sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

O TURISMO E SUA IMPORTÂNCIA

  De acordo com a Organização Mundial do Turismo, o termo turismo refere-se as atividades que as pessoas realizam durante suas viagens e permanência em lugares distintos dos que vivem, por um período de tempo inferior a um ano consecutivo, com fins de lazer, negócios e outros.
  Turista é um visitante que se desloca voluntariamente pelo período de tempo igual ou superior a vinte e quatro horas para o local diferente de sua residência e do seu trabalho, sem, este por motivação, a obtenção de lucro.
  O turismo é uma atividade econômica relacionada às características geográficas do lugar: paisagem natural (condições ambientais, como clima, vegetação, formas de relevo, rios, proximidade do oceano) e cultural (arquitetura, museus, eventos culturais, feiras comerciais, conferências internacionais etc.).
Símbolo popular para designar o turismo
  As atividades econômicas relacionadas ao turismo incorporam o espaço geográfico pelo seu valor paisagístico, ou seja, pelo valor em virtude da importância histórico-cultural ou natural, para transformá-lo em um espaço de consumo.
  Existe duas linhas de pensamentos sobre o turismo. A primeira é que o turismo representa o ócio, o descanso, a cultura, a saúde, os negócios ou relações familiares. Esses deslocamentos se distinguem por sua finalidade dos outros tipos de viagens motivados por guerras, movimentos migratórios, conquista, comércio etc. Assim, o turismo possui antecedentes históricos claros, que veio se concretizar com a Revolução Industrial.
  A segunda linha de pensamento se baseia em que o turismo se iniciou com a Revolução Industrial, pois os deslocamentos nessa época tinham o intuito do lazer, onde o trabalhador buscava descanso para fugir das longas jornadas de trabalho ao qual eram submetidos.
A Revolução Industrial foi o pontapé inicial para o desenvolvimento da indústria do turismo
  Ao ser dotado de belezas naturais, de expressões artísticas e culturais e de aspectos singulares, a paisagem exerce forte poder de atração e sedução sobre turistas e visitantes. Porém, há casos destinados ao turismo produzidos de modo artificial, independentemente de sua história, de seu contexto cultural ou de sua paisagem natural.
  Um desses exemplos é a estátua de Santa Rita de Cássia, localizada no município de Santa Cruz, no Rio Grande do Norte. A estátua de Santa Rita de Cássia é a maior estátua do continente americano e a maior imagem católica do planeta. Possui 56 metros e a obra foi feita graças à um convênio da cidade com o governo federal, que liberou recursos do Ministério do Turismo. O objetivo da construção da estátua foi unir a religiosidade do povo ao fomento do turismo local.
Estátua de Santa Rita de Cássia, em Santa Cruz - RN
  O turismo na sua enorme complexidade reveste-se de tríplice aspecto com incidências territoriais específicas em cada um deles. Trata-se de fenômeno que apresenta áreas de dispersão (emissoras), áreas de deslocamento e áreas de atração (receptoras). É nestas que se manifesta materialmente o espaço turístico ou se reformula o espaço anteriormente ocupado. É aqui também que se dá de forma mais acentuada o consumo do espaço.
  A dificuldade para definir-se o espaço turístico está basicamente em captar o peso ou a força que essa atividade exerce na produção do espaço. Distinguem-se facilmente os espaços de vocação turística, como os parques nacionais, apesar de neles o turismo ser uma atividade intensamente explorada, não foi esta que os produziu. Por outro lado encontram-se espaços produzidos pelo turismo e para o turismo, apesar da ausência de quase todos os fatores apontados como favoráveis para a produção do espaço turístico.
  Um desses exemplos é o município de Carnaúba dos Dantas, localizado na região do Seridó, no Rio Grande do Norte. Apesar de ser uma cidade pequena (pouco mais de 7.500 habitantes), o município atrai todos os anos um grande números de turistas graças as suas atrações, como o Monte do Galo, um santuário religioso encravado no meio das serras que fazem parte do Planalto da Borborema, e os inúmeros sítios arqueológicos, onde contém figuras rupestres relatando a vida dos habitantes que viveram na região em um período que varia entre 5.000 a 9.000 anos, além do Castelo Di Bivar, um castelo estilo medieval, onde foram gravadas cenas do filme O homem que desafiou o diabo.
Castelo Di Bivar, em Carnaúba dos Dantas - RN
  Da mesma forma que pode ser visto como uma atividade de consumo do próprio espaço geográfico, por pessoas que estabelecem uma relação passageira com ele, o turismo depende que esse espaço seja produzido para que possa desenvolver-se como atividade econômica. Assim, a atividade turística depende de diversos fatores, como infraestrutura, equipamentos e serviços especializados e ação do marketing. Hotéis, resorts, parques temáticos, guias e agências de viagens formam uma complexa rede de interesses.
  O papel do Estado é fundamental no planejamento e na criação de infraestrutura adequada, como estradas, aeroportos, portos e rede de água e esgoto, para atender ao volume de população que se estabelece temporariamente nos locais turísticos. As festas de padroeiros, que se realizam em praticamente todas as cidades brasileiras, é um exemplo prático do turismo de eventos que contam sempre com o apoio do poder público para sua realização.
Procissão do Círio de Nazaré, em Belém - PA
  Atualmente, o conjunto das atividades relacionadas ao turismo é um dos principais negócios do mundo e tem sido uma das atividades que mais cresceu nas duas últimas décadas. O faturamento do turismo nesse período coloca o setor ao lado da indústria petrolífera, automobilística, de armamentos e dos serviços financeiros.
  A Europa é o mais importante destino turístico do mundo, por causa de seus atrativos históricos e culturais: monumentos (como o Stonehenge, na Inglaterra); museus (como o Louvre, na França, o Guggenheim na Espanha, e o Museu de História da Arte, na Áustria); arquitetura (como o edifício Gaudí, na Espanha, e a Capela Sistina, na Itália); os espaços públicos (como as diversas praças de Roma e o Vaticano); e sítios arqueológicos (como as ruínas gregas). A costa mediterrânea é bastante procurada nos meses de verão, principalmente pelos próprios europeus, e os Alpes, cobiçados durante o inverno.
Acrópole de Atenas, na Grécia
  O continente europeu também possui infraestrutura de altíssima qualidade para receber o grande fluxo anual de turistas, que, em alguns países, supera em volume a própria população residente. Os países mais visitados são França, Espanha, Itália, Reino Unido e Alemanha.
  Na França, o principal ponto turístico é a Torre Eiffel. Essa torre é uma estrutura metálica situada na capital do país, Paris. Foi construída entre 1887 e 1889 para representar o desenvolvimento tecnológico durante uma exposição, e também para comemorar os cem anos da Revolução Francesa. Este monumento possui 317 metros de altura com aproximadamente 10 mil toneladas de metal. Na parte inferior, abriga museu, restaurantes e lojas. É um dos pontos turísticos mais visitados da Europa.
