quarta-feira, 29 de junho de 2022

A CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE COMÉRCIO E DESENVOLVIMENTO (UNCTAD)

  A Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e Desenvolvimento (Unctad) foi estabelecida em 1964, em Genebra, Suíça, no contexto das discussões de liberalização do comércio no Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT). É o órgão da Assembleia Geral das Nações Unidas que procura promover o crescimento dos países em desenvolvimento por meio do comércio mundial, contribuindo para que participem do comércio global em condições de equidade. O organismo acredita que o comércio internacional é um fator de combate ao subdesenvolvimento, pois, apesar de a globalização ter contribuído para minimizar a pobreza, o ideal de um mundo menos desigual continua distante. Promove a integração de países em desenvolvimento na economia mundial e atua como um fórum para deliberações intergovernamentais, apoiado por debates com especialistas e intercâmbio de experiências. Também desenvolve pesquisas, análises de política e coleta de dados para debates de representantes do governo e especialistas. Seu trabalho visa ajudar a moldar os debates sobre políticas e o pensamento sobre o desenvolvimento, com foco particular em garantir que as políticas domésticas e a ação internacional se apoiem mutuamente para alcançar o desenvolvimento sustentável.

Sede da Unctad em Genebra, Suíça

  A Unctad defende um comércio global justo e eficaz. A entidade ajuda os países em desenvolvimento a superar as condições desiguais do comércio internacional equipando-os tecnicamente para lidar com as desvantagens impostas pelos países ricos. Para isso, busca construir consensos globais, oferece análises, assessorias e consultorias comerciais, além de uma retaguarda técnica aos países em desenvolvimento. Procura, portanto, subsidiar esses países com investimento, financiamento e desenvolvimento tecnológico para que alcancem um desenvolvimento sustentável. O comércio global inclusivo é seu lema.

  Tanto a Organização Mundial do Comércio (OMC) como a Unctad têm no comércio internacional o foco de suas atuações; no entanto, a Unctad dedica-se prioritariamente aos países em desenvolvimento, enquanto a OMC não faz essa distinção específica. A maioria dos países-membros das duas entidades é integrante de ambos os organismos. A Unctad atua em estreita sintonia com outros organismos internacionais vinculados à ONU, em especial com Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional (FMI), OMC e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

  A organização:

  • funciona como um fórum para deliberações intergovernamentais, apoiado por discussões com especialistas e trocas de experiências, visando a construção de consenso;
  • realiza pesquisas, análises de políticas e coleta de dados para informar representantes do governo e discussões de especialistas;
  • presta assistência técnica aos países em desenvolvimento, com especial atenção às necessidades dos países menos desenvolvidos e das economias em transição. Quando apropriado, a Unctad coopera com outras organizações e países doadores na prestação de assistência técnica.

Assembleia da Unctad

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Boulos Júnior, Alfredo. Multidiversos: ciências humanas: política, conflitos e cidadania: ensino médio / Alfredo Boulos Júnior, Edilson Adão Cândido da Silva, Laércio Furquim Júnior. 1. ed. -- São Paulo: FTD, 2020.

http://unctad.org. Acesso em 29/06/2022.

quinta-feira, 23 de junho de 2022

AS MIGRAÇÕES INTERNAS NO TERRITÓRIO BRASILEIRO

  A migração interna no Brasil acontece principalmente por motivos econômicos e desastres ecológicos. A população de um país não é apenas modificada pelas mortes e nascimentos de seus habitantes. É preciso levar em conta, também, os movimentos de entrada e de saída, ou seja, as migrações que ocorrem em seu território. As migrações internas são aquelas que se processam no interior de um país, como por exemplo, o êxodo rural.

  Um exemplo de migração foi devido às secas que devastou o Nordeste brasileiro na década de 1960, que fizeram com que milhares de pessoas abandonassem suas casas no sertão nordestino por falta de alternativa agrícola e políticas sociais na região. Outro exemplo foi a migração de nordestinos para a região Norte do Brasil no fim do século XIX. Isto se deu por dois motivos: o início do ciclo da borracha e a grande seca que devastou a região Nordeste. Destaca-se também a movimentação de migrantes nordestinos e sulistas em busca de uma melhoria de vida na região Sudeste, único polo industrial na década de 1970.

  A história do povo brasileiro é uma história de migrações. A migração no Brasil não ocorreu nem ocorre por causa de guerras, mas pela inconstância dos ciclos econômicos e de uma economia planejada, independente das necessidades da população.

Mapa mostrando alguns fluxos migratórios que ocorreram no território brasileiro

  As migrações internas podem ser:

  • Êxodo rural - saída de moradores do campo para o meio urbano;
  • Pendular - migração diária, típica das grandes metrópoles, em que o trabalhador sai cedo da cidade onde reside ou da periferia para chegar ao trabalho em outra cidade ou região central e só retorna no fim do dia;
  • Transumância - migração periódica, sazonal e reversiva, como no caso os cortadores de cana, que se deslocam para as regiões produtoras de açúcar e álcool durante a colheita e depois retornam para o seu local de origem.

  O fluxo migratório interno no Brasil é tradicionalmente intenso. A mobilidade interna sempre ocorreu, desde o início da colonização.

Migrações clássicas que ocorreram no território brasileiro

  Igualmente ao que ocorre com a migração internacional, o principal motivo da mobilidade demográfica interna é o aspecto socioeconômico. Na metade do século XX, quando o Brasil passou gradativamente a se transformar de país agroexportador para urbano industrial, os fluxos internos tornaram-se mais intensos.

  A industrialização concentrada no Sudeste passou a exercer espetacular força de atração demográfica, principalmente o estado de São Paulo, para onde milhões de nordestinos migraram  a partir dos anos 1950. A força e a marca dessa migração deixam fortes traços culturais até os dias de hoje.

Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, mais conhecido como Feira de São Cristóvão, no Rio de Janeiro. É um pavilhão que promove a cultura e o comércio de produtos nordestinos.

  As regiões brasileiras vão se caracterizando como de atração populacional, com destaque para o Sudeste, e outras de repulsão populacional (Nordeste, Minas Gerais, Espírito Santo e Santa Catarina). O êxodo rural, a partir da segunda metade do século XX, foi decisivo para a transformação da realidade demográfica brasileira.

Casa abandonada na zona rural de Floresta (PE), exemplo do êxodo rural

  Também merece destaque outro importante período de fluxo migratório: foi o iniciado nos anos 1970 e intensificado nas décadas de 1980 e 1990, quando muitas pessoas se dirigiram para as regiões Centro-Oeste e sul da Amazônia, motivadas pela expansão da fronteira agrícola brasileira, tendo a soja como carro-chefe desse movimento. Foi o período conhecido como "expansão das frentes pioneiras". Os sulistas foram os principais migrantes para essas regiões.

Fluxos migratórios no Brasil durante a década de 1970

  Os estados onde a população aumentou nos últimos anos estão localizados nas regiões Norte e Centro-Oeste, exatamente o destino das migrações internas e onde ocorreu a expansão agrícola. O Censo de 2010 confirma que Amapá, Roraima e Acre foram os estados que mais cresceram demograficamente. Porém, o mesmo censo indica uma diminuição do ritmo das migrações internas no país, com uma redução de 11% do volume de migrantes em relação à primeira década deste século. Espera-se que essa tendência se confirme pelo censo programado para 2022.

Deslocamentos populacionais no Brasil

  Finalmente, nas duas primeiras décadas do século XX, deu-se o fenômeno da "migração de retorno". Milhares de nordestinos que no passado migraram sobretudo para a região Sudeste passam a retorna para os respectivos municípios e estados nativos, apesar de muitos deles continuarem a migrar para São Paulo e Rio de Janeiro. Esse retorno aconteceu em razão do reaquecimento da economia nordestina nos anos 2000 e 2010, movimento que pode ser interrompido pela estagnação econômica brasileira dos últimos anos, agravada pela pandemia da Covid-19.

