural
  Embora tenha um importante papel no desenvolvimento da geografia como ciência, a geografia tradicional nos legou um ensino escolar centrado na memorização de lugares, dados estatísticos sobre população e economia, características físicas de relevo, clima, vegetação e hidrografia. Essa estrutura perdurou até a segunda metade do século XX, quando a descrição das paisagens, com seus fenômenos naturais e sociais, passou a ser realizada de forma mais atraente e eficiente pela televisão. A partir daí, os geógrafos foram obrigados a buscar novos objetos de estudo que permitissem à geografia sobreviver como disciplina escolar no ensino básico e como ramificação das ciências humanas em nível universitário.
Templo budista na cordilheira do Himalaia em Butão
  O processo de mudança do objeto de estudo da disciplina teve seu divisor de águas na década de 1970, quando a geografia passou por uma efervescente renovação em suas bases teórico-metodológicas. Esse processo teve como um dos pioneiros o geógrafo francês Yves Lacoste (1929), que em 1976 publicou A geografia: isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra.
Yves Lacoste
  Essa obra balançou as estruturas da geografia tradicional ao denunciá-la como instrumento ideológico a serviço de interesses políticos e econômicos dominantes. Mas, ao mesmo tempo, indicou caminhos para a renovação crítica da disciplina.
Livro de Lacoste
  Lacoste denunciou a existência da "geografia dos Estados maiores" - a serviço do Estado e do capital, ou seja, a geopolítica - e da "geografia dos professores" - ensinada nas salas de aula e materializada nos livros didáticos. Segundo ele, a última acabava cumprindo a função de mascarar o papel da geopolítica e seus vínculos com os interesses dominantes.
  No Brasil um dos pioneiros nesse processo de renovação foi o geógrafo Milton Santos, com a obra Por uma geografia nova, de 1978.
Milton Santos
  Enquanto a renovação na França e no Brasil teve forte influência do pensamento de esquerda, sobretudo do marxismo, nos Estados Unidos a contraposição à corrente tradicional foi a geografia quantitativa ou pragmática. Essa vertente da renovação condenava o atraso tecnológico da geografia tradicional e passou a utilizar sistemas matemáticos e computacionais na interpretação do espaço geográfico.
  Essa corrente tecnicista e utilitarista, que mascarava os conflitos e as contradições sociais denunciados pelos geógrafos críticos, era uma perspectiva conservadora, a serviço do status quo.
  O fim do socialismo real reduziu a influência do marxismo nas ciências humanas, o que abriu caminho para a difusão de outras correntes teórico-metodológicas na geografia crítica, como a fenomenologia e o existencialismo, ao mesmo tempo em que as correntes críticas passaram a valorizar as novas tecnologias.
Sputnik I - os satélites são uma das tecnologias utilizadas pelos geógrafos
  Atualmente, depois de mais de três décadas de renovação e com o avanço da globalização, consolida-se a certeza de que a geografia é uma disciplina fundamental para a compreensão do mundo contemporâneo e de seus problemas - a produção e o consumo, a questão ambiental, o caos urbano, as crises financeiras, entre tantos outros - em diferentes escalas geográficas.
Fonte: SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil, volume 1: espaço geográfico e globalização: ensino médio/ Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. - São Paulo: Scipione, 2010.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

UNIÃO EUROPEIA

  No fim da Segunda Guerra Mundial, a Europa estava devastada. Países como Inglaterra, França, Alemanha e Itália atravessavam uma grave crise. Não podiam mais exercer a influência que tinham até esse momento. Aproveitando a situação, Estados Unidos e União Soviética ocuparam a posição de liderança que antes era dos países europeus.
Berlim após a Segunda Guerra Mundial
  Os dois países eram rivais, pois defendiam sistemas políticos e socioeconômicos muito diferentes para administrar suas nações. Enquanto os Estados Unidos defendiam a liberdade econômica com presença de empresas particulares, a União Soviética praticava uma economia estatizada, em que o governo controlava toda a produção.
