domingo, 18 de novembro de 2012

A VIDA MODIFICANDO AS PAISAGENS

  Muitas teorias procuram explicar a origem da Terra, bem como o surgimento dos seres vivos. Entre as explicações, são apresentadas três: duas de caráter religioso, que entendem que a criação da Terra como obra de Deus ou de outros seres superiores, e outra que se apoia nos achados científicos, como as descobertas de fósseis e outras evidências, para explicar a origem e a evolução do ser humano no planeta.
  O surgimento da vida na Terra também é objeto de estudo de muitos cientistas. Para tentar explicá-lo, existem diversas teorias.
  Os fósseis são vestígios petrificados de seres vivos que viveram há milhões de anos. Eles nos ajudam a entender a dinâmica da vida na Terra.
Réptil primitivo da espécie Stereosternum tumidum, que habitou o Brasil no Período Permiano, procedente da Formação Irati, na Bacia do Paraná
TEORIAS RELIGIOSAS SOBRE A ORIGEM DA VIDA
  O criacionismo é a crença religiosa de que a humanidade, a vida, a Terra e o Universo são a criação de um agente sobrenatural. No entanto, o termo é mais comumente usado para se referir à rejeição, por motivação religiosa, de certos processos biológicos, particularmente a evolução.  
  Desde o desenvolvimento da ciência evolutiva a partir do século XVIII, vários pontos de vista criados tiveram como objetivo conciliar a ciência com a narrativa de criação do Gênesis. Nessa época, aqueles que mantinham a opinião de que as espécies tinham sido criadas separadamente eram, geralmente, chamados de "defensores da criação", mas foram ocasionalmente chamados de "criacionistas" em correspondências privadas entre Charles Darwin e seus amigos. À medida que a controvérsia da criação versus evolução se desenvolveu, o termo "anti-evolucionistas" tornou-se mais comum.
Criacionismo - uma teoria com várias versões
  Criacionistas estritos acreditam que a evolução não pode explicar adequadamente a história, a diversidade e a complexidade da vida na Terra. Criacionistas rigorosos das religiões judaica e cristã geralmente baseiam a sua crença em uma leitura literal do mito da criação do Gênesis. Outras religiões têm diferentes mitos da criação, enquanto que os diferentes membros de religiões individuais variam em sua aceitação das descobertas científicas. Em contraste com os criacionistas estritos, os criacionistas evolucionários sustentam que, embora as contas de evolução para a natureza da evolução da biosfera, por si só, é cosmologicamente atribuível a uma divindade criadora.
Representação de Michelangelo da Garganta de Deus na Capela Sistina
A TEORIA CIENTÍFICA SOBRE A ORIGEM DA VIDA
  Hoje, há três maneiras mais comumente aceitas de explicar a origem da vida. Uma delas acredita que a vida pode ter vindo de fora da Terra (origem extraterrestre) e é também chamada de panspermia. A segunda, proposta pelos criacionistas, relaciona a origem da vida a forças sobrenaturais e divinas. Apoiam-se para isso nas afirmações da Bíblia Sagrada e, em especial, no livro do Gênesis. A terceira, defendida pelos cientistas evolucionistas, aceita que a vida evoluiu a partir da matéria não viva há bilhões de anos. Esse processo não ocorre mais, nos dias de hoje, porque as condições da Terra primitiva eram muito diferentes. Esses primeiros seres de organização muito primitiva teriam sofrido modificações através dos tempos, dando origem as espécies atualmente existentes.
Terra primitiva
  Alguns grupos religiosos só aceitam a hipótese criacionista como verdadeira; outros aliam-se aos cientistas, porque não acreditam que exista incompatibilidade entre religião e evolucionismo ou qualquer outra teoria científica. Estes religiosos preferem interpretar o relato bíblico, verificar seus princípios éticos, mas não torná-los ao pé da letra. Foi Charles Darwin quem conseguiu criar uma teoria aceita até hoje e conhecida como Teoria da Seleção Natural, para explicar a evolução. Darwin pretendia ser teólogo mas, convidado para ser naturalista do navio Beagle, embarcou em uma viagem que mudou totalmente o rumo de sua vida.
Teoria da Seleção Natural proposta por Darwin
A PRESENÇA HUMANA E A MODIFICAÇÃO DAS PAISAGENS
  A paisagem da Terra vêm sofrendo modificações desde a formação do planeta. Estudando diferentes lugares da Terra, é possível verificar as transformações e supor quais foram os agentes responsáveis por elas. Dentre esses agentes está a sociedade humana que, por meio de seus valores, seu modo de vida, seu trabalho, sua cultura e sua história, interfere nas paisagens.
