sexta-feira, 14 de outubro de 2011

POPULAÇÃO DAS CIDADES DO CEARÁ

COLOCAÇÃO
MUNICÍPIO
POPULAÇÃO ABSOLUTA (hab.)
ÁREA (km²)
POPULAÇÃO RELATIVA (hab./km²)
Fortaleza
2.452.185
314,927
7.786,52
Caucaia
325.441
1.223,796
265,93
Juazeiro do Norte
249.939
248,223
1.006,91
Maracanaú
209.057
111,334
1.877,75
Sobral
188.233
2.122,885
88,67
Crato
121.428
1.157,914
104,87
Itapipoca
116.065
1.603,654
72,38
Maranguape
113.561
590,886
192,19
Iguatu
96.495
1.017,089
94,87
10°
Quixadá
80.604
2.019,822
39,91
11°
Crateús
72.812
2.988,290
24,37
12°
Canindé
74.473
3.218,462
23,14
13°
Aquiraz
72.628
482,566
150,50
14°
Pacatuba
72.299
145,077
498,35
15°
Quixeramobim
71.887
3.330,068
21,59
16°
Russas
69.833
1.591,281
43,88
17°
Aracati
69.159
1.247,301
55,45
18°
Tianguá
68.892
908,883
75,80
19°
Cascavel
66.142
837,321
78,99
20°
Icó
65.456
1.872,003
34,97
21°
Morada Nova
62.065
2.779,231
22,33
22°
Pacajus
61.838
254,477
243,00
23°
Camocim
60.158
1.139,206
52,81
24°
Acaraú
57.551
842,555
68,31
25°
Limoeiro do Norte
56.264
751,834
74,84
26°
Tauá
55.716
4.009,271
13,90
27°
Barbalha
55.323
599,307
92,31
28°
Horizonte
55.187
159,979
344,96
29°
Viçosa do Ceará
54.955
1.311,620
41,90
30°
Granja
52.645
2.698,104
19,51
31°
Boa Viagem
52.498
2.836,764
18,51
32°
Trairi
51.422
925,717
55,55
33°
Acopiara
51.160
2.253,779
22,70
34°
Beberibe
49.311
1.623,881
30,37
35°
Itapagé
48.350
430,414
112,33
36°
Eusébio
46.033
79,008
582,64
37°
Brejo Santo
45.193
663,421
68,12
38°
Mauriti
44.240
1.078,963
41,00
39°
São Benedito
44.178
338,243
130,61
40°
São Gonçalo do Amarante
43.890
838,513
52,34
41°
Santa Quitéria
42.763
4.260,455
10,04
42°
Mombaça
42.690
2.119,469
20,14
43°
Pedra Branca
41.890
1.303,280
32,14
44°
Ipu
40.296
629,312
64,03
45°
Amontada
39.232
1.179,031
33,27
46°
Várzea Alegre
38.434
835,705
45,99
47°
Ipueiras
37.862
1.477,399
25,63
48°
Guaraciaba do Norte
37.775
611,461
61,78
49°
Itarema
37.471
720,660
52,00
50°
Itaitinga
35.817
151,436
236,52
51°
Pentecoste
35.400
1.378,303
25,68
52°
Massapê
35.191
566,578
62,11
53°
Jaguaribe
34.409
1.876,796
18,33
54°
Missão Velha
34.274
650,538
52,69
55°
Baturité
33.321
308,579
107,98
56°
Jaguaruana
32.236
847,261
38,05
57°
Ubajara
31.787
421,031
75,50
58°
Paracuru
31.636
296,215
106,80
59°
Parambu
31.309
2.312,398
13,54
60°
Lavras da Mangabeira
31.090
947,963
32,80
61°
Nova Russas
30.965
742,764
41,69
62°
Bela Cruz
30.878
824,409
37,45
63°
Paraipaba
30.041
300,919
99,83
64°
Santana do Acaraú
29.946
969,321
30,89
65°
Tabuleiro do Norte
29.204
861,817
33,89
66°
Milagres
28.316
576,960
49,08
67°
Novo Oriente
27.453
946,225
29,01
68°
Jardim
26.688
519,101
51,41
69°
Campos Sales
26.506
1.082,766
24,48
70°
Senador Pompeu
26.469
956,122
27,68
71°
Redenção
26.415
225,592
117,09
72°
Caririaçu
26.393
637,353
41,41
73°
Independência
25.573
3.218,661
7,95
74°
Tamboril
25.451
2.000,767
12,72
75°
Aracoiaba
25.391
656,593
38,67
76°
Marco
24.703
574,134
43,03
77°
Aurora
24.566
889,876
27,61
78°
Cedro
24.527
725,794
33,79
79°
Guaiúba
24.091
254,044
94,83
80°
Ocara
24.007
765,407
31,37
81°
Ibiapina
23.808
414,936
57,38
82°
Jucás
23.807
937,184
25,40
83°
Cruz
22.479
334,121
67,28
84°
Assaré
22.445
1.116,325
20,11
85°
Irauçuba
22.324
1.450,707
15,39
86°
Coreaú
21.954
775,792
28,30
87°
Forquilha
21.786
516,990
42,14
88°
Barro
21.514
711,883
30,22
89°
Orós
21.389
576,267
37,12