Torre Eiffel, em Paris - França
  A Inglaterra, em especial Londres, é um dos principais destinos turísticos da Europa. A capital britânica é um popular ponto turístico. O turismo é um dos principais setores econômicos da cidade. Londres atrai mais de 14 milhões de turistas anualmente, o que torna a cidade mais visitada da Europa. As principais atrações de Londres são os diversos museus existentes na cidade, a Torre de Londres, o rio Tâmisa, o London Eye (a famosa roda-gigante) e os Palácios de Westminster (onde se localiza o Big Ben) e Buckingham.
  Outro ponto interessante na Inglaterra são suas paisagens rurais, o famoso campo da Inglaterra e suas cidades atraentes, repleta de pequenas pousadas de interior, típicas tavernas, fazendas e mansões, além de suas paisagens maravilhosas e as universidades de Oxford e Cambridge.
Londres - Inglaterra
  A Alemanha possui uma grande diversidade natural e cultural, apresentando-se como um dos mais populares destinos turísticos do mundo. De castelos, vilas com ambientes campestres, vales alpinos, praias e lagos intocados para o eterno festival urbano de cidades, a Alemanha é uma combinação singular de encanto, muito cosmopolita e com um estilo de vida única. Esse país pode ser visitado em qualquer época do ano, graças as atrações e festivais que se realizam em todas as estações do ano.
  A Alemanha é uma gloriosa nação mergulhada na história, arte e cultura, com muitos lugares interessantes para explorar. Dentre os locais mais visitados no país estão a Catedral de Colônia, os Castelos de Neuschwanstein e Hohenschwangau, na Baviera, o Portão de Brandemburgo, em Berlim, os palácios e jardins de Postdam, a Igreja de Nossa Senhora de Dresden, entre outros.
Catedral de Colônia, Alemanha - Patrimônio Mundial da Unesco
  O turismo na Espanha é uma das principais bases da economia do país. A variedade de costumes, cultura, gastronomia e o clima são os principais fatores que contribuem para o sucesso nesta área.
  Em décadas anteriores promovia-se quase exclusivamente o turismo de sol e praia, graças ao clima, que é bastante quente, mais temperado e ensolarado do que o de outros países europeus. As temperaturas no verão variam entre 20ºC e 40ºC, e em algumas regiões do país têm mais de 300 dias de sol, com verões geralmente secos.
  A cidade mais visitada da Espanha é Barcelona, sendo também a décima mais visitada do mundo. Outras cidades bastante visitadas no país são Madri, a capital, Valência, Sevilla, San Sebastián e Málaga.
Barcelona - cidade mais visitada da Espanha
  A Itália é o terceiro país mais visitado por turistas estrangeiros na Europa, perdendo apenas para a França e a Espanha. O turismo é a principal fonte de renda de várias cidades italianas como Roma, Nápoles e Veneza. O país é um destino que encanta turistas com suas belas paisagens, sua riqueza histórica e cultural, além de sua deliciosa gastronomia. São diversos museus, parques, monumentos históricos, castelos, prédios antigos, entre outros.
  Dentre os principais pontos turísticos, se destacam: o Coliseu de Roma, o Templo de Saturno, o Templo de Apolo Sosiano, o Castelo de Santo Ângelo e os Palácios Imperiais do Palatino em Roma, a Basílica São Pedro no Vaticano, a Basílica de São Lourenço e o Teatro di Milano em Milão, a Basílica de São Marcos e os Canais de Veneza em Veneza, o Centro Histórico, a Catedral e a Basílica de Santa Maria Novella em Florença, a Igreja de São Lourenço Maggiore e as Ruínas da Vila Imperial de Pausilypon em Nápoles, entre outros.
Roma - capital e cidade mais visitada da Itália
  Individualmente, os Estados Unidos também são um grande receptor mundial de turistas, obtendo a maior entrada de divisas com o setor: o país fica com notável parte de toda a receita obtida mundialmente com o turismo internacional.
  Os Estados Unidos são o terceiro país mais visitado por turistas estrangeiros no mundo, perdendo apenas para a Espanha e para a França. Anualmente, são cerca de 65 milhões de turistas estrangeiros que visitam o país. A maior parte deles vêm do Canadá e do México. O país possui cerca de 350 parques nacionais ou sítios históricos. Estes parques e sítios recebem em média 287 milhões de turistas - domésticos ou estrangeiros - todos os anos. As cidades mais visitadas pelos turistas são: Nova York, Los Angeles, Miami, Orlando, San Francisco, Filadélfia, Chicago e Honolulu, no Havaí.
Nova York - um dos lugares mais visitados dos Estados Unidos
  O ecoturismo é um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações envolvidas.
  O ecoturismo é uma modalidade turística que tem se desenvolvido muito, principalmente a partir de 1970, quando a discussão sobre questões ambientais se transformaram em temática internacional, sensibilizando pessoas de todo o mundo. Apesar desse crescimento, esse tipo de turismo ainda representa uma fatia pequena do destino turístico internacional. Embora lento, o seu crescimento tem sido progressivo, e muito investimento vem sendo feito internacionalmente para explorar esse potencial.
O ecoturismo é um dos segmentos do turismo que mais tem crescido nos últimos anos
  Na América Latina, o ecoturismo é promovido muitas vezes por empresas não especializadas ou por guias improvisados, que levam os turistas a programas sem nenhuma preocupação com a preservação ambiental, fundamental nesse tipo de atividade. Assim, permitem que os visitantes joguem lixo pelo caminho, capturem animais, façam fogueiras na mata ou retirem pedaços de formações rochosas de uma caverna.
  O Brasil tem mostrado avanços na prática do ecoturismo voltado à preservação ambiental, com capacitação de monitores, criação de programas de educação ambiental e ações cautelosas em parques e reservas, a fim de coibir o turismo predatório.
Cachoeira do Roncador, em Borborema - PB
O TURISMO NO BRASIL
  A indústria do turismo não pode ser analisada apenas sob a ótica de geração de empregos ou de uma nova possibilidade econômica, em que alguns países não conseguem explorar todo o seu potencial. Outras questões devem ser consideradas, entre elas os efeitos ambientais e sociais.
  Do ponto de vista social, no Brasil existem questões relativas à exploração do trabalho infantil, ao uso do trabalho temporário - muito comum nas regiões onde a atividade turística varia conforme a estação do ano - e ao turismo sexual, com exploração da prostituição, inclusive de crianças e adolescentes.
O turismo sexual é um dos pontos negativos da atividade turística
  Do ponto de vista ambiental devem-se considerar questões referentes à transformação de espaços com natureza relativamente bem conservada e que passam a ser explorados comercialmente, com a construção de casas de veraneio e hotéis, sem que haja cuidado com os impactos ambientais; ao desenvolvimento do ecoturismo em unidades de conservação sem o respeito a determinados critérios que promovam a preservação da fauna e da flora e a manutenção do equilíbrio dos ecossistemas naturais, inclusive marinhos; à intensificação da atividade turística em diversos municípios, sem que haja uma ampliação da infraestrutura de saneamento básico; ao aumento do tráfico de veículos nas regiões turísticas, entre outros.