  Estados Unidos e União Soviética passaram, então, a disputar a hegemonia mundial, tentando expandir suas áreas de influência, inclusive na Europa. Esse cenário, que perdurou até o fim da década de 1980, foi denominado de Guerra Fria.

  Em 1945 a União Soviética já exercia uma forte influência sobre a Europa Oriental, que foi obrigada a adotar o sistema socialista. Diante dessa situação, muitos jornalistas passaram a chamar os países dessa região da Europa de “satélites” da União Soviética.
   O crescente poder soviético preocupou os líderes capitalistas, em especial os norte-americanos e os ingleses, que temiam uma possível expansão do socialismo sobre a Europa Ocidental.
  Em setembro de 1946, em Zurique, na Suíça, Winston Churchill sugeriu que a Europa se unisse como resposta à crescente força soviética no continente: "...nós devemos construir uma espécie de Estados Unidos da Europa".
Winston Churchill - ex-Primeiro-Ministro Britânico
  Outro líder da época, o francês Charles De Gaulle, disse em 1948, que, “a Europa deverá ser uma federação de povos livres”.
  Mas o sonho de Churchill e De Gaulle, de unir a Europa, esbarrava num problema criado pela guerra: a fragilidade econômica da Europa Ocidental e as rivalidades internas.


Charles De Gaulle
OS ESTADOS UNIDOS FINANCIAM A EUROPA OCIDENTAL
  Para afastar o risco de colapso econômico da Europa e o seu possível distanciamento do capitalismo norte-americano, diante do crescente poderio soviético, os Estados Unidos (que saíram da guerra praticamente sem perdas) ofereceram à Europa cerca de 13 bilhões de dólares – valor que equivale atualmente a mais de US$ 130 bilhões. Essa ajuda econômica poderia recuperar o capitalismo no continente.
  A União Soviética, apesar das perdas significativas durante a Segunda Guerra Mundial – mais de 20 milhões de mortos, indústrias destruídas, campos arrasados -, possuía um poder militar descomunal em relação aos demais países europeus. Esse desequilíbrio de forças gerava uma enorme tensão na Europa, que se sentia ameaçada por um possível expansionismo do socialismo soviético.
  Chamada oficialmente de Programa de Recuperação Europeia, essa iniciativa ficou mais conhecida pelo nome de Plano Marshall, em homenagem ao secretário de Estado norte-americano na época, George Marshall.
George Marshall
  Curiosamente, a União Soviética e os países da Europa Oriental foram convidados a participar do Plano Marshall. Mas o líder da superpotência socialista, Josef Stalin, viu o plano como uma ameaça à autonomia do bloco socialista, pois quem aceitasse ficaria devedor dos Estados Unidos. Desse modo, pressionou para que nenhum país do Leste Europeu tomasse emprestado dinheiro dos Estados Unidos.
Josef Stalin
  O dinheiro do Plano Marshall foi bem aproveitado. Quatro anos após sua aplicação, a economia dos países da Europa Ocidental já era maior do que antes da guerra.
  Por outro lado, a dívida com os Estados Unidos obrigava os países importantes da região, como França, Itália, Inglaterra e Alemanha Ocidental, a serem grandes aliados dos Estados Unidos.
A EUROPA OCIDENTAL BUSCA RETOMAR SUA SOBERANIA
  No início da década de 1950, a Europa Ocidental já estava reconstruída. Mas precisava resolver alguns problemas, como a ameaça de novos conflitos e a dependência de sua economia em relação aos Estados Unidos.
  A solução partiu de Jean Monnet (1888-1979), um renomado político francês, sugeriu o agrupamento dos Estados do continente “numa Federação ou entidade europeia”.
  Para tanto, seria necessário evitar novos conflitos, fato que só seria possível após o fim das antigas rivalidades em todo o continente.

Jean Monnet
  A maior rivalidade na Europa era entre França e Alemanha. Os dois países se envolveram em guerras, conflitos e disputas territoriais durante muito tempo. Além disso, sempre fizeram parte de alianças opostas.