90°
Morrinhos
20.700
415,551
49,81
91°
Araripe
20.685
1.099,926
18,81
92°
Caridade
20.020
846,500
23,65
93°
Quiterianópolis
19.921
1.040,984
19,14
94°
Uruburetama
19.765
107,566
183,75
95°
Barreira
19.573
240,903
81,25
96°
Reriutaba
19.455
383,316
50,75
97°
Quixeré
19.412
610,776
31,78
98°
Hidrolândia
19.325
927,377
20,84
99°
Farias Brito
19.007
503,619
37,74
100°
Chorozinho
18.915
278,411
67,94
101°
Itatira
18.894
783,433
24,12
102°
Umirim
18.802
316,816
59,35
103°
Catarina
18.745
486,861
38,50
104°
Pindoretama
18.683
72,964
256,06
105°
Itapiúna
18.626
588,696
31,64
106°
Cariús
18.567
1.061,797
17,49
107°
Icapuí
18.392
423,446
43,43
108°
Cariré
18.347
756,870
24,24
109°
Madalena
18.088
1.026,256
17,63
110°
Jaguaretama
17.863
1.759,724
10,15
111°
Solonópole
17.665
1.536,156
11,50
112°
Varjota
17.593
179,396
98,07
113°
Banabuiú
17.315
1.079,989
16,03
114°
Santana do Cariri
17.170
855,558
20,07
115°
Croatá
17.069
696,978
24,49
116°
Capistrano
17.062
222,547
76,67
117°
Jijoca de Jericoacoara
17.002
204,792
83,02
118°
Tejuçuoca
16.827
781,741
21,53
119°
Carnaubal
16.746
364,804
45,90
120°
Monsenhor Tabosa
16.705
893,644
18,69
121°
Alto Santo
16.359
1.338,207
12,22
122°
Aiuaba
16.203
2.434,410
6,66
123°
Pereiro
15.757
423,117
37,24
124°
Saboeiro
15.752
1.383,477
11,39
125°
Piquet Carneiro
15.467
587,873
26,31
126°
Salitre
15.453
804,349
19,21
127°
Acarape
15.338
160,296
95,69
128°
Porteiras
15.061
217,577
69,22
129°
Graça
15.049
281,871
53,39
130°
Quixelô
15.000
583,236
25,72
131°
Fortim
14.817
282,066
52,53
132°
Barroquinha
14.476
383,403
37,76
133°
Tururu
14.408
202,275
71,23
134°
Nova Olinda
14.256
284,399
50,13
135°
Mucambo
14.102
190,601
73,99
136°
Apuiarés
13.925
552,338
25,21
137°
Iracema
13.722
824,034
16,65
138°
Meruoca
13.693
149,844
91,38
139°
Milhã
13.086
502,342
26,05
140°
Frecheirinha
12.991
181,239
71,68
141°
Ibaretama
12.922
877,252
14,73
142°
Uruoca
12.883
696,749
18,49
143°
Choró
12.853
815,765
15,76
144°
Miraíma
12.800
699,960
18,29
145°
Chaval
12.615
238,234
52,95
146°
São Luís do Curu
12.332
122,420
100,74
147°
Ipaumirim
12.009
273,825
43,86
148°
Palmácia
12.005
117,813
101,90
149°
Poranga
12.001
1.309,253
9,17
150°
Pacoti
11.607
109,586
105,92
151°
Aratuba
11.529
114,784
100,44
152°
Mulungu
11.485
95,580
120,16
153°
Ipaporanga
11.343
702,131
16,16
154°
Ibicuitinga
11.335
424,243
26,72
155°
Paramoti
11.308
482,589
23,43
156°
Alcântaras
10.771
138,604
138,604
157°
Abaiara
10.496
178,833
58,69
158°
Ararendá
10.491
344,130
30,49
159°
Jaguaribara
10.399
668,734
15,55
160°
Potengi
10.276
338,727
30,34
161°
Groaíras
10.228
155,946
65,59
162°
Pires Ferreira
10.216
243,097
42,02
163°
Martinópole
10.214
298,959
34,17
164°
Catunda
9.952
783,192
12,71
165°
Deputado Irapuan Pinheiro
9.095
470,422
19,33
166°
Tarrafas
8.910
454,389
19,61
167°
Palhano
8.866
440,378
20,13
168°
Penaforte
8.226
141,926
57,96
169°
Moraújo
8.070
415,631
19,42
170°
São João do Jaguaribe
7.900
280,454
28,17
171°
Jati
7.660
361,069
21,21
172°
Arneiroz
7.650
1.066,356
7,17
173°
Umari
7.545
263,928
28,59
174°
Itaiçaba
7.316
209,851
34,86
175°
Antonina do Norte
6.984
260,102
26,85
176°
Altaneira
6.856
73,296
93,54
177°
Senador Sá
6.852
423,917
16,16
178°
Ererê
6.840
396,016
17,27
179°
General Sampaio
6.218
187,131
33,23
180°
Potiretama
6.126
404,602
15,14
181°
Baixio
6.026
146,433
41,15
182°
