sábado, 31 de agosto de 2019

AS FORMAÇÕES VEGETAIS DE MONTANHAS E AS CONSEQUÊNCIAS DO AQUECIMENTO GLOBAL

  Vegetação de altitude (ou vegetação de montanha) reflete o fato de que o clima e a vegetação das áreas montanhosas variam conforme a altitude. Não apenas as temperaturas diminuem com o aumento da altitude, como também o aspecto (alinhamento da montanha em relação ao Sol) afeta as condições locais, resultando em diferentes padrões de vegetação e ditando as escolhas de áreas para cultivo e povoamento.
  A vegetação de altitude ocorre na América do Sul e na Europa, ou seja, na Zona Temperada (sul e norte). Na América do Sul, a vegetação de altitude aparece no Peru e na Bolívia, no Equador, no Chile e na Argentina. Já na Europa existe muito pouco, apenas no centro-oeste, na Alemanha. Pelo fato de estar situado em regiões de baixas latitudes, seu clima é subtropical.
Monte Aconcágua - localizado na Patagônia Andina (Argentina) é o ponto mais elevado da América
  Nas altas cadeias montanhosas, como os Alpes, os Andes e o Himalaia, a altitude tem papel fundamental no desenvolvimento das formações vegetais. Conforme a altitude aumenta, a temperatura diminui e o solo torna-se cada vez mais raso. A vegetação acompanha essas características. É por isso que nos Andes, mesmo em área equatorial, desenvolvem-se vegetações típicas das florestas temperadas e até, em altitudes muito elevadas, campos de tundra e gelo.
  Mesmo assim, o clima não deixa de exercer um papel significativo na vegetação de montanha. Nas montanhas das regiões temperadas, ocorre a neve por volta de 2.500 metros de altitude, enquanto nas regiões tropicais, somente por volta de 5 mil metros.
Monte Rosa - fronteira entre Itália e Suíça
  A altitude preferencial da maioria das espécies se deslocou para altitudes maiores ao longo do século. O pasto é substituído pela floresta, e esta vai se tornando mais rala até desaparecerem as árvores. Até certa altura deixa de existir qualquer vegetação.
  A mudança é conhecida dos ecologistas. Como o clima se altera à medida que subimos, diferentes espécies de vegetais ocupam cada nível da montanha. Espécies adaptadas ao frio ficam próximas ao pico, espécies adaptadas à temperaturas mais altas ficam próximas ao vale. A mesma distribuição ocorre horizontalmente quando viajamos pela região tropical em direção aos polos. Próximo aos trópicos predominam espécies adaptadas ao calor.
Perfil topográfico da vegetação de acordo com a altitude
  Nas montanhas europeias. esse fenômeno tem sido estudado há mais de cem anos. Cada espécie de árvore tem sua altitude preferencial. Para medi-la, o cientista sobe a montanha e mede a densidade (número de árvores por metro quadrado) de uma espécie de árvore a cada altitude. A densidade, que inicialmente é baixa, aumenta, chega ao máximo e finalmente diminui quando a temperatura fica muito baixa. A altitude preferencial é a altitude onde a densidade de árvores é máxima.
  Recentemente, um grupo de ecologistas coletou mais de 28 mil levantamentos do tipo para 160 diferentes espécies de plantas. Eles observaram que a altitude preferencial da maioria das espécies se deslocou para altitudes maiores ao longo do século passado e início deste século. Todas as árvores "subiram" a montanha. Na média elas estão subindo 30 metros por década.
Montes Urais, na Rússia
  Os cientistas acreditam que isso ocorreu por causa do aquecimento global. À medida que a temperatura aumentou, as árvores da faixa mais baixa não conseguiram sobreviver, mas em compensação as sementes que germinaram, em alturas antes inóspitas, agora encontraram um ambiente propício. Essa é mais uma consequência do aquecimento global: as árvores são obrigadas a subir as montanhas para escapar do calor.
  Outro fator que vem ameaçando a vegetação de montanhas é a urbanização. A construção de residências em áreas elevadas vem ocorrendo para fins de lazer, com o estabelecimento de moradias temporárias, condomínios de elevado padrão ou prédios, em geral ocupando também áreas de formação vegetal.
Construções em Banff - Canadá. Ao fundo as Montanhas Rochosas
REFERÊNCIA: Baldraia, André
Ser protagonista: geografia, 2º ano: ensino médio / André Baldraia .. [et al.]: organizadora: Edições SM: obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida por Edições SM: editor responsável Flávio Manzatto de Souza. 3. ed. - São Paulo: Edições SM, 2016. - (Coleção ser protagonista).

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