segunda-feira, 16 de novembro de 2015

O CÉU SEGUNDO OS ÍNDIOS E OS POVOS ANTIGOS

  Muito antes de Fernão de Magalhães aparecer no Novo Mundo guiado pelas estrelas, os habitantes destas terras já direcionavam suas vidas pelos pontos luminosos do céu. Celebrações religiosas, épocas de plantio e colheita são apenas alguns dos propósitos dos estudos indígenas do firmamento. Para além da função prática, viam também no céu uma cópia de seu próprio mundo.
  A observação do céu está na base da cultura de todos os povos antigos. O céu seria a morada de divindades e espíritos que controlariam as forças da natureza. Por meio da observação da posição dos astros, essas civilizações previam eventos climáticos, marcavam a passagem do tempo e se localizavam.
  Os indígenas americanos - inclusive os brasileiros - contemplavam o céu imaginando desenhos e os associavam a lendas e divindades. Para eles a Terra é um reflexo imperfeito de tudo que há no céu. Baseavam o cultivo e a colheita e épocas de caça e pesca na posição dos astros.
  Ao contrário dos demais povos, os índios formavam desenhos no céu utilizando não só as estrelas, mas qualquer mancha visível (galáxias ou nebulosas). Além disso, suas constelações estão quase todas situadas na região da Via Láctea - a mancha esbranquiçada observada à noite no céu e que se trata da porção visível da nossa galáxia. A essa mancha esbranquiçada, os índios chamavam Tapi'i rapé - Caminho da Anta. Duas constelações muito conhecidas pelos extintos tupinambás do norte e pelos tupi-guaranis do sul são o Homem Velho e a Ema.
As constelações do céu
  Os índios tupi-guaranis têm uma rosa-dos-ventos. Para eles, no céu existiam palmeiras azuis representando os quatro deuses (os quatro pontos cardeais: norte, sul, leste, oeste) e suas quatro esposas (os pontos colaterais: nordeste, noroeste, sudeste, sudoeste), formando, assim, uma rosa dos ventos. Para eles, tudo que existe no céu existe também na Terra.
Constelação da Ema
  Quando surge ao leste no anoitecer, na segunda quinzena de junho, a Ema indica o início do inverno para os índios do sul do Brasil e o início da estação seca para os índios do norte. É limitada pela constelação de Escorpião e pelo Cruzeiro do Sul ou Curuxu, que, segundo o mito guarani, segura a cabeça da ave, garantindo a vida na Terra - caso ela se solte, beberá toda a água do nosso planeta.
  Os Tupinambá conhecem uma constelação denominada Iandutim, ou Avestruz Branca, formada de estrelas muito grandes e brilhantes, algumas das quais representam um bico. Segundo a crença indígena, ela procura devorar duas outras estrelas que lhes estão juntas e às quais denominam uirá-upiá. Essa constelação seria a mesma constelação da Ema.
  A constelação da Ema fica na região do céu limitada pelas constelações ocidentais Cruzeiro do Sul e Escorpião. Ela é formada utilizando, também, estrelas das constelações Mosca, Centauro, Triângulo Austral, Antares e Lobo.
Conjunto de estrelas que pertencem à constelação da Ema
  A cabeça da Ema é formada pelas estrelas que envolvem o Saco de Carvão, uma nebulosa escura que fica perto do Cruzeiro do Sul, sendo que a parte superior fica perto da estrela Mimosa e o bico próximo à estrela de Magalhães, ambas pertencentes ao Cruzeiro do Sul. Próximo ao seu bico existem dois ovos de pássaro que ela tenta devorar. Esses ovos são as estrelas Alfa e Beta, da constelação de Mosca. Dentro do corpo da Ema, as manchas claras e escuras da Via Láctea ajudam a visualizar a plumagem da Ema.
  As estrelas Alfa e Beta, pertencentes à constelação de Centauro, estão dentro do pescoço da Ema, que também é formado por uma mancha escura da Via Láctea. A cauda da Ema é formada por Antares e outras estrelas da constelação de Escorpião, e um dos pés é formado pela cauda de Escorpião.
  A parte de baixo do corpo da Ema começa a ser formado pela estrela Beta e por estrelas da constelação de Altar, sendo que a parte de cima de seu corpo é formado principalmente por estrelas pertencentes às constelações de Escorpião e do Lobo.
Desenho da constelação da Ema
Constelação de Escorpião
  De todas as constelações, a de Escorpião é uma das que mais se destaca. Notável por sua extensão, forma e pela riqueza em objetos interessantes à observação, Scorpius (nome latino) sempre surpreendeu aqueles que já se dedicaram à astronomia nos últimos milhares de anos.
  A constelação de Escorpião foi identificada como tal tanto pelos gregos quanto pelos egípcios e persas. A origem egípcia remete às secas que devastavam a região do Nilo, já que nessa época o Sol passava por essa constelação. Antares, a estrela mais brilhante de Escorpião, era considerada uma das "guardiãs" do céu, segundo os persas. Para a mitologia grega, o escorpião foi o animal enviado por Artemis (deusa da caça) para matar o gigante caçador Orion.
Desenho da constelação de Escorpião
  A constelação de Escorpião é uma constelação de verão. Pode ser observada quase na sua totalidade perto da meia-noite. Esta é uma das constelações que com relativa facilidade se consegue realmente imaginar a forma do animal que representa. Ao sul do Trópico de Capricórnio, essa constelação é conhecida como de inverno e perto da linha do Equador como de seca. No coração de Escorpião encontra-se Antares, uma estrela gigante vermelha, que é a 16ª estrela mais brilhante do céu noturno.
Constelação de Escorpião
Constelação do Homem Velho
  Na segunda quinzena de dezembro o Homem Velho surge ao leste. Assinala o início do verão para os índios do sul e o começo das chuvas para os do norte. Conta a lenda que um ancião muito bom de uma tribo tupi-guarani, teve sua perna cortada por sua esposa que estava interessada no seu irmão, e que poderia casar-se com ele quando seu esposo morresse. Como ele era bondoso, os deuses se compadeceram e o colocaram no céu.
