domingo, 6 de outubro de 2013

A MIGRAÇÃO DE RETORNO NO BRASIL

  As migrações populacionais remontam aos tempos pré-históricos. Todos os anos, milhões de pessoas em todo o mundo, migra do seu local de nascimento para outra parte do planeta, seja dentro do seu próprio país (migração interna) ou de um país para outro (migração externa ou internacional) à procura de novos horizontes.
  As razões que explicam as migrações são inúmeras (político-ideológicas, étnico-raciais, profissionais, econômicas, catástrofes naturais, entre outros), porém, predomina as migrações motivadas por questões econômicas.
  Todo ato migratório apresenta causas repulsivas - quando o indivíduo é forçado a migrar -, e/ou atrativas - quando o indivíduo é atraído por um determinado lugar ou país.
Imigrantes africanos detidos em Malta em 2009, quando tentavam entrar ilegalmente na Europa
  Existem três variáveis para se classificar os tipos de migrações: o espaço de deslocamento, o tempo de permanência do migrante e como se deu a forma de migração.
  Se for considerado o espaço de deslocamento do migrante, tem-se a migração internacional e a migração interna. A migração interna pode ser subdividida em:
  • Migração inter-regional: ocorre de uma região para outra.
  • Migração intra-regional: ocorre dentro da mesmo região.
  Levando-se em conta o tempo de de permanência do migrante, tem-se:
  • Migração definitiva: ocorre quando a pessoa passa a residir permanentemente no local para o qual migrou.
  • Migração temporária: ocorre quando o migrante reside apenas por um período pré-determinado no lugar para qual migrou.
  Se for considerada a forma como se deu a migração, tem-se:
  • Migração espontânea: quando o sujeito planeja, espontaneamente, migrar do seu lugar de origem para outra região, seja por motivo econômico, político ou cultural.
  • Migração forçada: quando o indivíduo se vê obrigado a migrar de seu lugar de origem, geralmente ocorrendo por catástrofes naturais.gindo da seca.
Um dos casos mais comuns de migração forçada no Brasil é a de nordestinos fugindo da seca
  Dentre as migrações internas no Brasil, destacam-se:
  •  Êxodo rural: tipo de migração que se dá com a transferência de populações rurais para o espaço urbano. Esse tipo de migração em geral tende a ser definitivo. As principais causas dele são: a industrialização, a expansão do setor terciário e a mecanização da agricultura. O êxodo rural está ligado diretamente ao processo de urbanização.
  • Êxodo urbano: tipo de migração que se dá com a transferência de populações urbanas para o espaço rural. Atualmente, é um tipo de migração muito incomum.
  • Migração urbano-urbano: tipo de migração que se dá com a transferência de populações de uma cidade para outra. Esse tipo de migração é muito comum nos dias atuais.
  • Migração sazonal: se caracteriza por estar ligada as estações do ano. É um tipo de migração temporária onde o migrante sai de um determinado local em um certo período do ano e, posteriormente, volta alguns meses após. Esse movimento migratório também é chamado de transumância.
  • Migração diária ou pendular: é a migração diária de pessoas de uma cidade para outra como o objetivo de trabalhar ou estudar. Geralmente, as pessoas saem pela manhã de casa e voltam no fim da tarde ou à noite. As cidades onde esses trabalhadores residem são chamadas de cidades-dormitório.
  • Migração de retorno: ocorre quando o migrante saiu de sua região algumas décadas ou anos atrás e volta para sua região de origem.
O êxodo rural tem se tornado um grande problema no campo e nas cidades
  A migração de retorno toma cada vez mais importância no contexto das migrações interestaduais, face à nova dinâmica e padrões migratórios emergentes.