  Marcado pela necessidade de adaptação e de sobrevivência, o ser humano encontrou na natureza os recursos necessários para manter-se vivo.
  Das rochas foram construídos diversos instrumentos e moradias. Além disso, eram usados ossos e peles de animais, árvores e folhas.
  Os diversos instrumentos, como objetos e adornos, revelam diferentes estágios do desenvolvimento da espécie humana. Essas diferenças acentuam-se com o passar do tempo, sobretudo com as novas invenções e com o avanço da tecnologia. Vejamos as mudanças que ocorreram em alguns lugares do mundo.
Tempo geológico
A TERRA HÁ 35 MILHÕES DE ANOS
  Há 35 milhões de anos, começa a distribuição dos continentes e oceanos. Algumas paisagens dessa época, em áreas onde hoje estão situadas as cidades de Nova York (EUA), Bordeaux (França) e o vale do Rio Nilo (África), eram composta por florestas quentes e úmidas e habitadas por grandes animais.
As grandes florestas cobriam o planeta há 35 milhões de anos
  Depois dos dinossauros, surgiram os mamíferos com várias formas, tamanhos e espécies, como, por exemplo, o Hesperocyon, que era carnívoro e antepassado dos lobos, cães e chacais.
  Na América, diferentes espécies de mamíferos viveram no norte e no sul, mas, quando as do norte se deslocaram para o sul, se adaptaram melhor, como os mamutes e os tigres-dentes-de-sabre.
Smilidon ou tigre-dente-de-sabre
  As diferentes espécies de cobertura vegetal, sempre mantiveram uma relação direta com o clima e, nesse período, houve uma diminuição drástica das temperaturas médias, alteração no índice pluviométrico e, consequentemente, mudanças nas espécies das coberturas vegetais.
  Ao comparar o planisfério atual com o de 35 milhões atrás, perceberá que a distribuição dos continentes e oceanos é semelhante nos dois mapas. As paisagens, porém, sofreram profundas transformações em função das zonas climáticas.
A Terra a 35 milhões de anos atrás
A TERRA HÁ 20 MIL ANOS
  Geleiras polares  avançaram e recuaram, alterando o nível dos oceanos e modificando os fatores climáticos. Algumas espécies de seres vivos desapareceram, enquanto outras puderam se desenvolver. À medida que o gelo se expandia para o sul, nos polos e no equador ocorria outro processo de formação dos desertos e florestas com chuvas abundantes. O último período glacial terminou há 10 mil anos atrás.
Mamutes - animais comuns há 10 mil anos atrás
  Nesse período, houve glaciação. Alguns ancestrais do ser humano atual, como o Homo habilis, que deu origem ao Homo erectus - surgido na África por volta de 1,7 milhão de anos -, já tinham se espalhado por certas regiões da Europa e da Ásia, nas quais tiveram de se adaptar ao clima frio que gerou a glaciação.
  O Homo sapiens habitava cavernas e caçava, mas ainda sabe-se pouco sobre seus costumes e hábitos. Instrumentos característicos feitos com sílex foram encontrados em vários lugares na Europa e no Oriente Próximo.
A Terra durante a última glaciação
A TERRA HÁ 5000 ANOS a.C.
  Nessa época, a população humana era de 6 milhões de habitantes. A maior parte encontravam-se nas margens de grandes rios, principalmente os rios Nilo, Tigres e Eufrates. Os seres humanos já conseguiam cultivar plantas e criar animais e, por isso, muitos clãs se fixavam em territórios predeterminados, deixando de ser nômades.
Há 5000 a.C. foi o apogeu das grandes civilizaões da Antiguidade
  É importante perceber que até aqui as principais mudanças nas paisagens estavam muito relacionadas às dinâmicas da natureza do que às dinâmicas da apropriação dos lugares pelos seres humanos. No entanto, com a estabilidade climática, o crescimento da população mundial e o seu deslocamento para todos os lugares do planeta interferiram no ritmo das mudanças nas paisagens.
  Esse foi um período em que houve um intenso desenvolvimento econômico e social. O aparecimento de tecnologias caracteriza o período neolítico como revolucionário. Aos poucos foi se espalhando para o Oriente Próximo, Europa, África e Ásia mesolítica. As inovações tecnológicas desse período foram a técnica do cultivo do trigo, a domesticação de animais como cabra e gado, o uso do fogo para a preparação da cerâmica e a utilização de instrumentos de pedra polida. Como consequência, nesse período, em função das inovações agrícolas houve crescimento populacional.