Pedra da Boca, em Araruna - PB
  O país ainda esbarra em questões básicas de infraestrutura, como a falta de sinalização nas estradas, violência urbana e problemas de limpeza. As grandes metrópoles, como Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador, deixam de atrair muitos turistas estrangeiros, que temem pela sua segurança. Além disso, do ponto de vista do turismo internacional, o país tem poucos profissionais que falam outros idiomas.
A falta de manutenção das rodovias prejudica o desenvolvimento do turismo
  Já o turismo interno é inacessível à maior parte dos brasileiros, tanto no que diz respeito ao turismo tradicional quanto ao ecoturismo. A fim de reverter esse quadro, num país com dimensões continentais, diversidade natural e cultural e elevado potencial turístico, os governantes vêm realizando investimentos para estimular o turismo doméstico em regiões como a Amazônia, o Pantanal, as Chapadas - do Guimarães (MT), Diamantina (BA), dos Veadeiros (GO) -, as Cataratas do Iguaçu e as cidades históricas mineiras e nordestinas.
  Como resultado desse processo, o crescimento do turismo doméstico nos últimos anos tem sido bastante significativo. Entre outros motivos que levam a isso estão o parcelamento de pacotes de viagem por parte das agências, os investimentos governamentais e o aumento da renda do cidadão da classe média.
Rio de Janeiro - uma das cidades mais visitadas do Brasil
  O mercado interno também tem se estruturado para receber o turista, tanto nacional quanto estrangeiro, em localidades de grande interesse, como a costa do Nordeste, São Paulo e Rio de Janeiro, apesar do problema da violência e da falta de segurança, são cidades globais e que estimulam o turismo de negócios. Ambas as cidades possuem grandes hotéis, sedes empresariais, universidades e centros de pesquisa e de conferência.
Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás
  A realização de grandes eventos esportivos, na década de 2010, como os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo, além de exigir a melhoria na infraestrutura interna, irá promover a projeção do país no cenário internacional, contribuindo para o maior ingresso de turistas de outros países.
Foz do Iguaçu - PR
FONTE: Lucci, Elian Alabi. Território e sociedade no mundo globalizado: geografia: ensino médio, volume 3 / Elian Alabi Lucci, Anselmo Lázaro Branco, Cláudio Mendonça. 1. ed. -- São Paulo: Saraiva, 2010.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

A IGREJA CRISTÃ ORTODOXA

  A Igreja Ortodoxa, também conhecida como Igreja Católica Ortodoxa Grega ou Igreja Cristã Ortodoxa, é uma igreja cristã resultado da divisão da Igreja Católica Apostólica Romana. Essa divisão foi fruto da separação do Império Romano, quando o imperador Teodósio dividiu o império em Império Romano do Ocidente, com sede em Roma, e Império Romano do Oriente, também conhecido como Império Bizantino devido sua capital fazer parte da antiga colônia grega de Bizâncio, Constantinopla, atual Istambul.
  Dentro dos limites do Império Bizantino existiam povos de diversas origens: gregos, egípcios, asiáticos, semitas e eslavos. Assim como Roma, a antiga Bizâncio uniu diferentes povos, por meio de uma língua - o grego - e de uma determinada maneira de sentir e pensar.
Divisão do Império Romano
  O cristianismo era o grande elo entre esses povos do Império. A igreja cristã oriental era diferente da ocidental. Influenciados pela filosofia grega, os bizantinos não se contentavam em apenas seguir  a religião. Eles refletiam e discutiam constantemente sobre as questões religiosas. A palavra grega ekklesia era interpretada e vivida no seu sentido literal de comunidade.
  A divergência entre as duas igrejas eram tantas que, após vários atritos, ocorreu, em 1054, uma divisão do cristianismo em: Igreja Católica Apostólica Romana, cujo chefe supremo é o papa; Igreja Cristã Ortodoxa Grega, comandada pelo Patriarca. Essa divisão do cristianismo ficou conhecida como Cisma do Oriente.
Emblema na sede do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, em Istambul - Turquia
  O distanciamento entre as duas Igrejas cristãs tem formas culturais e políticas bastante profundas, cultivadas ao longo dos séculos. Uma diferença marcante entre as duas igrejas resultou da ocupação do oeste pelos invasores bárbaros, enquanto o leste permaneceu herdeiro do mundo clássico. Enquanto a cultura ocidental foi-se paulatinamente transformada pela influência de povos como os germanos, o Oriente permaneceu ligado à tradição da cristandade helenística. Era chamada Igreja de tradição e rito grego.
  Houve várias tentativas de reunificação, principalmente nos Concílios Ecumênicos de Lyon (1274) e Florença (1439), mas essas tentativas fracassaram.
Bula de União da Igreja Católica com a Igreja Ortodoxa Grega
DOUTRINAS DA IGREJA ORTODOXA
  A corrente ortodoxa declara que representa a visão correta, fundada em princípios sistemáticos e científicos. Os cristãos ortodoxos são os que professam toda a doutrina da fé cristã de acordo com o magistério da Igreja. Se apoderaram da designação da Igreja bizantina depois do cisma que os opôs a Roma e se autoproclamaram depositários da fé verdadeira em oposição à Igreja latina.
  A Igreja Ortodoxa se vê como a verdadeira igreja criada por Jesus Cristo, além de não reconhecerem o Papa como autoridade. Para os cristãos ortodoxos, não existe purgatório e não acreditam na virgindade de Maria após a concepção. Na Igreja Ortodoxa, os padres são liberados para o casamento, desde que este tenha ocorrido antes da sua conversão, e apenas os bispos são obrigados a manter o celibato. Os cristãos ortodoxos não aceitam os dogmas católicos e nem consideram válidos os sacramentos.
  A Igreja Ortodoxa chegou ao Brasil em 1904, e a primeira instituição foi criada em São Paulo, em 1954.
Catedral Metropolitana Ortodoxa, em São Paulo - SP
  A Igreja Ortodoxa encontra-se espalhada por todo o mundo, congregando mais de 350 milhões de fiéis.
DIFERENÇAS ENTRE A IGREJA CATÓLICA (OCIDENTE) E A ORTODOXA (ORIENTE)
  Dentre algumas diferenças entre a Igreja Católica e a Ortodoxa, destacam-se:
  • A espiritualidade ocidental-romana tende a colocar o indivíduo acima da comunidade, enquanto a espiritualidade ortodoxa age, instintivamente, de maneira oposta.
  •  O Ocidente encara a matéria e o espírito como irremediavelmente separados e opostos entre si, enquanto o Oriente desconhece essa oposição, trazendo aos mais sagrados atos de comunhão com Deus.
  • A Igreja Ortodoxa celebra normalmente uma Liturgia com mais de 1.500 anos de existência; a Igreja Romana celebra cerimônias sucessivamente sujeitas a alterações, quer no texto, quer na forma.