  A constelação do Homem Velho é formada pelas constelações ocidentais de Taurus e Orion. A constelação do Homem Velho contém três outras constelações indígenas, cujos nomes em guarani são: Eixu (as Pleiades), Tapi'i rainhykã (as Hyades, incluindo Aldebaran) e Joykexo (o Cinturão de Orion).
Constelação indígena do Homem Velho
  Eixu significa ninho de abelhas. Essa constelação marca o início do ano, quando surge pela primeira vez no lado oeste, antes do nascer do Sol, na primeira quinzena de junho. Quando elas apareciam afirmavam que as chuvas iriam chegar, e ficava até o fim da estação chuvosa.
  Tapi'i rainhykã significa a queixada da anta e anunciava que as chuvas estavam chegando para os índios Tupinambá. Joykexo representa uma linda mulher, símbolo da fertilidade, servindo como orientação geográfica, pois essa constelação nasce no ponto cardeal leste e se põe no ponto cardeal oeste, e representa também o caminho dos mortos.
  A cabeça do Homem Velho é formada pelas estrelas do aglomerado estelar de Híades em cuja direção se encontra Tauri (Aldebaran), a estrela mais brilhante da constelação de Touro. Acima da cabeça do Homem Velho fica o aglomerado estelar das Plêiades (grupo de estrelas da constelação de Touro), que representa um penacho que ele tem amarrado na cabeça. O pescoço do Homem Velho começa em Aldebaran e termina em Orion, de onde partem seus braços. Um de seus braços termina em Touro, e o outro termina na Zeta Orionis, passando por todo o escudo de Orion. O Cinturão de Orion representa o joelho da perna sadia.
Desenho da constelação do Homem Velho
Constelação da Anta do Norte
  A constelação da Anta do Norte fica na região do céu limitada pelas constelações ocidentais do Cisne e Cassiopeia. Ela também utiliza estrelas da constelação Lagarta, Cefeu e Andrômena. Essa constelação é conhecida principalmente por índios brasileiros que habitam a Região Norte, tendo em vista que para os índios da Região Sul, ela está na linha do horizonte, e fica totalmente na Via Láctea.
  Na segunda quinzena de setembro, a Anta do Norte surge ao anoitecer, no lado leste, e indica a transição da estação do frio para o calor para os índios do sul e entre a seca e a chuva para os índios do norte.
Constelação da Anta do Norte
Constelação do Veado
  A constelação do Veado fica na região do céu limitada pelas constelações da Vela e do Cruzeiro do Sul, sendo formada também pelas constelações de Carina e de Centauro. Essa constelação é conhecida principalmente por índios que habitam a Região Sul do Brasil, tendo em vista que para os índios da Região Norte ela fica muito próxima do horizonte.
  Na segunda quinzena de março, o Veado surge ao anoitecer, no lado leste, e indica uma estação de transição entre o calor e o frio para os índios do Sul do Brasil e entre a chuva e a seca para os índios do Norte.
Constelação do Cervo
Constelação da Surucucu
  A Surucucu não é apenas a mais perigosa serpente da Amazônia. Para os povos indígenas da etnia dessana, também é uma das inúmeras constelações que os ajudam a identificar o ciclo dos rios, o período da piracema, a formação de chuvas e o momento ideal para a realização de rituais. Para os índios dessa etnia, a constelação da Surucucu mostrava também a época de cheia dos rios.
  Na astronomia indígena, outubro é o mês do desaparecimento da constelação da Surucucu no horizonte oeste - o equivalente a escorpião na astronomia ocidental. O desaparecimento da figura da cobra está associado ao fim do período de vazante.
Constelação da Sururucucu
Constelação do Tinguaçu
  A constelação do Tinguaçu é uma constelação em forma de pássaro, que fica na região do céu ocupada pelas constelações ocidentais do Touro, de Áries e de Perseu. O corpo do Tinguaçu fica na constelação de Touro, logo abaixo das Plêiades. O seu pescoço, cabeça e bico ficam na constelação de Áries e os seus pés ficam na constelação de Perseu.
  Para os índios guaranis, essa constelação representa uma arapuca para pegar passarinhos, e tem como principal objetivo determinar onde e quando surgirá no horizonte o aglomerado estrelar das Plêiades e a preparação para os rituais do Ano Novo. Ela representa também a época de fartura, que era bastante celebrada com festas por esses índios.
Constelação do Tinguaçu
Constelação de Touro
  A constelação de Touro é uma das mais facilmente identificáveis no céu, pois é formada por um conjunto de estrelas muito brilhantes, designado por "Sete Irmãs". Elas se localizam na constelação de Touro, que ainda traz a constelação de Aldebarã, ou olho do touro, as Híades e a famosa nebulosa do Caranguejo.
  Segundo a mitologia grega, há muito tempo atrás, havia no reino de Tiro, um rei, Agenor, cuja filha era muito bela. Seu nome era Europa, e Zeus se apaixonou perdidamente por sua beleza. Queria possuí-la a qualquer custo. Movido por essa determinação, Zeus decidiu utilizar-se de seu estratagema principal, ou seja, de se metamorfosear de algum ser ou coisa. Zeus jamais aparecia diante de suas eleitas na sua forma pessoal, preferindo assumir outra aparência qualquer. Zeus decidiu, então, transformar-se num grande touro branco.
  Em uma das praias de Tiro, onde um grupo de moças se divertia, entre elas Europa, o touro branco apareceu, assustando o grupo. De todas as moças a única que não fugiu foi Europa, que se aproximou do touro, acariciou o seu pelo e o enfeitou com flores. Quando as moças ganharam confiança, se aproximaram do touro, que fugiu em direção ao mar levando Europa no seu dorso. Europa pediu socorro às companheiras, mas o touro, correndo dia e noite sem parar, nadou até uma praia em Creta, onde deixou a jovem. Aí, Zeus retomou a sua forma divina e uniu-se à Europa, que, com o tempo, dá a ele dois filhos, entre eles Minos, futuro rei de Creta e pai do Minotauro. O Touro brilha até hoje no céu como uma constelação, para recordar essa união.