Principais fluxos migratórios do Brasil no século XXI

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

IBGE. Atlas nacional do Brasil Milton Santos. Rio de Janeiro, 2010.

GIRARDI, G.; ROSA, J. V. Atlas geográfico do estudante. São Paulo: FTD, 2016.

IBGE. Atlas do censo demográfico 2010. Rio de Janeiro, 2013.

RIBEIRO, D. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

terça-feira, 21 de junho de 2022

A DIVERSIDADE CULTURAL DO MUNDO

  Em sociologia, diversidade cultural diz respeito à existência de uma grande variedade de culturas antrópicas. Refere-se à inclusão de diferentes perspectivas culturais em uma organização ou sociedade. Há vários tipos de manifestações culturais que nos revelam  essa variedade, tais como: a linguagem, comida, vestuário, religião e outras tradições como a organização da sociedade.

  A diversidade cultural é algo associado à dinâmica do processo aceitativo da sociedade. Pessoas que por algumas razões decidem pautar suas vidas por normas pré-estabelecidas tendem a esquecer suas próprias idiossincrasias (mistura de culturas).

  O termo diversidade diz respeito à variedade e convivência de ideias, características ou elementos diferentes entre si, em determinado assunto, situação ou ambiente. Cultura (do latim cultura, cultivar o solo, cuidar) é um termo com várias acepções, em diferentes níveis de profundidade e diferente capacidade de agir. São práticas e ações sociais que seguem um padrão determinado no espaço/tempo. Se refere a crenças, comportamentos, valores, instituições, regras morais que permeiam e "preenchem" a sociedade.

   A população do planeta é formada por mais de 7,5 bilhões de pessoas, a imensa maioria vivendo coletivamente, nas mais variadas sociedades. Nossas relações sociais se iniciam já ao nascermos.

  Nos dias atuais, marcados pela ampliação de recursos digitais de informação e comunicação, a maioria das pessoas está envolvida com algum tipo de rede social digital, na qual diferentes formas de interação com variados objetivos são possíveis. Há, inclusive, diversos encontros que não seriam possíveis sem essas inovações tecnológicas. No entanto, há também formas de contato social não permeadas pela tecnologia bem mais antigas e que são usadas no dia de hoje.

A população mundial é composta por várias culturas

A diversidade cultural no mundo

  Em um mundo composto de tantas pessoas, é de se esperar que haja uma infinidade de povos com culturas distintas, que manifestam seus próprios valores, tradições, hábitos alimentares, costumes, vestimentas e religiões.

  Esses diversos povos com suas culturas distintas distribuídos pelo mundo vivem majoritariamente sob um Estado e um território. Friedrich Ratzel, um intelectual do início do século XX, afirmou serem estes os elementos necessários da composição da maioria das sociedades atuais: um povo, um território e um Estado. E isso acontece igualmente em nosso país, em que o povo brasileiro vive sob uma base territorial política organizada em torno da República Federativa do Brasil.

  As sociedades costumam mudar e se redefinir ao longo de sua existência, pois o comportamento social não é imutável. O mesmo acontece com as fronteiras territoriais, que também são elásticas: ampliam-se e reduzem-se no decorrer da história.

Países classificados por nível de diversidade étnica e cultural

  As sociedades estão circunscritas à organização e à regulação do Estado, responsável pela organização social e guarda da soberania do território. Não é incomum existirem, em um mesmo Estado, nações distintas, como é o caso da Espanha e da Rússia. Essa diversidade produz efeitos diversos: muitas vezes é o motivo da riqueza cultural de um local, marcado pela convivência e pelo respeito entre os povos; em outras, é o oposto, gerando desentendimentos, conflitos e guerras.

  A religião é um elemento importante nesse cenário: por vezes, pode ser um agregador de uma sociedade, como o judaísmo, que conecta judeus dispersos por várias partes do mundo; em outras situações, é um elemento desagregador, como o longevo conflito entre católicos e protestantes irlandeses que se arrasta ao longo de séculos.

  A cultura é também comumente associada às formas de manifestação artística e/ou técnica da humanidade, como a música erudita europeia.

A religião e a arte são importantes manifestações da cultura humana

Choque de civilizações

  O cientista político estadunidense Samuel P. Huntington causou forte furor nos anos 1990 com sua tese de "choque civilizacional" quando publicou, em 1993, na revista Foreign Affairs, um artigo intitulado "O choque das civilizações" e que daria vazão, em 1996, ao livro homônimo. Para ele "a história da humanidade é a história das civilizações". Seu artigo causou forte polêmica, reconhecido por ele próprio neste trecho:

  Não há dúvida de que ele foi motivo de discussão mais forte que qualquer outro artigo que escrevi. As reações e os comentários sobre ele vieram de todos os continentes e de dezenas de países. As pessoas ficaram impressionadas, intrigadas, indignadas, amedrontadas ou perplexas por meu argumento de que a dimensão central e mais perigosa da política mundial que estava emergindo seria o conflito entre grupos de civilizações diferentes.  À parte qualquer outro efeito, o artigo abalou os nervos de pessoas de todas as civilizações.

HUNTINGTON, S. P. O choque das civilizações e a recomposição da ordem mundial. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997. p. 11.

Capa do livro "O choque das civilizações", de Samuel P. Huntington

  Huntington reconhece oito civilizações: ocidental, latino-americana, africana, japonesa, ortodoxa (Rússia), hindu (Índia), islâmica, sínica (chinesa), que viveriam em zonas de tensa fricção, uma mais belicosas que outras.

  Na percepção de Huntington, o novo paradigma que substitui a bipolaridade da Guerra Fria nos anos 1990 é o conflito entre civilizações, pautado por uma intolerância entre elas.

  A tese sobre uma difícil coexistência entre as civilizações foi motivo de bastante polêmica e diversos autores divergiram dessa ideia. Muitos dos críticos de Huntington defendem o universalismo, negando a perspectiva de relações conflituosas entre as civilizações. Eles alegam que, apesar das diferenças culturais e nacionais, a humanidade é uma só e a convivência entre os vários povos é plenamente possível. A existência de conflitos e tensões independem da diversidade civilizacional, tanto é que há inúmeros conflitos no interior de uma mesma civilização.

  Com os os atentados de 11 de setembro de 2001, o tema das civilizações ganhou forte destaque, muito em parte por conta dos trabalhos de Huntington. Muitos entendem que ele prognosticou os atentados ao anunciar antecipadamente  um conflito entre as civilizações ocidental e islâmica.

As civilizações existentes no mundo, segundo Huntington

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

HUNTINGTON, S. P. O choque das civilizações e a recomposição da ordem mundial. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997.

GANDHI, M. Relatório do desenvolvimento humano 2004. In: TERRA, Lygia; COELHO, Marcos de A. Geografia geral. São Paulo: Moderna, 2005.

CARVALHO, J. M. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.

segunda-feira, 30 de maio de 2022

AS AGROFLORESTAS

  Agrofloresta, também chamada de agricultura sintrópica, é um sistema produtivo que combina plantação de produtos agrícolas em meio a árvores e arbustos e animais, utilizando técnicas de produção agrícola com técnicas de conservação ambiental e recomposição ecológica. Inspira-se no próprio funcionamento da natureza, na interação e complementaridade entre múltiplas espécies naturais que se desenvolvem numa mesma área.

  A produção na agrofloresta leva em consideração o tempo e o espaço. Isso significa que se utiliza o tempo da decomposição de vegetais para ocorrer a adubação verde e o tempo natural de crescimento de cada espécie, potencializado pela combinação entre elas. Leva-se em consideração o espaço ideal para que o sistema seja dinâmico e a produção de cada espécie ocorra em seu devido tempo. Esse sistema dinâmico envolve práticas de povos antigos, mas, que por bom tempo, foi pouco utilizado em virtude da chegada da modernização na agricultura, que passou a utilizar grandes áreas de monoculturas e produtos como pesticidas para ampliar a produtividade.