  • A Igreja Romana tem como chefe supremo o Papa. Para a Igreja Ortodoxa o único chefe de Igreja é Cristo.
  • O batismo na Igreja Católica é feito por aspersão da água, enquanto o batismo ortodoxo é feito por tripla imersão completa do corpo na água.
  • Na Igreja Ortodoxa utiliza-se apenas a voz humana no louvor a Deus, enquanto que na Igreja Romana, foi adotada toda a espécie de instrumentos musicais.
Catedral de San Sava, da Igreja Ortodoxa Sérvia, em Belgrado
FUNCIONAMENTO
  A Igreja Ortodoxa é formada por diversas jurisdições eclesiásticas que professam a mesma fé, mesmo com algumas diferenças culturais, praticam basicamente os mesmos ritos. O chefe espiritual das Igrejas Ortodoxas é o Patriarca de Constantinopla, embora este seja um título mais honorífico, uma vez que os patriarcas de cada uma dessas igrejas são independentes. A maior parte das Igrejas ortodoxas, todas elas em comunhão umas com as outras, usam o rito bizantino.
  Para os ortodoxos, o chefe único da Igreja, sem intermediários, representantes ou legatários, é o próprio Jesus Cristo. A autoridade suprema na Igreja Ortodoxa é o Santo Sínodo Ecumênico, que se compõe de todos os patriarcas chefes das igrejas autocéfalas - ou seja, o bispo cabeça de uma Igreja não se reporta a nenhum outro bispo superior que tenha autoridade sobre outras Igrejas - e os arcebispos-primazes (arcebispos cuja sede e circunscrição são as mais antigas de um país ou região) das igrejas autônomas, que se reúnem após o chamado do Patriarca Ecumênico de Constantinopla.
Bartolomeu I - atual Patriarca Ecumênico de Constantinopla
  A autoridade suprema regional em todos os patriarcados autocéfalos e igrejas ortodoxas autônomas é da competência do Santo Sínodo Local. Uma igreja autocéfala possui o direito de resolver todos os seus problemas internos com base na sua própria autoridade, tendo também o direito de remover seus próprios bispos, incluindo o próprio patriarca, arcebispo ou metropolita que presida esta Igreja.
  A Igreja Ortodoxa reconhece sete Concílios Ecumênicos: Niceia, Constantinopla, Éfeso, Calcedônia, Constantinopla II, Constantinopla III e Niceia II.
Trono patriarcal de Constantinopla
JURISDIÇÕES
  A Igreja Ortodoxa possui 17 jurisdições:
  • Patriarcado de Constantinopla - também chamada de Igreja Ortodoxa de Constantinopla, o seu líder é o Primaz da Ortodoxia. Sua proeminência é atestada pelo título "Ecumênico" desde o século VII, conferindo poder decisório em caso de impasse.
  • Patriarcado de Alexandria - é o arcebispo de Alexandria e do Cairo, no Egito. Historicamente, esta função tem sido chamada de Papa. O primeiro bispo a ser chamado assim foi o décimo-terceiro Patriarca, Heraclas (232-249 d.C.), três séculos antes de ela ser assumida por João I, bispo de Roma.
São Marcos pregando em Alexandria, de Gantili Bellini
  • Patriarcado de Antioquia - foi e é um dos grandes centros do Cristianismo desde os tempos do Novo Testamento (At 11,26). A origem da Comunidade Cristã de Antioquia data do tempo dos apóstolos e a sua importância como centro desta comunidade sempre foi reconhecida.
  • Patriarcado de Jerusalém - desse patriarcado depende a Igreja do Sinai. As primeiras comunidades cristãs de Jerusalém eram lideradas por um Conselho de Anciãos e se considerava parte de uma comunidade maior judaica. O sistema colegiado de governo em Jerusalém é atestado em At 11:30 e em At 15:22. Os líderes passaram a ser chamados de "bispos". O Patriarca Grego Ortodoxo de Jerusalém é o bispo que lidera a Igreja Ortodoxa de Jerusalém, estando em quarto lugar de precedência entre os nove patriarcas da Igreja Ortodoxa sendo ocupado desde 2005 por Teófilo III.
Teófilo III
  • Patriarcado de Moscou - desse patriarcado dependem as Igrejas Ortodoxas da Ucrânia, do Japão e a Igreja Ortodoxa Russa fora da Rússia.  A Igreja Ortodoxa Russa é organizada numa estrutura hierárquica. O nível mais baixo da organização, que normalmente consiste de um único edifício (uma igreja) e seus fiéis, chefiados por um sacerdote que age como padre superior, constituindo uma paróquia. Possui cerca de 28 mil paróquias, sendo a maioria na Rússia, Ucrânia e Bielorrússia, somando mais de 135 milhões de adeptos. É a maior das Igrejas Ortodoxas em número de fiéis.
Igreja Ortodoxa Russa, em Moscou - Rússia
  • Patriarcado da Geórgia - a Igreja da Geórgia, no princípio, estava sob a jurisdição do Patriarcado de Antioquia, mas foi estabelecida como Igreja Independente pelo Rei Vakhtang Gorgaslan, em 467. Por algum tempo depois do Concílio de Calcedônia (451), os georgianos da Ibéria (região na qual está localizada a Geórgia) se uniram com seus vizinhos armênios na recusa dos ensinamentos provenientes do Concílio de 451. No ano 607, eles romperam com os armênios aceitando todas as resoluções conciliares de Calcedônia.
  • Patriarcado da Sérvia - a Igreja Ortodoxa da Sérvia sofreu durante o período da Segunda Guerra Mundial, especialmente na região que estava sob o controle do Estado Fascista Croata, onde perdeu cerca de 25% de suas igrejas e mosteiros e 1/5 do seu clero. Após o estabelecimento do governo comunista em 1945, a Igreja Ortodoxa Sérvia teve que reformular sua relação com o novo Estado ateu. Durante esta época, muitas propriedades foram confiscadas; a educação religiosa nas escolas públicas foram abolidas; houve preconceitos por causa dos sérvios estarem num território iugoslavo. Após o rompimento das relações da Iugoslávia com a ex-URSS, em 1948, o general Tito estabeleceu relações com os países do Ocidente, onde houve uma maior tolerância religiosa e uma posição mais amena em relação às igrejas. Após a desintegração da Iugoslávia, a Igreja da Sérvia envolveu-se em assuntos políticos, denunciando as práticas anti-religiosas do regime comunista, distanciando-se do governo iugoslavo. Durante a Guerra da Bósnia-Herzegovina, a Igreja Ortodoxa da Sérvia fez frequentes apelos em favor da paz, apoiando os esforços da minoria sérvia na Bósnia e na Croácia.