Constelação de Touro
  A estrela Aldebarã (ou alfa Tauri) é a estrela mais brilhante da constelação de Touro. É conhecida como "o olho do touro", devido ocupar sensivelmente a posição do olho esquerdo do Touro.
  O aglomerado estelar aberto das Plêiades é o grupo de estrelas mais brilhantes em todo o céu. Elas são conhecidas por vários outros nomes, como "Sete Irmãs". Seu nome deriva do grego plein, que significa a abertura e o fechamento da navegação entre os gregos. Na mitologia grega, as Plêiades são as sete irmãs, filhas de Pleione e Atlas, perseguidas por Orion que estava encantado com a beleza das moças, e que para escapar da perseguição do caçador, recorreram aos deuses, que as transformaram em sete estrelas. Seus nomes eram: Maia, Electra, Taigeta, Astérope, Mérope, Alcione e Celeno.
  As Plêiades constituem um grupo de estrelas que se formaram a partir de uma mesma massa inicial de gás e poeira, com idade estimada em 100 milhões de anos.
Desenho da constelação de Touro
  Nas proximidades das Plêiades, é possível observar outro aglomerado aberto de estrelas: as Híades. Na mitologia grega, Híades eram filhas de Atlas e Etera, irmãs de Plêiades pelo lado paterno. Os antigos acreditavam que o nascer e o pôr  helíaco das Híades estavam associados às chuvas. As Híades têm um formato em "V" simbolizando a cara do Touro.
  A Nebulosa do Caranguejo foi observada pela primeira vez em 1731, e é o remanescente de uma supernova (resultado da morte de uma estrela massiva, que colapsou e explodiu liberando uma enorme quantidade de energia) que foi registrada, como uma estrela visível à luz do dia, por astrônomos chineses em 1054. Esta super estrela era o terceiro corpo mais brilhante no céu (depois do Sol e da Lua), e se tornou o primeiro objeto astronômico reconhecido como sendo ligado a uma explosão de supernova.
Constelação de Touro
A Lua
  A Lua tem também papel importante. Os tupinambás atribuem a ela o fluxo e o refluxo do mar e distinguem as duas marés cheias que se verificam na lua cheia e na lua nova. O movimento do astro influi na caça, nas espécies de peixes disponíveis para pesca, no plantio e no corte de madeira.
  Há muito tempo, contam os índios Tembé, da Amazônia, havia uma grande aldeia nas margens do rio Capim, no estado do Pará. Nessa aldeia, vivia um cacique que tinha uma filha muito bonita, olhos negros e cabelos lisos e longos, chamada Flor da Noite. Ela gostava de ficar às margens do rio, observando o pôr do sol. Em uma noite de lua cheia, a índia adormeceu na praia e foi acordada por um grande barulho que vinha do rio. Então, um rapaz saiu da água e eles passaram a namorar em todas as noites de lua cheia. O rapaz era um boto cor-de-rosa e, depois de engravidar Flor da Noite, nunca mais voltou. A índia deu à luz a três botos e, embora triste, ela decidiu soltá-los nas águas do rio, para que eles não morressem. Assim, quando sentem saudades da mãe, os três botos unem-se à procura dela, saltando sobre as águas, sempre na lua nova e na lua cheia, fazendo uma grande onda que se estende até as margens do rio, derrubando árvores e virando barcos.
Fenômeno da pororoca, no rio Amazonas
  Essa fábula, na verdade, narra o fenômeno da pororoca, o estrondo provocado pelo encontro do rio com as ondas do mar, durante o período da maré alta, e mostra que esses índios já conheciam a relação entre as fases da lua e o ciclo das marés.
Vídeo sobre a pororoca
O Sol e os pontos cardeais
  Para os tupi-guaranis o Sol é o principal regulador da vida na Terra e possui um grande significado religioso. Eles determinam o meio-dia solar, os pontos cardeais e as estações do ano utilizando o relógio solar vertical. Este relógio é constituído de uma haste cravada verticalmente em um terreno horizontal, da qual se observa a sombra projetada pelo Sol. Essa haste vertical aponta para o ponto mais alto do céu, chamado zênite. Esse relógio foi utilizado também no Egito, China, Grécia e em diversas outras partes do mundo.
  Na cosmogênese guarani, Nhanderu (Nosso Pai) criou quatro deuses principais que o ajudaram na criação da Terra e de seus habitantes. O Zênite representa Nhanderu e os quatro pontos cardeais representam esses deuses. O Norte é Jakaira, deus da neblina vivificante e das brumas que abrandam o calor, origem dos bons ventos. O Leste é Karai, deus do fogo e do ruído do crepitar das chamas sagradas. No Sul, Nhamandu, deus do Sol e das palavras, representa a origem do tempo-espaço primordial. No Oeste, Tupã, é o deus das águas, do mar e de suas extensões, da chuva, dos relâmpagos e dos trovões.
  O calendário guarani está ligado à trajetória aparente anual do Sol e é dividido em tempo novo e tempo velho (ara pyau e ara ymã, respectivamente, em guarani). Ara pyau é o período de primavera e verão, sendo ara ymã o período de outono e inverno.
  O dia do início de cada estação do ano é obtido através da observação do nascer e do pôr do sol, sempre de um mesmo lugar.
Relógio solar indígena
FONTE: Adas, Melhem
Expedições geográficas / Melhem Adas, Sérgio Adas. - 1. ed. - São Paulo: Moderna, 2011.

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

O FIM DA POLÍTICA DO FILHO ÚNICO NA CHINA

  A civilização chinesa se desenvolveu numa região com rios volumosos e solos férteis, que proporcionaram boas colheitas.
  Na Antiguidade, civilizações como essa que prosperou às margens dos rios Amarelo, Azul e Pérola também surgiram no Egito e na Mesopotâmia. Eles receberam  o nome genérico de civilizações hidráulicas.
