terça-feira, 4 de novembro de 2014

A GRANDE DISPUTA PELA ÁSIA CENTRAL

  A Ásia Central é uma região que compreende as estepes, montanhas e desertos entre o leste do mar Cáspio e o centro-oeste da China, o norte do Irã e Afeganistão e o sul da Sibéria, porém, nunca houve uma demarcação oficial da área. As mudanças constantes de clima na região forçaram grandes movimentos migratórios dos seus habitantes, permitindo trazer tribos indo-europeias e hunos para o oeste, arianos e turcos para o norte, entre outros povos. É formada por cinco países: Cazaquistão, Uzbequistão, Tadjiquistão, Turcomenistão e Quirguistão, nos quais predominam populações eslavas e de origem turca, estas últimas majoritariamente islâmicas.
  Essa região também é conhecida como Turquistão, que quer dizer "terra dos turcos", ou turcomanos (povos dos quais se originaram os turcos).
  Nessa região, Estados Unidos, Rússia, União Europeia e China travam uma intrincada batalha pela região em torno do Mar Cáspio. Rica em petróleo e gás natural, marcada por regimes instáveis e disputas religiosas, ela pode ser o centro de grandes conflitos no século XXI.
HISTÓRIA
  A história da Ásia Central tem sido determinada principalmente pelo clima e geografia da região. A aridez da Ásia Central faz com que a prática da agricultura e a sua distância para o mar o torna muito isolada do comércio. Por causa disso, poucas grandes cidades se formaram na região, e a área foi dominada durante milênios pelos povos nômades das estepes.
A aridez marca a paisagem da Ásia Central
  As relações entre os nômades das estepes e as populações sedentárias da Ásia Central têm sido controversas. O estilo de vida nômade era bem adequado para a prática da guerra e os cavaleiros das estepes estavam entre os povos da segunda maior potência militar do mundo, mas foram limitados pela falta de unidade interna.
  O domínio dos nômades terminou no século XVI, quando as armas de fogo permitiram aos povos sedentários controlar a região. Desde então, Rússia, China e outras potências expandiram seus domínios pela região.
  O estilo de vida da região, que havia permanecido praticamente inalterado desde o ano 500 a.C. começou a desaparecer depois do ano 1500. Durante os séculos XIV e XV, desenvolveu-se a navegação e os europeus, que já haviam sido beneficiados com a Rota da Seda, ao encontrar na sua extremidade ocidental sob o governo muçulmano, estabeleceram as primeiras rotas oceânicas, principalmente entre o Leste Asiático, Índia, Europa e Oriente Médio, deixando a Ásia Central de fora desse comércio. A desunião da região após a queda do Império Mongol tornou o comércio pela Rota da Seda mais perigoso e imprevisível, diminuindo essa importante fonte de renda.
Rota da Seda
  O domínio dos nômades diminuiu bastante desde o princípio do século XV, quando os povos sedentários foram gradualmente conquistando a Ásia Central. O último império das estepes foi o dos dzungares, que conquistaram grande parte do Turquestão e da Mongólia.
  No século XVIII, os imperadores da dinastia Manchu, originários da parte leste das estepes, conquistaram a parte ocidental e a Mongólia, assumindo o controle de Xinjiang em 1758. A ameaça mongol tinha acabado e a China anexou grande parte da Mongólia Interior. O domínio chinês atingiu o coração da Ásia Central. Já a Mongólia Exterior e Xinjiang não se tornaram províncias do império chinês, mas eram administradas diretamente pela dinastia Manchu.
Expansão das dinastias chinesas
  No século XIX, a expressão "grande jogo" tornou-se lendária com Kim, romance de Rudyard Kipling, que fazia alusão à disputa das grandes potências para consolidar seus impérios e desarticular os dos rivais. Na época, o que estava em jogo era chamado de "as Índias", a joia da coroa britânica cobiçada pela Rússia imperial. A disputa durou um século e acabou em 1907, quando Londres e São Petersburgo entenderam-se sobre a divisão de suas zonas de influência, com a criação de um Estado amortecedor entre elas: o Afeganistão. O acordo valeu até 1991.
  Durante a Primeira Guerra Mundial, a isenção do serviço militar muçulmano foi removido pelos russos, provocando a Revolta da Ásia Central de 1916, ou Revolta dos Basmachi, uma revolta dos habitantes da Ásia Central contra o Império Russo. Quando a Revolução Russa de 1917 ocorreu, um Governo Provisório de Reformadores Jadid, também conhecido como Conselho de Muçulmanos do Turquestão se reuniram em Kokand e declararam a autonomia do Turquestão. Este novo governo foi rapidamente esmagado pelas forças do Soviete de Tashkent, e os estados semi-autônomos de Bukhara e Khiva também foram invadidos. As principais forças de independência foram rapidamente esmagadas, mas os guerrilheiros conhecidos como Basmachis continuaram a combater os comunistas até 1924.
Tashkent - capital do Uzbequistão
  Depois de ter sido conquistada pelas forças russas, a Ásia Central Soviética experimentou uma onda de reorganização administrativa. Em 1918, os bolcheviques configuraram a República Soviética Socialista Autônoma do Turquestão, e Bukhara e Khiva também se tornaram uma república soviética. Em 1919, a Comissão de Conciliação para os Assuntos do Turquestão é criada, objetivando melhorar as relações entre os habitantes locais e os comunistas. Novas políticas foram introduzidas, respeitando os costumes e a religião.