  O fenômeno do retorno nordestino pode ser analisado, por um lado, numa ótica sociológica, pois representaria um retorno aos lugares de origem, onde a rede de relações e conhecimentos facilitaria sobreviver durante os anos de crise. Do ponto de vista econômico, o retorno pode estar ligado ao fato de que, durante a década 1980, o Nordeste teria manifestado sinais positivos, por meio de uma administração pública mais eficaz, a abertura de novas fontes de trabalho, entre outros, fatos estes que teriam contribuído para o retorno desses migrantes.
Os avanços econômicos da região Nordeste, tem contribuído para o retorno dos migrantes nordestinos à região
  A região Sudeste do Brasil, até o final do século XX, recebeu a maior quantidade de fluxos migratórios do país, principalmente o estado de São Paulo, pelo fato de fornecer maiores oportunidades de emprego em razão do processo de industrialização.
  Durante a década de 1990, o estado de São Paulo continuou a ser aquele que mais recebia migrantes de outros estados. Mas também havia se tornado o maior fornecedor de emigrantes para outros estados do país. Entre 1995 e 2000, entraram no estado de São Paulo cerca de 1,2 milhão de migrantes; entre 2000 e 2004, foram 832 mil, e entre 2004 e 2009, 535 mil. Nesse último intervalo, 588 mil pessoas deixaram São Paulo para se estabelecer em outra unidade da federação: pela primeira vez na história brasileira, São Paulo apresentava saldo migratório negativo.
Fluxo migratório entre 1960 e 1980 no Brasil
  Esse fato pode ser parcialmente explicado por meio da chamada migração de retorno - a volta de migrantes para seus estados de origem. Em 2009, metade dos migrantes que chegaram aos estados do Piauí e da Paraíba era composta por naturais desses estados, que haviam partido em busca de uma vida melhor, mas acabaram retornando para seus estados de origem.
Fluxo migratório no Brasil entre as décadas 1980-1990
  O destino dos que "voltam" é praticamente o mesmo da origem dos que "chegam".
  Dentre os fatores que têm contribuído para a volta desses migrantes, estão:
  • a decepção em não encontrarem a oportunidade desejada na região para qual migrou;
  • o aumento da violência nos grandes centros urbanos (especialmente São Paulo e Rio de Janeiro);
  • a melhoria das condições de vida nas áreas de origem de muitos migrantes, graças ao surgimento de novas tecnologias, como a agricultura irrigada, a informática, entre outras;
  • muitos dos migrantes conseguem alcançar sucesso na região em que migrou e agora pretendem investir em sua terra de origem;
  • a saturação do mercado de trabalho para a mão de obra não qualificada;
  • muitos dos que migraram há algumas décadas, conseguiram a aposentadoria e agora querem desfrutar a tranquilidade na sua cidade de origem.
Fluxo migratório do Brasil a partir de 2000
  De acordo com o Censo do IBGE realizado em 2010, a migração de retorno do Sudeste para o Nordeste começou a perder força. As regiões Norte e Centro-Oeste são as principais áreas de atração populacional dos migrantes, não só nordestinos, como também sulistas.
  De acordo como esse Censo, o Distrito Federal, Rondônia, Roraima e Mato Grosso, são as unidades da Federação com os menores percentuais de residentes naturais. O principal fator que tem contribuído para a migração para esses estados, é o surgimento das fronteiras agrícolas, que, apesar de utilizarem pouca mão de obra e muita mecanização, têm atraído uma grande leva de trabalhadores em busca de novas oportunidades de vida.
Fluxo migratório atual
FONTE: Araújo Regina. Observatório de geografia / Regina Araújo, Ângela Corrêa da Silva, Raul Borges Guimarães. - 1. ed. - São Paulo: Moderna, 2009.

5 comentários:

Cleonice disse...

Muito bom o conteúdo postado pelo colega. Aproveito para estudar com meus alunos.

eng, panerai disse...

PARABENS!!

Anônimo disse...

Ótimo texto! Obrigada!

Unknown disse...

Ótimo, amei muito bem feito !

Unknown disse...

Esse texto serve também pra movimento de retorno?

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