  No século XX, a disponibilidade de alguns medicamentos importantes e o crescimento do comércio com o Ocidente incentivaram a natalidade e diminuíram a mortalidade. Muitos produtos rurais enxergaram no crescimento da família uma forma de gerar mais mão de obra e, consequentemente, mais renda. De acordo com estimativas da ONU (Organização das Nações Unidas), a população chinesa em 2015 é de 1,373 bilhão de habitantes, concentrando cerca de 20% da população mundial.
A fertilidade dos solos na China pode ser a causa da enorme população do país
  Tradicionalmente ligados às atividades rurais, os chineses acreditavam que uma família só seria completa com um grande número de filhos, pois isso representava mais pessoas trabalhando e elevando a renda da família.
  Para romper com esse pensamento, o governo chinês promoveu uma intensa campanha para conscientizar os chineses sobre a necessidade de deter o crescimento da população. A televisão e os jornais ressaltavam que a família feliz tem somente um filho, porque assim pode proporcionar a ele mais conforto. As regras são rígidas. O governo oferece auxílio aos casais que têm um único filho, mas cobra taxas elevadas daqueles que têm dois. Nesse caso, é comum a perda total dos benefícios.
  Lançada em 1979, a chamada política do "filho único" permanecia em vigor até o final de outubro de 2015. O governo chinês entendeu que seria um desastre para o país se os casais tivessem quantos filhos desejassem. Além dos altos gastos nas áreas sociais, temia-se a possibilidade de não haver alimento para todos. Por esses motivos, o governo resolveu adotar o controle de natalidade compulsório, permitindo um único filho a cada casal. No entanto, a regra apresenta exceções: na zona rural, é permitido o segundo filho.
  Na década de 1980, essa campanha usava frases grosseiras que em nada contribuíam para a conscientização da população. Frases como "um novo bebê significa um novo túmulo", ou "tenha menos crianças e mais porcos" não são mais utilizadas.
Cartaz da década de 1980 que incentivava os casais chineses a terem apenas um filho
  Hoje, a campanha usa frases mais delicadas, como "a mãe Terra está cansada de sustentar tantas crianças", que mostra a preocupação que o governo tem com o sustento dessa crescente população.
  A campanha de filho único tem gerado inúmeros problemas. Muitas crianças, que são "segundo filho" são abandonadas e entregues a orfanatos que, muitas vezes, não oferecem bons cuidados. Além disso, surgiu na China uma verdadeira indústria clandestina de abortos. Essa situação é particularmente grave, pois os casais mais tradicionalistas preferem filhos homens e chegam a pagar por ultrassons clandestinos para saber o sexo do bebê. Eles acreditam que o filho homem trabalha e pode sustentar seus pais na velhice; já as meninas, ao se casarem deixam a casa dos pais, que ficam sem a sua ajuda.
  Essas motivações deixaram marcas na sociedade chinesa. O número de homens já é bem maior que o de mulheres; calcula-se que são necessárias mais de 30 milhões de meninas para equilibrar a situação. Isso sem contar que muitas crianças chinesas que são "segundo filho"não têm registro porque suas mães deram à luz em regiões afastadas e não declararam seu nascimento para o governo. Desse modo, está nascendo e crescendo na China uma enorme massa de pessoas sem nome oficial.
Devido a política do filho único, muitas crianças são abandonadas em orfanatos na China
  Nos últimos anos, o governo chinês tem analisado casos de casais que dispõem de recursos financeiros e gostariam  de ter o segundo filho. Em 2008, vários casais tiveram autorização para ter mais filhos nas zonas atingidas por tragédias como terremotos, que mataram milhares de crianças.
  Desde o fim de 2013 a China adota medidas de relaxamento do controle de natalidade. No dia 29 de outubro de 2015, o governo chinês anunciou o fim da política do filho único, permitindo que agora cada casal tenha até dois filhos, uma reforma que põe fim a mais de 30 anos da política que limitava os nascimentos no país.
  O envelhecimento rápido da população é um dos efeitos secundários mais prejudiciais da política do filho único para a China, pois diminui a mão de obra ativa do país e contribui para elevar o déficit previdenciário com o aumento do número de aposentados. Em 2012, pela primeira vez em décadas, a população em idade ativa caiu. O índice de fecundação no país, de 1,5 filho por mulher, é muito inferior ao nível que garante a renovação geracional.
  A nova política, anunciada pelo Partido Comunista, representa um relaxamento na longa controversa "política do filho único". Com essa medida, espera-se que se regule a idade da população.
O envelhecimento da população chinesa é um dos motivos para o fim da política do filho único
FONTE: G1 (Portal de Notícias da Globo)

terça-feira, 27 de outubro de 2015

INDONÉSIA: O PAÍS COM A MAIOR POPULAÇÃO MUÇULMANA DO MUNDO

  A Indonésia é o maior arquipélago do mundo. São mais de 17 mil ilhas situadas nos oceanos Pacífico e Índico, que se estendem por 5 mil quilômetros no sentido oeste-leste e por 1,5 mil quilômetros no sentido norte-sul.
  A paisagem da Indonésia, marcada pela presença de densas florestas, vulcões e belíssimas praias  tropicais, transformou a região em importante destino turístico. O arquipélago abriga uma das áreas de maior diversidade biológica em todo o mundo. Existem aproximadamente 25 idiomas, 250 dialetos e 4 religiões mais praticadas, sendo o islamismo a que possui o maior número de fiéis.
  Por ser um arquipélago, o país tem fronteiras terrestres com a Malásia (ilha de Bornéu), Timor-Leste (ilha do Timor) e Papua Nova Guiné (na Nova Guiné); e marítimas com as Filipinas, Malásia, Cingapura, Palau, Austrália e Brunei.
  O país é um dos membros fundadores da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) e membro do G-20, possui a 16ª maior economia do planeta e é o quarto país mais populoso do mundo.