  Em 1920, a República Socialista Soviética Autônoma do Quirguistão, que abrangia, além do Quirguistão, o Cazaquistão moderno, foi criada, sendo renomeado República Socialista Soviética Autônoma do Cazaquistão em 1925. Em 1924, os soviéticos criaram a República Socialista Soviética do Uzbequistão e a República Socialista Soviética do Turcomenistão. Em 1929, a República Socialista Soviética do Tadjiquistão foi dividido a partir da República Socialista Soviética do Uzbequistão. O Oblast Autônomo do Quirguistão tornou-se uma república socialista em 1936.
Antiga União Soviética
  Essas fronteiras pouco tinham a ver com a composição étnica, mas o soviéticos achavam que era importante dividir a região, pois viam no pan-turquismo e no pan-islamismo como duas ameaças, o que limitava a divisão do Turquestão. Os soviéticos sistematizaram as línguas e culturas locais e, objetivando quebrar o laço existente entre a Ásia Central com o Irã e a Turquia, fecharam a fronteira sul da região, fazendo com que as viagens e o comércio que a região tinha com esses países fossem direcionados para o norte através da Rússia.
  Durante a Segunda Guerra Mundial, os soviéticos transferiram milhões de refugiados e centenas de fábricas para a Ásia Central, já que era uma região relativamente segura, transformando essa área em um importante complexo industrial da União Soviética.
Prisioneiros em um zindan - prisão tradicional da Ásia Central
  De 1988 a 1992, uma imprensa livre e um sistema multipartidário desenvolveu-se nas repúblicas da Ásia Central impulsionados pela perestroika e pela glasnost, reformas que ocorreram na União Soviética e que promoveram a decadência do socialismo e o fim da URSS. Na Ásia Central essas reformas foram chamadas de Primavera da Ásia Central. Com a independência das repúblicas soviéticas, a disputa pela região só tem aumentado, principalmente após a descoberta de petróleo e gás natural.
  Atualmente, embora tenham mudado os métodos e as ideias em nome das quais as potências agiam, o objetivo continua o mesmo. Trata-se de colonizar, de um modo ou de outro, a Ásia Central, a fim de neutralizarem-se uns aos outros. O gás e o petróleo são cobiçados por si próprios, mas também funcionam como um modo de influenciar a região.
Nativo do Turcomenistão com suas roupas tradicionais e seu dromedário
  Desde a queda da União Soviética, os novos Estados independentes veem no petróleo um meio de alimentar o orçamento e reforçar sua independência em relação a Moscou. No final dos anos 1990, a empresa norte-americana Chevron esteve de olho na bacia petrolífera de Tenguiz, uma das maiores do mundo, situada no oeste do Cazaquistão. Em 1993, essa empresa passou a controlar 50% de suas reservas. Do outro lado do mar Cáspio, o presidente do Azerbaijão, Gueidar Aliev assinou, em 1994, o "contrato do século", com empresas petrolíferas estrangeiras, para a exploração do campo Guneshli-Chirag-Azeri.
 Devido a esse acordo, a Rússia começou a pressionar os países da Ásia Central, pois via a perda de importantes reservas de petróleo que estavam a seu favor e a diminuição do seu poder na região. Moscou esperava que a convivência com Aliev fosse melhor do que com seu antecessor, o nacionalista antirrusso Alboulfaz Eltchibey, primeiro presidente do Azerbaijão independente, derrotado por um golpe em junho de 1993, alguns dias antes de assinar importantes contratos com as maiores petrolíferas anglo-saxãs.
Duchambe - capital do Tadjiquistão
  Excelente conhecedor das engrenagens do sistema soviético, Gueidar Aliev, ex-general da KGB (sigla soviética que significa Comitê de Segurança do Estado, principal organização de serviços secretos da ex-URSS) e antigo membro da direção do Partido Comunista, negociou, em segredo, com as petrolíferas russas para preparar o terreno de um acordo com Moscou: a Lukoil (maior empresa petrolífera e pública de capital aberto da Rússia) obteve 10% do consórcio Guneshli-Chirag-Azeri.
ASPECTOS FÍSICOS DA ÁSIA CENTRAL
  Com uma área de aproximadamente 4 milhões de km², a Ásia Central apresenta relevo de planícies e planaltos no leste, além de  montanhas na divisa com o Oriente Médio.
  A vegetação é constituída basicamente por estepes (formação vegetal rasteira dominada por gramíneas em regiões marcadas por baixas precipitações) e espécies típicas de áreas desérticas. Esse tipo de paisagem natural ocorre em razão do predomínio de climas secos, semiáridos e áridos da região.
  Dois grandes rios, o Syr Daria e o Amu Daria, destacam-se na rede hidrográfica da região, que apresenta muitos cursos de água temporários, devido aos baixos índices pluviométricos.
Ponte sobre o rio Syr Daria, no Uzbequistão
DIFICULDADES POLÍTICAS E ECONÔMICAS
  A Ásia Central é marcada por conflitos entre etnias, agravados no passado pela relação comercial desigual com a Rússia. Somados ao clima desfavorável para a agricultura, esses conflitos favoreceram o surgimento de economias e estruturas precárias, marcadas pela instabilidade política e pela miséria da população.
  Como exemplos da precariedade socioeconômica da região, pode-se citar o Quirguistão e o Tadjiquistão, países que ocupam, respectivamente, a 125ª posição (0,628) e a 133ª posição (0,607) no ranking do IDH da ONU (2013).
Astana - capital do Cazaquistão
 ECONOMIA DA ÁSIA CENTRAL
  Com o declínio do socialismo e o fim da União Soviética, abriu-se caminho para que os países da Ásia Central promovessem a proclamação da independência, a partir de 1991. Isso levou os cinco países da Ásia Central a ingressarem na Comunidade dos Estados Independentes (CEI), associação criada por ex-repúblicas da URSS.