Agrofloresta em Banfora, Burkina Faso

  Considera-se que o aparecimento de pragas e ervas daninhas que prejudicam a plantação ocorre por causa da retirada da vegetação natural. Seria uma maneira de reação natural ao desmatamento. Sem o desmatamento, portanto, não haveria necessidade de utilização de pesticidas, pois as pragas tendem a não aparecer se o sistema estiver equilibrado. Quando surgem insetos que podem prejudicar a agrofloresta, deve-se fazer o manejo da área, aumentando a biodiversidade até se chegar num equilíbrio ecológico. As ervas daninhas que surgirem podem ser retiradas de forma que não estimulem a competição entre as espécies. Dessa forma, ocorre o controle ecológico da agrofloresta.

Canteiro agroflorestal com cultivo de banana, café, mamão, eucalipto e outras espécies, em Alto Paraíso de Goiás - GO

  Às práticas antigas foi agregado conhecimento científico sobre as possibilidades de interação entre as espécies cultivadas e a fauna nativa. A produção em agrofloresta permite a diversificação de culturas que podem ter 30 ou mais espécies numa mesma área, escolhidas por se complementarem. Elas atingem diferentes alturas (estratos), abrindo espaço para o cultivo de espécies que precisam de mais luz solar e para outras que se desenvolvem melhor em áreas sombreadas.

  Pode-se dizer que, na agrofloresta, uma espécie complementa outra, conserva-se a vegetação natural ao mesmo tempo que se desenvolve a agricultura, evitando o desmatamento para a implantação de produtos agrícolas. A agrofloresta é um sistema dinâmico que estimula a biodiversidade e a multicultura ao invés da retirada de vastas áreas biodiversas para a instalação de monocultura.

  Agrofloresta é um sistema de cultivo que une árvores e agricultura (plantações ou criação de gado), que proporciona maior recuperação e equilíbrio do ambiente, tornando o uso mais produtivo e rentável da terra em comparação com um sistema de monocultura.

Esquema mostrando como funciona a agrofloresta

  A diversidade de espécies contribui para o melhor aproveitamento de recursos naturais, como luz, água e solo. Além disso, a produção não requer o uso de agrotóxicos. A fertilização do solo ocorre por meio da decomposição de folhas e galhos que caem das árvores e arbustos e das podas.

  No Brasil, o sistema de agroflorestal começou a ser instalado com o suíço Ernst Götsch na década de 1980, em uma fazenda de 500 hectares de terras improdutivas na Bahia.

  Os sistemas agroflorestais possuem melhor desempenho tanto na visão econômica quanto na ecológica. Além de ajudar os proprietários a diversificar sua renda, existe uma melhora considerável na qualidade do solo e da água, e ajudam a moderar o microclima e reduzir a erosão local.

  Os sistemas agroflorestais possuem uma cobertura de plantas que aumentam a matéria orgânica do solo e a atividade biológica, criando, assim, um ciclo fechado de nutrientes, diminuindo a intervenção, a utilização de fertilizantes ou insumos externos, pois a própria cobertura traz os nutrientes necessários para o desenvolvimento da cultura.

Consórcio de plantio de cedro australiano com café, em Viçosa - MG

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

GÖTSCH, E. Homem e Natureza: Cultura na Agricultura. Recife: Centro Sabiá, 1995.

Neto, Silvio Nolasco de Oliveira; Vale, Antônio Bartolomeu do; Nacif, Antônio de Paulo; Vilar, Mariana Barbosa; Assis, José Batuíra de. Sistema agrosilvipastoril: integração lavoura, pecuária e floresta. Biblioteca Florestal. Universidade Florestal de Viçosa (UFV). https://www.ufv.br. Acesso em 30/05/2022.

quinta-feira, 26 de maio de 2022

PRODUÇÃO, CAPITAL E TRABALHO NO CONTINENTE AMERICANO

  O continente americano é dividido em três subcontinentes: América do Norte, Central e do Sul. Dentre todos, o menor é a América Central. Os países que integram a América Central têm suas economias fortemente ligadas à atividade primária, principalmente a agropecuária.

  Os agricultores desenvolvem, majoritariamente, a agricultura de subsistência, praticada sem o emprego de tecnologias, ou seja, técnicas de preparo, plantio e colheita são rudimentares e tradicionais, a força de trabalho é totalmente familiar. Essa configuração resulta em baixa produtividade.

  Na América Central são desenvolvidos diversos cultivos, porém, o principal destaque é o milho - cultura milenar na região. A produção agrícola é destinada ao consumo interno.

  A produção agrícola destinada ao abastecimento do mercado interno, geralmente é desenvolvida em grandes propriedades rurais, com um relativo emprego de tecnologias, na maioria das vezes pertencentes a empresas norte-americanas ou de outras nacionalidades. Além do milho, as culturas tropicais mais cultivadas são: café, banana, amendoim, frutas tropicais, cana-de-açúcar, algodão e cacau.

  Na América Central, assim como na maioria dos países latino-americanos, há uma concentração fundiária, ou seja, a maioria das terras estão nas mãos de poucas pessoas.

  Os norte-americanos chamam os países da América Central, pejorativamente, de República das Bananas. Expressão que deixa explícita a dependência desses países em relação à produção agropecuária, fator que sujeita a economia a constantes instabilidades em virtude das variações dos preços dos produtos primários no mercado internacional.

  As indústrias na América Central não possuem grande representatividade, as poucas que existem produzem basicamente tecidos, roupas, alimentos, e quase todas são empresas transnacionais.

Cultivo de banana na Costa Rica

   No continente americano concentra-se um dos maiores volumes de produção do planeta. Isso significa, portanto, um dos maiores índices médios globais do PIB. Enquanto a América Latina é responsável por 6% do PIB mundial, Canadá e Estados Unidos são responsáveis por 32%. O destaque são os Estados Unidos, cujo PIB em 2020 foi de 20.580,250 trilhões de dólares, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), enquanto que o Canadá teve um PIB de 1.600,264 trilhão de dólares.

  Brasil, México e Argentina, os países latino-americanos mais industrializados, possuem a economia mais pujante da região. Contudo, em suas balanças comerciais, a exportação de commodities (produtos de origem agropecuária ou de extração mineral, em estado bruto ou pequeno grau de industrialização, produzidos em larga escala e destinados ao comércio externo, e que têm o preço determinado pela oferta e a procura internacional da mercadoria), têm grande destaque, como soja e minérios, sobretudo no caso brasileiro. Grande parte do PIB de vários países do subcontinente é formada por remessas externas de capital, portanto, sem conexão direta com a produção, o que significa pouca geração de emprego.

  Após a Segunda Guerra Mundial, países como Brasil, México e Argentina tiveram que se industrializar, pois os países que os abasteciam de mercadorias industrializadas estavam em processo de reconstrução devido à guerra. Essa industrialização é conhecida como industrialização por substituição de importação.

  Outra característica dos países latino-americanos é a industrialização tardia, que veio ocorrer apenas no século XX, tendo em vista que a Revolução Industrial teve início no final do século XVIII e início do século XIX, totalizando mais de 100 anos de atraso e, por último, a grande dependência financeira em relação aos países mais desenvolvidos.

Chuquicamata, a maior mina a céu aberto do mundo, próxima à cidade de Calama, no Chile

  O Brasil possuía, em 2020, o 12º maior PIB do mundo, com 1.363,767 trilhão de dólares, ou seja, o terceiro maior PIB do continente americano. Contudo, quando se considera o PIB per capita, que melhor indica a média de distribuição de renda em cada país, os Estados Unidos ocupam a 7ª posição e o Canadá a 17ª. Embora o Brasil possua o terceiro maio PIB no continente, em 2020 a posição no PIB per capita era a 63ª.

