terça-feira, 11 de dezembro de 2012

A URBANIZAÇÃO NA ÍNDIA

  Um arquiteto de Mumbai (ex-Bombaim, na Índia) explicou-se certa vez que planejar qualquer coisa em sua cidade é um exercício, digamos, fútil. Quanto mais bonita você a deixa - quanto melhores as ruas e ferrovias que você constrói, quanto mais se melhora a habitação -, maior é o número de pessoas que será atraído para Mumbai vindo de aldeias carentes, inundando as ruas, os trens, as casas. A única solução que resta é mantê-los na zona rural. [...]
Rua de Mumbai - Índia
  Os problemas, porém, não serão solucionados a menos que a agricultura se torne novamente viável no mundo em desenvolvimento. E isso não acontecerá a menos que o sistema internacional de comércio e de tarifas agrícolas seja mais equitativo. Quando o algodão indiano ou africano é mais caro no mercado mundial que o algodão americano - por causa dos generosos subsídios agrícolas que o governo dos Estados Unidos concede a seus plantadores -, então o agricultor indiano ou africano dirá a seus filhos para tomarem o primeiro trem para a cidade e procurar trabalho nas condições  que houver, e enviar dinheiro para o restante da família. [...]
Multidão caminha pelas ruas de Mumbai
  Por que as pessoas ainda vivem nas megacidades do mundo em desenvolvimento? Todo dia elas promovem ataques aos sentidos individuais - no momento em que a pessoa se levanta, no transporte que a leva ao trabalho, no escritório onde trabalha, nas formas de entretenimento de que ela dispõe. As emissões de gases são tão pesadas que o ar ferve como sopa. Há gente demais se acotovelando nos trens, nos elevadores, quando se vai para casa dormir. [...] Por que então a pessoa quer deixar a sua casa de tijolos na aldeia, com suas duas mangueiras e a vista dos pequenos morros para viver nas cidades? [...]
É comum na Índia e em países do Sul da Ásia os trens andarem superlotados
  Quando as pessoas migram do campo para a cidade elas estabelecem aldeias na cidade. Olhando de perto a estrutura de uma favela urbana, ela com frequência reproduz a estrutura física da aldeia de onde se origina a comunidade predominante na favela. Em Mumbai, é comum canais de esgotos serem batizados com o nome dos rios das aldeias distantes; pequenos santuários abrigarem as mesmas divindades dos templos da terra natal; plantios de mangueiras e árvores originárias das províncias que foram deixadas para trás. [...]
Esgoto em favela de Mumbai
  Existe, pois, uma razão pela qual as pessoas continuam se mudando para as cidades como Mumbai, apesar de todos os seus problemas. "Mumbai é um pássaro de ouro", disse um morador de favela cujo irmão foi baleado e morto pela polícia num tumulto étnico, que vive num casebre sem água encanada nem banheiro. "O pássaro de ouro é rápido e arisco, e você precisa dar duro para apanhá-lo. Mas, quando o tem nas mãos, uma fortuna fabulosa se abre para você". Essa é uma razão pela qual as pessoas ainda querem vir para cá (Mumbai), deixando as árvores e os espaços abertos agradáveis do campo, enfrentando o crime, o ar e a água ruins. A cidade grande é um lugar onde sua casta não tem importância, onde uma mulher pode comer sozinha num restaurante sem ser molestada e onde alguém pode casar com a pessoa de sua escolha. Para os jovens de uma aldeia indiana, africana ou chinesa, o chamado da cidade não tem a ver só com o dinheiro. Tem a ver também com a liberdade.
FONTE: MEHTA, Suketu. a grande marcha do século 21. O Estado de S. Paulo, 30 dez. 2007.

2 comentários:

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