  Uma das regiões mais disputadas por esses rivais era a Alsácia-Lorena. Rica em ferro e carvão, fundamentais para a industrialização, essa região fronteiriça foi um dos motivos principais das discórdias entre os dois países.
 Alsácia-Lorena
  Um grande passo para superar as rivalidades entre franceses e alemães foi dado em 1950. Monnet propôs que a Alemanha e a França compartilhassem a administração da região.
  Essa proposta foi prontamente aceita pelos dois países, que acabaram assinando a Declaração de Schuman. Robert Schuman (1886-1963), era o Ministro dos Negócios Estrangeiros da França, e apresentou um plano para uma cooperação europeia.
Robert Schuman
  A Declaração de Schuman inspirou outros quatro países: Itália, Bélgica, Holanda e Luxemburgo. Em 1951, convencidos da necessidade de uma efetiva integração continental, assinaram, juntamente com a França e a Alemanha, o Tratado de Paris, que estabeleceu a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (Ceca). Essa organização também ficou conhecida como Europa dos Seis.
  A Ceca, vigorou até 2002, e reunia esses produtores de carvão e de aço. A principal meta do grupo era reduzir as tarifas de importação e exportação desses produtos, facilitando sua circulação entre os países membros.
Europa dos Seis
A CECA DÁ ORIGEM À CEE
  Os bons resultados da Ceca levaram muitos de seus líderes políticos dos anos 1950 a buscar maior integração econômica. Pensava-se em na possibilidade de ampliar as trocas, incluindo bens de consumo como roupas, sapatos, alimentos etc.
  Nesse período, já funcionava informalmente uma aliança entre Bélgica, Holanda e Luxemburgo, o Benelux, que permitia a livre troca de mercadorias entre esses três países. Os outros países foram influenciados pelo sucesso do Benelux, um dos primeiros e mais bem-sucedidos casos de integração europeia.
Benelux
O sucesso do Benelux encorajou os integrantes da Ceca a assinarem o Tratado de Roma, em 1957, que criou a Comunidade Econômica Europeia (CEE). Seu objetivo principal foi aprofundar a integração já existente.
  Uma das primeiras decisões tomadas pela CEE foi eliminar qualquer restrição ao comércio entre seus membros. Assim, deixaram de ser cobradas tarifas alfandegarias sobre grande parte das mercadorias fabricadas nos países membros.
  Os resultados foram muito positivos. Mais mercadorias passaram a circular no interior da comunidade. Mais empregos foram gerados, elevando a qualidade de vida da população. Desde a fundação da CEE até 1970, o comércio entre os países membros cresceu seis vezes e as trocas de mercadorias do bloco com o mundo triplicaram.
  O Tratado de Roma era um projeto de integração continental que ia muito além do livre comércio de produtos. Em 1962, entrou em vigor a Política Agrícola Comum (PAC). Esse programa, composto por financiamentos, subsídios e ajuda técnica, aumentou consideravelmente a produção agropecuária de toda a CEE. Gerou também autossuficiência na produção de alimentos e elevou os rendimentos dos agricultores.
Agricultura na Europa
  Em 1974, a CEE criou o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, com a função de transferir recursos financeiros das regiões ricas para as mais pobres. Os seus recursos deviam ser investidos na melhoria da infraestrutura de transportes e sistemas de comunicações.
  À medida que as regiões mais carentes recebiam recursos financeiros, geravam mais empregos. Esse resultado favorável, explica por que, atualmente, um terço do orçamento europeu é destinado a esse fundo.
Parque Industrial em Duisburg - Alemanha
A EXPANSÃO DA COMUNIDADE ECONÔMICA EUROPEIA
  O dinamismo da economia não foi o único resultado alcançado pela CEE. Pouco a pouco o bem-estar da população foi ficando mais patente. Esse fato chamou a atenção de outros países europeus, que passaram a solicitar seu ingresso no bloco.
  A primeira expansão da CEE se deu em 1973, quando ingressaram a Dinamarca, o Reino Unido e a Irlanda.