  Com aproximadamente 38% do PIB mundial, o continente americano sedia 48% das maiores empresas do mundo. Dos 10 países que possuem as sedes das 50 maiores empresas do mundo em seus territórios em 2020, de acordo com a revista norte-americana Forbes, os Estados Unidos encabeçam a lista com 22 empresas. O Canadá é o outro país do continente americano que possui uma empresa entre as 50 maiores do mundo. Nos últimos anos, diversos fatores de competição global e algumas consequências de estratégias utilizadas para emergir da crise mundial do final dos anos 2010 ditaram o ritmo de crescimento dos países americanos. Percebe-se que eles ainda não recuperaram o patamar anterior dessa grande crise econômica.

Gráfico mostrando o PIB de alguns países

  A economia dos países da América Latina e do Caribe cresceu a baixas taxas entre 2017 e 2018. Para até 2020, previa-se um avanço gradual para a maioria dos países da região, com destaque para os exportadores de commodities.

  O advento da pandemia da Covid-19 impactou a economia mundial, e as previsões tiveram de ser refeitas. No continente americano, no período pré-pandemia, os Estados Unidos eram o país que mais se aproximava da média de crescimento econômico mundial.

  Apesar da pandemia, a América Latina e o Caribe deverão consolidar sua posição de maior região exportadora de produtos agropecuários nos próximos anos, com o Brasil em posição central na produção e nos embarques de produtos como soja, milho, carne, açúcar e café. A estimativa é da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Projeção de produção agropecuária de alguns países até 2028

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BATISTA, P. N. O Consenso de Washington: a visão neoliberal dos problemas latino-americanos. In: BATISTA, P. N. (et al.). Em defesa do interesse nacional: desinformação e alienação do patrimônio público. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994.

BRAGA, R. A reestruturação do capital: um estudo sobre a crise contemporânea. São Paulo: Xamã, 1996.

HARVEY, D. O enigma do capital: e as crises do capitalismo. São Paulo: Boitempo, 2011.

LEFEBVRE, H. A reprodução das relações de produção. Goiânia: Redelp, 2020.

PIKETTY, T. O capital do século XXI. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2014.

https://www.sna.agro.br/america-latina-mostra-força-na-exportacao-agropecuaria. Acesso em: 25/05/2022.

https://www.imf.org/en/Home. Acesso em: 25/05/2022.

https://forbes.com.br. Acesso em: 25/05/2022.


quinta-feira, 19 de maio de 2022

O TRANSUMANISMO

   Muitos filmes e livros de ficção científica apresentam um mundo em que as máquinas se voltam contra os seres humanos. Essa situação não é criada apenas por cineastas e escritores, mas também pensada por estudiosos que temem que algo muito ruim possa acontecer devido a inovação tecnológica.

  Transumanismo ou visão transumanista é um movimento filosófico intelectual que visa transformar a condição humana com o uso de tecnologias emergentes, alcançando as máximas potencialidades em termos de evolução humana, deixando em segundo plano a evolução biológica, alcançando o patamar de pós-humano.

  Pensadores transumanistas estudam os potenciais benefícios e perigos de tecnologias emergentes, bem como a ética do uso de tais tecnologias. Influenciada pelos trabalhos seminais da ficção científica, a visão transumanista de uma humanidade futura transformada tem atraído muitos adeptos, críticos e detratores de uma ampla gama de perspectivas, incluindo filosofias e religiões.


  Os transumanistas dividem-se entre os "grinders", que desenvolvem implantes cibernéticos para aprimorar suas capacidades, e os "biólogos" que fazem experimentos genéticos em laboratórios caseiros.

Símbolo do transumanismo

  O filósofo sueco Nick Bostrom afirma que quando fabricamos máquinas superinteligentes, corremos perigo.  Pois essa inteligência pode levar as máquinas a não dependerem mais de nós, podendo, inclusive, nos atacar. Imaginemos um mundo em que as máquinas mais inteligentes que os seres humanos não nos obedecessem mais. Essas máquinas incontroláveis são, para Bostrom, perigosas, e podem levar até mesmo à extinção da humanidade.

  Para ele, as máquinas não devem ser dotadas de desejos. Nenhuma máquina deve ter emoções que os humanos têm, e, por isso, não serão perigosas por odiarem ou quererem se vingar de nós. O problema é que as máquinas, cada vez mais complexas e inteligentes, não serão mais controladas pelos humanos. Imaginemos uma máquina construída para limpar as ruas da cidade de forma muito rápida. Pode ser que essa máquina detecte uma pessoa varrendo a calçada e a ataque, por vê-la como concorrente, como alguém que está fazendo um trabalho que é seu. Todos os esforços para a criação de máquinas que ajudem os seres humanos podem prejudicar os próprios seres humanos se as pesquisas sobre o controle dessas máquinas não obtiverem os resultados desejados.

Nick Bostrom

  No entanto, há filósofos que não veem o desenvolvimento das máquinas como Bostrom. Ao contrário, muitos deles fazem uma aposta na fusão entre máquinas e seres humanos. Esses pensadores são chamados de transumanistas. Para eles, a humanidade pode ser melhorada, aperfeiçoada e mesmo modificada a partir do uso da tecnologia. Já temos alguns exemplos destas melhorias - como o caso do atleta Markus Rhem.

  O inventor e escritor Raymond Kurzweil é um dos entusiastas do transumanismo. Para ele, teremos máquinas cada vez mais inteligentes e com certeza elas ultrapassarão a inteligência humana. Mas isso não é uma má notícia. Afinal, essas máquinas poderão nos auxiliar.  Uma pessoa com Alzheimer, com Parkinson ou outras doenças que afetam o sistema neurológico, poderá, por exemplo, ter uma máquina muito pequena colocada no seu cérebro e recuperar os movimentos e a memória perdidos.

  Kurzweil chega a afirmar que as máquinas vão poder escrever roteiros de filmes, séries e novelas. Embora o autor seja otimista quanto ao futuro, essa afirmação toca em uma questão preocupante, que existe desde o século XVIII: o desemprego por inovação tecnológica.

Raymond Kurzweil

  Se as máquinas começarem a fazer boa parte dos trabalhos humanos, haverá uma massa de desempregados no mundo; o desemprego é, segundo alguns pensadores, o maior fantasma do nosso século. Além disso, a proposta dos transumistas poderia agravar um sério problema contemporâneo: a desigualdade social. Hoje, a maioria das pessoas não têm acesso aos serviços de saúde pagos. Se as melhorias na saúde dependerem das posses das pessoas, apenas as camadas mais ricas da sociedade poderão curar-se de uma doença ou melhorar o corpo. Os mais ricos poderão ser os mais fortes, os mais inteligentes e os mais saudáveis, o que agravará as diferenças entre eles e os mais pobres.

RoboCop é um dos ciborgues mais famosos da ficção

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

VILAÇA, M. M.; DIAS, M.C. Transumanismo e o futuro (pós-humano). Physis: Revista de Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, 2014.

CYSNE, R. Exclusão Digital: Desafios para a consolidação da cidadania. Rio de Janeiro: Rommel Cysne, 2007.

PERELMUTER, G. Futuro presente: o mundo movido à tecnologia. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2020.

quarta-feira, 18 de maio de 2022

OS PAÍSES BAIXOS

   Os Países Baixos, mais conhecido como Holanda, são uma nação constituinte do Reino dos Países Baixos, localizada na Europa Ocidental. O país é uma monarquia constitucional parlamentar democrática, banhado pelo mar do Norte a norte e a oeste, e fazendo fronteira com a Bélgica a sul e com a Alemanha a leste. Sua capital é Amsterdã e a sede do governo fica na cidade de Haia.

  É um país de baixa altitude, com cerca de 27% do seu território abaixo do nível do mar. Grande parte de sua área foi obtida através da recuperação e preservação de terras por meio de um elaborado sistema de pôlderes e diques.