  O surto de independência na Ásia Central promoveu diversas mudanças na configuração política e econômica da região. Algumas mudanças ocorreram quase que simultaneamente, como a implantação de processos eleitorais e a abertura da economia, abrindo espaço para a entrada do capitalismo e do capital estrangeiro.
  A configuração da economia da Ásia está largamente ligada ao setor primário, principalmente no segmento da agricultura, pecuária e extrativismo mineral.
Bishkek - capital do Quirguistão
  Na produção agrícola, destaca-se o cultivo de algodão e frutas. Para o desenvolvimento da agricultura emprega-se técnicas de irrigação de maneira intensiva, objetivando garantir a produtividade e o abastecimento interno de alimentos. Na produção pastoril, a região tem como principais criações ovinos e caprinos. A atividade agrícola exerce uma enorme relevância para a composição da Ásia Central.
  Quanto ao extrativismo mineral, a região abriga em seu subsolo jazidas de diversos tipos de minérios, destacando-se o carvão mineral e o minério de ferro, no Cazaquistão e no Quirguistão, e petróleo e gás natural no Uzbequistão, Turcomenistão e Cazaquistão. Existem ainda indústrias de beneficiamento, como as siderúrgicas, petroquímicas, alimentícias e têxteis.
Asgabate - capital do Turcomenistão
O DESASTRE NO MAR DE ARAL
  Situado na Ásia Central, entre o Uzbequistão e o Cazaquistão, o Mar de Aral era o quarto maior mar interior da Terra, com 66.100 km². Suas águas eram renovadas e alimentadas pelos rios Syr Daria e Amu Daria. O desvio da água desses dois rios para projetos de irrigação consumiu 90% da água que chegava ao Aral. O resultado foi desastroso: o mar perdeu mais de 80% do seu volume. O que antes era um grande lago hoje consiste em grandes extensões de areia e sal, transformando em um grande deserto de sal. A concentração de sal dobrou e, com a perda de água, a indústria pesqueira, que empregava cerca de 60 mil pessoas acabou. A maioria de espécies de peixes desapareceu e a fauna que vivia em suas margens foi reduzida significativamente.
Mar de Aral em três décadas distintas
  Em toda a bacia do Aral existem mais de 5 mil lagos, a maior parte na região dos rios Amu Daria e Syr Daria. Sua morte foi prevista há quase 50 anos, quando o então governo soviético desviou os dois rios que alimentavam para irrigar plantios de algodão. Os agrotóxicos poluíram 15% das águas, também castigadas pelos efeitos das barragens de 45 usinas hidrelétricas. A floresta que cercava suas margens praticamente acabou. Dessa forma, o volume da água que chega ao lago não é suficiente para compensar a evaporação diária, o que faz seu nível diminuir a cada ano.
  Com a erosão e a retirada exagerada de água, o Aral recebe anualmente 60 milhões de toneladas de sal carregadas pelos rios. O sal e os pesticidas agrícolas se infiltraram no solo, contaminaram os lençóis freáticos, tornaram impossível a lavoura e elevaram a níveis epidêmicos doenças como o câncer. O Aral pode desaparecer se nada for feito para modernizar os sistemas de irrigação e adotar práticas ambientais menos agressivas.
O lago deu lugar ao Aralkum - um deserto de sal e poluentes sólidos
UM NOVO OLEODUTO EXPRESSA O PROJETO DE DOMINAÇÃO DE WASHINGTON
  Nos anos 1990, para justificar a penetração na bacia do Cáspio, os Estados Unidos começaram a superestimar as reservas de hidrocarbonetos que a bacia continha. Falavam em 243 bilhões de barris e só perdia para a Arábia Saudita. Hoje, estima-se, que tais reservas contenham apenas 50 bilhões de barris de petróleo e 9,1 trilhões de metros cúbicos de gás - ou seja, 4 a 5% das reservas mundiais. Os Estados Unidos só ousaram mentir sobre a quantidade de reservas porque queriam o oleoduto estratégico conhecido como BTC (Baku-Tbilisi-Ceyhan - um dos maiores oleodutos do mundo, que transporta óleo por 1.776 quilômetros, indo de Baiku, no Azerbaijão, até Ceyhan, na Turquia) a qualquer preço.
Oleoduto BTC
  Desde 2002, esse jogo de influências se intensifica. Em favor da guerra contra o terrorismo, travada no Afeganistão desde os atentados de 11 de setembro, os militares norte-americanos intensificam suas ações comerciais e militares na ex-URSS. Washington instalou bases militares no Cazaquistão e no Uzbequistão, prometendo reparti-las assim que os radicais islâmicos fossem erradicados. Quando era presidente dos Estados Unidos, George W. Bush utilizou esse engajamento militar maciço na Ásia Central para selar a vitória da Guerra Fria contra a Rússia, conter a influência da China e manter o cerco em torno do Irã.
  Com o surgimento de novos grupos radicais islâmicos e o aumento da violência no Oriente Médio, os Estados Unidos resolveram permanecer com as bases militares instaladas na Ásia Central.
  Na medida em que Pequim também entra nos negócios da Ásia Central e em que a Europa acelera os projetos de captação de gás no mar Cáspio - após a guerra do gás russo-ucraniana, de janeiro de 2006 - o jogo está bastante complicado. Petróleo, segurança, disputas de influência e batalhas ideológicas: é preciso apostar em todos os cenários para fincar dos dados no "grande jogo".
Dutos de petróleo para a Europa
FONTE: Silva, Ângela Corrêa da. Geografia: contextos e redes / Ângela Corrêa da Silva, Nelson Bacic Olic, Ruy Lozano. - 1. ed. - São Paulo: Moderna, 2013.

