terça-feira, 13 de setembro de 2011

O MUNDO RURAL

AS DIFERENÇAS NO MUNDO RURAL
  O intenso processo de urbanização mundial ocorrido no século XX transformou significativamente o campo. A modernização da agricultura, em conjunto com a industrialização nas cidades levou ao êxodo rural e fez a população urbana se tornar maior que a rural.
  Ao compararmos o mundo rural em várias partes do globo, veremos que existem grandes diferenças. Em países com economias industriais avançadas, como os Estados Unidos, a Alemanha e o Japão, as áreas destinadas à agropecuária são modernas e urbanizadas, e a população rural é reduzida. Já em alguns países em desenvolvimento, a população rural ainda é muito numerosa e a agropecuária tem uma participação importante na economia e na organização social. É o caso da Índia, da China e de outros países asiáticos e africanos.
Espaço rural na Índia - absorve muita mão de obra
  O espaço rural mundial apresenta diferenças nos tipos de cultivo e criação, e no uso de tecnologias como fertilizantes, defensivos e maquinaria. Nesse aspecto, existem culturas com alto grau tecnológico e outras com sistemas tradicionais de cultivo. As diferenças ocorrem ainda nas relações de trabalho, destacando-se o trabalho assalariado e o trabalho familiar. Em algumas regiões do mundo, persiste o trabalho escravo, universalmente considerado uma violação dos direitos humanos. Essas diferenças são fundamentais para entendermos a organização do espaço rural no mundo.
  Muitos associam o mundo rural apenas as atividades agropecuárias. No entanto, várias outras atividades não agrícolas fazem parte dele, principalmente nos países desenvolvidos. Tais atividades estão ligadas a novos usos do meio rural, como áreas de lazer (turismo rural), moradia (de pessoas que buscam melhor qualidade de vida ou procuram terras mais baratas), criação de aves e pequenos animais, cultivo de flores e verduras, produção de artesanato, entre outras.
Turismo rural - uma das novas formas de uso do campo
AGRÍCOLA E AGRÁRIO
  O termo agrícola diz respeito à produção em si - o que, quanto e para que se produz. Já o termo agrário está ligado a como se produz e às relações sociais que se estabelecem nessa produção.
  Em algumas áreas existe um uso intensivo da terra para a agropecuária. Nesse sistema agrícola são utilizadas tecnologias modernas de cultivo e de colheita, como máquinas, fertilizantes e adubos. Em outras áreas, a terra é pouco usada ou usada de forma extensiva, com intenso aproveitamento da mão de obra e poucos equipamentos de mecanização.
Agricultura intensiva - desenvolve-se com modernas técnicas agrícolas
OS TIPOS DE AGRICULTURA
  A diversidade encontrada no meio rural é, em grande parte, associada às formas de produção. Assim, podemos diferenciar os tipos de agricultura quanto à finalidade, à técnica e à mão de obra.
QUANTO À FINALIDADE
Agricultura de subsistência - as produções agrícola e pecuária são voltadas para o consumo dos produtores, sendo comercializada parte do excedente.
Agricultura de subsistência - geralmente utilizada pelo pequeno agricultor
Agricultura comercial - tem como objetivo a comercialização do que se produz visando ao lucro e possui uma integração com o mercado. Existem tanto a pequena agricultura e a pecuária feita por produtores familiares, quanto a grande agropecuária realizada por empresas ou grandes proprietários de terras.
Agricultura comercial - na maioria das vezes é realizada por grandes produtores
QUANTO À TÉCNICA
Agricultura tradicional - utiliza poucos recursos técnicos e pouca inovação. Normalmente é empregada grande quantidade de mão de obra e a produtividade é baixa. Tais características são mais comuns na agricultura de subsistência, mas também estão presentes na agricultura comercial.
Agricultura tradicional - muita mão de obra e pouca tecnologia
Agricultura moderna - utiliza os avanços da revolução verde, nome dado a uma série de inovações na mecanização do preparo do solo, na produção de sementes e na prática de técnicas agrícolas a partir da década de 1950. Essa agricultura tem grande integração com os mercados, tanto para vender a grandes empresas agroindustriais quanto para comprar insumos, que são os fertilizantes, os implementos agrícolas (plantadeiras, colheitadeiras, arados, pulverizadores) e os defensivos (produtos agroquímicos, como agrotóxicos, inseticidas, herbicidas, vermífugos).
Agricultura moderna - maior produção e menos mão de obra
Agricultura orgânica - sua principal característica é a utilização da terra de forma sustentável, ou seja, preservando os recursos naturais e não poluindo o meio ambiente. Outra característica é a não utilização de produtos químicos, como fertilizantes e agrotóxicos. Nesse sistema são usadas técnicas naturais de adubação, geralmente à base de esterco, além de métodos não agressivos para controle de pragas.