Catedral de San Sava da Igreja Ortodoxa Sérvia, em Belgrado - Sérvia

  • Patriarcado da Romênia - a Igreja Ortodoxa da Romênia é a única Igreja Ortodoxa de cultura latina. O cristianismo nessa área data dos tempos apostólicos. A etnia romena estava fortemente identificada com a fé ortodoxa. O uso litúrgico do idioma romeno foi aprovado no ano de 1568, num Sínodo realizado no país. A Romênia esteve, espiritualmente, sob o Patriarcado Ecumênico de Constantinopla até 1885, quando alcançou a sua autonomia sob um decreto do Patriarca Ecumênico Joaquim IV, ficando sob a égide do Arcebispado de Bucareste-Paláquia, na Hungria. Em 1925, foi fundado oficialmente o Patriarcado da Romênia.
  • Patriarcado da Bulgária - a Igreja Ortodoxa Búlgara é um ramo autocéfalo da Igreja Ortodoxa que reúne aproximadamente 6,5 milhões de membros na Bulgária e entre 1,5 e 2 milhões fora do país. Os fundadores da Igreja Ortodoxa da Bulgária são Bóris I da Bulgária e o apóstolo André. Atualmente, é governado por um patriarca, juntamente com o seu sínodo.
  • Igreja Ortodoxa do Chipre - a Igreja Ortodoxa do Chipre, constituiu-se como jurisdição independente ou autocéfala em 30 de julho de 431. O rito ortodoxo foi abolido entre 1260 e 1570. Atualmente, a Igreja Ortodoxa do Chipre conta com cerca de 450 mil fiéis, sobretudo na ilha de Chipre. O seu chefe máximo é o Arcebispo de Nova Justiniana e Todo Chipre, com residência em Nicósia.
  • Igreja Ortodoxa Grega - a Igreja Ortodoxa Grega é formada por várias igrejas autocéfalas (são independentes, mas ligadas pela comunhão supranacional), dentro da Ortodoxia cuja liturgia é tradicionalmente realizado em Koiné, a língua original do Novo Testamento, onde o clero é totalmente ou predominantemente grego. São igrejas independentes do ponto de vista administrativo, mas unidas na doutrina, na comunhão eclesiástica e no ritual. A celebração da missa e sacramentos é idêntica à Igreja Católica, variando apenas as notas locais acidentais, como o canto, a arquitetura dos templos, a arte iconográfica e a forma da cruz.
Monastério da Santíssima Trindade, em Meteora - Grécia
  • Igreja da Albânia - o cristianismo chegou a Albânia antes do século IV de duas distintas direções: os "ghegs" que habitavam o Norte, foram convertidos pela ação de missionários latinos, enquanto que os habitantes do Sul, os "tosk", foram cristianizados por missionários de origem bizantina. Depois da conquista turca no século XV, a maioria dos albaneses se converteram ao islamismo e, os restantes cristãos ortodoxos, permaneceram sob a jurisdição do Patriarcado Ecumênico. Após a independência da Albânia, em 1913, a Igreja Ortodoxa da Albânia promoveu um movimento em prol da independência da Igreja e, em 1922, durante um congresso Ortodoxo, os cristãos proclamaram a autocefalia da Igreja Ortodoxa da Albânia, levando os bispos gregos a deixarem o país.
  • Igreja Ortodoxa da Polônia - a Igreja da Polônia tem em sua jurisdição três pequenos mosteiros ortodoxos, situados em Jableczma, Suprasl e em Monte Grabarka. O primeiro deles se converteu em um centro de disputas entre católicos-romanos e ortodoxos na Polônia. Fundado no final do século XV, o mosteiro já havia sido católico-latino, ortodoxo e grego-católico. Em 1944, parte do complexo foi entregue aos ortodoxos como mosteiro, e em setembro de 1993, o Conselho Polonês de Ministros decidiu pela total posse do edifício à Igreja Ortodoxa.
Igreja Ortodoxa da Comuna de Bialowieza - Polônia
  • Igreja Ortodoxa da Ucrânia - a Igreja Ortodoxa da Ucrânia é uma igreja autônoma dependente do Patriarcado de Moscou. É a mais numerosa de todas as igrejas ortodoxas ucranianas, com 7.540 paróquias. Sua sede fica no monastério conhecido como Pechersk Lavra, em Kiev. Em razão de disputas políticas na Ucrânia, a Igreja Ucraniana se dividiu. Existem duas outras jurisdições ortodoxas, porém, sem reconhecimento do seu status canônico por parte da comunidade das igrejas ortodoxas: a Igreja Ortodoxa Autocéfala da Ucrânia e a Igreja Ortodoxa Ucraniana, ligada ao Patriarcado de Kiev.
  • Igreja Ortodoxa do Japão - a Igreja Ortodoxa do Japão nasceu em 1861, com a chegada de um jovem missionário russo ao país, um hieromonge (sacerdote-monge) chamado Nicolás Kassathin. A ortodoxia no Japão se converteu rapidamente num fenômeno local, sobrevivendo aos períodos de hostilidade entre Japão e Rússia.
Catedral da Santa Ressurreição, em Tóquio - Japão
  • Igreja Ortodoxa Russa no Exterior - também conhecida como Igreja Ortodoxa Russa fora da Rússia é uma jurisdição simi-autônoma do Patriarcado de Moscou, originalmente formada em resposta à política dos Bolcheviques com respeito a religião na União Soviética logo após a Revolução Russa. Essa igreja foi criada nos anos 1930, por religiosos que escaparam da Rússia após a Revolução Bolchevista. Seus responsáveis romperam com a hierarquia ortodoxa que permaneceu na Rússia, acusando-a de submissão ao regime comunista.
  • Igreja Ortodoxa da República Tcheca e Eslováquia - na época da fundação do Estado independente da Tchecoslováquia, após a Primeira Guerra Mundial, esta era uma nação predominantemente católica. Algum tempo depois, um expressivo número de sacerdotes latinos (romanos católicos) e fiéis se converteram à ortodoxia. O líder desse movimento, o padre Matej Pavlik, foi ordenado bispo em 1921 por um bispo da Igreja Ortodoxa da Sérvia na cidade de Belgrado, assumindo suas funções sob o nome de Gorazd. Em 1923, o Patriarcado de Constantinopla outorgou à Igreja da Tchecoslováquia o status de Igreja Autônoma. O colapso do governo comunista em 1989 e a posterior divisão da República da Tchecoslováquia em dois países - República Tcheca e Eslováquia -, resultou na modificação da estrutura jurídica da Igreja. Em 1992, o Santo Sínodo resolveu dividir sua antiga jurisdição em duas províncias metropolitanas. Um só sínodo continua reunindo-se periodicamente, sob a presidência do Metropolita da Igreja Unida, que pode ser exercido tanto pelo Arcebispo de Praga, capital da República Tcheca, quanto pelo de Presov, na Eslováquia.
Igreja Ortodoxa dos Santos Cirilo e Metódio, em Praga - República Tcheca
  • Igreja Ortodoxa na América - originalmente composta por imigrantes russos, hoje abrange outras etnias e ritos litúrgicos (orientais ou ocidentais). Em 1970, recebeu o status de autocefalia, mas nem todas as Igrejas Ortodoxas reconhecem este fato.
