quarta-feira, 2 de outubro de 2013

A CULTURA AMERICANA NOS ANOS 1920

  Os Estados Unidos são uma nação multicultural, lar de uma grande variedade de grupos étnicos, tradições e valores. Além das populações nativas americanas e do Havaí, quase todos os estadunidenses ou os seus antepassados emigraram nos últimos cinco séculos. A cultura da maioria dos norte-americanos é a cultura ocidental, em grande parte derivada das tradições de imigrantes europeus, com influência de muitas outras culturas, como as tradições trazidas pelos escravos africanos.
  A classe média e profissional estadunidense iniciou muitas tendências sociais contemporâneas como o feminismo moderno, o ambientalismo e o multiculturalismo. A autoimagem dos estadunidenses, do ponto de vista social e de expectativas culturais, é relacionada com as suas profissões em um grau de proximidade incomum.
  As mulheres, na sua maioria, trabalham fora de casa e recebem a maioria dos diplomas de bacharel. O casamento entre pessoas do mesmo sexo é um tema controverso no país. Alguns estados permitem uniões civis, em vez de casamentos.
Os Estados Unidos são um dos países com as maiores diversidades culturais do mundo
  Os anos 1920 foram bastante marcantes no complexo século XX. Ao mesmo tempo em que o mundo passava por sérios conflitos políticos e desajustes econômicos, havia uma grande efervescência cultural e social.
  Os Estados Unidos viviam anos de pleno desenvolvimento, prosperidade, otimismo e euforia. Essa euforia capitalista criou o conceito de American way of life, o estilo de vida americano, exportado para o mundo como modelo de modernidade e progresso. Esse novo modo de vida era baseado no consumo frenético das novidades tecnológicas, de eletrodomésticos a automóveis; do rádio ao cinema. O American way of life é um exemplo de uma modalidade comportamental, desenvolvida no século XVIII e praticada até os dias atuais, e se refere a uma espécie de síntese de costumes nacionalista que se propõe a aderir aos princípios de vida, liberdade e a procura pela felicidade (direitos não-alienáveis de todos os americanos de acordo com a Declaração de Independência). O American way of life está relacionado diretamente ao American Dream - o sonho americano de ter a igualdade de oportunidades e de liberdade que permite a todos os residentes dos Estados Unidos atingirem seus objetivos na vida somente com seu esforço e determinação.
Clássico do American way of life, de 1937 - "Não há nenhuma maneira como o
American way of life"
  O avanço tecnológico ampliava e popularizava a produção cultural. Nessa época, houve uma grande expansão do sistema radiofônico que muito contribuiu para a divulgação da música e da informação. Em 1924, já havia 562 estações de rádio em funcionamento nos Estados Unidos.
  Era época do jazz, estilo musical com raízes na cultura africana que se tornou muito popular.
  A música dos Estados Unidos reflete a população multi-étnica através de uma gama de estilos diversos. Rock and roll, blues, country, rhythm and blues, jazz, pop, techno e hip-hop estão entre os gêneros musicais do país mais reconhecidos internacionalmente.
  Os povos nativos foram os primeiros habitantes dos Estados Unidos e tocaram sua primeira música. No início do século XVII, imigrantes do Reino Unido, Irlanda, Espanha, Alemanha e França, começaram a chegar em grande número na América do Norte, trazendo consigo novos estilos e instrumentos. Escravos africanos trouxeram tradições musicais e cada leva de imigrantes contribuiu para a miscigenação cultural.
Cantora de blues Bessie Smith (1894-1937)
  O jazz é uma manifestação artístico-musical originária nos Estados Unidos. Tal manifestação teria surgido por volta do início do século XX na região de Nova Orleans e em suas proximidades, tendo, na cultura popular e na criatividade das comunidades negras que ali viviam, um de seus espaços de desenvolvimento mais importantes.
  O jazz se desenvolveu com a mistura de várias tradições musicais, em particular a afro-americana.
  As origens da palavra "jazz" são incertas. A palavra tem suas raízes na gíria norte-americana. O jazz não foi aplicado como música até por volta de 1915.
Coleman Hawkins (1904-1969) - importante músico de jazz
  Inicialmente, o jazz era tocado em clubes noturnos onde se reuniam jovens que gostavam de dançar ao som de um ritmo envolvente, ouvindo músicos como Duke Ellington e Louis Armstrong. Os conservadores achavam aquelas músicas barulhentas e ficavam escandalizados com os movimentos dos dançarinos. Houve quem dissesse que era um sinal de loucura coletiva. Mas a adesão ao novo ritmo - embalado pelo som cadenciado do piano, baixo, trompete e bateria - foi incontrolável. Em poucos anos, músicos brancos aderiram à nova onda e o jazz se tornou um ritmo presente em todo o país.
Duke Ellington (1899-1974)