Pacujá
5.986
76,128
78,63
183°
Granjeiro
4.629
100,127
46,23
184°
Guaramiranga
4.164
100,856
41,29
DADOS GERAIS DO CEARÁ
População: 8.452.381 habitantes
Área: 148.920,538 km²
Densidade demográfica: 56,76 hab./km²
CAPITAL: Fortaleza
Número de municípios: 184
FONTE: IBGE (Censo de 2010)

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

AS TRANSFORMAÇÕES NO LESTE EUROPEU

  Ao final da Segunda Guerra Mundial, os países do Leste Europeu que faziam fronteira com a URSS viveram um rápido processo de transformação econômica e política e passaram à esfera de influência soviética. Três países bálticos, Estônia, Letônia e Lituânia, foram anexados e tornaram-se repúblicas soviéticas em 1940.
  Em 1955, os países da Cortina de Ferro assinaram o Pacto de Varsóvia, aliança militar cujo principal objetivo era o auxílio mútuo em caso de agressão armada de outros países (leia-se "países ocidentais aliados dos Estados Unidos"). Em plena Guerra Fria, a manutenção de países satelitizados na Europa representava um importante trunfo geopolítico tanto para a União Soviética quanto para os Estados Unidos.
Cortina de Ferro - linha divisória que separava a Europa Ocidental da Europa Oriental
SOB O DOMÍNIO DAS FORÇAS SOVIÉTICAS
  A convivência entre os países do Leste Europeu e a União Soviética nem sempre foi pacífica. Ao contrário, a manutenção do regime e da hegemonia soviética foi  realizada, em certas ocasiões, sob a força das armas.
  Logo após a assinatura do Pacto de Varsóvia, a Hungria retirou-se, ao mesmo tempo que seu governo passou a abertura do país para o Ocidente. Em 1956, tropas russas invadiram o país, destituíram o governo e promoveram forte repressão, com a prisão em massa dos dissidentes.
Cenas da invasão da Hungria por tropas soviéticas, em 1956
  Alguns anos mais tarde, em 1968, foi a vez da Tchecoslováquia promover a tentativa de abertura política e econômica para o Ocidente. O movimento chamado de Primavera de Praga, pretendia "humanizar" o socialismo. Também nesse país ocorreram a invasão de tropas soviéticas e a destituição do governo liberalizante.
Tanques soviéticos nas ruas de Praga, capital da Tchecoslováquia, em 1968
  No início da década de 1980, graves problemas econômicos na Polônia levaram o sindicato Solidariedade a promover uma série de manifestações e greves. Os soviéticos ocuparam a fronteira do país, decretaram a lei marcial e colocaram o Solidariedade na ilegalidade. Anos mais tarde, com o apoio do Papa João Paulo II, que era polonês, o Solidariedade foi novamente reconhecido. Em 1989, em plena abertura política e econômica, Lech Walesa, antigo dirigente do sindicato, foi eleito presidente da Polônia, após quase cinquenta anos sem eleições livres no país.
Lech Walesa, antigo líder do Solidariedade e ex-presidente da Polônia
FIM DA GUERRA FRIA, INÍCIO DAS TRANSFORMAÇÕES
  Durante quatro décadas, os governos comunistas que assumiram o poder nos países do Leste Europeu estabeleceram Estados centralizadores e, de modo geral, pouco democráticos.
  Após 1989, teve início uma nova onda de transformações políticas, sociais e econômicas na região. Foi o que se denominou período de transição para a economia de mercado. Também chegaram ao fim as constantes interferências externas que caracterizaram o período autoritário sob o comando da União Soviética.