A IGREJA DE SANTA SOFIA
  A Igreja de Santa Sofia (Hagia Sophia, que quer dizer sabedoria divina), é o maior exemplo da arquitetura bizantina. Foi construída no século VI, durante o reinado de Justiniano, na cidade de Constantinopla. Ela tem 32 metros de diâmetro, 60 metros de altura e uma série de abóbadas, arcos e mosaicos.
Basílica de Santa Sofia, em Istambul - Turquia
  Projetada pelos arquitetos Anthemios de Tralles e Isiodorius de Mileto, é um dos mais fascinantes monumentos arquitetônicos bizantinos. Sua arquitetura é uma mistura de técnicas romanas com as múltiplas cores e riqueza de detalhes típicas dos orientais. Exteriormente, é de uma simplicidade marcante, apresentando uma fachada de tijolos recobertos de argamassa. No seu interior, aparece todo o esplendor e o luxo que caracterizam a arte bizantina: mármores e vitrais, mosaicos recobertos de ouro e prata, esculturas e imagens de santos.
  Quando Constantinopla caiu sob o domínio turco em 1453, a cidade passou a se chamar Istambul e a Igreja de Santa Sofia foi transformada em mesquita - várias torres altas e finas foram acrescentada à construção original.
  A mesquita foi transformada em museu e atualmente é um dos grandes atrativos turísticos em Istambul.
Interior da Igreja de Santa Sofia
FONTE: Ribeiro, Vanise. Encontros com a História: 6º ano / Vanise Ribeiro; Carla Maria Junho Anastasia; ilustrações José Luis Juhas; Rogério Borges; Theo Cordeiro. - 3. ed. - Curitiba: Positivo, 2012.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

A ERUPÇÃO DO VESÚVIO E A DESTRUIÇÃO DA CIDADE DE POMPEIA

  Uma das mais famosas erupções vulcânicas da história da humanidade ocorreu na manhã de 24 de agosto de 79 d.C., no sul da Itália. Nesse dia, o vulcão Vesúvio entrou em atividade depois de uma violenta explosão, lançando imensa quantidade de poeira, cinza e pequenos pedaços de rochas que chegaram a alcançar mais de 20 quilômetros de altura e caíram num raio de 15 quilômetros.
  Vesúvio é um estratovulcão (vulcão em forma de cone) localizado no golfo de Napoles, Itália, distando cerca de nove quilômetros a oeste  da cidade de Napoli. É o único vulcão na Europa continental a ter entrado em erupção nos últimos cem anos. Atualmente esses vulcão é considerado inativo. Na Itália existem dois outros vulcões importantes que estão ativos: o Etna, localizado na ilha da Sicília, e o Stromboli, localizado na ilha do mesmo nome.
Vista aérea do Vesúvio
  O Vesúvio entrou em erupção diversas vezes, sendo a de 79 d.C, a mais famosa de todas, na qual destruiu as cidades romanas de Pompeia e Herculano, além das cercanias da cidade de Estabia. Antes da erupção de 79, outra erupção, ocorrida em 1800 a.C., conhecida como erupção de Avelino, destruiu diversos povoados na chamada Idade do Bronze. A última erupção do vulcão foi em 1944.
  Pompeia foi uma cidade do Império Romano, situada a cerca de 22 km da cidade de Napoli. Por volta do século I d.C., Pompeia era uma das várias cidades localizadas no entorno do Vesúvio. O local tinha uma população expressiva, que se mantinha próspera graças à fertilidade do solo da região.
Reconstituição digital da cidade de Pompeia
  Pompeia possuía cerca de 20 mil habitantes, e era grande produtora de vinho e azeite. Na manhã de 24 de agosto de 79 d.C., a cidade estava em festa. Um grupo de teatro, que veio de Roma para fazer apresentações no Grande Teatro, abrilhantava a festa. Os padeiros, com suas cestas de doces nos braços, se dirigiam às arquibancadas. Diante do grande calor que fazia, bares ao ar livre, recebiam grandes quantidades de consumidores.
  De repente, ouve-se uma grande explosão. O topo do Vesúvio havia se partido em dois. De início, todos se assustaram, pois havia mais de nove séculos que o Vesúvio não entrava em erupção.
Em primeiro plano, o golfo de Nápoles, em segundo a cidade de Napoli e em terceiro plano o Vesúvio
  Como não houve derramamento de lava logo no início da explosão, a grande maioria dos moradores da cidade refugiou-se no interior das casas, provocando uma grande agitação entre as pessoas. Porém, pouco tempo depois o Vesúvio começou a expelir uma grande quantidade de projéteis. A quantidade de materiais expelidos do vulcão foi tão grande que, em poucas horas, a cidade já estava totalmente coberta pelas cinzas, impedindo a fuga dos moradores. Muitos acabaram morrendo intoxicados pelos gases exalados após a erupção e também soterrados.
  Na manhã do dia 25, o Vesúvio continuou em erupção derramando uma grande quantidade de lava cobrindo definitivamente a cidade de Pompeia, um dos mais importantes centros urbanos da época. A erupção mudou também o curso do rio Sarno e aumentou a área litorânea do entorno.
O último dia de Pompeia, de Karl Bryullov (1830-33)
  Depois que as grossas camadas de cinzas cobriram Pompeia e Herculano, estas cidades foram abandonadas e seus nomes e localizações eventualmente esquecidos.
  Durante quase 1.700 anos, a cidade de Pompeia permaneceu soterrada e esquecida. em 1748, quando alguns operários realizavam escavações no local, ela foi redescoberta. Antes, em 1599, por meio da escavação de um canal subterrâneo para desviar o curso do rio Sarno, foi descoberto alguns muros antigos cobertos de pinturas e inscrições. Desde então, os trabalhos de escavação já desenterraram mais da metade das ruínas da cidade.
As ruínas de Pompeia e ao fundo o Vesúvio
  Essa grande erupção do Vesúvio, que resultou no soterramento de Pompeia, transformou drasticamente a paisagem do lugar.
  Porém, o mesmo fenômeno que encobriu a cidade acabou por conservar, soterrada com ela, grande parte das construções, móveis, utensílios e obras de arte que puderam revelar, para a atualidade, aspectos da cultura dos romanos que viviam naquela época.
Corpos petrificados em Pompeia
FONTE: Garcia, Valquíria Pires. Projeto radix: geografia / Valquíria Pires Garcia, Beluce Bellucci. -- 2. ed. -- São Paulo: Scipione, 2012 - (Coleção projeto radix)

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

NIGÉRIA

  A Nigéria é o país mais populoso do continente africano. É rico em recursos naturais, principalmente petróleo, porém, essa riqueza não é distribuída de forma igualitária para a população, visto que grande parte dela vive abaixo da linha de pobreza. A cidade de Lagos, maior aglomeração urbana do país, sofre com a falta de serviços públicos e de infraestrutura, como moradia, alimentação, saúde, educação, transportes, entre outros.
  O país apresenta um quadro natural muito favorável às atividades humanas. Grande parte do seu território é abrangido pela bacia do Rio Níger, cujos vales fluviais oferecem bons solos para o uso agrícola.