Mapa da Indonésia
HISTÓRIA
  A história da Indonésia foi moldada por sua posição geográfica, seus recursos naturais, as grandes migrações humanas, a economia, o comércio, as conquistas e a política. O território da Indonésia é habitado por povos de várias origens, criando uma diversidade de culturas, etnias e idiomas. Os acidentes geográficos do arquipélago e o clima, influenciaram significativamente a agricultura e o comércio, assim como a formação dos estados.
  Restos fossilizados do Homo-erectus, popularmente conhecido como Homem de Java, sugerem que a Indonésia começou a ser habitada entre 500 mil e dois milhões de anos atrás. O Homo-sapiens chegou à região provavelmente há 45 mil anos. Os austronésios, que constituem a maioria da população moderna do país, emigraram para o Sudeste Asiático a partir da ilha de Formosa. Por volta de 2.000 a.C., chegaram à Indonésia e expandiram seus territórios para as ilhas melanésias do oriente.
Bekasi - com uma população de 2.470.293 habitantes (estimativa 2015), é a quarta maior cidade da Indonésia
  Nos princípios do século VIII a.C., as condições agrícolas ideais e o aperfeiçoamento das técnicas do cultivo do arroz permitiram o surgimento de pequenas aldeias e reinos. A posição estratégica da Indonésia estimulou o comércio entre as ilhas e o continente.
  Entre os séculos VII e XIV d.C., formaram-se nas ilhas de Sumatra e Java, vários reinos hindus e budistas. Dois grandes reinos que surgiram nessa época foram o Sriwijaya e Majapahit. Nesse período, o reino budista de Sriwijaya, em Sumatra, cresceu rapidamente, onde no seu auge, controlava desde o oeste até a península Malaia.
Expansão do reino Sriwijaya
  No século XIV, surgiu o reino Majapahit, que conseguiu obter poder sobre o território que é a maior parte da Indonésia atual e sobre quase toda a península Malaia.
  Com a chegada dos comerciantes árabes de Gujarate (Índia) no século XII, o islamismo tornou-se a religião dominante na maior parte do arquipélago indonésio, tendo início pelo norte de Sumatra. Outras áreas da Indonésia gradualmente adotaram o islamismo, o que o tornou a religião dominante em Java e em Sumatra no final do século XVI. O islamismo se misturou a influências culturais e religiosas da região, que moldaram a forma predominante do islamismo na Indonésia, particularmente em Java. Sultanatos islâmicos como o de Mataran e o de Banten se instalaram na região.
  Quando o califado passou para as mãos dos Otomanos, foi iniciado um grande intercâmbio cultural entre as duas partes do oceano Índico e entre o Atlântico e o distante oceano Pacífico. Com a derrota dos safávidas, em Tabriz, e a aliança com os Mogols na Índia, os otomanos abriram as portas para o Extremo Oriente, e as fecharam para o Ocidente.
  O bloqueio comercial otomano provocou uma incansável busca por um caminho para as terras onde eram produzidas as especiarias.
Templo budista Bajang Ratu, na cidade de Mojokerto - Indonésia
  Quando os europeus chegaram à Indonésia, em princípios do século XVI, começaram a dominar os reinos que ali existiam, com o objetivo de monopolizar o comércio das especiarias.
  No século XVII, os holandeses, através da Companhia Holandesa das Índias Orientais, estabeleceram na região a sua colônia, mas não conseguiram ocupar a colônia portuguesa de Timor. Durante a maior parte do período colonial, o controle holandês sobre o arquipélago ficou restrito às zonas costeiras, em uma ocupação que durou até o século XX. As tropas holandesas estavam constantemente envolvidas em sufocar rebeliões. A influência de líderes locais e uma sangrenta guerra em Aceh, que durou trinta anos, debilitaram e reduziram as forças militares holandesas.
Medan - com uma população de 2.219.271 habitantes (estimativa 2015), é a quinta maior cidade da Indonésia
  Durante a Segunda Guerra Mundial, os Países Baixos, que haviam sido ocupados pela Alemanha Nazista, perderam a sua colônia para os japoneses. Com o fim da guerra, Sukarno, que tinha cooperado com os japoneses, declarou a independência da Indonésia, mas os Aliados apoiaram o exército holandês, que objetivava recuperar sua colônia.
  A guerra pela independência, denominada Revolução Nacional da Indonésia, durou mais de quatro anos e envolveu um esporádico, mas sangrento conflito armado interno, levantes políticos e duas grandes intervenções diplomáticas internacionais. As forças holandesas não conseguiram prevalecer sobre os indonésios, sendo expulsos após muita resistência.
  Embora as forças holandesas controlassem vilas, cidades e redutos republicanos em Java e Sumatra, não conseguiram controlar as aldeias e o campo. Assim, a República da Indonésia acabou por prevalecer, tanto através da diplomacia internacional, como através da determinação da Indonésia em conflitos armados em Java e em outras ilhas.
  A revolução terminou em dezembro de 1949, quando, após pressões internacionais, os Países Baixos reconheceram formalmente a independência da Indonésia.
Tangerang - com uma população de 1.902.919 habitantes (estimativa 2015), é a sexta maior cidade da Indonésia
  Entre os anos 1963 e 1965, o Partido Comunista da Indonésia, que mantinha relações secretas com a China comunista de Mao Tsé-tung, elaborou um plano para fortalecer o governo pró-Pequim de Sukarno. A ideia era decapitar o alto comando anticomunista do exército para manter mais da metade do Exército, dois terços da Aeronáutica, e um terço da Marinha alinhados ao Partido Comunista da Indonésia. Em 30 de setembro de 1965, o plano foi colocado em prática e o chefe do Exército e outros cinco generais foram presos e executados.
  Contudo, esse plano fracassou, pois Suharto, um general até então de pouca expressão, estava informado sobre esse plano, esperou a prisão e execução dos generais para, rapidamente, tomar o poder. O golpe de Estado do general Suharto, apoiado pelos Estados Unidos e seus aliados, derrubou o governo do líder populista Sukarno em 1965, sob o pretexto de deter o avanço comunista. Foi um banho de sangue que vitimou mais de 500 mil indonésios supostamente comunistas.