  Diferetemente do que ocorreu na Iugoslávia, onde as diferenças étnicas promoveram seu esfacelamento, os países do Leste Europeu mantiveram suas fronteiras originais, à exceção da antiga Tchecoslováquia, que se dividiu em dois Estados - a República Tcheca e a Eslováquia. Esse processo de separação ocorreu de forma pacífica.
Em destaque a República Tcheca e a Eslováquia que faziam parte da Tchecoslováquia
A TRANSIÇÃO PARA A ECONOMIA DE MERCADO
  O período de transição que se iniciou a partir da década de 1990 teve repercussões socioeconômicas imediatas em todos os países da Europa Oriental, embora os efeitos da transição tenham sido muito diferentes em cada um deles.
  Segundo o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) foi nessa região que a proteção do Estado apresentou maior recuo, o que provocou o aumento da pobreza e da mortalidade. Estimativas do Banco Mundial revelaram que, entre 1988 e 1998, a proporção de pobres saltou de 2% para 21%, recuando a partir da década de 2000.
Com a transição econômica, aumentou a pobreza no Leste Europeu
  Os anos de má gestão econômica tornaram a transição muito penosa para a população. O fim da proteção do Estado e a adoção de políticas neoliberais reduziram os benefícios sociais na educação e na saúde, entre outros. Esse foi um dos principais fatores responsáveis pela forte emigração de trabalhadores do Leste Europeu, sobretudo jovens, rumo aos países da Europa Ocidental.
  Também como consequência das crises sociais, ocorreu no Leste Europeu uma sensível queda nas taxas de natalidade, o que acarretará novos problemas no futuro desses países.
Envelhecimento da população - ocorre não só no Leste Europeu como também em todo o mundo
  A transição também teve repercussões sobre a economia. O acesso à propriedade e aos bens de consumo ampliou os mercados e permitiu a rápida entrada dessas nações no processo de globalização. Por outro lado, a antiga prática do pleno emprego do período socialista deu lugar ao desemprego em massa.
OS ERROS E OS ACERTOS DA TRANSIÇÃO
  A transição política e econômica do Leste Europeu foi favorecida por elevadas somas de investimentos realizados pelos países da Europa Ocidental. Novas indústrias foram instaladas, inclusive aproveitando o menor custo de mão de obra qualificada da região.
  As privatizações tornaram-se prática comum em todos os países do Leste. Inúmeras fábricas foram fechadas, tendo em vista a baixa produtividade e a obsolescência dos métodos produtivos. Ambas as situações promoveram crises sociais, manifestações e greves de trabalhadores.
Manifestação contra a crise econômica em Bruxelas - Bélgica
  Políticas relacionadas à estabilização econômica e monetária foram adotadas pelos países que, desde meados da década de 1990, passaram a pleitear o ingresso na União Europeia. Oito deles - Lituânia, Letônia, Estônia, Polônia, Hungria, República Tcheca, Eslováquia e Eslovênia - conseguiram ingressar na UE em 2004. Em 2007, foi a vez da Bulgária e da Romênia. Sob o aspecto político, o partido único e as eleições de pequena representatividade popular cederam lugar ao pluralismo político-partidário. Como nos setores econômico e social, também em termos políticos a Europa Oriental ainda não encerrou o processo de transição, apesar de se observar no conjunto de países do Leste Europeu a expansão dos processos democráticos que estiveram ausentes da região por várias décadas.
FONTE:  Geografia, 3° ano: ensino médio / organizadores: Fernando dos Santos Sampaio, Ivone Silveira Sucena - 1. ed. - São Paulo: Edições SM, 2010. - (Coleção ser protagonista).

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A COOPERAÇÃO SUL-SUL

  Vários governos de países em desenvolvimento têm se empenhado no aprofundamento da cooperação entre si - que chamam de cooperação Sul-Sul - com o objetivo de aumentar o poder de negociação nos organismos internacionais com os países desenvolvidos, muitas vezes chamados de Países do Norte. Um exemplo desse empenho foi o acordo de cooperação trilateral firmado entre Brasil, Índia e África do Sul. O nome oficial do grupo é Fórum de Diálogo Ibsa ou Ibas. A primeira sigla vem das iniciais em inglês dos três países, a segunda, em português. O grupo busca atuar de forma coordenada nos fóruns internacionais para aumentar o poder de negociação de seus membros e, como candidatos a membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, defendem a reforma desse órgão.
Os líderes dos três paíse Manmohan Singh, da Índia, Luís Inácio Lula da Silva, do Brasil, e Thabo Mbeki, da África do Sul, em encontro em 2007
   Formalmente estabelecido em 6 de junho de 2003, mediante a "Declaração de Brasília", o Fórum de Diálogo Índia-Brasil-África do Sul (Ibas), representa esforço de coordenação política cujas metas centrais podem ser resumidas em três tópicos: a aproximação de posições dos três países em instâncias multilaterais, o desenvolvimento da cooperação comercial, científica e cultural no âmbito Sul-Sul e a democratização de esferas de tomada de decisão internacional.