Europa dos Nove
  Nessa época o mundo enfrentava o “Primeiro Choque do Petróleo”, decorrente da Guerra do Yom Kippur, entre árabes e israelenses. Em decorrência disso, o Reino Unido iniciava uma intensa exploração petrolífera no Mar do Norte. Por isso, ao aceitar o ingresso do Reino Unido, a Comunidade Econômica Europeia passou a contar com um membro rico em recursos energéticos.
Plataforma de petróleo no Mar do Norte
  Na década de 1980 foi a vez da Grécia, da Espanha e de Portugal ingressarem na comunidade. Apesar de serem mais pobres do que os demais membros da CEE, esses países foram aceitos porque são grandes produtores de alimentos. Outro atrativo desses países era sua mão de obra abundante e barata, um item importante para as grandes empresas dos países ricos.
Madri - capital da Espanha
  O ingresso de novos Estados na CEE transformou-a, gradativamente, no grande polo de estabilidade politica e econômica da Europa. A crescente influência do bloco na politica e na economia mundiais tornou necessária sua participação nas mais importantes reuniões internacionais, como fóruns econômicos e ambientais.
Fórum Econômico Mundial em Davos - Suíça
NASCE A UNIÃO EUROPEIA
  Desde 1957, os membros da CEE têm como meta aprofundar sua integração. Por isso, em 1992, foi assinado um novo documento na cidade holandesa de Maastrich. Nesse tratado foram definidas as regras gerais de um bloco mais avançado que a CEE. Nasceu, assim, a União Europeia.
Assinatura do Tratado de Maastrich em 1992 na Holanda
  A União Europeia é a substituta imediata da CEE. Começou a vigorar um ano após a assinatura do Tratado de Maastrich, quando as “quatro liberdades fundamentais” começaram a sair do papel. Além da livre circulação de mercadorias, também os serviços, as pessoas e os capitais devem circular livremente no interior da comunidade.
Bandeira da União Europeia
   Em 1995 a Áustria, a Suécia e a Finlândia entraram na União Europeia. Assim, a comunidade ficou conhecida como “Europa dos Quinze”.
Europa dos Quinze
  Em 1999, houve um avanço ainda maior rumo à unidade europeia. Criou-se a União Monetária e Econômica, um modelo revolucionário de integração de nações baseado na implantação de uma moeda única, que foi batizada com o nome de euro.
Cédulas de Euro
  Para administrar a integração monetária e econômica foi criado o Banco Central Europeu. Essa instituição financeira é responsável por importantes questões, como a emissão de euros. O euro circula livremente na União Europeia desde 2002.
Banco Central Europeu
  Três países da União Europeia – Dinamarca, Reino Unido e Suécia – não permitem a livre circulação do euro em seu território. Eles não quiseram adotar a moeda porque temem perder sua autonomia. Na Zona do Euro, os assuntos econômicos são decididos em conjunto e não individualmente. Os países que aderirem à moeda única devem acatar as decisões do Banco Central Europeu, e por isso, esses três países não aderiram ao euro.
OS MAIS NOVOS MEMBROS DA UNIÃO EUROPEIA
  À medida que evoluía a integração da União Europeia, mais países mostravam interesse em entrar para o bloco.
  Vários países-candidatos tinham sido satélites da União Soviética durante a Guerra Fria. Eram socialistas e enfrentaram uma profunda crise econômica na década de 1980. Para superar essa condição, passaram por uma transição para a economia capitalista nos anos 1990.
Europa Oriental
  O cotidiano dos habitantes desses países também mudou bastante. Antes de 1990, o Estado controlava toda a economia e centralizava as decisões. As empresas e os meios de comunicação eram estatais, assim como os transportes, a educação e a saúde.
  Esse sistema socialista modelado pela União Soviética não conseguiu satisfazer algumas necessidades da população. Por isso, no início da década de 1990, vários governantes do Leste Europeu permitiram o ingresso de empresas privadas em seus países, o que transformou o cotidiano. Ao mesmo tempo, as relações capitalistas foram fortalecidas e muitas das antigas empresas estatais foram privatizadas. Assim, houve uma maior aproximação desses países com a União Europeia.