  Nesse ambiente, que permite o cultivo das mais variadas plantas tropicais, favoreceu muito antes da era cristã uma admirável civilização, da qual descendem os iorubás do sul, um dos principais grupos étnicos entre os mais de 250 existentes no país, cuja cultura tem traços no Brasil.
A Nigéria é um país com muitas belezas naturais
  Muito antes de os colonizadores europeus, vindos pela costa, introduzirem o cristianismo e seduzirem as populações do sul, os povos do norte converteram-se ao islamismo, no século XI, por influência dos mercadores árabes, vindos do norte. Entre eles, os hauçás são os mais expressivos. Por outro lado, grupos minoritários do leste, como os ibos, permaneceram fiéis a suas crenças tradicionais.
HISTÓRIA
  A região onde está localizado a Nigéria abrigou, na Antiguidade, uma das mais avançadas civilizações da África Ocidental, a cultura nok (500 a.C.-200 a.C.). A partir do ano 1000, com a entrada da civilização kanem no país, que faziam rotas comerciais do norte da África, o norte da Nigéria começa a adotar a religião islâmica.
  O Império Kanem-Bornu dominou a parte norte da Nigéria por mais de 600 anos e, graças a esse império, houve uma grande prosperidade por meio da rota de comércio entre os bárbaros norte-africanos e os povos da floresta.
  Os reinos de Oyo, no sudoeste, e Benim, no sudeste, desenvolveram sistemas elaborados de organização política nos séculos XV, XVI e XVII.
Domínio do Império Kanem-Bornu

  Até 1471, navios portugueses haviam descido o litoral africano até o delta do Rio Níger. Em 1481, Portugal envia emissários para visitar a corte do Oba de Benim, no qual mantém laços estreitos por vários anos, usufruindo do monopólio comercial até o fim do séculos XVI.
  Entre os séculos XVII e XIX, comerciantes europeus estabeleceram portos costeiros objetivando lucrar com o tráfico negreiro, cujo escravos eram enviados para a América. Com o fim do tráfico de escravos, o comércio de negros foi substituído pelas commodities no século XIX. Os britânicos também começaram a manter laços comerciais com a região da atual Nigéria, concorrendo com os portugueses, onde conseguem hegemonia sobre o litoral no século XVIII.
  Em 1914, na fase do imperialismo, o Reino Unido promoveu a junção dos povos do norte e do sul e, desconsiderando seus antigos antagonismos, criou um Estado artificial que deu origem à atual Nigéria.
Divisão da Nigéria no início do século XX
  Devido ao crescimento do nacionalismo nigeriano no final da Segunda Guerra Mundial, o governo britânico iniciou um processo de transição da colônia para um governo próprio com base federal, concedendo a independência total em 1960, tornando a Nigéria um país com três regiões, cada uma contendo uma parcela de autonomia. As regiões criadas foram: Norte, Leste e Oeste. Em 1963, a Nigéria tornou-se uma república.
  No final dos anos 1960, os ibos, grupo dominante etnicamente na região Leste, se revoltaram contra a hegemonia muçulmana, formando um país independente com o nome de República de Biafra, dando início a uma sangrenta guerra civil no país, que durou três anos e terminou com sua derrota, além da morte de cerca de um milhão de pessoas e a reincorporação de Biafra ao país, em 1970.
Mapa da República de Biafra
  Em 1966, dois golpes sucessivos por diferentes grupos militares deixaram o país sob uma ditadura militar. Os líderes do segundo golpe tentaram aumentar o poder do governo federal, e substituíram os governos regionais por doze governos estaduais.
  Em 1975, um golpe pacífico levou Murtala Ramat Mohammed ao poder, que prometeu um retorno ao estado civil. Porém, em 13 de fevereiro de 1976, ele foi assassinado assumindo Olusegun Obasanjo. Uma nova Constituição foi promulgada em 1977 e eleições foram realizadas em 1979.
Murtala Ramat Mohammed
  Em 1983, a Nigéria retornou ao governo militar, através de um golpe de Estado que estabeleceu o Supremo Conselho Militar como o novo órgão regulamentador do país.
  Nas eleições de 1993, que foram canceladas pelo governo militar, o general Sani Abacha chegou ao poder e, após a sua morte, em 1998, Abdulsalami Abubakar, tornou-se o líder do SMC, agora conhecido como Conselho Provisório de Regulamentação. Abubakar anulou a suspensão da Constituição de 1979. Nas eleições de 1999 saiu vitorioso Olusegun Obasanjo.
GEOGRAFIA
  Localizada no Golfo da Guiné, a Nigéria possui suas principais cidades localizadas nas terras baixas do sul, onde oferece melhores condições de sobrevivência. O centro do país é composto de colinas e planaltos, já o norte é formado por terras baixas áridas. O país faz divisa como Benim, Níger, Chade e Camarões.
Mapa com as principais cidades da Nigéria
  A vegetação original acompanha os tipos climáticos dominantes, que variam de norte a sul, conforme o aumento da latitude: a floresta equatorial e tropical ocorrem no sul, que é afetado por chuvas sazonais oriundas dos ventos úmidos do oceano Atlântico, entre junho e setembro; na faixa central do país, ocorrem as savanas devido ao clima ser mais seco; no extremo-norte, o clima é o semiárido e as paisagens são típicas do Sahel.
Mapa da vegetação da Nigéria
  A hidrografia da Nigéria é formada por dois rios principais, formando três divisões: o Níger, que chega ao país oriundo do nordeste, e o Benue, oriundo do noroeste. A junção desses dois rios ocorre no centro, próximo à capital Abuja. Após a junção desses dois rios, o rio Níger flui para o sul até desaguar no Golfo da Guiné formando um grande delta.
Delta do Rio Níger
  No relevo da Nigéria, na parte central destacam-se os planaltos e colinas. Na divisa com o Camarões localiza-se parte do planalto ou maciço de Adamawa, que também é conhecido como Montanhas Gotel. Nesse local encontra-se o ponto culminante do país, o Chappal Waddi, com 2.419 metros. O norte é formado por terras baixas áridas. O sul é composto por planícies.
Chappal Waddi - ponto culminante da Nigéria
ASPECTOS DEMOGRÁFICOS DA NIGÉRIA
  A Nigéria é o país mais populoso do continente africano. Apesar de menos de 50% residir na zona urbana, cerca de 25 cidades do país possuem população superior a 100.000 habitantes e quatro cidades possuem população superior a 1 milhão de habitantes: Lagos é a cidade mais populosa do país e do do continente africano, com quase 10 milhões de habitantes; Kano, com mais de 4 milhões; Ibadan, com 3,9 milhões; e Kaduna, com 1,7 milhões de habitantes.
Kaduna - quarta maior cidade da Nigéria
  A Nigéria apresenta um elevado crescimento demográfico, graças às altas taxas de fecundidade, em média superiores a cinco filhos por mulher.