  Índia, Brasil e África do Sul procuram, especialmente a partir da década de 1990, elevar seu perfil internacional a partir de atributos cuja semelhança, por si só, justifica a maior aproximação entre os três países: são potências intermediárias, com forte influência em suas respectivas regiões, democracias consolidadas e economias em ascenção e que, dadas as evidentes desigualdades internas, confrontam desafios comuns de desenvolvimento.
  A partir dessa condição comum, Índia, Brasil e África do Sul perseguem interesses convergentes em relação à reforma nos mecanismos de tomada de decisão a nível global, especialmente do Conselho de Segurança das Nações Unidas e posicionam-se contrariamente à política de subsídios agrícolas praticada pelos países desenvolvidos e, como síntese das duas posturas anteriores, propugnam uma ordem internacional multipolar, estruturada a partir da maior atenção aos países em desenvolvimento e baseada no Direito Internacional e na democracia.
FONTE: Sene. Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil, volume 2: espaço geográfico e globalização: ensino médio / Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. São Paulo: Scipione, 2010.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

DISTRIBUIÇÃO DAS INDÚSTRIAS

OS FATORES LOCACIONAIS
  Os fatores locacionais são as vantagens que um determinado lugar oferece para a instalação de indústrias. No momento de investir, os empresários levam em consideração quais fatores são mais importantes para aumentar sua taxa de lucro. Os principais fatores que atraem as indústrias, de modo geral, são:
  • Matérias-primas: minerais e agrícolas;
  • Energia: petróleo, gás natural, eletricidade etc.;
  • Mão de obra: pouco qualificada (baixa remuneração) ou muito qualificada (alta remuneração);
  • Tecnologia: parques tecnológicos, incubadoras, universidades, centros de pesquisa e desenvolvimento (P&D);
  • Mercado consumidor: relacionado à quantidade de pessoas e disponibilidade de renda;
  • Logística: disponibilidade e custos de transporte e armazenagem;
  • Rede de telecomunicações: telefonia, internet etc.;
  • Complementaridade: proximidade de indústrias afins;
  • Incentivos fiscais: redução ou isenção de impostos concedida pelo Estado.
As fontes de energia, como o petróleo, são um dos fatores locacionais para a instalação de indústrias
  Durante a Primeira Revolução Industrial, do final do século XVIII até meados do século XIX, as jazidas de carvão mineral era um dos fatores mais importantes para a localização das fábricas, pois o carvão era a fonte de energia usada para movimentar as máquinas e a precariedade dos meios de transporte dificultava seu deslocamento por longas distâncias. Daí ter ocorrido uma intensa industrialização em torno das principais bacias carboníferas britânicas, alemães, francesas e norte-americanas. Com a Segunda Revolução Industrial, na última metade do século XIX, outras fontes de energia, como o petróleo e a eletricidade, passaram a ser utilizadas, houve modernização dos meios de transporte de carga e passageiros e a proximidade das jazidas de carvão foi cada vez mais perdendo importância como fator de localização das fábricas.
Carvão mineral - principal fonte de energia da Primeira Revolução Industrial
  Os derivados de petróleo, além de serem fonte de energia, constituem matéria-prima essencial na fabricação de vários produtos, como plásticos, borrachas e tecidos sintéticos, fertilizantes, tintas, cosméticos etc. Um dos setores que mais cresceu desde a descoberta dessa nova fonte de energia e matéria-prima foi a indústria petroquímica. Implantadas nas primeiras décadas do século XX, nessa época as petroquímicas se concentravam perto das jazidas de petróleo, mas a construção de oleodutos e de grandes navios petroleiros levou à sua dispersão espacial.
Indústria petroquímica - uma das que mais crescem
  Os custos com transporte são um dos principais fatores locacionais para as indústrias pesadas. Por exemplo, a maioria das refinarias de petróleo se localiza próxima aos grandes centros consumidores de seus produtos, o que nem sempre coincide com as áreas de extração, porque é mais barato transportar o petróleo bruto que seus derivados - gasolina, nafta, querosene e outros derivados ocupam volume maior que o petróleo bruto, demandando maior custo de transporte.
  Em contrapartida, a proximidade das jazidas de minérios, como ferro, manganês etc. constituem um dos principais fatores para a localização das indústrias siderúrgicas, como as do Quadrilátero Ferrífero (Minas Gerais), porque é mais barato transportar as chapas de aço do que o minério bruto.