  Nos últimos anos, diversas transnacionais europeias e norte-americanas têm investido no Leste Europeu, atraídas pela mão de obra extremamente barata. Outra vantagem dessa mão de obra é a sua elevada escolaridade. Apesar de receber salários mais baixos em relação aos trabalhadores da Europa Ocidental, grande parte dessa mão de obra é qualificada – herança da fase socialista que priorizava a excelência na educação e no esporte. 
Varsóvia - capital da Polônia
  Isso impulsionou uma nova industrialização em algumas cidades do Leste Europeu, que começaram a ficar conhecidas por sua capacidade produtiva. Indústrias automobilísticas ocidentais têm se instalado em Budapeste, na Hungria. Essa cidade é chamada de Detroit do Leste, uma referência à cidade norte-americana que é considerada a Capital do Automóvel.
Budapeste - capital da Hungria
  A Estônia, devido ter atraído capitais ligados ao setor de informática, é conhecida como o Vale do Silício do Báltico, uma referência à região da Califórnia onde estão as principais empresas especializadas nessa área tecnológica.
Tallin - capital da Estônia
  Eslovênia, Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia, República Tcheca, Eslováquia e Hungria ingressaram no bloco europeu em 2004. Mas seus governos ainda estão se adequando às condições impostas pela União Europeia. Juntamente com esses oito ex-países socialistas, as ilhas de Malta e Chipre também ingressaram, em 2004 na União Europeia. Em 2007 entraram a Bulgária e a Romênia, que também fizeram parte do bloco socialista.
Mapa da União Europeia
  Com o ingresso da Romênia e da Bulgária, a União Europeia passou a ter mais de 500 milhões de habitantes em 2007.
  A Bulgária e a Romênia registram agora a mesma situação vivida pelos outros ex-países socialistas que ingressaram no bloco em 2004. Receberão uma grande ajuda financeira da União Europeia, estimada em mais de 40 bilhões de euros. Esses recursos deverão ser usados para a ampliação e a melhoria das rodovias, ferrovias, aeroportos e sistemas de telecomunicações. Esse dinheiro também se destina ao desenvolvimento da agropecuária associada a projetos de proteção ao meio ambiente e ao investimento em educação e segurança, entre outros fins.

CHIPRE, UM PROBLEMA PARA A UNIÃO EUROPEIA
  A ilha de Chipre está localizada no mar Mediterrâneo. Essa ex-colônia inglesa tem uma população majoritariamente cristã de origem grega, mas possui uma importante minoria muçulmana de origem turca, que habita o norte do país.
  Na década de 1960, os habitantes de origem grega declararam a independência da ilha e prometeram que a vice-presidência ficaria sempre com um cipriota turco.
  Em 1974, militares de origem grega lideraram um golpe de Estado que afastou os cipriotas turcos do poder. Diante dessa situação, no mesmo ano a Turquia invadiu o norte da ilha e apoiou a criação de um país chamado de República Turca do Norte do Chipre.
Mesquita Selimiye, em Nicósia Chipre. Uma das heranças da ocupação turca no século XVI.
  Até hoje, essa região se encontra política e economicamente separada do restante da ilha, e por isso, não faz parte da União Europeia. Já o sul, habitado pela população de origem grega, ingressou na UE em 2004 e usa o euro como moeda oficial desde 2008.
Nicósia - capital de Chipre
ÒRGÃOS IMPORTANTES DA UNIÃO EUROPEIA
  A União Europeia avançou muito além das "quatro liberdades fundamentais". A prova disso é a existência de vários órgãos que fiscalizam, apoiam e executam as decisões do bloco.