A vida no Egito antigo
A TERRA ENTRE 1500 A.c. E 1300 a.C.
  Os seres humanos desenvolveram técnicas agrícolas que permitiram a construção de canais de irrigação nos rios Nilo e Eufrates. A partir desses canais, os egípcios transformaram o vale do rio Nilo e consagraram como uma das civilizações mais fascinantes da humanidade. Foi um período em que surgiram as cidades, intensificou-se o comércio, e a escrita começa a ter importância nas várias sociedades, com hieróglifos egípicios, hititas e as escritas do Sinai.
Cultivo do trigo no Egito antigo
A TERRA NO ANO 100 d.C.
  Nesse período já havia uma importante rede de circulação (estradas) para unir as cidades e expandir o comércio. As paisagens desses lugares já estavam alteradas em função das construções e do uso das técnicas. Já havia a domesticação de animais e de plantas, tornando as sociedades mais sedentárias. Elas se fixaram no meio geográfico. Assim, várias cidades nasceram. Novas técnicas de cultivo, domesticação de animais, objetos ligados à aragem e transportes de mercadorias já faziam parte da história das civilizações antigas, e as novas se formavam, adaptando-se às condições locais.
Esse período é marcado pelo apogeu do Império Romano
A TERRA NO ANO 1250
  Nessa data a Europa Ocidental começava a viver o fim da Idade Média da história da humanidade.
  A população mundial chegava a 360 milhões de pessoas, sendo que 240 milhões viviam na Ásia. Hangzhou, no sul da China, com cerca de 1,5 milhão de habitantes, era a maior cidade do mundo na época. Era um período de crescimento urbano, com expansão comercial voltada para os produtos alimentícios, têxteis e minerais. Na agricultura, as plantações de trigo, cevada e aveia espalhavam-se para o norte da Europa. O sal era obtido nas costas do Atlântico e do Mediterrâneo.
Esse período é marcado pelo apogeu do Feudalismo na Europa
  Os nativos da  ilha de Manhattan, onde hoje está a cidade de Nova York, viviam da caça, da pesca e do cultivo dos campos. A madeira das árvores era usada na construção das casas e das paliçadas que cercavam a aldeia, para evitar o ataque dos inimigos.
  O Egito e o vale do Rio Nilo estavam sob o domínio árabe e eram parte do Império Islâmico. A cultura mulçulmana deixou suas marcas na paisagem - nas mesquitas e nas sólidas muralhas construídas para proteger as cidades.
  No ano de 1250 já se percebiam grandes mudanças no modo de vida da população. Novo tipo de arado e nova técnica de cultivo permitiram aumentar a produção agrícola.
A Revolução Agrícola provocou grandes mudanças na relação homem-natureza
  O mercador, que já era uma figura importante na sociedade medieval, ampliava constantemente as regiões comerciais com o Báltico, mar do Norte e Atlântico. No Egito se comercializavam madeira, armas e ferros, em troca de algodão, açúcar e seda.
A TERRA EM 1650
  Em 1650, 600 milhões de pessoas povoavam o mundo.
  Desde o século XV, empenhados na procura de caminhos de comércio, os europeus haviam chegado a novos territórios, em especial aos continentes africano, americano e asiático, e passaram a explorar essas novas terras, instalando colônias.
  A descoberta de metais preciosos na América acelerou a conquista dos antigos impérios asteca e inca. A colonização espanhola instalou uma nova paisagem no Novo Mundo, completada pela mudança nas relações de trabalho de seus habitantes, forçados a trabalhar em regime de escravidão nas minas de ouro e prata.
As Grandes Navegações - descoberta e colonização de novas terras
  A Ilha de Manhattan foi comprada por holandeses para a fundação de uma colônia, chamada Nova Amsterdã. Os novos colonos instruíram o seu modo de vida, e a paisagem adquiriu o estilo dessa gente: construções feitas de tijolos com telhados pontiagudos, por exemplo. Em 1664, os ingleses ocuparam a ilha e mudaram o nome do lugar para Nova York.
A cidade de Nova York, na época Nova Amsterdã, retratada por pintor holandês do século XVII
  No vale do Nilo, o Egito continuou parte do poderoso império otomano, com sede na Turquia. Os soldados do império fiscalizavam e controlavam a vida da população. Os habitantes do Egito continuavam a praticar a agricultura e a pecuária, além de desenvolver atividades comerciais.