Exploração de minério de ferro no Quadrilátero Ferrífero - MG
  Nas últimas décadas, um fator determinante para a localização de qualquer tipo de indústria é a existência de uma logística de transportes e armazenagem que possibilite o recebimento de matérias-primas e o escoamento das mercadorias produzidas a custos competitivos. Por isso, muitos centros industriais importantes desenvolveram-se próximos a portos marítimos ou fluviais ou ainda em entroncamentos rodoviários ou ferroviários. Centros industriais mais modernos - que produzem bens de alto valor agregado, como os da área de informática - tendem a se localizar perto de aeroportos. Com a mobilidade do capital e das mercadorias pelo mundo, a logística ganha uma importância determinante na alocação dos investimentos produtivos no espaço geográfico.
Rodovias - importante no fator locacional
  Com o desenvolvimento tecnológico e o consequente barateamento dos transportes, as indústrias, mesmo as que utilizam muita matéria-prima, já não precisa se localizar perto das reservas. O Japão, por exemplo, grande produtor de aço, importa todo o minério de ferro e o carvão utilizados em suas indústrias; o Canadá, grande produtor de alumínio, importa toda a alumina (óxido de alumínio, resultante do primeiro processamento da bauxita) necessária a sua produção. Tanto as indústrias siderúrgicas japonesas como as metalúrgicas canadenses localizam-se em áreas onde os navios carregados de minérios podem atracar. O Japão, contudo, não é grande produtor de alumínio,  porque o que mais pesa no funcionamento dessa indústria é a energia elétrica, da qual o Canadá, por sua vez, é grande produtor. A produção de alumínio a partir da alumina consome muita energia e tende a se localizar em países que têm grande disponibilidade de energia hidrelétrica, como é o caso do Canadá e também do Brasil.
Indústria siderúrgica no Japão
  Outros fatores que antigamente eram fundamentais para a localização de muitas indústrias, sobretudo as de bens de consumo, como eletrodomésticos, alimentos e roupas, foram a disponibilidade de mão de obra e a proximidade do mercado consumidor. É por isso que o fenômeno industrial esteve inicialmente ligado às grandes cidades como Londres, Paris, Nova York, Tóquio, Munique, São Paulo, Cidade do México, Seul etc.
  Muitas vezes a instalação de uma indústria ou de um distrito industrial promove o crescimento das cidades em seu entorno, enquanto em outros casos as cidades atraem indústrias, que por sua vez promovem seu crescimento e as transforma em polos de atração de novos estabelecimentos industriais. Vê-se, portanto, que as cidades e as indústrias se influenciaram de maneira recíproca, principalmente até meados do século XX.
Fábrica no Distrito Industrial de Maracanaú - CE
  Além desses fatores, há outros que, cada vez mais,  vem ganhando importância na hora da decisão sobre onde implantar uma nova fábrica: os incentivos fiscais. Interessados em atrair novas fábricas, diversas esferas de governo concede isenções de impostos às empresas que pretendem instalar em seus territórios. Em geral fazem essas concessões a indústrias que têm efeito multiplicador, isto é, que atraem outras fábricas que, por sua vez, não terão incentivos, o que em geral compensa a isenção concedida. Por exemplo, o governo de um estado concede incentivos fiscais para atrair uma indústria automobilística - como fez o governo da Bahia com a Ford -, que atrai várias fábricas de autopeças para seu entorno. Vale dizer que os incentivos fiscais complementam outros fatores locacionais; isoladamente, não conceguem atrair indústrias.
Fábrica da Ford em Camaçari - BA
  É comum também a cessão de terrenos para a instalação de unidades produtivas, muitas vezes até mesmo com a infraestrutura básica já implantada. Em qualquer país, quando uma grande empresa anuncia o projeto de uma nova fábrica, começa uma "guerra" fiscal entre estados (ou províncias, departamentos etc.) e entre municípios com o objetivo de atraí-las.
DESCONCENTRAÇÃO DA ATIVIDADE INDUSTRIAL
  Com a globalização e a Revolução Técnico-Científica, entretanto, além dos consequentes avanços nos transportes e nas telecomunicações, as indústrias não precisam necessariamente se instalar próximas ao mercado consumidor. Na realidade, para as grandes corporações, o mercado consumidor é o mundo todo. A Nike, por exemplo, produtora de material esportivo, está sediada nos Estados Unidos, mas contrata outras empresas para produzir seus tênis, bolas, agasalhos etc. em países de mão de obra barata, sobretudo da Ásia, de onde seus produtos são exportados para o mundo inteiro. O grande ativo da Nike é sua marca, que vai estampada em todos os seus produtos esportivos. No capitalismo informacional a marca é mais importante que o produto, que, em muitos casos, pode ser fabricado por qualquer empresa terceirizada, localizada em qualquer lugar do mundo.
