sexta-feira, 16 de agosto de 2013

A AGROPECUÁRIA NA ÁFRICA


  Apesar de predominar as atividades agrícolas de subsistência e o pastoreio nômade do gado, praticados por diferentes grupos étnicos ao longo do paralelo do Equador, destaca-se na economia africana a produção monocultora, sobretudo, de produtos tropicais, como cacau, tabaco, algodão e cana-de-açúcar, bem como as atividades de extração vegetal (sisal, látex, óleo de palma, entre outros) e mineral (petróleo, ouro, diamantes, minério de ferro, entre outros).
  A agricultura do continente africano apresenta-se sob duas formas: a de subsistência e a comercial. A primeira é rudimentar, itinerante e extensiva - planta-se em grandes extensões de terra, que são cultivadas anos seguidos, até ocorrer o esgotamento do solo. Em seguida, busca-se outra área, em que se repete o mesmo processo. Trata-se de um sistema pouco produtivo, cujas colheitas abastecem, em geral, apenas os próprios agricultores. Como principais produtos de cultivo estão inhame, mandioca, milho, sorgo, batata e arroz.
Cultivo de milho na forma de subsistência na África
  A forma comercial está representada pela plantation, sistema introduzido pelos europeus durante o período colonial e que persiste até os dias de hoje. Esse tipo de cultivo baseia-se na monocultura de gêneros tropicais em grandes extensões de terra, cuja produção é voltada para atender quase que exclusivamente o mercado externo. Muitas vezes as propriedades encontram-se sob o comando de grandes empresas agroindustriais, que encaminham os produtos agrícolas para o processamento industrial.
Grupo de agricultores de Burkina Fasso
ÁFRICA ISLÂMICA
  Na África Islâmica, a agricultura está adaptada às condições do clima e dos solos da região. Além disso, a aplicação recente de recursos tecnológicos, por parte dos grandes fazendeiros, tem possibilitado aumentar a rentabilidade por meio da mecanização das lavouras, do uso de sementes selecionadas e de melhoramentos genéticos aplicados em rebanhos.
  Há importantes cultivos agrícolas e pecuária extensiva na costa da Tunísia, da Argélia e do Marrocos. No norte desses países o inverno é frio e o verão é quente, com baixos índices pluviométricos, característicos do clima mediterrâneo. Esses fatores possibilitam o desenvolvimento da agricultura mediterrânea, como o cultivo do trigo, das oliveiras, das videiras e das frutas cítricas.
  Já no Egito, na Líbia e no restante da Argélia, em meio ao Saara, a agropecuária é praticada nos solos férteis do vale do rio Nilo, e também nos oásis, formados quando as águas subterrâneas afloram à superfície, tornando a terra úmida e adequada à prática agrícola dos povos do deserto.
Agricultura no Marrocos
Os oásis do deserto africano
  Há muitos povos que se mantêm por meio dos produtos cultivados nos oásis. Foi por meio desses oásis que pequenas cidades habitadas por povos tradicionais se desenvolveram.
  Há diferentes tipos de aproveitamento dos oásis. Ghadames, na Líbia, é uma cidade de 7 mil habitantes, declarada pela Unesco como patrimônio da humanidade. Jaghbub, também na Líbia, é uma importante cidade desértica, sendo habitada por diferentes povos. Awjila, no deserto líbio, é habitada por uma comunidade berbere. Il Salah é uma tradicional cidade tuaregue desenvolvida em função do oásis no centro da Argélia. Farafra, no Egito, produz melões, tâmaras e arroz que sustentam sua população e seu excedente é vendido para outras partes do país.
Ghadames - Líbia
  Recentemente, muitos oásis passaram a ser explorados para fins turísticos. Um deles é Chibika, na Tunísia, e de Ubari, na Líbia, que, apesar de possuírem um pequeno contingente populacional, a atividade turística é muito importante para a vida dos povos do deserto.
  A maior fonte de divisas da África Islâmica é a atividade extrativa do petróleo, sobretudo na Líbia, e a do gás, na Argélia. Outros importantes recursos minerais são extraídos, como o fosfato, na Tunísia e no Marrocos, onde há também uma importante extração do cobre, e de urânio na Argélia.
  As maiores companhias mineradoras que exploram o subsolo da África são de origem europeia, mas há também empresas americanas e japonesas. Apesar de gerar divisas para os países explorados, o lucro que as companhias obtêm com a exploração do petróleo não é revertido em melhorias nas condições de vida da população local, pois o capital é enviado aos países de origem das empresas.