  Os portugueses também instalaram colônias na América, nas terras que hoje formam o Brasil. Aqui desenvolveram a cultura da cana-de-açúcar, alterando significativamente as paisagens das regiões onde elas se instalaram, em especial no Nordeste e no Sudeste.
Formação territorial do Brasil
  Nos séculos XVIII e XIX, desenvolveram-se as indústrias na Europa, transformando mais ainda a paisagem. Novos conjuntos arquitetônicos passaram a concentrar os trabalhadores e toda a produção, que anteriormente era feita na casa de cada artesão independente.
 Os reflexos da nova vida instalada nas cidades foram também sentidos no campo, com as mudanças nas técnicas de plantio e na organização das propriedades.
Revolução Industrial - mudança nas paisagens, principalmente urbanas
A TERRA EM 1900
  O mundo em 1900 reúne 1 bilhão e 600 milhões de habitantes. Nessa época, Londres era a maior cidade do mundo. Essa grandeza deve-se ao avanço que a Inglaterra conseguiu em relação aos outros países do mundo, devido ao desenvolvimento da indústria e à expansão colonial. Os ingleses tornaram-se os maiores colonizadores mundiais. Interferiram nas paisagens de várias localidades, nos mais distantes lugares, impondo seu modo de vida, seus produtos e leis.
Commonwealth - reúne alguns dos países que foram colônias do Reino Unido
  Foi construído um aterro na Ilha de Manhattan para ampliá-la até a costa. Essa zona da cidade foi ocupada com as casas das pessoas mais ricas. Os cabriolés - transportes puxados por cavalos - e os bondes já circulavam pelas ruas, cercadas de construções de luxo. Os navios traziam mercadorias de todo o mundo. Muitos imigrantes procuravam os Estados Unidos para aí viver e trabalhar.
Ruas de Nova York em 1900
  O Egito estava sob o domínio inglês, como muitas outras regiões do mundo. O comércio era uma atividade importante, pois o Egito era um grande centro comercial, para onde se destinavam os produtos vindos de regiões da África e da Ásia. A população europeia, que veio morar no lugar, misturou-se aos egípcios, compondo a nova paisagem.
  As cidades transformaram-se, e o avanço tecnológico atingiu vários setores da vida: mudaram os meios de comunicação, a arte, a medicina, as formas de trabalho. A mecanização atingiu fortemente a agricultura e a indústria.
No início do século XX, o automóvel começa a modificar os meios de transporte
A TERRA HOJE
  Hoje, mudaram e continuaram em transformação as paisagens e o modo de vida dos grupos sociais, em função principalmente dos avanços das técnicas e da tecnologia.
  Além das transformações promovidas pela natureza (terremotos, vulcões, inundações, secas), ocorrem as transformações resultantes da ação dos seres humanos, que se apropriam dos lugares, usando e interferindo na natureza. A agricultura, por exemplo, ocupou muitas áreas de vegetação nativa.
Com o avanço das fronteiras agrícolas, muitas áreas de florestas foram derrubadas
  O surgimento das cidades transformou o relevo, os rios e até o clima dos lugares. A dinâmica natureza demorou milhões de anos para criar na superfície terrestre o relevo, a cobertura vegetal, os cursos dos rios etc. Os seres humanos vêm modificando rapidamente essas paisagens, em função das suas necessidades de recursos naturais.
Poluição - reflexo das mudanças do homem sobre a natureza
  As inter-relações existentes entre a sociedade e a natureza provocam mudanças nas paisagens. Hoje, notamos que as mudanças nas paisagens são mais rápidas. Podemos, então, entender o que são as paisagens, considerando que são unidades visíveis, aquilo que conseguimos olhar, mas que têm dimensão cultural, social e natural, foram formadas em vários lugares e tempos e não são homogêneas.
  A partir da leitura da paisagem podemos compreender o lugar em diferentes tempos.
FONTE: Castellar, Sônia. Geografia: uma leitura do mundo: introdução, 6° ano / Sônia Castellar, Valter Maestro. -- 1. ed. -- São Paulo: Quinteto Editorial, 2009. -- (Coleção geografia)

terça-feira, 13 de novembro de 2012

AS PRECIPITAÇÕES

  O Sol aquece a Terra, causando a evaporação da água da superfície do planeta, como a água dos mares, dos rios, do corpo dos animais e dos vegetais.