domingo, 2 de novembro de 2014

EDUCAÇÃO E MERCADO DE TRABALHO

  Na era da informação e da revolução tecnocientífica, a qualificação da mão de obra incorpora novas habilidades. Antes treinado para exercer funções relativamente simples, o trabalhador agora é chamado a desenvolver habilidades mais elaboradas, dificultadas pela ausência de um sistema educacional mais eficiente.
  De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), existe no mundo 1 bilhão de analfabetos adultos nos países em desenvolvimento, o que torna o analfabetismo um entrave para o ingresso desses países na economia moderna.
  Segundo definição da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), "uma pessoa funcionalmente analfabeta é aquela que não pode participar de todas as atividades nas quais a alfabetização é requerida para uma atuação eficaz em seu grupo e comunidade, e que lhe permitem, também, continuar usando a leitura, a escrita e o cálculo a serviço do seu próprio desenvolvimento e do desenvolvimento da sua comunidade". Esses analfabetos são chamados de analfabetos absolutos. O analfabetismo absoluto designa a condição daqueles que não sabem ler e escrever.
  Atualmente, um dos maiores problemas dos países subdesenvolvidos é o analfabetismo. A luta para reduzir o analfabetismo é antiga e sua supressão tem sido possível. Por isso, a educação é considerada um dos maiores privilégios dos quais o ser humano pode gozar.
Uma boa educação infantil é o primeiro passo para termos uma educação mais eficiente
  Em diversos países, incluindo os ricos, uma parcela importante da população é analfabeta funcional, ou seja, foi alfabetizada mas não é capaz de escrever um texto simples ou mesmo compreender o que está lendo. O analfabeto funcional sente-se, muitas vezes, mais excluído que o analfabeto absoluto, uma vez que mantém expectativas de melhores colocações profissionais, pelo fato de se considerar alfabetizado, e essas expectativas quase nunca se concretizam devido a suas carências. No mercado de trabalho urbano, o domínio da linguagem escrita é exigido até para o exercício de funções relativamente simples.
  Existe um conjunto de fenômenos relacionados que podem ser associados ao termo analfabetismo funcional, como por exemplo, o analfabetismo por regressão, que caracteriza grupos que, tendo alguma vez aprendido a ler e escrever, devido ao não uso dessas habilidades retornam à condição de analfabetos.
 
  Os dados mais recentes sobre analfabetismo funcional no mundo indicam que cerca de 900 milhões de pessoas em idade economicamente ativa não conseguem executar tarefas simples de leitura de manuais ou de bulas de remédios. De acordo com dados da Organização Econômica de Cooperação e Desenvolvimento (OCDE), dos 65 países avaliados em 2012 pelo Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), com um total de 22 milhões de alunos, 39 países não alcançaram os 494 pontos que, segundo o relatório, garantiria a eles a média desejável de compreensão de leitura. O Brasil, ocupava a 58ª, com uma média de 410 pontos, considerado muito inferior à média satisfatória. O relatório aponta também que há uma defasagem de aprendizagem correspondente a dois anos letivos entre os alunos matriculados nas mesmas séries, ao se levar em conta os resultados dos melhores e dos piores colocados no ranking do Pisa.
  O Programa Internacional de Avaliação de Alunos (em inglês Programme for International Student Assessmente - PISA), também chamado popularmente no Brasil de Enem Internacional, é uma rede mundial de avaliação de desempenho escolar, realizado pela primeira vez em 2000 e repetido a cada três anos.
Tabela sobre alguns dados do Pisa - 2012
  A sociedade tecnológica contemporânea produziu ainda um tipo novo de analfabetismo: o digital. As ofertas de emprego na sociedade atual exigem dos candidatos conhecimento e, por muitas vezes, domínios em programas básicos de computação, tais como editores de textos e planilhas de cálculos. O analfabetismo digital é uma expressão relativamente nova e não se associa às letras, mas sim à exclusão digital, ou seja, pessoas que não sabem utilizar ou manusear um computador ou as tecnologias avançadas.
  O analfabetismo digital é o nível de ignorância das novas tecnologias que impedem as pessoas de acessar as oportunidades de interagir com estes, ou seja, navegar na Web, desfrutar da multimídia, promover a socialização através das redes sociais, criação de documentos, entre outros. Além dessas pessoas não terem o acesso direto ao mundo dos computadores, há também aqueles que têm acesso mas não demonstram interesse por este instrumento fundamental e, assim, tornam-se também analfabetos digitais.
Todos àqueles que não têm acesso as novas tecnologias ou que, mesmo tendo, não se interessam em usá-las são considerados analfabetos digitais
  A Literacia Digital (destreza com uma determinada língua, sobretudo no que diz respeito à leitura, escrita e oralidades as quais desempenham um papel preponderante na comunicação e na compreensão de ideias), pretende designar o uso eficaz da tecnologia digital, tal como os computadores, as redes informáticas, os PDA's (Personal Digital Assistant), os telemóveis, entre outros. O conhecimento, tanto do funcionamento destes equipamentos, como dos programas de informática que lhe estão associados, pode ser preponderante para essa eficácia. Conhecer como funciona um determinado equipamento aumenta significativamente a probabilidade de o utilizar mais eficazmente.
Independente da idade, cresce a cada dia o número de pessoas que se interessam pelo acesso ao mundo dos computadores
FONTE: Araújo Regina. Observatório de geografia / Regina Araújo, Ângela Corrêa da Silva, Raul Borges Guimarães. - 1. ed. - São Paulo: Moderna, 2009.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