Operárias vietnamitas em fábrica de produtos para a Nike
  No México, há pouco tempo, muitas "maquilladoras" (nome dado às filiais de multinacionais instaladas em cidades mexicanas situadas na fronteira com os Estados Unidos, onde montam produtos para vender no mercado norte-americano) têm sido fechadas e sua produção transferida para a China, a milhares de quilômetros de seu mercado-alvo. O custo de transporte é compensado porque a mão de obra chinesa é mais barata do que a mexicana. Com esses exemplos, fica evidente que, para as indústrias trabalho-intensivas, a mão de obra barata é um fator fundamental, mais importante do que a proximidade do mercado consumidor.
Fábrica de aviões norte-americanos Boeing na China
  O crescimento econômico e populacional das grandes cidades tem provocado aumento dos custos de produção devido à forte alta no preço dos imóveis e dos impostos, aos enormes congestionamentos de trânsito e à elevação do custo de mão de obra. Por conta disso, nas últimas décadas tem ocorrido uma reorganização da distribuição das indústrias no espaço geográfico nas escalas regional, nacional e mundial. A desconcentração industrial resulta da necessidade de buscar custos menores e foi viabilizada pela modernização dos sistemas de transportes e de telecomunicações, e nos métodos de gestão. Hoje, requer-se cada vez menos tempo para que as mercadorias, pessoas e informações se desloquem pelo espaço terrestre.
Os engarrafamentos nas grandes cidades, como em São Paulo, é um dos fatores que contribui para a desconcentração industrial
  O atual estágio de desenvolvimento da logística de transportes e das telecomunicações levou a uma maior integração e aumento na interdependência entre os diversos lugares no espaço geográfico mundial, permitindo o surgimento da indústria globalizada. Desse modo, uma indústria automobilística japonesa pode conceber um projeto num centro de P & D localizado no Japão ou nos Estados Unidos, desenvolvê-lo num desses países, na Europa ou na China, realizar a produção das diversas peças em uma dúzia de países de acordo com as vantagens que ofereçam, escolher alguns deles para realizar a montagem final e garantir suas vendas em escala mundial.
  Globaliza-se, assim, não só mercado como também a produção. Essa dinâmica atual permite uma maior especialização da atividade industrial nos mais diversos países e regiões do mundo e a consequente intensificação das trocas comerciais em escala planetária. O que não é produzido em dado país ou dada região acaba sendo procurado fora. Da mesma forma, o aumento da produção exige a ampliação do mercado, que de nacional passa a continental ou mundial.
  Apesar da desconcentração em curso, o fenômeno industrial ainda está distribuído de maneira bastante desigual, predominando em algumas poucas regiões do espaço geográfico mundial. As maiores aglomerações industriais ocorrem principalmente nos países desenvolvidos e nas economias emergentes, em regiões que começaram a se industrializar no tempo em que havia tendência à concentração de indústrias no espaço geográfico.
PRODUÇÃO INDUSTRIAL E MEIO AMBIENTE
  Durante muito tempo a maioria das legislações ambientais eram frágeis, o que permitia a produção a custos menores e contribuía para atrair indústrias poluidoras em países em desenvolvimento. Embora isso ainda aconteça, a crescente preocupação mundial com o desenvolvimento sustentável e a preservação do meio ambiente tem aumentado a pressão para que as fábricas tenham métodos de produção que provoquem os menores impactos ambientais possíveis. Hoje, vem se firmando a ideia de que o desenvolvimento sustentável e o respeito às leis ambientais podem contribuir para aumentar a produtividade das empresas e, consequentemente, sua competitividade e seus lucros, além de reforçar a imagem positiva de "empresa verde".
Empresa verde - um símbolo para as empresas que contribuem com a preservação do meio ambiente
OS PARQUES TECNOLÓGICOS
  No caso das indústrias típicas da Revolução Técnico-científica, um fator fundamental para a escolha de sua localização é a existência de mão de obra altamente qualificada. É por isso que as indústrias de alta tecnologia - semicondutores (microchips), informática (equipamentos, programas e sistemas), telecomunicações, biotecnologia, entre outras - se encontram nos parques tecnológicos ou tecnopolos, também chamados parques científicos.
  Os parques tecnológicos são o exemplo mais acabado da geografia industrial do capitalismo informacional. Esses novos centros industriais têm relação com a Terceira Revolução Industrial, assim como as regiões carboníferas tinham com a Primeira ou as jazidas petrolíferas com a Segunda. Os tecnopolos constituem os pontos de interconexão da rede mundial de produção de conhecimentos e os principais centros irradiadores das inovações que caracterizam a revolução tecnológica que se iniciou nas últimas décadas do século passado.