  O vapor de água, ao alcançar maiores altitudes, condensa-se, transformando-se em gotículas de água líquida que formam as nuvens.
  A chuva é a precipitação da água das nuvens.
  As chuvas podem ser classificadas em três tipos:
  • Chuva de convecção - causada por aquecimento solar diferencial do solo (intensa insolação) e das camadas de ar mais baixas, principalmente no fim do verão. A intensidade de chuva pode ser elevada, mas em geral é de curta duração. Acontece com frequência, principalmente na Amazônia.
  • Chuva frontal ou ciclônica - causada pelo ar quente invadindo o ar frio ou vice-versa. O ar quente é forçado para cima, provocando precipitações de longa duração sobre áreas extensas. Predomina em áreas temperadas, subtropicais e tropicais.
  • Chuva orográfica - causada por ar úmido sendo forçado para cima por uma barreira física, como as montanhas de uma linha costeira (Serra do Mar, por exemplo). Portanto, é um tipo de chuva provocada pelo relevo, que faz com que o ar se eleve para poder ultrapassá-lo. Como resultado, o ar úmido se resfria, formando gotinhas que se tornam pesadas e caem. As áreas onde acontece esse tipo de chuva são as encostas de cadeias montanhosas.
  • Neve - a neve é um tipo de precipitação que se dá quando as temperaturas estão abaixo de 0°C. Por causa do frio intenso, o vapor de água das nuvens se congela e cai em forma de flocos de gelo, formando a neve.
 
  • Granizo - as chuvas de granizo acontece pelo congelamento das gotículas de água existentes nas nuvens. Quando uma camada de ar mais frio encontra uma nuvem, há o congelamento dessas gotículas, que se precipitam na forma de granizo.
FONTE: Castellar, Sônia. Geografia: uma leitura do mundo: introdução, 6° ano / Sônia Castellar, Valter Maestro. -- 1. ed. -- São Paulo: Quinteto Editorial, 2009. -- (Coleção geografia)

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

AUMENTO DE TEMPERATURA DA TERRA PODERIA ARRASAR PLANTAÇÕES BRASILEIRAS DE SOJA E CAFÉ

  As plantações de soja, café e milho correm sério risco de desaparecer ou diminuir drasticamente caso se concretize a previsão de cientistas sobre o aumento da temperatura da Terra, diz o pesquisador da Embrapa-Informática Agropecuária, Fábio Marin. "Temos uma grande preocupação com todas as espécies que têm uma sensibilidade maior a temperaturas elevadas e à deficiência hídrica", disse.
  O pesquisador, no entanto, é cauteloso ao dizer que ainda não se tem ideia de como será a distribuição do aquecimento global de até 4 graus previsto no relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês). [...]
  "Nós não vamos ter 4 graus em todas as regiões. Algumas regiões vão ter um pouco mais, outras um pouco menos, mas vamos manter um certo otimismo de que não vamos chegar a esse ponto", disse.
Soja - um dos cultivos que seriam mais prejudicados com o aquecimento global
  Marin explicou que, se houver a mudança de temperatura, o Brasil perderia dois milhões  de quilômetros quadrados em áreas que hoje são consideradas aptas ao cultivo da soja. No caso do milho, essa redução chegaria a 700 mil quilômetros quadrados. "O café também é uma cultura muito sensível à temperatura elevada. Tanto que os bons cafés do Brasil são produzidos em regiões com um pouco mais de altitude, com temperaturas amenas e ele seria muito afetado por essa mudança climática", disse.
Café - outro cultivo que seria prejudicado
  Segundo o pesquisador da Embrapa, a principal forma de evitar o aumento da temperatura na Terra é investir em produtos e energias que reduzem o nível de CO na atmosfera, principalmente na redução do consumo de combustíveis fósseis, como o petróleo. Além disso, as taxas de CO na atmosfera pode ser reduzidas com o uso de produtos reciclados, que normalmente consomem menos energia no processo de fabricação e pelo uso de biocombustível, que é uma forma mais limpa de combustível.
O uso de fontes de energia limpa, como a eólica, seria uma forma de evitar o aquecimento global
FONTE: Agência Brasil

domingo, 11 de novembro de 2012

AS SOCIEDADES HUMANAS E A ÁGUA

  Há milênios, as atividades humanas interferem diretamente no ciclo da água do planeta. O controle sobre os cursos e a vazão dos rios foi fundamental para muitas das civilizações da Antiguidade.