PORTO RICO: ESTADO ASSOCIADO AOS ESTADOS UNIDOS

  Porto Rico ou Estado Livre Associado de Porto Rico é um território sem personalidade jurídica dos Estados Unidos. Está localizado na parte oriental do mar do Caribe, a leste da República Dominicana e a oeste das Ilhas Virgens Britânicas. É composto por um arquipélago, que inclui a ilha de Porto Rico e uma série de ilhas menores, a maior das quais são Vieques, Culebra e Mona.
  Desde 1947, os porto-riquenhos podiam escolher seu próprio governador. O status político da ilha, de independência ou por se tornar parte dos Estados Unidos, é um assunto de grande debate local. Em 6 de novembro de 2012, durante a realização de um referendo popular, cerca de 65% da população do território aprovou elevar seu status a parte integral do território americano como um Estado, dependendo apenas da aprovação do Congresso dos Estados Unidos.
Localização de Porto Rico
HISTÓRIA
  Em seus primórdios, Porto Rico foi habitado por populações que vieram da região da bacia do Orinoco, situado na América do Sul. Com o passar do tempo e a chegada de outros povos, ali se desenvolveu a chamada cultura taino.
  Conquistado pela Espanha em 1493, a ilha de Porto Rico foi colônia espanhola até 1898. Naquele ano a Espanha foi derrotada pelos Estados Unidos numa guerra de disputa por territórios e teve de abandonar a ilha, anexada em seguida pelos Estados Unidos. Desde então, Porto Rico passou a ser um Estado associado aos Estados Unidos.
  Seguindo uma tendência comum ao processo de colonização, Porto Rico também teve a sua história marcada pela exploração da mão de obra indígena e o desenvolvimento das atividades missionárias da Igreja. A conflituosa relação com os europeus acabou provocando a morte de milhares de nativos. Com o passar do tempo, os espanhóis se viram forçados a importar escravos africanos que também marcaram a formação do povo porto-riquenho.
Quadro que mostra a escravidão em Porto Rico
  Por conta de suas riquezas e a evidente localização estratégica, Porto Rico foi alvo de várias tentativas de invasão por parte de outras nações mercantilistas. Em 1528, um grupo de corsários franceses penetraram no território impondo o saque e a destruição do vilarejo de San Germán, na porção sudoeste do território. Nos fins do século XVI, um grande ataque fora organizado pelos ingleses. No século XVII, os holandeses também organizaram ações militares.
  No século XIX, durante as invasões napoleônicas, a população porto-riquenha se mobilizou em torno de organizações políticas autônomas que deveriam conter o avanço dos franceses. Essas organizações deram passos importantes para a independência política e econômica após empreender a abertura de seus portos.
  Após a queda de Napoleão, o movimento autonomista de Porto Rico se desarticulou com a reconstrução do antigo acordo colonial. Em 1868, uma tentativa de revolução se desenhou com a revolta denominada "Grito de Lares", que provocou uma série de reformas liberais na Espanha e provocou o fim da escravidão.
San Germán - Porto Rico
  Em 1897, o governo espanhol abriu caminho para uma independência relativa ao oficializar a chamada Carta Autonômica. Através desse documento, o comércio com outras nações foi definitivamente liberado. Porém, o governo espanhol assegurava alguns direitos que limitavam essa independência concedida, o que levou alguns grupos favoráveis à independência definitiva acionarem o apoio dos norte-americanos para que o domínio espanhol fosse extinto.
  A partir desse momento, a independência de Porto Rico seria sustentada à custa da intervenção política e econômica dos Estados Unidos. Até as primeiras décadas do século XX, a nação porto-riquenha partilhou a mesma bandeira e moeda dos Estados Unidos.
  A partir de 1917 os nativos de Porto Rico se tornaram cidadãos americanos. Por não fazerem parte da União, os residentes de Porto Rico não podem votar para presidente, mas podem votar nas eleições primárias presidenciais dos Estados Unidos.
  A condição de Estado associado significa que a população de Porto Rico tem cidadania estadunidense. Além disso, as questões mais importantes relativas à defesa, às relações exteriores e à economia são administradas pelos Estados Unidos.
  Desde 1952, os porto-riquenhos podem eleger um governo próprio, que administra o país - de forma restrita - em algumas áreas, como a educação, a saúde e a infraestrutura. Na década de 1950, a ação intervencionista norte-americana foi respondida com uma revolta popular conhecida como o "Grito de Jayuya". Por meio de pesada e violenta ação militar, os Estados Unidos evitaram que o levante se propagasse.
Soldados norte-americanos combatendo os rebeldes durante o Grito de Jayuya
  Tido como "Estado Livre Associado" aos Estados Unidos, muitos porto-riquenhos acreditam que a autonomia do país esteja incompleta. Vários plebiscitos realizados aprovam a manutenção dessa condição política singular. No ano de 2003, autoridades políticas dos Estados Unidos assumiram a existência de uma condição colonial em Porto Rico. Nesse mesmo ano, os Estados Unidos se viram obrigados a desativar uma base militar na cidade de Vieques, após uma bomba lançada de um posto de observação matar um civil. Em 2005, membros do FBI descobriram o esconderijo do líder revolucionário Filiberto Ojeda. Durante troca de tiros ele acabou sendo morto pelos agentes norte-americanos.
  Atualmente, Porto Rico vive uma situação política extremamente contraditória. Uma parte da população acredita que a proximidade com os Estados Unidos oferece um tipo de salvaguarda à condição política e econômica do país. Por outro lado, ações norte-americanas e a demanda por autonomia plena incitam outros a defender uma ruptura definitiva.
Porto-riquenhos protestam nas ruas de San Juan pela independência
ECONOMIA
  A economia do país continua sob controle de empresas estadunidenses. Um exemplo é a grande maioria dos bancos e de outras grandes corporações empresariais dos Estados Unidos que mantém filiais e praticamente monopolizam todos os ramos da economia de Porto Rico.
  Porto Rico possui uma das economias mais dinâmicas e diversificadas da América Latina. Em meados do século XX, a economia porto-riquenha estava dominada pela agricultura, especialmente o cultivo da cana-de-açúcar. A partir da segunda metade desse século, grandes investimentos em infraestrutura e extensos programas de incentivo conseguiram transformar consideravelmente a sua economia. Desde 1960, numerosas empresas transnacionais das indústrias farmacêutica, eletrônica, têxtil, petroquímica e da biotecnologia estabeleceram-se no território porto-riquenho.
  Atualmente, as manufaturas e o setor de serviços - principalmente o turismo - têm substituído a agricultura como principal fonte de divisas. A pecuária bovina e a indústria de laticínios tomaram o lugar da indústria açucareira.
As belezas naturais de Porto Rico são bastante importantes para o turismo
ALGUNS DADOS SOBRE PORTO RICO
NOME: Estado Livre Associado de Porto Rico
CAPITAL: San Juan
Parte de San Juan - capital de Porto Rico
GENTÍLICO: porto-riquenho
LÍNGUA OFICIAL: espanhol e inglês
GOVERNO: Commonwealth (Comunidade Britânica de Nações) e território não incorporado dos Estados Unidos
DEPENDÊNCIA: dos Estados Unidos
Autonomia: 25 de julho de 1952
LOCALIZAÇÃO: parte oriental do Mar do Caribe
ÁREA: 9.104 km (164°)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2013): 3.957.098 habitantes (126°)

DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 434,65 hab./km² (15°)
MAIORES CIDADES (Estimativa 2013):

San Juan: 462.879 habitantes
San Juan - capital e maior cidade de Porto Rico
Bayamón: 263.451 habitantes
Bayamón - segunda maior cidade de Porto Rico
Ponce: 195.412 habitantes
Ponce - terceira maior cidade de Porto Rico
PIB (Banco Mundial - 2013): U$ 98,001 bilhões (58°)
IDH (ONU - 2013): 0,867 (28°)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2012): 78,70 anos (33°)
CRESCIMENTO VEGETATIVO (ONU - 2005/2010): 0,55% ao ano (160°)
TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook - 2013): 1,64 (177°)
MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2012): 7,59/mil (44°). Obs: essa mortalidade é contada de menor para o maior.
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2011): 94,1% (38°) Obs: essa taxa se refere a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
TAXA DE URBANIZAÇÃO (Pnud - 2009/2010): 98% (4°)
PIB PER CAPITA (CIA World Factbook - 2013): U$ 23.500 (33°)
MOEDA: Dólar americano
RELIGIÃO: protestantes (53,9%), católicos (40,6%), espírita (3%), sem religião (2%), outras religiões (0,5%).
DIVISÃO: Porto Rico é dividido em 78 municípios que estão agrupados em oito distritos eleitorais.
Mapa político de Porto Rico
  Os distritos eleitorais com seus respectivos municípios são:
1. Distrito Eleitoral de San Juan - San Juan
2. Distrito Eleitoral de Bayamón - Bayamón, Cataño, Guaynabo e Toa Baixa
3. Distrito Eleitoral de Arecibo - Arecibo, Barcelona, Camuy, Ciales, Dorado, Florida, Hatillo, Manati, Quebradillas, Toa Alta, Vega Alta e Vega Baixa
4. Distrito Eleitoral de Mayaguez - Aguada, Aguadilla, Añasco, Cabo Rojo, Hormigueros, Isabela, Las Marias, Mayaguez, Moca, Rincón, San Germán e San Sebastián
5. Distrito Eleitoral de Ponce - Adjunta, Guanica, Guayanilla, Juyuya, Lajas, Lares, Maricao, Peñuelas, Ponce, Sabana Grande, Utuado e Yauco
6. Distrito Eleitoral de Guayana - Aibonito, Barranquitas, Cayey, Cidra, Coamo, Comerio, Corozal, Guayama, Juana Díaz, Morovis, Naranjito, Orocovis, Salinas, Santa Isabel e Villalba
7. Distrito Eleitoral de Humacao - Aguas Buenas, Arroyo, Caguas, Gurabo, Humacao, Juncos, Las Piedras, Maunabo, Naguabo, Patillas, San Lorenzo e Yabucoa
8. Distrito Eleitoral de Carolina - Canóyanas, Carolina, Ceiba, Culebra, Fajardo, Loíza, Luquillo, Rio Grande, Trujillo Alto e Vieques.
Carolina - quarta maior cidade de Porto Rico
FONTE: Tamdjian, James Onnig. Estudos de geografia: o espaço do mundo I, 8º ano / James Onnig Tamdjian, Ivan Lazzari Mendes. - São Paulo: FTD, 2012.