  É conhecido por seus moinhos de vento, as tulipas, o uso comum de bicicletas por parte da população, pelos valores tradicionais e virtudes civis. Possui uma das melhores qualidades de vida do mundo e está entre os melhores Índices de Desenvolvimento da Europa e do planeta. Sua economia é uma das mais livres do mundo.

  A nomenclatura "Holanda" tem origem em uma região do país, que é dividida em duas províncias: Holanda do Norte e Holanda do Sul. Elas dominaram o país por muito tempo e, por isso, a região ficou conhecida por este nome.

  Os Países Baixos são uma tradução portuguesa de Netherland, que no neerlandês original é "Nederlanden", que significa "terras baixas". O país é denominado desta forma devido à sua localização geográfica, parcialmente abaixo do nível do mar.

Mapa político dos Países Baixos

HISTÓRIA

  Desde a última glaciação que o atual território dos Países Baixos vêm sendo habitado. Segundo vestígios, o território começou a ser habitado há cerca de 100.000 anos, quando possuía um clima de tundra e uma vegetação escassa. Seus primeiros povoadores eram caçadores-coletores. No final da Era do Gelo a região passou a ser habitada por grupos paleolíticos. Por volta de 5.000 a.C., a agricultura passou a ser praticada nas planícies do extremo sul do país. Por volta de 5.600 a.C. foi desenvolvida a cultura Swifterbant, que desenvolveu uma sociedade agrícola entre 4.300 e 4.000 a.C. A cultura Bellbeaker desenvolveu o uso de rodas por volta de 2.400 a.C., demonstrando também o uso do cobre.

  No século I a.C., os Países Baixos eram habitados por germânicos. Entre os séculos IV e VIII d.C., grande parte do seu território foi conquistado pelos francos, passando depois para as mãos da Casa de Borgonha e dos Habsburgos austríacos.

O território dos Países Baixos por volta de 5.500 a.C.

  As invasões normandas do século IX e as divisões territoriais enfraqueceram o país, o que levou à formação de numerosos principados feudais. Novas terras são conquistadas nos mares e as cidades tiveram um forte desenvolvimento, principalmente as que convergiam entre as rotas terrestres, marítimas e fluviais, graças ao desenvolvimento do comércio dos tecidos, da indústria alimentar e da metalurgia. Ao mesmo tempo há uma divisão social entre a elite urbana, também chamada de patrícios, e o povo, provocando uma aliança entre os patrícios e o rei da França.

  Em 1369, o conde de Flandres Luís II, concede a mão de sua filha Margarida ao ao duque de Borgonha, Filipe, o Audaz. Este casamento fez de Flandres o primeiro principado dos Países Baixos. No reinado de Filipe, o Bom, a administração foi centralizada através da criação de um grande conselho, de duas câmaras de contas e de um tribunal de justiça.

  A maior parte dos pequenos estados que existiam na região, onde são atualmente os Países Baixos e a Bélgica, foram unidos pelo duque de Borgonha em 1433. A filha herdeira de Carlos, Maria de Borgonha, desposa em 1477 Maximiliano da Áustria e os Países Baixos passa a fazer parte dos domínios dos Habsburgo.

  No reinado de Carlos V, Sacro Imperador Romano e rei da Espanha, a região era parte das Dezessete Províncias dos Países Baixos, abrangendo a maior parte do que hoje é a Bélgica. Simultaneamente, o país tem uma forte expansão econômica. Paralelamente às correntes comerciais e intelectuais, as ideias da Reforma difundem-se largamente, favorecidas pela tolerância da governante dos Países Baixos, Margarida de Áustria. O problema da liberdade religiosa contrariou o absolutismo de Filipe II.

  Em 1579, as sete províncias do norte dos Países Baixos se tornam a República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos. O século XVII é considerado a "época de ouro" dos Países Baixos, fazendo com que o país se tornasse uma grande potência marítima e colonial.

  O declínio dos Países Baixos aconteceu com a perda gradual da superioridade tecnológica, assim como as guerras com a Espanha, a França e a Inglaterra entre os séculos XVII e XVIII.

Mapa das Dezessete Províncias

  Os Países Baixos passaram um tempo sob a dominação francesa, com o nome República Batava, e posteriormente Reino da Holanda, governada por Luís Bonaparte, sendo anexada pela França.

  Guilherme I dos Países Baixos, filho do último rei, Guilherme V, Príncipe de Orange, retornou aos Países Baixos em 1813 e tornou-se príncipe soberano da nação. Em 16 de março de 1815, o príncipe soberano foi coroado rei do país.

  Após a derrota de Napoleão, em 1815, a Holanda e a Bélgica, por meio do Congresso de Viena, se tornaram o Reino Unido dos Países Baixos, sob a governança do rei Willem I. Guilherme V tornou-se herdeiro do Grão-Duque de Luxemburgo. Por meio do Congresso de Viena, Luxemburgo passou a ser propriedade particular de Guilherme V em troca de suas possessões alemãs: Ducado de Nassau, Siegen, Hadamar e Diez.

  Em 1830, a Bélgica conquistou sua independência, e a união pessoal entre Luxemburgo e os Países Baixos foi desfeita em 1890, após a morte de Guilherme III, rei dos Países Baixos, e que não tinha herdeiros masculinos vivos. As leis de ascendência impediram que a sua filha, a rainha Guilhermina, se tornasse Grã-Duquesa. Assim, o trono de Luxemburgo deixou de pertencer à Casa de Orange-Nassau e passou a fazer parte da Casa de Nassau-Weilburg.

Ultreque - com uma população de 631.837 habitantes (estimativa 2022) é a quarta cidade mais populosa dos Países Baixos

  A maior colônia holandesa no exterior foi a Colônia do Cabo, criada por Jan van Riebeeck, em nome da Companhia das Índias Orientais na Cidade do Cabo, em 1652. O Príncipe de Orange concordou com a ocupação e o controle da Colônia do Cabo pelos britânicos, em 1788.

  Os Países Baixos também possuíam várias outras colônias, porém elas tiveram uma colonização limitada. Dentre essas colônias, as mais notáveis foram as Índias Orientais Neerlandesas (atual Indonésia) e Suriname. Essas colônias foram primeiramente administradas pela Companhia Holandesa das Índias Orientais e Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, respectivamente, ambas empresas coletivas privadas. Três séculos depois, essas empresas começaram a ter problemas financeiros, e os territórios em que operavam foram assumidos pelo governo holandês, passando a se tornar colônias oficiais.

Mapa anacrônico do Império Colonial Holandês.

  Durante o período colonial, os Países Baixos envolveram-se fortemente no comércio de escravos. Os holandeses dependiam muito da mão de obra escrava africana para cultivar produtos tropicais. O tratamento dado aos escravos era o semelhante ao que aconteceu no Brasil. Em 1863, os Países Baixos aboliu a escravidão na Guiana Holandesa e em Curaçau e Dependências, mas a escravidão continuou até 1873, quando foi abolida definitivamente. A maioria dos escravos, após a abolição, abandonou as plantações e foram para a cidade de Paramaribo.

  Durante a Primeira Guerra Mundial, os Países Baixos ficaram neutros, porém, com um forte envolvimento na guerra. Na Segunda Guerra Mundial, o país também manteve sua neutralidade até o dia 10 de maio de 1940, quando a Alemanha nazista invadiu o território holandês como parte de sua campanha contra os Aliados. Os franceses no sul e os britânicos no oeste contribuíram para o recuo dos alemães. A invasão alemã durou apenas cinco dias.

  Apesar de a ocupação alemã ter durado apenas cinco dias, mais de cem mil judeus holandeses foram presos e levados para campos de concentração nazista na Alemanha, na Polônia ocupada e na Tchecoslováquia. Os holandeses eram recrutados para o trabalho forçado em fábricas alemãs, os civis eram mortos em represália por ataques a soldados alemães e a zona rural foi saqueada.