  A construção de barragens para aumentar as reservas de água e evitar o escoamento, por exemplo, começou no Rio Nilo há mais de cinco mil anos, quando a primeira represa foi erguida para reter uma parte das águas que abundavam durante as cheias. Foi o início de uma longa história de intervenções, que culminou com a construção e as sucessivas ampliações da barragem de Assuã, que deu origem ao imenso lago Nasser, na fronteira entre o Egito e o Sudão. A capacidade de retenção dessa barragem é tal que, na direção da foz, um dos maiores rios do mundo se transforma em pouco mais do que um canal.
Barragem de Assuã, no Egito
  Na era industrial, a prática de regularização dos cursos fluviais, por meio da construção de barragens, represas e canais, disseminou-se a tal ponto que, no mundo inteiro, são raros os sistemas de drenagem que mantêm intactas suas características naturais.
  Nas áreas urbanizadas, o ciclo hidrológico é profundamente alterado pelas atividades humanas. Com a quase total retirada da cobertura vegetal, o processo de transpiração diminui sensivelmente. O ar perde umidade e ocorre o aumento da drenagem superficial, acentuada pela grande quantidade de superfícies impermeáveis (concreto, asfalto, telhados), que impedem a infiltração e a percolação. Apesar da complexa estrutura de canais artificiais de drenagem, esse conjunto de alterações aumenta exponencialmente o risco de inundações nas grandes cidades.
A impermeabilização do solo associada à falta de cobertura vegetal é a principal causa dos alagamentos nas zonas urbanas
  Por outro lado, o aumento acelerado do consumo de água e a poluição dos mananciais por esgotos domésticos e efluentes industriais tornam o sistema de abastecimento urbano cada vez mais caro, dado a distância cada vez maior entre a cidade e os mananciais não poluídos. As cidades do sul da Califórnia (EUA), por exemplo, são abastecidas por um complexo sistema organizado em torno do imenso aqueduto da Califórnia, que atravessa montanhas e desertos e se ramifica nos aquedutos menores que suprem os reservatórios.
Aqueduto da Califórnia em Central Valley - EUA
  No mundo inteiro, mais de 1 bilhão e meio de pessoas, a maior parte delas vivendo no meio urbano, depende principalmente da água subterrânea para suprir as suas necessidades básicas. Aproximadamente, metade das cidades europeias já explora os depósitos subterrâneos acima da capacidade de reposição natural e, portanto, não tem garantido o sistema de abastecimento futuro. O excesso de poços de bombeamento dessa água causa novas alterações no ciclo hidrológico. Grande parte dos rios depende do lençol subterrâneo para manter os seus cursos e o bombeamento em excesso causa a queda da vazão fluvial.
Ciclo hidrológico
  Além disso, a retirada da água subterrânea pode ter como consequência um efeito de subsidência (extração e consequente rebaixamento do nível da água subterrânea), já que a rocha que serve de substrato possui volume menor quando desidrata. Bancoc, capital da Tailândia, é um bom exemplo desse processo: algumas das regiões da cidade têm sofrido um "abaixamento" que chega a 14 centímetros por ano, aumentando o teor de sal do lençol subterrâneo progressivamente. Em regiões costeiras, o lugar antes ocupado pela água subterrânea pode ser preenchido pela água do mar. A água que seria utilizada para as atividades urbanas se torna salina. Na Indonésia, as águas oceânicas avançaram para o subterrâneo por 15 quilômetros continente adentro devido à exploração excessiva dos aquíferos.
Fatores que provocam a poluição da água subterrânea
  Na Cidade do México, onde cerca de 72% de toda a água consumida é extraída do subsolo, o efeito de subsidência é bastante pronunciado nas áreas centrais, chegando a comprometer a estrutura das construções e dos monumentos históricos. Em Bangladesh, dezenas de poços de água contaminados por arsênicos, gerado por reações químicas derivadas do rebaixamento do nível da água subterrânea, já causaram a intoxicação de mais de um milhão de pessoas.