PORTO RICO: ESTADO ASSOCIADO AOS ESTADOS UNIDOS

  Porto Rico ou Estado Livre Associado de Porto Rico é um território sem personalidade jurídica dos Estados Unidos. Está localizado na parte oriental do mar do Caribe, a leste da República Dominicana e a oeste das Ilhas Virgens Britânicas. É composto por um arquipélago, que inclui a ilha de Porto Rico e uma série de ilhas menores, a maior das quais são Vieques, Culebra e Mona.
  Desde 1947, os porto-riquenhos podiam escolher seu próprio governador. O status político da ilha, de independência ou por se tornar parte dos Estados Unidos, é um assunto de grande debate local. Em 6 de novembro de 2012, durante a realização de um referendo popular, cerca de 65% da população do território aprovou elevar seu status a parte integral do território americano como um Estado, dependendo apenas da aprovação do Congresso dos Estados Unidos.
Localização de Porto Rico
HISTÓRIA
  Em seus primórdios, Porto Rico foi habitado por populações que vieram da região da bacia do Orinoco, situado na América do Sul. Com o passar do tempo e a chegada de outros povos, ali se desenvolveu a chamada cultura taino.
  Conquistado pela Espanha em 1493, a ilha de Porto Rico foi colônia espanhola até 1898. Naquele ano a Espanha foi derrotada pelos Estados Unidos numa guerra de disputa por territórios e teve de abandonar a ilha, anexada em seguida pelos Estados Unidos. Desde então, Porto Rico passou a ser um Estado associado aos Estados Unidos.
  Seguindo uma tendência comum ao processo de colonização, Porto Rico também teve a sua história marcada pela exploração da mão de obra indígena e o desenvolvimento das atividades missionárias da Igreja. A conflituosa relação com os europeus acabou provocando a morte de milhares de nativos. Com o passar do tempo, os espanhóis se viram forçados a importar escravos africanos que também marcaram a formação do povo porto-riquenho.
Quadro que mostra a escravidão em Porto Rico
  Por conta de suas riquezas e a evidente localização estratégica, Porto Rico foi alvo de várias tentativas de invasão por parte de outras nações mercantilistas. Em 1528, um grupo de corsários franceses penetraram no território impondo o saque e a destruição do vilarejo de San Germán, na porção sudoeste do território. Nos fins do século XVI, um grande ataque fora organizado pelos ingleses. No século XVII, os holandeses também organizaram ações militares.
  No século XIX, durante as invasões napoleônicas, a população porto-riquenha se mobilizou em torno de organizações políticas autônomas que deveriam conter o avanço dos franceses. Essas organizações deram passos importantes para a independência política e econômica após empreender a abertura de seus portos.
  Após a queda de Napoleão, o movimento autonomista de Porto Rico se desarticulou com a reconstrução do antigo acordo colonial. Em 1868, uma tentativa de revolução se desenhou com a revolta denominada "Grito de Lares", que provocou uma série de reformas liberais na Espanha e provocou o fim da escravidão.
San Germán - Porto Rico
  Em 1897, o governo espanhol abriu caminho para uma independência relativa ao oficializar a chamada Carta Autonômica. Através desse documento, o comércio com outras nações foi definitivamente liberado. Porém, o governo espanhol assegurava alguns direitos que limitavam essa independência concedida, o que levou alguns grupos favoráveis à independência definitiva acionarem o apoio dos norte-americanos para que o domínio espanhol fosse extinto.
  A partir desse momento, a independência de Porto Rico seria sustentada à custa da intervenção política e econômica dos Estados Unidos. Até as primeiras décadas do século XX, a nação porto-riquenha partilhou a mesma bandeira e moeda dos Estados Unidos.
  A partir de 1917 os nativos de Porto Rico se tornaram cidadãos americanos. Por não fazerem parte da União, os residentes de Porto Rico não podem votar para presidente, mas podem votar nas eleições primárias presidenciais dos Estados Unidos.
  A condição de Estado associado significa que a população de Porto Rico tem cidadania estadunidense. Além disso, as questões mais importantes relativas à defesa, às relações exteriores e à economia são administradas pelos Estados Unidos.
  Desde 1952, os porto-riquenhos podem eleger um governo próprio, que administra o país - de forma restrita - em algumas áreas, como a educação, a saúde e a infraestrutura. Na década de 1950, a ação intervencionista norte-americana foi respondida com uma revolta popular conhecida como o "Grito de Jayuya". Por meio de pesada e violenta ação militar, os Estados Unidos evitaram que o levante se propagasse.
Soldados norte-americanos combatendo os rebeldes durante o Grito de Jayuya
  Tido como "Estado Livre Associado" aos Estados Unidos, muitos porto-riquenhos acreditam que a autonomia do país esteja incompleta. Vários plebiscitos realizados aprovam a manutenção dessa condição política singular. No ano de 2003, autoridades políticas dos Estados Unidos assumiram a existência de uma condição colonial em Porto Rico. Nesse mesmo ano, os Estados Unidos se viram obrigados a desativar uma base militar na cidade de Vieques, após uma bomba lançada de um posto de observação matar um civil. Em 2005, membros do FBI descobriram o esconderijo do líder revolucionário Filiberto Ojeda. Durante troca de tiros ele acabou sendo morto pelos agentes norte-americanos.
  Atualmente, Porto Rico vive uma situação política extremamente contraditória. Uma parte da população acredita que a proximidade com os Estados Unidos oferece um tipo de salvaguarda à condição política e econômica do país. Por outro lado, ações norte-americanas e a demanda por autonomia plena incitam outros a defender uma ruptura definitiva.
Porto-riquenhos protestam nas ruas de San Juan pela independência
ECONOMIA
  A economia do país continua sob controle de empresas estadunidenses. Um exemplo é a grande maioria dos bancos e de outras grandes corporações empresariais dos Estados Unidos que mantém filiais e praticamente monopolizam todos os ramos da economia de Porto Rico.
  Porto Rico possui uma das economias mais dinâmicas e diversificadas da América Latina. Em meados do século XX, a economia porto-riquenha estava dominada pela agricultura, especialmente o cultivo da cana-de-açúcar. A partir da segunda metade desse século, grandes investimentos em infraestrutura e extensos programas de incentivo conseguiram transformar consideravelmente a sua economia. Desde 1960, numerosas empresas transnacionais das indústrias farmacêutica, eletrônica, têxtil, petroquímica e da biotecnologia estabeleceram-se no território porto-riquenho.
  Atualmente, as manufaturas e o setor de serviços - principalmente o turismo - têm substituído a agricultura como principal fonte de divisas. A pecuária bovina e a indústria de laticínios tomaram o lugar da indústria açucareira.
As belezas naturais de Porto Rico são bastante importantes para o turismo
ALGUNS DADOS SOBRE PORTO RICO
NOME: Estado Livre Associado de Porto Rico
CAPITAL: San Juan
Parte de San Juan - capital de Porto Rico
GENTÍLICO: porto-riquenho
LÍNGUA OFICIAL: espanhol e inglês
GOVERNO: Commonwealth (Comunidade Britânica de Nações) e território não incorporado dos Estados Unidos
DEPENDÊNCIA: dos Estados Unidos
Autonomia: 25 de julho de 1952
LOCALIZAÇÃO: parte oriental do Mar do Caribe
ÁREA: 9.104 km (164°)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2013): 3.957.098 habitantes (126°)

DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 434,65 hab./km² (15°)
MAIORES CIDADES (Estimativa 2013):

San Juan: 462.879 habitantes
San Juan - capital e maior cidade de Porto Rico
Bayamón: 263.451 habitantes
Bayamón - segunda maior cidade de Porto Rico
Ponce: 195.412 habitantes
Ponce - terceira maior cidade de Porto Rico
PIB (Banco Mundial - 2013): U$ 98,001 bilhões (58°)
IDH (ONU - 2013): 0,867 (28°)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2012): 78,70 anos (33°)
CRESCIMENTO VEGETATIVO (ONU - 2005/2010): 0,55% ao ano (160°)
TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook - 2013): 1,64 (177°)
MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2012): 7,59/mil (44°). Obs: essa mortalidade é contada de menor para o maior.
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2011): 94,1% (38°) Obs: essa taxa se refere a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
TAXA DE URBANIZAÇÃO (Pnud - 2009/2010): 98% (4°)
PIB PER CAPITA (CIA World Factbook - 2013): U$ 23.500 (33°)
MOEDA: Dólar americano
RELIGIÃO: protestantes (53,9%), católicos (40,6%), espírita (3%), sem religião (2%), outras religiões (0,5%).
DIVISÃO: Porto Rico é dividido em 78 municípios que estão agrupados em oito distritos eleitorais.
Mapa político de Porto Rico
  Os distritos eleitorais com seus respectivos municípios são:
1. Distrito Eleitoral de San Juan - San Juan
2. Distrito Eleitoral de Bayamón - Bayamón, Cataño, Guaynabo e Toa Baixa
3. Distrito Eleitoral de Arecibo - Arecibo, Barcelona, Camuy, Ciales, Dorado, Florida, Hatillo, Manati, Quebradillas, Toa Alta, Vega Alta e Vega Baixa
4. Distrito Eleitoral de Mayaguez - Aguada, Aguadilla, Añasco, Cabo Rojo, Hormigueros, Isabela, Las Marias, Mayaguez, Moca, Rincón, San Germán e San Sebastián
5. Distrito Eleitoral de Ponce - Adjunta, Guanica, Guayanilla, Juyuya, Lajas, Lares, Maricao, Peñuelas, Ponce, Sabana Grande, Utuado e Yauco
6. Distrito Eleitoral de Guayana - Aibonito, Barranquitas, Cayey, Cidra, Coamo, Comerio, Corozal, Guayama, Juana Díaz, Morovis, Naranjito, Orocovis, Salinas, Santa Isabel e Villalba
7. Distrito Eleitoral de Humacao - Aguas Buenas, Arroyo, Caguas, Gurabo, Humacao, Juncos, Las Piedras, Maunabo, Naguabo, Patillas, San Lorenzo e Yabucoa
8. Distrito Eleitoral de Carolina - Canóyanas, Carolina, Ceiba, Culebra, Fajardo, Loíza, Luquillo, Rio Grande, Trujillo Alto e Vieques.
Carolina - quarta maior cidade de Porto Rico
FONTE: Tamdjian, James Onnig. Estudos de geografia: o espaço do mundo I, 8º ano / James Onnig Tamdjian, Ivan Lazzari Mendes. - São Paulo: FTD, 2012.

ADSENSE

Pesquisar este blog