Roterdã em ruínas após os ataques da Alemanha em 1940, durante a Segunda Guerra Mundial

  Após a guerra, a economia holandesa prosperou, deixando sua neutralidade política e estreitando laços com países vizinhos. Junto com a Bélgica e Luxemburgo, a Holanda criou o Benelux, e foi um dos doze membros fundadores da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e também fez parte da Europa dos Seis - também conhecida como Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA), que depois passou a ser chamada de Comunidade Econômica Europeia (CEE) e que atualmente é a União Europeia (UE).

  Entre os anos 1960 e 1970, ocorreu uma grande mudança social e cultural no país, com a decadência das velhas divisões de classes e linhas religiosas. Jovens e estudantes rejeitaram os costumes tradicionais e impulsionaram uma forte mudança em temas como os direitos das mulheres, a sexualidade, o desarmamento e as questões ambientais. Atualmente, os Países Baixos são classificados como um país liberal, considerando a sua política de drogas e a legalização da eutanásia. Em 1 de abril de 2001, os Países Baixos se tornaram o primeiro país do mundo a reconhecer o casamento homossexual.

Eindhoven - com uma população de 621.265 habitantes (estimativa 2022) é a quinta cidade mais populosa dos Países Baixos

  Em 10 de outubro de 2010, as Antilhas Holandesas, que fazia parte do Reino dos Países Baixos, no Caribe, foi dissolvida. Referendos foram realizados em cada ilha das Antilhas entre junho de 2000 e abril de 2005 com o objetivo de determinar o seu estatuto futuro. Como resultado, as ilhas Bonaire, Santo Eustáquio e Saba alcançaram laços mais estreitos com os Países Baixos, incorporando estas três ilhas ao país como municípios especiais sobre a dissolução das Antilhas Holandesas. Os municípios especiais são conhecidos como Países Baixos Caribenhos.

  A nomenclatura "Holanda" tem origem em uma região do país, que é dividida em duas províncias: Holanda do Norte e Holanda do Sul. Em 2019, o governo dos Países Baixos lançou uma campanha para que a nação seja mundialmente conhecida pelo seu nome completo e que o topônimo "Holanda" seja evitado para fazer menção a todo o país. Em 1 de janeiro de 2020, o país passou a ter um novo logotipo e a designar-se oficialmente por Netherlands, i.e., Países Baixos.

Kralendijk, capital de Bonaire, município especial que faz parte dos Países Baixos caribenhos

GEOGRAFIA

  Os Países Baixos estão localizados no noroeste da Europa, fazendo limites a norte e a oeste pelo Mar do Norte, a leste pela Alemanha e a sul pela Bélgica.

  Cerca de metade do país está a menos de 1 metro acima do nível do mar, sendo que boa parte das terras fica abaixo do nível do mar (por isso que o país é conhecido como "Países Baixos"). O ponto mais elevado do país, Vaaselberg, uma colina de 322,4 metros, compreende a tríplice fronteira (Países Baixos, Bélgica e Alemanha). Muitas áreas estão protegidas por diques. Parte do território dos Países Baixos, foi conquistado ao mar. Essas áreas são conhecidos como pôlderes. Os diques protegem os pôlderes da metade ocidental do país e impedem que as águas do Mar do Norte invadam o continente.

Vaalserberg, ponto mais elevado dos Países Baixos. Esses três pilares representam a Tríplice fronteira entre os Países Baixos, a Bélgica e a Alemanha

  O país é dividido em duas partes principais pelos rios Reno (Rijn), Waal e Mosa (Maas). Ao longo da costa, que se estende por cerca de 800 quilômetros, há várias ilhas. A mais importante cadeia insular encontra-se a Norte (Ilhas Frísias). 

  A paisagem dos Países Baixos tem mudado consideravelmente, tanto pela ação do homem, como por desastres naturais. Em 1134, uma tempestade criou o arquipélago da Zelândia, no sudoeste. O Zuiderzee foi criado por uma tempestade em 1287, que matou pelo menos 50 mil pessoas: esta massa de água encontra-se atualmente fechada graças à construção de um enorme sistema de diques, que se destina a evitar catástrofes, bem como a ganhar espaço ao mar, criando o lago Lago Issel, dando a Amsterdã o acesso ao mar.

  Em 1932, o Afsluifdijk (dique de fechamento) foi concluído, bloqueando o golfo do Zuiderzee e criando o lago Issel. Essas construções tornaram-se parte das Obras Zuiderzee, uma grande obra em que quatro pôlderes, totalizando 2.500 km², foram subtraídos do mar.

Vista do Afsluifdijk na direção da província da Frísia

  Os ventos predominantes no país são de sudoeste. Pela sua longa costa no Mar do Norte (cerca de 451 quilômetros), o clima predominante dos Países Baixos é o temperado atlântico, caracterizado por verões suaves e invernos amenos. A precipitação média varia entre 600 mm e 800 mm.

  Do ponto de vista geológico, o território do país é de formação recente, com depósitos de sedimentos acumulados durante a Era Cenozoica.

  Os principais rios que atravessam os Países Baixos são o Escalda, o Reno e o Mosa. O Reno é o rio com maior extensão dentro dos Países Baixos, e junto com os rios Mosa e Escalda forma o grande delta do Reno, desaguando no Mar do Norte.

Rio Reno na cidade de Arnhem, Países Baixos

  Os Países Baixos abrigam cerca de mais de 35 mil espécies de animais e vegetais, constituindo em torno de 23% das espécies europeias e 2% das mundiais. Cerca de 814 espécies avaliadas pela Lista Vermelha Europeia da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) estão presentes no país, sendo 2% ameaçadas, 5% quase ameaçadas e uma extinta. As maiores ameaças à biodiversidade holandesa consistem, respectivamente, de: mudanças naturais de ecossistemas, poluição, agricultura e aquicultura, uso de recursos biológicos, desenvolvimento comercial e residencial, espécies invasivas ou problemáticas, mudanças climáticas e padrões climáticos severos, entre outros.

  Áreas naturais, animais selvagens e plantas são protegidos pelo Ato de Conservação da Natureza, que passou a vigorar em 1 de janeiro de 2017, substituindo três leis anteriores: o Ato de Conservação da Natureza de 1998, o Ato da Fauna e Flora e o Ato Florestal. Existem 391 áreas protegidas, 197 são parte da Rede Natura 2000 e 194 são sítios designados por leis nacionais.

Moinho de vento na Frísia

DEMOGRAFIA

  Os holandeses são basicamente de origem germânica com alguma mistura galo-celta. Segundo estimativas para 2022, a população dos Países Baixos é de 17.206.838 habitantes. Entre 1900 e 1950, a população do país dobrou, passando de 5,1 milhões de pessoas para mais de 10 milhões de habitantes. De 1950 a 2000 essa população passou dos 10 milhões para 15,9 milhões de habitantes.

  A maioria da população dos Países Baixos é etnicamente holandesa (ou neerlandesa), representando 80,9%. O restante da população é composta por: indonésios (2,4%), alemães (2,4%), turcos (2,2%), surinameses (2%), marroquinos (1,9%), caribenhos (0,8%) e outras etnias (7,4%). Os holandeses estão entre as pessoas mais altas do mundo, com uma altura média de 1,81 metro para homens e 1,67 metro para mulheres.

  Os Países Baixos são um dos países mais secularizados da Europa Ocidental, no qual cerca de 50% da população se declara sem religião.

  No país há duas línguas oficiais, ambas germânicas: o neerlandês, usada pela maioria da população; e o frísio, utilizada apenas na província da Frísia. Há também vários dialetos do baixo-saxão usado em boa parte do norte e leste do país, sem reconhecimento oficial. Nas fronteiras meridionais, os idiomas têm baixo-frâncicas e alemãs.