Cidade do México - megacidade que já sofre com o problema da falta de água
  O esgoto também é um problema grave, em especial nas cidades dos países pobres, que não dispõem de redes completas de coleta e de estações adequadas de tratamento. Na maioria delas, a água usada nas indústrias e residências é despejada diretamente nos rios e córregos ou em poços, dos quais os poluentes contaminam o lençol freático. As estimativas da Organização Mundial de Saúde, divulgados em 2007, indicam que pelo menos 1,8 milhão de crianças morrem anualmente por causa de doenças como diarreia e cólera, provocadas pela ingestão de água contaminada por esgotos domésticos. No conjunto do mundo subdesenvolvido, cerca de 90% de todas as doenças infecciosas são transmitidas por meio da água. No Brasil, em 2004, 89% das pessoas hospitalizadas não possuíam acesso a água potável.
O crescimento desordenado, a falta de uma política habitacional e do saneamento básico, contribuem para a escassez de água potável nas áreas urbanas
  Além do consumo elevado de água nas áreas urbanas e industriais, a situação hídrica nas atividades agrícolas também é preocupante. Em áreas dependentes da agricultura de regadio (que utiliza dois recursos fundamentais, o solo e a água), como nas planícies dos rios Indo e Ganges, na Ásia, ou nas planícies do norte da China e da América do Norte, também ocorre consumo excessivo de água.
  Nos países em desenvolvimento, a agricultura absorve mais de 80% da água consumida no país. Dados da ONU (Relatório do desenvolvimento humano 2006) indicam ser necessário cerca de 70% mais de água para produzir alimentos do que para abastecer e suprir as necessidades domésticas de uma família.
  Estima-se que 15% das terras cultivadas no mundo sejam irrigadas. Muitos países, como a China, Israel e o Paquistão, dependem da agricultura irrigada para produzir a maior parte dos seus alimentos. As principais áreas de fruticultura do mundo, como o vale central da Califórnia, também dependem da irrigação.
Produção de cítricos na Galileia - Israel
  A irrigação em grande parte dos países, apresenta altas taxas de desperdício, pois se baseia em técnicas pouco eficazes. Por exemplo, quando se utiliza irrigação por gravidade, a maior parte da água (mais de 50%) evapora.
A CRISE DA ÁGUA
  As alterações no ciclo hidrológico não implicam a diminuição do estoque total dos recursos hídricos. A crise da água diz respeito à escassez de água potável, sobretudo em razão da ampliação do consumo e da poluição dos mananciais disponíveis.
  O consumo mundial de água dobrou nos últimos 50 anos, em grande parte devido ao crescimento da população e à urbanização acelerada. Por ano, são consumidos no planeta cerca de 4.500 km³ de água doce, o que corresponde à metade da disponibilidade anual efetiva de todos os recursos hídricos acessíveis, incluindo rios, lagos, aquíferos subterrâneos e águas do degelo sazonal. A Ásia, com sua enorme população, é responsável por cerca de metade do consumo global e, no continente, o uso agrícola abrane cerca de 85% do consumo total de água.
Gráfico do consumo mundial de água
  Nos países desenvolvidos, o principal uso da água é industrial. Mas, globalmente, há intenso predomínio de uso agrícola, principalmente por causa de irrigação. Estima-se que 15% das terras cultivadas no mundo seja irrigadas, e que nessa parcela sejam produzidos 40% do volume global de alimentos. Muitos países, como China, Israel, Paquistão e Líbia, produzem a maior parte dos seus alimentos em terras irrigadas, e as principais áreas de fruticultura do mundo - como o vale central da Califórnia - também dependem essencialmente das técnicas de irrigação.
Mapa da distribuição de água no mundo
  Devido à irrigação, diversas áreas agrícolas também sofrem as consequências da superexploração dos lençóis freáticos: no nordeste da China, o lençol freático vem diminuindo à razão de cerca de um metro por ano, e algo similar ocorre em um quarto das terras de cultivo irrigado dos Estados Unidos.
  Entre os diversos usos da água, a irrigaçãoé a que apresenta as maiores taxas de desperdício. A irrigação, na maior parte do mundo, baseia-se em técnicas pouco eficazes e de baixo rendimento. O método de irrigação por gravidade, o mais difundido, apresenta altas taxas de evaporação e sua eficiência (parcela da água colocada à disposição das plantas), é inferior a 50%.
Irrigação por asperção - uma das formas de maior perda de água
  A irrigação extensiva já produz alguns efeitos desastrosos. O aquífero de Ogallala, em Nebraska, nas Grandes Planícies dos Estados Unidos, já perdeu o equivalente a 18 volumes do Rio Colorado e está sob ameaça de desaparecimento. No Egito, as águas do Rio Nilo se destinam basicamente à agricultura e não há fontes para a demanda crescente dos usos domésticos e industriais. Na Líbia, a situação é ainda mais grave, pois os projetos de irrigação extensiva exigiram a extração excessiva da água do subsolo por meio de poços artesianos. As reservas de águas subterrâneas se renovam em velocidade menor que a retirada, causando a secagem dos poços e obrigando a novas perfurações. Em maior ou menor grau, esse problema é detectado em toda a África do Norte e no Oriente Médio.