Sukarto (1901-1970) - ex-presidente da Indonésia
  De caráter agressivo, militarista e essencialmente corrupto, a ditadura de Suharto promoveu a repressão e opressão da população. Reforçou, também, a centralização política e o expansionismo, objetivando impedir a diversidade existente no país e reforçar as tensões autônomas opositoras à construção de uma "Grande Indonésia". Com isso, houve conflitos autônomos nas ilhas Molucas, em Sumatra, na Nova Guiné, em Celebes e Bornéu, e fronteiriços com a Malásia e Papua Nova Guiné.
  Suharto foi reeleito cinco vezes e governou o país com a ajuda dos militares mas, com a crise econômica asiática de 1997, o país voltou à rebelião e o presidente foi obrigado a renunciar, entregando o poder ao seu vice-presidente, B. J. Habibie.
Suharto (1921-2008) - ex-presidente da Indonésia
  Nas eleições de 1999 Habibie perdeu para Megawati Sukarnoputri, filha de Sukarto, que não chegou a ser empossada, tendo sido substituída pelo seu partido político por Abdurrahman Wahid. A crise do Timor-Leste provocou a volta de Megawato à presidência em 2001. Em 2004, nas primeiras eleições diretas, foi eleito presidente Susilo Barbang Yudhoyono.
  No dia 26 de dezembro de 2004, uma catástrofe abalou o país. Nesse dia, registrou-se o maior terremoto dos últimos tempos (8,9 na escala de Richter), com o epicentro na ilha de Sumatra. O sismo originou maremotos e tsunamis que assolaram a costa de vários países do Sudeste Asiático, como o Sri Lanka (o mais afetado), seguido da própria Indonésia, Índia, Tailândia, Malásia, Maldivas e Bangladesh, provocando a morte de quase 300 mil pessoas e de um grande número de desabrigados.
Destruição na Indonésia provocado pelo tsunami, em 26 de dezembro de 2004
  Em janeiro de 2015, as relações entre a Indonésia e o Brasil foram afetadas após o fuzilamento do brasileiro Marco Archer, acusado de entrar no país com drogas.
A QUESTÃO DO TIMOR-LESTE
  No final da Segunda Guerra Mundial, a parte oeste da ilha do Timor foi anexada à Indonésia, mas a parte leste da ilha foi mantida sob o controle de Portugal.
  A independência do Timor-Leste só se concretizou em meados de 1975. No final daquele ano, porém, o território foi invadido pelas tropas do ditador Suharto e anexado à Indonésia.
  A população do Timor-Leste, jamais aceitou o domínio da Indonésia, que buscava submetê-la por meio de atos violentos e perseguições, esperando substituir a população timorense por indonésios -  que eram incentivados a migrar para a região.
Localização do Timor-Leste
  Pouco a pouco, o movimento pela independência do Timor-Leste foi crescendo e se organizando. Ao mesmo tempo, a imprensa do mundo inteiro passou a noticiar fatos relacionados à luta pela independência desse território.
  Em consequência, a Indonésia foi pressionada por diversos países a permitir um referendo popular para decidir o futuro do Timor-Leste. Supervisionado pela ONU, o referendo foi realizado em 1999, e 78,5% dos timorenses aprovaram a independência de seu território em relação à Indonésia.
  Inconformados com esse resultado, grupos armados de milicianos indonésios passaram a atacar e matar timorenses e representantes da ONU no território. Dili, a capital do Timor-Leste, foi arruinada, o que levou mais de 100 mil pessoas a se refugiarem nas montanhas do interior e em outros países.
  Os líderes indonésios temem que a independência do Timor-Leste sirva como exemplo para outras etnias nacionalistas e separatistas, o que poderia gerar o desmembramento territorial do país. Muitos indonésios apoiam a formação de um Estado islâmico, religião da grande maioria da população, e consideram as minorias católicas desagregadoras, antipatrióticas e traidoras da Indonésia, fato que gera muitas tensões.
Dili - capital do Timor-Leste
GEOGRAFIA
  Banhada pelo oceano Pacífico a leste e pelo oceano Índico a oeste, a República da Indonésia é formada por 17.508 ilhas, das quais 6 mil são habitadas - sendo as maiores Sumatra, Bornéu e Java -, totalizando uma área de mais de 1,9 milhão de km². Os países limítrofes são: Filipinas, Cingapura, Brunei, Malásia, Papua Nova Guiné, Timor-Leste, Palau e Austrália. Uma característica desse arquipélago é a sua transcontinentalidade, pois ele é uma ligação entre a Ásia e a Oceania.
  O arquipélago da Indonésia é predominantemente montanhoso e vulcânico. Seu clima quente e úmido resulta da forte insolação que atinge as grandes florestas, provocando enorme evapotranspiração. Em alguns trechos, as chuvas superam 3 mil milímetros anuais, permitindo que a floresta - que cobria a maior parte do país antes de ser explorada para retirada de madeira - mantenha-se sempre exuberante, muito parecida com a a Floresta Amazônica. O ponto culminante do país é a Pirâmide Carstensz, com 4.884 metros, que está situado na ilha de Nova Guiné.
Pirâmide Carstensz - ponto culminante da Indonésia
  O lago Toba, localizado na ilha de Sumatra, é o mais extenso do país, com uma área de 1.145 km². Os principais rios do país são: Brantas, Citarum, Mas, Musi, Solo e Siak.
  O rio Brantas está situado na província de Java Oriental. Seu curso tem formato semicircular ou espiral e seu curso tem formato semicircular ou espiral, desaguando no mar de Java. Seu principal afluente é o rio Mas.
  O rio Citarum nasce nas encostas do monte Wayang, na ilha de Java e deságua no mar de Java.
  O rio Citarum é considerado um dos rios mais poluídos do mundo e, atualmente, passa por um processo de despoluição.