  A variedade de costumes, línguas e tradições entre os mais de 250 grupos étnicos, oferece ao país uma rica diversidade cultural. Porém, essa diversidade foi redesenhada com a presença do islamismo e do catolicismo, provocando conflitos entre esses dois grupos religiosos. Os principais grupos étnicos do país são: hauçá-fulani com 29%, iorubás e ibos com 20% cada, ijaw com 6,5% canúris com 4%, ibibios com 3,5%, annangs e tiv com 2% cada, e efik com 2%.
Principais grupos étnicos da Nigéria
ECONOMIA
  As atividades econômicas do país são diversificadas. Na agropecuária, que responde por um terço do PIB nacional, destacam-se as grandes lavouras comerciais de exportação - as plantations - de cacau, seringueira e dendê nas áreas úmidas do sul; de amendoim, nas áreas semiúmidas; de algodão no Sahel. A pecuária também se destaca no norte do país. O milho, o sorgo, a mandioca e o inhame, obtidos em cultivos de subsistência, constituem a base alimentar da população. O couro também está entre os principais produtos de exportação.
Agricultura de subsistência de mandioca na Nigéria
  Além de solos favoráveis, a Nigéria conta também com grandes recursos minerais em seu subsolo, como ferro, estanho, ouro diamante, carvão, gás natural e, principalmente, petróleo. Esses recursos, aliado à rica produção de energia hidrelétrica, favorecem a industrialização do país.
  O petróleo era explorado na Nigéria desde a sua condição de colônia inglesa. As terras sob domínio inglês eram divididas em duas partes: ao norte estava a Nigéria do Norte, que era administrada pela Companhia Real do Níger e que passou à Coroa Britânica em 1900; ao sul estava a Nigéria do Sul, que era comandada pela fusão da Oil Rivers Protectorate, empresa que explorava petróleo e exercia controle sobre a navegação nos rios e a colônia de Lagos.
  O petróleo responde por cerca de 90% das exportações do país. A China é a principal importadora desse produto, tendo feito, mediante parcerias com empresas nacionais, bilionários investimentos no solo nigeriano, sobretudo no setor petrolífero.
Mapa da África com os países que recebem mais investimentos chineses
  Apesar das riquezas produzidas e exportadas, metade da população da Nigéria vive abaixo da linha de pobreza. Assim como acontece com a maioria dos países africanos, a ambição do enriquecimento e os conflitos internos, facilitam a corrupção, que acaba beneficiando uma minoria em detrimento da maioria da população. A exploração de ouro e diamantes, favorecem apenas aos grupos ligados a contrabandistas que, muitas vezes, trocam as riquezas minerais por armas, que são usadas para armar os grupos rebeldes que lutam contra os governos africanos.
Favela Makoko, em Lagos - Nigéria
TENSÕES E CONFLITOS
  A geografia e a dinâmica social da Nigéria são produtos da conturbada história do país, marcada por desastrosas intervenções estrangeiras, assim como aconteceu em todo o continente africano. O país convive com permanentes tensões e frequentes conflitos etnorreligiosos, muitos deles armados e com milhões de mortes.
  A divisão etnorreligiosa tem ficado cada vez mais clara entre o norte muçulmano e o sul cristão, provocando o deslocamento de pessoas e a possibilidade de unificação do país. É comum milícias cristãs matarem muçulmanos residentes no sul, assim como cristãos residentes no norte, principalmente em Kano, serem massacrados por extremistas muçulmanos.
É comum atentados promovidos por milícias na Nigéria
  Desde 2002, os muçulmanos conseguiram implantar a Sharia, a rigorosa lei islâmica, nos 12 estados do norte, enquanto os 24 estados sulinos permanecem regidos pela legislação republicana.
  Nesse cenário de instabilidade, surgiu em 2006 um grupo rebelde pleiteando a independência do Delta do Níger, região muito rica em petróleo. Sua atuação inclui incêndios em instalações petrolíferas e sequestros de funcionários estrangeiros.
  Além dos conflitos internos, a Nigéria enfrentou uma prolongada disputa com Camarões envolvendo a soberania sobre a Península de Bakassi, região rica em petróleo. Em 2008 a Nigéria cedeu essa área em litígio ao seu vizinho do sul.
Península de Bakassi
ALGUNS DADOS SOBRE A NIGÉRIA
NOME: República Federal da Nigéria
CAPITAL: Abuja (825.534 habitantes - estimativa 2013)
Abuja - capital da Nigéria
LÍNGUA OFICIAL: inglês
GOVERNO: República Presidencialista
INDEPENDÊNCIA: do Reino Unido, em 1 de outubro de 1960
GENTÍLICO: nigeriano
LOCALIZAÇÃO: África Ocidental
ÁREA: 923.768 km² (31º)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2013): 174.507.539 habitantes (7º)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 188,9
hab./km² (42º)
MAIORES CIDADES (Estimativa 2013):
Lagos: 9.684.987 habita
ntes
Lagos - maior cidade da Nigéria
Kano: 4.010.423 habitantes
Kano - segunda maior cidade da Nigéria
Ibadan: 3.987.245 habitantes 
Ibadan - terceira maior cidade da Nigéria
PIB (FMI - 2013): U$ 272,550 bilhões (36º)
IDH (ONU - 2012): 0,471 (153º)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2005/2010): 50,26 anos (181º)
CRESCIMENTO VEGETATIVO (ONU - 2005-2010): 2,27% ao ano (39º)
MORTALIDADE INFANTIL (
CIA World Factbook - 2012): 74,36/mil (207º)
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2011): 48% (119º)
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (Pnud - 2009/2010): 69,1% (138º)
PIB PER CAPITA (FMI - 2011): U$ 1.490 (134º)
MOEDA: Naira 

RELIGIÃO: cristianismo (47,2%), islamismo (42%), crenças tradicionais (10,5%), sem religião (0,3%).
DIVISÃO: a Nigéria é um Estado federal constituído por 36 estados. A capital, Abuja, localiza-se no território da Capital Federal, que não pertence a nenhum estado. Os estados são subdivididos em 774 Áreas de Governo Local (LGAs). O número em negrito corresponde ao estado. 1. Abia 2. Adamawa 3. Akwa Ibom 4. Anambra 5. Bauchi 6. Bayelsa 7. Benue 8. Borno 9. Cross River 10. Delta 11. Ebonvi 12. Edo 13. Ekiti 14. Enugu 15. Gombe 16. Imo 17. Jigawa 18. Kaduna 19. Kano 20. Katsina 21. Kebbi 22. Kogi 23. Kwara 24. Lagos 25. Nasarawa 26. Níger 27. Ogun 28. Ondo 29. Osun 30. Oyo 31. Plateau 32. Rivers 33. Sokoto 34. Taraba 35. Yobe 36. Zamfara.
FONTE: Ribeiro, Wagner Costa. Por dentro da geografia, 8º ano: mundo / Wagner Costa Ribeiro, 1. ed.  - São Paulo: Saraiva, 2012.



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