Mapa do esgotamento de água subterrânea em milímetros por ano
  A crise das águas afeta o mundo inteiro, ainda que em proporção e intensidade diferentes. Parcelas crescentes da população mundial não têm garantido o acesso à água doce em quantidade e qualidade suficientes para atender às suas necessidades básicas. A agricultura, a indústria e a produção de energia também apresentam demanda crescente pela água. Os recursos hídricos existentes precisam ser compartilhados entre os diversos tipos de usuários, muitas vezes situados em países diferentes. Os ecossistemas que garantem a reciclagem da água doce precisam ser protegidos da contaminação. Além disso, as espécies animais e vegetais também necessitam de água para sobreviver e se multiplicar.
  Por sua vez, uma parcela cada vez maior da água doce que circula pelo planeta está contaminada, seja por resíduos de processos industriais, por esgotos domésticos ou, ainda, por fertilizantes e pesticidas químicos utilizados na agricultura.
Os resíduos sólidos são um dos maiores causadores da poluição das águas, principalmente nas grandes cidades
  De acordo com as estimativas da ONU, cada litro de água residual que retorna ao ciclo, ou seja, que é lançado sem tratamento em rios e lagos ou atinge os depósitos subterrâneos, contamina oito litros de água doce. A quantidade de água contaminada que existe no mundo hoje - cerca de 120 mil km³ - já é maior do que o volume total das dez maiores bacias hidrográficas do planeta. Milhões de pessoas em todo o mundo utilizam essa água poluída para suprir as suas necessidades básicas: estima-se que cerca de 35% da população mundial não tenha acesso a água potável e 43% não conte com serviços adequados de saneamento básico. Grande parte da água que circula pelo planeta está contaminada.
Águas poluídas do Rio Tietê em Bom Jesus do Pirapora - SP
  Somam-se a esses problemas o aumento do consumo e a limitação de muitos países para criar uma infraestrutura de armazenamento e proteger suas bacias hidrográficas.
  Segundo dados da ONU de 2006, a necessidade de água de uma pessoa, para atender às necessidades em termos de agricultura, indústria, energia e meio ambiente, é de 1.700 m³ por ano. Uma disponibilidade inferior a 1.000 m³ anuais representa escassez e abaixo de 500 m³ anuais, escassez absoluta. Cerca de 700 milhões de pessoas oriundas de 43 países vivem abaixo do limiar mínimo que define a situação de falta de água. O Oriente Médio é a região do mundo mais atingida pela ameaça de falta da água.
  No que diz respeito ao sistema de abastecimento, as desigualdades entre os países e continentes são dramáticas. No conjunto do continente africano, 53% da população urbana não conta com serviço de abastecimento de água, enquanto na Europa esse número cai para 0,5%.
Mapa da disponibilidade de água per capita por ano
  Se é certo que a água não vai acabar, é certo também que as reservas disponíveis são limitadas e encontram-se mal distribuídas, variando no tempo (estações de chuvas curtas, monções) e no espaço. Por exemplo, a maior parte da Ásia recebe quase 90% de sua precipitação anual em menos de 100 horas, o que pode dar origem a cheias nesses períodos e a secas prolongadas em outros, com riscos de escassez.
Inundações na Índia provocada pelas chuvas de monções
  Como acontece com os demais recursos naturais, quanto maior a escassez de água potável, maior é a sua valorização. Porém, a água é um recurso vital para a vida humana. A valorização das reservas de água doce e a necessidade de sistemas de captação cada vez mais sofisticados podem se traduzir em preços cada vez maiores para o consumidor. Quando os custos de água se tornam proibitivos para parcelas da população devido ao preço, está em jogo não apenas a qualidade da vida dessas populações, mas a própria vida. É por isso que muita gente defende a ideia de que a água potável é um direito básico de todos os habitantes do planeta, que deveriam ter assegurado uma cota mínima para o consumo, independentemente dos custos sociais de produção desse recurso.
FONTE: Terra, Lygia. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil / Lygia Terra, Regina Araújo, Raul Borges Guimarães. 1 -- ed. São Paulo: Moderna, 2010.

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