Tilburgo - com uma população de 282.152 habitantes (estimativa 2022) é a sexta cidade mais populosa dos Países Baixos 

ECONOMIA

  A economia dos Países Baixos é bastante forte, e o país vem desempenhando um grande papel na economia da Europa há vários séculos. Desde o século XVI, o transporte, a pesca, o comércio e o setor bancário representam um papel importante na economia neerlandesa. De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), em 2021 o país possuía o 17º maior PIB do mundo.

  Os Países Baixos são o maior entreposto comercial do mundo, reexportando produtos que o país importou a preços mais elevados, principalmente para países da União Europeia. O principal setor industrial do país é o de gêneros alimentícios. Outros setores industriais importantes são de produtos químicos, metalúrgico, máquinas, elétrico, de mercadorias e do turismo.

Almere - com uma população de 202.644 habitantes (estimativa 2022) é a sétima cidade mais populosa dos Países Baixos

  Amsterdã, além de ser a capital do país, é também a capital financeira e empresarial dos Países Baixos. A Bolsa de Amsterdã (AEX), que faz parte da Euronext, é a mais antiga bolsa de valores do mundo e uma das maiores da Europa.

  Como membro fundador da União Europeia, os Países Baixos substituíram sua antiga moeda, o "Guldem" (florim), pelo euro, juntamente com os quinze outros países que adotaram a moeda em 1 de janeiro de 1999.

  Os Países Baixos têm grandes grupos de empresas transnacionais, como:

  • Royal Dutch Shell, que atua no setor petrolífero, possui capital misto (holandês e britânico) e é uma das maiores dez empresas do mundo;
  • Unilever, também de capital misto (holandês e britânico), que é uma das maiores empresas no ramo de alimentos e produtos de higiene e limpeza do mundo;
  • a Philips, que atua no ramo de eletrônicos e eletrodomésticos;
  • ABN AMRO, com sede localizada em Amsterdã, é produto de uma longa história de fusões e aquisições que datam do século XVIII;
  • Heineken, é uma cervejaria holandesa fundada em 1863 por Gerard Adriaan Heineken, na cidade de Amsterdã, possuindo cerca de 140 cervejarias em mais de 70 países. É a terceira maior cervejaria do mundo.
  • C&A, criada em 1841 pelos irmãos holandeses Clemens e August Brenninkmeijer, foi uma das primeiras no mundo a oferecer roupas prontas aos consumidores.
  • Makro, rede atacadista fundada em 1968, está entre as maiores empresas atacadistas no ramo de supermercados do mundo.
Groninga - com uma população de 200.238 habitantes (estimativa 2022) é a oitava cidade mais populosa dos Países Baixos

  Os Países Baixos possuem uma agricultura altamente mecanizada, empregando cerca de 4% de sua População Economicamente Ativa (PEA). Uma parcela significativa das exportações agrícolas neerlandesas são derivadas de plantas, flores e bulbos recém-colhidos. O país é o quarto maior exportador mundial de tomate. Outros produtos bastante cultivados no país são: cebola, batata, aveia, centeio, trigo, pimentão, pimenta, beterraba, frutas temperadas, entre outros.

  O turismo responde com cerca de 5% do PIB do país e emprega cerca de 9,6% da PEA. A Holanda do Norte é a região mais visitada por turistas no país.

Breda - com uma população de 195.044 habitantes (estimativa 2022) é a nona cidade mais populosa dos Países Baixos

  A partir da década de 1950, os Países Baixos passou a explorar gás natural após a descoberta de grandes reservas desse recurso. O país responde por cerca de 25% das reservas de gás natural da União Europeia. O carvão mineral era outro recurso mineral muito explorado no país, porém, suas reservas se esgotaram, e a última mina foi fechada em 1974.

  Os Países Baixos utilizam energia eólica para drenar água e moer grãos, porém estão atrás de todos os outros países da União Europeia na produção de fontes de energias renováveis.

Nimegue - com uma população de 177.201 habitantes (estimativa 2022) é a décima cidade mais populosa dos Países Baixos

  A mobilidade nas estradas holandesas tem crescido continuamente desde 1950. Com uma rede rodoviária total de 139.295 quilômetros, os Países Baixos têm uma das redes rodoviárias mais extensas do mundo. Como parte de seu compromisso com a sustentabilidade ambiental, o governo holandês iniciou um plano para estabelecer mais de 200 estações de recarga para veículos elétricos em todo o país, tendo como objetivo fornecer pelo menos uma estação em um raio de 50 quilômetros de cada casa no país. Atualmente, o país hospeda mais de um quarto de todas as estações de recarga na União Europeia.

Autoestrada A1, em Gelderland - Países Baixos

  A rede ferroviária holandesa é de 3.013 quilômetros, sendo bastante densa. A rede concentra-se principalmente nos serviços ferroviários de passageiros e conecta todas as principais cidades, com mais de 400 estações.

Trem regional operado pela Nederlandse Spoowergen (NS)

  Até a introdução da rede ferroviária, os navios eram o principal meio de transporte na Holanda. O Porto de Roterdã é o maior porto da Europa e o maior porto do mundo fora da Ásia Oriental, com os rios Mosa e Reno proporcionando excelente acesso ao interior rio acima, chegando à Basileia (Suíça), Alemanha e França. As principais atividades do porto são a indústria petroquímica e a movimentação e transbordo de carga geral. O porto funciona como um importante ponto de trânsito para materiais a granel e entre o continente europeu e o exterior. Os Países Baixos também possuem o quarto maior porto da Europa, o Porto de Amsterdã.

Porto de Roterdã, um dos mais movimentados do mundo

  O Aeroporto de Schiphol, a sudoeste de Amsterdã, é o principal aeroporto internacional da Holanda e o terceiro aeroporto mais movimentado da Europa em termos de passageiros. Todo o tráfego aéreo é internacional e o aeroporto de Schiphol está conectado a mais de 300 destinos em todo o mundo. O aeroporto também é um importante centro de carga, processando 1,5 milhão de toneladas de carga em 2021.

  O ciclismo é um meio de transporte muito utilizado nos Países Baixos. Estima-se que os holandeses tenham pelo menos 18 milhões de bicicletas, o que dá mais de uma bicicleta per capita e o dobro de veículos motorizados nas estradas.

Aeroporto de Schiphol

CULTURA

  A educação nos Países Baixos é obrigatória entre os 5 e 16 anos de idade. Se uma criança não tiver uma "qualificação inicial", ela ainda será forçada a frequentar as aulas até obter tal qualificação ou alcançar a idade de 18 anos.

  Os Países Baixos têm tido muitos pintores renomados ao longo dos séculos. Durante o século XVII, quando a república holandesa era bem próspera, houve o surgimento de grandes artistas, época que ficou conhecida como " a era dos mestres neerlandeses", entre eles: Rembrandt van Rijn, Johannes Vermeer, Jan Steen e Jacob van Ruysdael. Entre os séculos XIX e XX surgiram Vincent van Gogh e Piet Mondriaan.

Telhados, Vista do Ateliê em Haia. Obra de Vincent van Gogh

  Na filosofia o país deu ao Renascimento Erasmo de Roterdã; mais tarde, a tolerância religiosa permitiu que os talentos de Baruch de Espinoza e René Descartes florescessem. Na Idade do Ouro do século XVII, a literatura neerlandesa também floresceu, como Joost van den Vondel e P. C. Hooft. No século XIX, Multatuli descreveu o mau tratamento dos navios na Indonésia, uma das colônias neerlandesas. Autores importantes do último século incluem Harry Mulisch, Jan Wolkers, Simon Vestdijik, Cees Nooteboom, Gerard van het Reve e Willem Frederik Hermans. O Diário de Anne Frank também foi escrito nos Países Baixos.

  Os holandeses têm um código de etiqueta que governa o comportamento social e é considerado importante. Devido à posição internacional dos Países Baixos, muitos livros foram escritos sobre o assunto. As maneiras holandesas são abertas e diretas com uma atitude sensata: informalidade combinada com a adesão ao comportamento básico.