Vale do Silício - mais importante tecnopolo do mundo
  A maioria dos tecnopolos situa-se nos países desenvolvidos, onde se reúnem os fatores favoráveis para seu desenvolvimento: renomadas universidades e institutos de pesquisa de ponta, mão de obra qualificada, empresas inovadoras, capital de risco para investimentos, boa infraestrutura de transporte e de telecomunicações e apoio direto ou indireto do Estado. Os tecnopolos concentram-se especialmente nos Estados Unidos, na União Europeia e no Japão, embora existam em outros países desenvolvidos e também em alguns países emergentes, como nos BRIC, na Coreia do Sul, em Taiwan, no México, entre outros.
Mapa da localização das indústrias no Japão
FONTE: Sene, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil, volume 2: espaço geográfico e globalização: ensino médio / Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. - São Paulo: Scipione, 2010.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O FMI E O BANCO MUNDIAL

  Quando, no final da Segunda Guerra Mundial, imaginaram uma ordem internacional para o pós-guerra, os Estados Unidos não se limitaram à política. A superpotência também se preocupava com a ordem econômica. Evitar graves crises econômicas ajudaria a manter a estabilidade política e, além disso, contribuiria para a prosperidade de sua economia.
  Antes ainda do encerramento da grande guerra, o governo norte-americano convidou os países capitalistas a uma reunião destinada a organizar a ordem econômica dos novos tempos de paz. A Conferência de Bretton Woods reuniu-se em julho de 1944, nas proximidades de Washington. Nela, ficou decidido que a moeda norte-americana cumpriria as funções de uma "moeda mundial". Desde aquele momento, com exceção dos países socialistas, o dólar tornou-se o principal meio de pagamento internacional.
Líderes mundiais durante a Conferência de Bretton Woods, em 1944
  A Conferência de Bretton Woods criou duas instituições que deveriam garantir a estabilidade da economia mundial: o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI). Os dois fazem parte, formalmente, do sistema das Nações Unidas, mas são autônomos e não se subordinam ao Conselho de Segurança nem à Assembleia Geral da ONU.
  O FMI surgiu para conceder empréstimos de emergência a países que enfrentassem crises econômicas. Seu capital provém de contribuições de países-membros. Suas decisões são adotadas por voto, mas os direitos de voto dependem da parcela do capital de cada país-membro.
Edifício sede do FMI em Washington - EUA
  Oito potências econômicas controlam quase metade dos direitos de voto. O voto dos Estados Unidos vale bem mais que o de qualquer outro país-membro.
  Ao longo do tempo, surgiram outras fontes de empréstimo internacional. Os países passaram a tomar dinheiro emprestado em fontes privadas, como os grandes bancos e os fundos de investimento financeiro. Atualmente, o FMI é credor de uma pequena parte das dívidas externas acumuladas por grandes devedores, como Brasil, Rússia, Argentina, México e Indonésia.
  O novo cenário provocou uma mudança nas funções do FMI. O fundo continua a realizar empréstimos, mas tornou-se também uma espécie de supervisor das relações entre os credores e os países devedores. As negociações entre eles, que ocorrem quando os devedores enfrentam dificuldades para cumprir os pagamentos, geralmente envolvem o FMI. Nessas ocasiões, técnicos do FMI visitam os países devedores, promovem reuniões com seus governos e apresentam programas de reformas econômicas destinados a assegurar a retomada dos pagamentos.
Reunião do Conselho Fiscal do FMI
  O Banco Mundial surgiu com a função principal de coordenar a reconstrução dos países europeus devastados pela Segunda Guerra Mundial. Esse processo durou cerca de duas décadas e foi iniciado por um amplo programa de empréstimos dos Estados Unidos aos países da Europa Ocidental, denominado Plano Marshall. Depois, o Banco Mundial passou a atuar, prioritariamente, no financiamento de programas de desenvolvimento na América Latina, na Ásia e na África.
Sede do Banco Mundial em Washington - EUA
  FMI e Banco Mundial são instituições gêmeas. Para ingressar no segundo, os países devem ser membros do primeiro. As estruturas de poder do Banco Mundial são semelhantes às do FMI. As grandes potências econômicas controlam as maiores fatias do capital do banco, o que garante a elas peso maior na distribuição dos direitos de voto.
  As duas instituições financeiras que nasceram em Bretton Woods funcionam como reguladoras da economia mundial. Durante a Guerra Fria, sua influência não alcançava os países socialistas. Atualmente, porém, com a admissão da Rússia e da China como membros de ambas, suas decisões têm impacto global.
FONTE: Magnoli, Demétrio. Estudos geográficos, 9° ano / Demétrio Magnoli. - 1. ed. - São Paulo: Atual, 2008.

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