Oásis de Ubari - Líbia
ÁFRICA SUBSAARIANA
  Essa região apresenta extensas áreas férteis e abriga grandes lavouras monocultoras.  Os principais produtos cultivados são: cana-de-açúcar, amendoim, abacaxi, banana e cacau.
Cacau: principal produto agrícola africano
  Os maiores produtores e os melhores grãos de cacau do mundo estão na África. A produção é totalmente voltada à exportação para os países desenvolvidos e a população local não consome o chocolate produzido com o cacau africano.
  Os maiores produtores de cacau do continente africano são: Costa do Marfim (que também é o maior produtor mundial, com cerca de 40% da produção global), Gana, Nigéria e Camarões.
  Apesar de se tratar de uma monocultura voltada para a exportação, alguns países, como a Nigéria, têm feito tentativas de associar a cultura do cacau a outras atividades econômicas, a fim de poder aumentar a renda da agricultura familiar.
  Um dos projetos que se tem desenvolvido é a associação entre a plantação de cacau e a apicultura. Os produtos advindos da apicultura têm valor comercial e vem contribuindo para o aumento da renda das famílias que se dedicam à produção do cacau.
Cultivo de cacau na Costa do Marfim - o maior produtor mundial
  O cultivo de produtos agrícolas destinados à exportação na África Subsaariana baseia-se no sistema da agricultura de plantation (cultivo agrícola baseado na monocultura e cuja produção é quase toda voltada para a exportação, além de empregar uma numerosa mão de obra). A mão de obra utilizada nesse cultivo prepara o solo, planta as sementes, aplica os recursos fertilizantes e agrotóxicos, além de realizarem a colheita.
  A produção agrícola do continente africano conta com poucos recursos tecnológicos e, por isso, os trabalhadores são submetidos  a grande esforço físico, além de serem mal remunerados, o que impede o desenvolvimento econômico e social do continente.
  A falta de modernização da produção agrícola africana não estimula a qualificação técnica dos profissionais, e por isso existem poucas escolas profissionalizantes, o que contribui para a dependência econômica da África em relação aos países ricos.
Mulheres cultivando a terra na Tanzânia
  A baixa qualificação profissional africana (cuja grande maioria das pessoas são analfabetas) torna a mão de obra no continente muito barata, favorecendo os custos baixos da produção primária e maiores lucros por parte dos grandes proprietários de terras e dos produtores rurais.
  Outro fator que contribui para aumentar o quadro de miséria no continente africano refere-se ao fato de que as melhores terras são usadas pelas grandes propriedades monocultoras, restando aos africanos que desenvolvem a agricultura de subsistência as áreas menos férteis.
  A produção de muitos gêneros tradicionais, como a mandioca, o inhame e o sorgo, é prejudicada por esse processo de organização da economia agrícola, e se torna insuficiente para atender às necessidades alimentares por parte da população africana, obrigando a importação de alimentos.
  Em países como República Democrática do Congo, Gabão e Camarões são praticadas atividades extrativistas vegetais, das quais se obtêm muitos produtos, como a borracha e o óleo da palmeira. Já no litoral da Costa do Marfim, Gana, Togo, na República do Congo, em Camarões, no Quênia e em Uganda, cultivam-se diferentes monoculturas.
Cultivo de arroz no Senegal
  No sul do continente, na Namíbia, Zimbábue e África do Sul, há importante criação pecuária, intensiva e extensiva, principalmente de ovinos e bovinos. A África do Sul é também uma importante produtora de uva e de oliva, além de trigo, centeio, milho, cana-de-açúcar, café e amendoim.
  De modo geral, a pecuária da África Subsaariana se caracteriza pela subsistência. Contudo, a África do Sul, além de apresentar diversificada produção agrícola, destaca-se pela ovinocultura, direcionada à produção de lã. O segundo maior criador de gado da África é Etiópia, onde predomina o gado bovino.
Agropecuária no Lesoto
FONTE: Geografia nos dias de hoje, 8º ano / Cláudio Giardino ... [et al.]. – 1. ed. – São Paulo: Leya, 2012. – (Coleção nos dias de hoje).

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