terça-feira, 21 de junho de 2022

A DIVERSIDADE CULTURAL DO MUNDO

  Em sociologia, diversidade cultural diz respeito à existência de uma grande variedade de culturas antrópicas. Refere-se à inclusão de diferentes perspectivas culturais em uma organização ou sociedade. Há vários tipos de manifestações culturais que nos revelam  essa variedade, tais como: a linguagem, comida, vestuário, religião e outras tradições como a organização da sociedade.

  A diversidade cultural é algo associado à dinâmica do processo aceitativo da sociedade. Pessoas que por algumas razões decidem pautar suas vidas por normas pré-estabelecidas tendem a esquecer suas próprias idiossincrasias (mistura de culturas).

  O termo diversidade diz respeito à variedade e convivência de ideias, características ou elementos diferentes entre si, em determinado assunto, situação ou ambiente. Cultura (do latim cultura, cultivar o solo, cuidar) é um termo com várias acepções, em diferentes níveis de profundidade e diferente capacidade de agir. São práticas e ações sociais que seguem um padrão determinado no espaço/tempo. Se refere a crenças, comportamentos, valores, instituições, regras morais que permeiam e "preenchem" a sociedade.

   A população do planeta é formada por mais de 7,5 bilhões de pessoas, a imensa maioria vivendo coletivamente, nas mais variadas sociedades. Nossas relações sociais se iniciam já ao nascermos.

  Nos dias atuais, marcados pela ampliação de recursos digitais de informação e comunicação, a maioria das pessoas está envolvida com algum tipo de rede social digital, na qual diferentes formas de interação com variados objetivos são possíveis. Há, inclusive, diversos encontros que não seriam possíveis sem essas inovações tecnológicas. No entanto, há também formas de contato social não permeadas pela tecnologia bem mais antigas e que são usadas no dia de hoje.

A população mundial é composta por várias culturas

A diversidade cultural no mundo

  Em um mundo composto de tantas pessoas, é de se esperar que haja uma infinidade de povos com culturas distintas, que manifestam seus próprios valores, tradições, hábitos alimentares, costumes, vestimentas e religiões.

  Esses diversos povos com suas culturas distintas distribuídos pelo mundo vivem majoritariamente sob um Estado e um território. Friedrich Ratzel, um intelectual do início do século XX, afirmou serem estes os elementos necessários da composição da maioria das sociedades atuais: um povo, um território e um Estado. E isso acontece igualmente em nosso país, em que o povo brasileiro vive sob uma base territorial política organizada em torno da República Federativa do Brasil.

  As sociedades costumam mudar e se redefinir ao longo de sua existência, pois o comportamento social não é imutável. O mesmo acontece com as fronteiras territoriais, que também são elásticas: ampliam-se e reduzem-se no decorrer da história.

Países classificados por nível de diversidade étnica e cultural

  As sociedades estão circunscritas à organização e à regulação do Estado, responsável pela organização social e guarda da soberania do território. Não é incomum existirem, em um mesmo Estado, nações distintas, como é o caso da Espanha e da Rússia. Essa diversidade produz efeitos diversos: muitas vezes é o motivo da riqueza cultural de um local, marcado pela convivência e pelo respeito entre os povos; em outras, é o oposto, gerando desentendimentos, conflitos e guerras.

  A religião é um elemento importante nesse cenário: por vezes, pode ser um agregador de uma sociedade, como o judaísmo, que conecta judeus dispersos por várias partes do mundo; em outras situações, é um elemento desagregador, como o longevo conflito entre católicos e protestantes irlandeses que se arrasta ao longo de séculos.

  A cultura é também comumente associada às formas de manifestação artística e/ou técnica da humanidade, como a música erudita europeia.

A religião e a arte são importantes manifestações da cultura humana

Choque de civilizações

  O cientista político estadunidense Samuel P. Huntington causou forte furor nos anos 1990 com sua tese de "choque civilizacional" quando publicou, em 1993, na revista Foreign Affairs, um artigo intitulado "O choque das civilizações" e que daria vazão, em 1996, ao livro homônimo. Para ele "a história da humanidade é a história das civilizações". Seu artigo causou forte polêmica, reconhecido por ele próprio neste trecho:

  Não há dúvida de que ele foi motivo de discussão mais forte que qualquer outro artigo que escrevi. As reações e os comentários sobre ele vieram de todos os continentes e de dezenas de países. As pessoas ficaram impressionadas, intrigadas, indignadas, amedrontadas ou perplexas por meu argumento de que a dimensão central e mais perigosa da política mundial que estava emergindo seria o conflito entre grupos de civilizações diferentes.  À parte qualquer outro efeito, o artigo abalou os nervos de pessoas de todas as civilizações.

HUNTINGTON, S. P. O choque das civilizações e a recomposição da ordem mundial. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997. p. 11.

Capa do livro "O choque das civilizações", de Samuel P. Huntington

  Huntington reconhece oito civilizações: ocidental, latino-americana, africana, japonesa, ortodoxa (Rússia), hindu (Índia), islâmica, sínica (chinesa), que viveriam em zonas de tensa fricção, uma mais belicosas que outras.

  Na percepção de Huntington, o novo paradigma que substitui a bipolaridade da Guerra Fria nos anos 1990 é o conflito entre civilizações, pautado por uma intolerância entre elas.

  A tese sobre uma difícil coexistência entre as civilizações foi motivo de bastante polêmica e diversos autores divergiram dessa ideia. Muitos dos críticos de Huntington defendem o universalismo, negando a perspectiva de relações conflituosas entre as civilizações. Eles alegam que, apesar das diferenças culturais e nacionais, a humanidade é uma só e a convivência entre os vários povos é plenamente possível. A existência de conflitos e tensões independem da diversidade civilizacional, tanto é que há inúmeros conflitos no interior de uma mesma civilização.

  Com os os atentados de 11 de setembro de 2001, o tema das civilizações ganhou forte destaque, muito em parte por conta dos trabalhos de Huntington. Muitos entendem que ele prognosticou os atentados ao anunciar antecipadamente  um conflito entre as civilizações ocidental e islâmica.

As civilizações existentes no mundo, segundo Huntington

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

HUNTINGTON, S. P. O choque das civilizações e a recomposição da ordem mundial. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997.

GANDHI, M. Relatório do desenvolvimento humano 2004. In: TERRA, Lygia; COELHO, Marcos de A. Geografia geral. São Paulo: Moderna, 2005.

CARVALHO, J. M. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.

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