Tamancos neerlandeses de madeira, um dos símbolos do país

  Na música, o país possui várias tradições musicais. A música tradicional holandesa é um gênero conhecido como "Levenslied", que significa "Canção da Vida", em uma extensão comparável a uma "Chanson" francesa ou a um "Schlager" alemão. Na música clássica, Jan Sweelinck é o compositor holandês mais famoso, com Louis Andriessen entre os compositores clássicos holandeses mais conhecidos.

  Aproximadamente, 4,5 milhões de pessoas nos Países Baixos estão registradas em um dos 35 mil clubes esportivos do país. Cerca de dois terços da população entre os 15 e 75 anos pratica esportes semanalmente.

  O futebol é o esporte mais popular dos Países Baixos. A seleção holandesa de futebol é um dos aspectos mais populares do esporte holandês, especialmente desde os anos 1970, quando um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos, Johan Cruyff, desenvolveu o Futebol Total com o técnico Rinus Michels.

Seleção da Holanda durante a Copa do Mundo de 1974. Devido ao seu brilhante futebol, essa seleção recebeu o apelido de "Laranja Mecânica"

  A culinária dos Países Baixos se caracteriza pelo consumo de grandes quantidades de batatas, tal como sugere o pintor Vincent van Gogh em seu quadro intitulado Os Comedores de Batatas.

  É muito popular uma torrada redonda untada com manteiga chamada beschuit, que habitualmente se come no pequeno-almoço, com diferentes sabores e que se emprega em diferentes celebrações.

  Os Países Baixos também são muito conhecidos pelos queijos, alguns muito populares, como o Gouda, o Edam e o Leyden. Muitas cidades do leste do país possuem seus próprios queijos, alguns deles somente distinguíveis pelo sabor e aparência exterior.

Um Erwtensoep (sopa de ervilhas), prato nacional dos Países Baixos

ALGUNS DADOS SOBRE OS PAÍSES BAIXOS
NOME: Reino dos Países Baixos
INDEPENDÊNCIA: da Espanha
Declarada: 26 de julho de 1581
Reconhecida: 30 de janeiro de 1648
CAPITAL: Amsterdã
Westerkerk, uma das igrejas mais conhecidas de Amsterdã
GENTÍLICO: neerlandês ou holandês
LÍNGUA OFICIAL: neerlandês
GOVERNO: Monarquia Constitucional
LOCALIZAÇÃO: Europa Ocidental
ÁREA: 41.528 km² (132º) - inclui apenas os Países Baixos. O Reino dos Países Baixos cobre uma área de 42.437 km².
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa para 2022): 17.206.838 habitantes (68°)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 414,34 hab./km² (16°). Obs: a densidade demográfica, densidade populacional ou população relativa é a medida expressa pela relação entre a população total e a superfície de um determinado território.
CRESCIMENTO POPULACIONAL (ONU - Estimativa 2022): 0,21% (189°). Obs: o crescimento vegetativo, crescimento populacional ou crescimento natural é a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade de uma  determinada população.
CIDADES MAIS POPULOSAS (Estimativa para 2022):
Amsterdã: 2.829.263 habitantes
Amsterdã - capital e maior cidade dos Países Baixos
Roterdã: 1.881.908 habitantes
Roterdã - segunda maior cidade dos Países Baixos
Haia: 862.873 habitantes
Haia - terceira maior cidade dos Países Baixos
PIB (FMI - 2021): US$ 912,2 bilhões (17º). Obs: o PIB (Produto Interno Bruto), representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano).
PIB PER CAPITA (FMI 2021): US$ 52.367 (11°). Obs: o PIB per capita ou renda per capita é o Produto Interno Bruto (PIB) de um determinado lugar dividido por sua população. É o valor que cada habitante receberia se toda a renda fosse distribuída igualmente entre toda a população.
Mapa-múndi mostrando a renda per capita dos países em 2019
IDH (ONU - 2020): 0,944 (8°). Obs: o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida oferecida à população. Este índice é calculado com base em dados econômicos e sociais, variando de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país. No cálculo do IDH são computados os seguintes fatores: educação (anos médios de estudos), longevidade (expectativa de vida da população) e PIB per capita. A classificação é feita dividindo os países em quatro grandes grupos: baixo (de 0,0 a 0,500), médio (de 0,501 a 0,800), elevado (de 0,801 a 0,900) e muito elevado (de 0,901 a 1,0).
Mapa-múndi representando as quatro categorias do Índice de Desenvolvimento Humano, baseado no relatório publicado em 15 de dezembro de 2020, com dados referentes a 2019
EXPECTATIVA DE VIDA (OMS - 2021): 82,1 anos (15º). Obs: a expectativa de vida refere-se ao número médio de anos para ser vivido por um grupo de pessoas nascidas no mesmo ano, se a mortalidade em cada idade se mantém constante no futuro, e é contada da maior para a menor.
Planisfério com a expectativa de vida dos países
TAXA DE NATALIDADE (ONU - 2021): 10,1/mil (157º). Obs: a taxa de natalidade é a porcentagem de nascimentos ocorridos em uma população em um determinado período de tempo para cada grupo de mil pessoas, e é classificada do maior para o menor.
Mapa com a taxa de natalidade dos países
TAXA DE MORTALIDADE (CIA World Factbook 2021): 8,95/mil (89º). Obs: a taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um índice demográfico que reflete o número de mortes registradas, em média por mil habitantes, em uma determinada região por um período de tempo e é classificada do maior para o menor.
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2021): 2,51/mil (16°). Obs: a taxa de mortalidade infantil refere-se ao número de crianças que morrem no primeiro ano de vida entre mil nascidas vivas em um determinado período, e é classificada do menor para o maior.
Mapa da taxa de mortalidade infantil no mundo
TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook 2021): 1,78 filhos/mulher (154º). Obs: a taxa de fecundidade refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria do início ao fim do seu período reprodutivo (15 a 49 anos), e é classificada do maior para o menor.
Mapa da taxa de fecundidade de acordo com o CIA World Factbook de 2020
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2021): 99,6% (20º). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
Mapa da taxa de alfabetização no mundo em 2020
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2020): 92,2% (13°). Obs: essa taxa refere-se a porcentagem da população que mora nas cidades em relação à população total.
Mapa da taxa de urbanização no mundo em 2020
MOEDA: Euro
RELIGIÃO: sem religião (50,1%), católicos romanos (23,7%), protestantes (20,1%), islâmicos (4,9%), hindus (0,6%), budistas (0,4%), judeus (0,2%).
DIVISÃO: os Países Baixos estão divididos em 12 regiões administrativas, também chamadas de províncias. Cada província é administrada por um governador, chamado de "Comissário do Rei" ou "Comissário da Rainha". Todas as províncias são subdivididas em municípios, que são 355.
  Além das províncias, os Países Baixos possuem três territórios: as ilhas de Aruba, São Martinho e Curaçau, no Caribe, que até 2010 faziam parte das Antilhas Holandesas. Também no Caribe, há três municípios especiais: Bonaire, Saba e Santo Eustáquio.
Mapa dos Países Baixos com suas respectivas províncias

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

PENA, Rodolfo F. Alves. "Tratado de Lisboa"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/tratado-lisboa.htm. Acesso em 17 de maio de 2022.

ALVES, Jorge de Jesus Ferreira. Tratados que instituem a Comunidade Europeia e a União Europeia, actualizados. Coimbra: Coimbra, 1992.

FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA. Curso de Estudos Europeus. A União Europeia. Coimbra: Almedina, 1994.

Conhecendo a Holanda através dos livros e dos cinemas. Disponível em: https://www.bailandesa.nl/blog/10073/livros-filmes-holanda. Acesso em 15 de maio de 2022.

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