  Um desses órgãos administrativos é o Parlamento Europeu, sediado em Estraburgo, na França. Seus 785 deputados são eleitos diretamente pelos cidadãos dos 27 países membros por um período de cinco anos. O Parlamento Europeu é responsável pelo orçamento da União Europeia, e são esses deputados que decidem onde devem ser investidos os recursos dos impostos. O Parlamento Europeu vem, nos últimos anos, se preocupando com as leis trabalhistas para garantir a liberdade de circulação no interior da União Europeia aos trabalhadores do bloco.
Edifício do Parlamento Europeu em Estrasburgo - França
  O Conselho da União Europeia, é o órgão que reúne os ministros dos países membros para discutir questões internas como agricultura, educação, e telecomunicações.
  A Comissão Europeia, situada em Bruxelas, é o órgão executivo da União Europeia. É responsabilidade sua aplicar os tratados e as decisões do Parlamento e do Conselho da União Europeia.
Edifício Berlaymont, em Bruxelas - sede da Comissão Europeia
OS IMPACTOS DA UNIFICAÇÂO NO COTIDIANO DAS PESSOAS
  Muitas coisas mudaram na vida do cidadão europeu em decorrência da unificação do continente. O passaporte europeu passou a ser uma realidade. Ele permite que se atravessem livremente as fronteiras internas da Europa. O livre trânsito favorece os profissionais, que podem exercer suas funções em qualquer país da União. Aos europeus é permitido também desfrutar de uma carteira de motorista comum e dirigir automóveis em qualquer país membro do bloco.
  Após sucessivos avanços, a União Europeia encontrou uma barreira para continuar sua unificação. Desde o final da década de 1990, os líderes europeus vêm se manifestando contra ou a favor de uma Constituição única para o bloco. Essa Constituição seria o auge para o processo de unificação, pois levaria a União Europeia a ter leis comuns para todos os países membros.

terça-feira, 5 de julho de 2011

O VALE DE YOSEMITE - CALIFÓRNIA

  O Parque Nacional de Yosemite, nos Estados Unidos, foi criado em 1890 para preservar uma das mais belas paisagens do mundo. O vale de Yosemite é seu cenário principal. Os paredões rochosos que o delimitam e o fundo plano por onde flui mansamente o rio Merced guardam as marcas de uma história geológica de milhões de anos.
Rio Merced
  A serra Nevada, onde se situa o vale do Yosemite, começou a emergir do fundo do mar há mais de 50 milhões de anos, como resultado do choque entre placas tectônicas que formou os dobramentos do oeste da América do Norte. Há 10 milhões de anos, imensos blocos de granito compunham cadeias montanhosas paralelas, entre as quais corriam as águas furiosas de um rio. As águas do rio escavaram as rochas e esculpiram um cânion estreito, com escarpas de 900 metros.
Cânion no vale de Yosemite
  Há cerca de um milhão de anos, o cânion de Yosemite foi recoberto de gelo por uma das glaciações do período Quaternário. Em seguida, até 12 mil anos atrás, várias vezes, a geleira derreteu-se e cristalizou-se novamente.
Arco-iris lunar no vale de Yosemite
  A água, ao passar do estado líquido para o sólido, experimenta aumento do volume. A cristalização sucessiva da geleira agiu como uma poderosa lixa nas escarpas de granito. A erosão glacial, ao longo do tempo, aprofundou e alargou o vale de Yosemite. As escarpas transformaram-se em paredões verticais. O cânion tornou-se um vale em forma de U.
Estrutura Half Dome
  No fim da última glaciação, a água do degelo foi represada por detritos de rocha, que fecharam o vale e provocaram a formação de um lago. Esse lago não existe mais. Ele foi soterrado pela deposição de sedimentos, que formaram o atual fundo do plano do vale, onde passou a correr o rio Merced.
Vale de Yosemite durante o inverno
  As temperaturas menos frias possibilitaram o aparecimento de carvalhos, pinheiros, cedros e sequoias. A floresta ocupou o fundo do vale.
FONTE: Magnoli, Demétrio
Estudos de geografia, 8° ano/ Demétrio Magnoli. - 1. ed. -- São Paulo: Atual, 2008

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