Rio Citarum, um dos rios mais poluídos do mundo
  O rio Musi é o mais longo rio da Indonésia, com cerca de 750 quilômetros de comprimento, e drena a maior parte do território da província de Sumatra do Sul. Nasce nos montes Barisan e deságua no estreito de Bankga.
  O rio Solo, também denominado Bengawan Solo, é o segundo mais longo rio da Indonésia, com um comprimento de 600 quilômetros.
  Situando-se entre as placas tectônicas do Pacífico, Euro-Asiática e Indo-Australiana, a Indonésia é um país com muitos vulcões e frequentemente há a ocorrência de terremotos. São cerca de 150 vulcões ativos, incluindo o Krakatoa e o Tambora, famosos por suas erupções devastadoras no século XIX. Entre os desastres causados pela atividade sísmica recente, está o tsunami ocorrido em 26 de dezembro de 2004, que matou cerca de 170 mil pessoas na ilha de Sumatra, e o Sismo de Java, em maio de 2006. Apesar de trazer prejuízos, a cinza vulcânica traz benefícios para o solo, pois fertiliza o mesmo e contribui para a elevada produção agrícola.
Monte Krakatoa
  A Indonésia é o segundo país em número de espécies endêmicas (perdendo apenas para a Austrália), com cerca de 1.531 espécies de aves e 515 espécies de mamíferos e répteis. Dentre essas espécies, encontra-se o dragão-de-komodo ou crocodilo-da-terra, uma espécie de largarto que vive nas ilhas Komodo, Rinca, Gili Motang e Flores, na Indonésia.
Dragão-de-komodo
  O litoral indonésio possui mais de 80 mil quilômetros de praia, sendo cercado por mares tropicais que contribuem para o alto nível de biodiversidade do país, além de conter uma variedade de ecossistemas costeiros, como praias, dunas, estuários, manguezais, recifes de coral, bancos de algas marinhas, lodaçais costeiros, planícies de maré, leitos de algas e ecossistemas de pequenas ilhas.
  A Indonésia é um dos países  do chamado "triângulo de corais", com um dos maiores níveis de diversidade mundial de peixes de recife de corais, com mais de 1.650 espécies registradas apenas no leste do país.
Paisagem da Indonésia
PROBLEMAS AMBIENTAIS
  Ao atrair grandes investimentos, a Indonésia abriu caminho para utilização descontrolada de seus recursos naturais. O país registrou o ritmo mais acelerado de desmatamento no mundo entre 2000 e 2005. Grupos ambientalistas afirmam que, no auge da destruição, desapareceriam áreas florestais equivalentes a 300 campos de futebol por hora. A próxima geração de indonésios não verá nenhuma floresta se o governo não agir para resolver o problema. A Indonésia já perdeu 72% da cobertura vegetal original, e metade da que restou está sob ameaça por causa da extração de madeira, das queimadas e da produção de óleo de palma (dendê).
Área desmatada na Indonésia
  O grupo ambientalista Greenpeace pediu ao governo indonésio que imponha uma proibição temporária da extração de madeira nas florestas do país e acusou as autoridades de não controlarem as ilegalidades e a corrupção no setor florestal.
  A demanda internacional por papel, madeira e óleo de palma é o principal fator por trás da destruição das florestas indonésias, que atualmente cobrem 120,3 milhões de hectares. A Indonésia é um dos maiores produtores mundiais de óleo de palma.
  Por causa do desmatamento, a Indonésia tornou-se um dos maiores emissores mundiais de gases causadores do efeito estufa.
Depok - com uma população de 1.839.407 habitantes (estimativa 2015), é a sétima maior cidade da Indonésia
ECONOMIA
  A Indonésia tem uma economia mista, onde tanto o setor privado quanto o estatal, desempenham papéis importantes. Possui a maior economia do Sudeste Asiático e é membro do G-20, grupo das principais economias do planeta.
  As atividades primárias têm ainda forte peso na economia da Indonésia, mas o crescimento urbano, a recente industrialização e a existência de recursos naturais abundantes, como madeira e petróleo, estão mudando a tradição agrícola do país.
  Cerca de 45% dos trabalhadores indonésios permanecem no campo. Eles mantêm uma produção tradicional que se vale da numerosa mão de obra para dar um tratamento especial e mais cuidadoso às plantações. Essa agricultura de jardinagem garante ao país a autossuficiência em arroz.
  A atividade pesqueira também é usada como forma de sobrevivência por parte da população.
Campos de arroz em terraços, em Bali - Indonésia
  As plantations, uma herança dos colonizadores holandeses, cultivam principalmente seringueiras (para fabricação da borracha), café, chá dendê e tabaco.   O país possui petróleo e gás natural em abundância, de modo que é autossuficiente na produção energética. Outros recursos naturais importantes da Indonésia são o estanho, o cobre, o níquel e a bauxita, além da madeira.
  Essas matérias-primas, juntamente com a liberalização econômica acelerada na década de 1990, têm atraído ao país muitas indústrias estrangeiras, que produzem aço e cimento, entre outros bens de produção, como ligas metálicas, mas também alguns bens de consumo.   Os governantes da Indonésia também deram grande prioridade à exportação desses produtos, o que tem garantido ao país superávits comerciais. Porém, apenas uma parte muito pequena desses lucros é utilizada para a educação e saúde, o que contribui para a baixa qualidade de vida.
  Em consequência da má aplicação dos lucros, a Indonésia possui mais de 17% de sua população vivendo em situação de miséria extrema. Além disso, apenas pouco mais da metade da população é urbana, e o desemprego é bastante alto.
Semarang - com uma população de 1.645.278 habitantes (estimativa 2015), é a oitava maior cidade da Indonésia
  Na década de 1960, a economia indonésia se deteriorou drasticamente por causa da instabilidade política, de um governo jovem e inexperiente, e do nacionalismo econômico, que resultou em pobreza extrema e fome. A inflação atingia quase 1.000% ao ano, houve uma diminuição nas receitas de exportação, a infraestrutura do país estava em ruínas, as fábricas operavam com capacidade mínima e os investimentos eram insignificantes.