  Músicos de jazz tocavam em bares clandestinos conhecidos como speakeasies. Esses bares surgiram com a Lei Seca, proibição da venda de bebidas alcoólicas implantada por meio da 18ª emenda à Constituição dos Estados Unidos da América (EUA). Essa lei foi revogada em 1933, em razão dos problemas que gerou, particularmente o surgimento da Máfia, que controlava o comércio ilegal de bebidas. O italiano Afonso Capone, criado em Nova Iorque, mais conhecido como Al Capone ou "Scarface" (rosto com cicatriz), foi o mafioso americano mais conhecido dessa época. Envolvido em guerras de gângsteres e assassinatos brutais, foi preso em 1931 por crime de sonegação fiscal e passou oito anos na prisão de Alcatraz.
Al Capone, em 1935
  Muito da moderna música popular tem suas raízes ligadas à música negra americana (com influência do blues) e ao crescimento da música gospel. A base afro-americana da música popular utilizou elementos vindos da música europeia e indígena. Os Estados Unidos tiveram também influência das tradições musicais e da produção musical na Ucrânia, Irlanda, Escócia, Polônia, América Latina, comunidades judaicas, entre outras.
  Muitas cidades americanas têm um cenário musical vibrante e, em cada uma, estilos regionais florescem. Juntamente com grandes centros musicais como Seattle, Nova Iorque, Minneápolis, Chicago, Nashville, Austin e Los Angeles, muitas cidades menores têm produzido destacados estilos musicais. O "Cajun", a música da Louisiana, a música havaiana, o bluegrass, a música antiga do Sudeste dos Estados Unidos são alguns exemplos da sua diversidade musical.
Dallas - localizada no Texas, é um importante centro cultural dos EUA
  A década de 1920 também foi a época de danças como o charleston e dos musicais da Broadway. As mulheres conseguiram avanços políticos importantes: em 1920, depois de longas campanhas, a 19ª emenda à Constituição dos EUA concedeu o direito de voto às mulheres. Ao mesmo tempo, muitas delas subiam audaciosamente as barras dos vestidos, mostrando tornozelos e joelhos, causando um verdadeiro escândalo. Usavam também os cabelos curtos, fumavam e bebiam em público. As "melindrosas" foram precursoras da emancipação feminina.
  Os carros eram bens acessíveis a uma parcela cada vez maior de indivíduos, graças ao barateamento da produção, resultante do processo de linha de montagem instituído por Henry Ford, em 1903. Também aumentou a parcela de jovens que conseguia cursar uma universidade.
Linha de montagem de Ford em 1913
  Embora ainda fosse grande o número de famílias que viviam modestamente, sobretudo entre os milhares de imigrantes que chegavam todos os anos ao país, eram crescente aquelas cuja renda propiciava uma vida cada vez mais confortável. Algumas, como as dos magnatas, chegavam a reunir imensas fortunas. E uma das formas de mostrar sua riqueza era a manutenção de coleções de obras de arte, várias das quais dariam, mais tarde, origem ao Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, entre outros.
Museu de Arte Moderna de Nova Iorque
  Era uma época de ouro do cinema em Hollywood, onde se concentravam as maiores indústrias cinematográficas do mundo. Até meados dos anos 20, os filmes mudos lotavam cinemas do mundo inteiro. Artistas como Charles Chaplin e Rodolfo Valentino se tornaram as primeiras grandes estrelas do cinema americano. Em 1927, chegou ao fim a era dos filmes mudos com a invenção dos filmes sonoros que tornaram o cinema cada vez mais popular.
Charles Chaplie, encarnando o seu inesquecível personagem Carlitos
  O cinema funcionava como uma máquina de sonhos, em que todas as fantasias humanas se tornavam realidade. Durante os anos 1930, quando a situação econômica mudou completamente com o cenário da crise, o cinema se tornou a principal válvula de escape para a população mundial. Era uma forma de fugir das misérias da depressão. No final dos anos 1930, 80 milhões de entradas de cinema eram vendidas a cada semana nos Estados Unidos, o que possibilita estimar que o estadunidense frequentava o cinema pelo menos uma vez a cada 15 dias.
  A influência do cinema podia ser medida pela sua capacidade de promover novos hábitos de consumo e de estilo de vida. Tudo o que as estrelas de Hollywood usavam virava moda e era copiado por pessoas em todo o mundo. Segundo alguns historiadores, nunca um sistema cultural teve tanto impacto e exerceu efeito tão profundo na mudança do comportamento e dos padrões de gosto e consumo de populações por todo o mundo, como o cinema de Hollywood no seu apogeu.
Sinal de Hollywood
  Consequentemente, o American way of life tornava-se cada vez mais internacionalizado. Atualmente, os hábitos, os produtos, o idioma, a comida, a moda, entre tantos outros modos culturais dos Estados Unidos, está amplamente difundida pelos continentes.
FONTE: Ribeiro, Vanise. Encontro com a História: 9° ano / Vanise Ribeiro; Carla Maria Junho Anastásia; Ilustrações José Luis Junhas ... [et al.]. - 3. ed. - Curitiba: Positivo, 2012.

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