  Após a queda do ditador Sukarno, a nova administração nacional promoveu um certo grau de disciplina financeira à política econômica, reduzindo rapidamente os níveis de inflação, estabilizando a moeda local, renegociando a dívida externa e atraindo investimentos estrangeiros.
Palimbão - com uma população de 1.539.690 habitantes (estimativa 2015), é a nona maior cidade da Indonésia
  A Indonésia era o único país do Sudeste Asiático que pertencia à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), mas em 2009 o país deixou de participar desse grupo.
  O país faz parte da Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (Apec), um bloco econômico que tem por objetivo transformar a área do oceano Pacífico numa área de livre comércio.
Makassar - com uma população de 1.416.305 habitantes (estimativa 2015), é a décima maior cidade da Indonésia
CULTURA
  A Indonésia possui cerca de 300 grupos étnicos, cada um com identidades culturais desenvolvidas ao longo de séculos e influenciado por culturas como a indiana, árabe, chinesa e europeia. Danças tradicionais javanesas e balinesas, contêm aspectos da cultura e da mitologia hindu. As influências mais dominantes na arquitetura local têm sido tradicionalmente indiana, entretanto, influências arquitetônicas chinesas, árabes e europeias são bastante significativas.
  A culinária do país varia de acordo com a região. O arroz é o principal alimento básico e é servido com acompanhamento de carnes e legumes. Especiarias (principalmente a pimenta), leite de coco e frango são ingredientes fundamentais na culinária local.
Dançarinas da etnia Dayak, participando de um festival em Jacarta
ALGUNS DADOS DA INDONÉSIA
NOME: República da Indonésia
CAPITAL: Jacarta
Centro de Jacarta - capital da Indonésia
GENTÍLICO: indonésio (a)
LÍNGUA OFICIAL: língua indonésia
GOVERNO: República Presidencialista
INDEPENDÊNCIA: dos Países Baixos
Declarada: 17 de agosto de 1945
Reconhecida: 27 de novembro de 1949
LOCALIZAÇÃO: Sudeste Asiático
ÁREA: 1.904.569 km² (14º)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2015): 255.780.000 habitantes (4°)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 134,29 hab./km² (55°). Obs: a densidade demográfica, densidade populacional ou população relativa é a medida expressa pela relação entre a população total e a superfície de um determinado território.
CRESCIMENTO VEGETATIVO (ONU - Estimativa 2015): 1,16 (114°). Obs: o crescimento vegetativo, crescimento populacional ou crescimento natural é a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade de uma  determinada população.
CIDADES MAIS POPULOSAS (Estimativa 2015):
Jacarta: 10.144.313 habitantes
Jacarta - capital e maior cidade da Indonésia
Surabaya: 2.925.885 habitantes
Surabaya - segunda maior cidade da Indonésia
Bandung: 2.533.775 habitantes
Bandung - terceira maior cidade da Indonésia
PIB (FMI - 2014): US$ 894,854 bilhões (16º). Obs: o PIB (Produto Interno Bruto), representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano).
PIB PER CAPITA (FMI 2014): US$ 9.635 (101°). Obs: o PIB per capita ou renda per capita é o Produto Interno Bruto (PIB) de um determinado lugar dividido por sua população. É o valor que cada habitante receberia se toda a renda fosse distribuída igualmente entre toda a população. 
IDH (ONU - 2014): 0,684 (108°). Obs: o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida oferecida à população. Este índice é calculado com base em dados econômicos e sociais, variando de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país. No cálculo do IDH são computados os seguintes fatores: educação (anos médios de estudos), longevidade (expectativa de vida da população) e PIB per capita. A classificação é feita dividindo os países em quatro grandes grupos: baixo (de 0,0 a 0,500), médio (de 0,501 a 0,800), elevado (de 0,801 a 0,900) e muito elevado (de 0,901 a 1,0).
Mapa do IDH dos países
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2014): 72,2 anos (117º). Obs: a expectativa de vida ou esperança de vida, expressa a probabilidade de tempo de vida média da população. Reflete as condições sanitárias e de saúde de uma população.
TAXA DE NATALIDADE (ONU - 2014): 19,65/mil (99º). Obs: a taxa de natalidade é a porcentagem de nascimentos ocorridos em uma população em um determinado período de tempo para cada grupo de mil pessoas, e é contada de maior para menor.
TAXA DE MORTALIDADE (CIA World Factbook 2014): 6,25/mil (144º). Obs: a taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um índice demográfico que reflete o número de mortes registradas, em média por mil habitantes, em uma determinada região por um período de tempo e é contada de maior para menor.
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2014): 29,97/mil (152°). Obs: a taxa de mortalidade infantil refere-se ao número de crianças que morrem no primeiro ano de vida entre mil nascidas vivas em um determinado período, e é contada de menor para maior.
TAXA DE FECUNDIDADE (Nações Unidas - 2015): 2,36 filhos/mulher (86º). Obs: a taxa de fecundidade refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria do início ao fim do seu período reprodutivo (15 a 49 anos), e é contada de maior para menor.
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2014): 92,8% (115°). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2014): 52,8% (109°). Obs: essa taxa refere-se a porcentagem da população que mora nas cidades em relação à população total.
MOEDA: Rúpia Indonésia
RELIGIÃO: islamismo (87,2%), cristianismo (9,6%), hinduísmo (1,8%), budismo (1%), outras religiões (0,4%).
DIVISÃO: a Indonésia está dividida em 33 províncias (entre as quais três são territórios de regime especial: Aceh e Yogyakarta, e o território de Jacarta). As províncias são subdivididas em distritos, que estão divididas em regências e cidades. As províncias, regências e cidades possuem seus próprios governos locais e órgãos parlamentares.
Mapa da divisão política da Indonésia
FONTE: Tamdjian, James Onnig
Estudos de geografia: o espaço do mundo II. 9º ano / James Onnig Tamdjian, Ivan Lazzari Mendes. - São Paulo: FTD, 2012.

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