Agricultura orgânica - produtos mais saudáveis
QUANTO À MÃO DE OBRA
Agricultura patronal - é aquela na qual a mão de obra principal provém da contratação de trabalhadores assalariados. Normalmente são empresas agrícolas que utilizam técnicas modernas.
Agricultura patronal - trabalhadores permanentes no emprego
Agricultura familiar - predomina o trabalho dos membros da família e pode ser tanto de subsistência quanto moderna ou orgânica. Destacam-se dois tipos de agricultura familiar no mundo: a agricultura camponesa e o farmer norte-americano.
  Na agricultura camponesa, a família produz para si mesma e para um mercado local, normalmente objetivando o sustento da própria família, e não o lucro. Um exemplo desse tipo de agricultura foi o mir russo, comunidade agrícola com um forte caráter coletivo em que as terras da aldeia eram redistribuídas entre as famílias de tempos em tempos. A agricultura camponesa familiar era uma maneira de resistir aos avanços do capitalismo (no século XIX), mantendo uma forma produtiva própria.
Camponesas colhendo feijão
  No farmer norte-americano, a produção tem grande integração com o mercado e o produtor é visto como um pequeno capitalista inovador, que busca ampliar sua produtividade para aumentar os lucros. Representa uma agricultura familiar que amplia o desenvolvimento capitalista.
Moderna agricultura familiar dos Estados Unidos
TRANSFORMAÇÕES NA AGRICULTURA E RESISTÊNCIA CAMPONESA
  No processo de formação do capitalismo, na passagem da Idade Média para a Idade Moderna, uma das características que se tornaram mais marcantes foi a transformação da agricultura e sua consequente subordinação aos interesses da sociedade capitalista. Tal mudança fez com que a agricultura passasse a produzir mercadorias com o objetivo de acumular capital visando o lucro.
 Especialmente na Inglaterra, ocorreram profundas mudanças na agropecuária, especialmente com os cercamento das terras comunais, que foram transformadas em fazendas de criação de ovelhas. Milhares de camponeses foram expulsos, liberando grande parte da mão de obra necessária para a industrialização. Nas cidades, muitos desses camponeses se tornariam operários industriais. Esse fato foi fundamental para a Revolução Industrial e a consolidação do capitalismo.
Revolução Industrial - consolidação do capitalismo
  Mas o capitalismo não destruiu integralmente as comunidades camponesas e a agricultura tradicional. Por meio da mercantilização, foi paulatinamente transformando-as em uma agricultura comercial. Os camponeses, que antes produziam apenas para a sua subsistência e comercializavam um pequeno excedente, passaram a produzir para o mercado, ainda de forma tradicional, mas inseridos no comércio mais amplo.
  A inserção das relações capitalistas de produção no seio do campesinato teve um aspecto contraditório: ao mesmo tempo que transformava parte dos camponeses em ricos agricultores, transformava outra parte em agricultores empobrecidos e sem terra para plantar. Estes migravam para as cidades ou passavam a trabalhar como empregados dos que enriqueciam.
  A luta pela terra tornou-se uma das principais formas de resistência do campesinato no mundo, uma maneira de resistir às relações capitalistas que muitas vezes levaram à sua destruição como grupo social. Os camponeses tiveram papel fundamental  nas revoluções e revoltas sociais do século XX. Como representantes dos interesses daqueles que vinham sendo oprimidos pelas novas relações capitalistas, eles quase sempre se aliavam aos movimentos operários em busca de transformações da sociedade. Os principais movimentos de luta no campo no século XX foram os seguintes:
Revolução Mexicana (1910): a luta central visava maior democratização do acesso à terra e propunha uma reforma agrária por meio do desmembramento das haciendas (os latifúndios mexicanos). Parte do objetivo foi alcançada, pois foi feita uma reforma agrária, mas nem todas as reivindicações foram atendidas. Destacaram-se Pancho Villa (ao norte) e Emiliano Zapata (ao sul) como líderes dos movimentos camponeses na revolução.
Pancho Villa em primeiro plano - um dos líderes da Revolução Mexicana
Revolução Chinesa (1949): a sociedade chinesa tem uma estrutura camponesa milenar.  Ao longo da história da China, os camponeses desempenharam papel central nas lutas sociais, tendo participado de rebeliões contra a autoridade do poder central ou contra o domínio estrangeiro. Na revolução de 1949, liderada por Mao Tsé-tung, os camponeses foram de fundamental importância para a vitória dos comunistas.
Mao Tsé-tung - líder da Revolução Chinesa
  Os camponeses também desempenharam papel fundamental em outras revoluções no século XX, como a Revolução Russa (1917), a Cubana (1959), a Vietnamita (1965-1975) e a Nicaraguense (1979).
  Mesmo com a intensa urbanização, diversos movimentos sociais rurais têm tido grande importância nos países da América Latina, Ásia e África. Ainda hoje a luta pela terra é uma bandeira presente nesses movimentos.
Protesto de camponeses contra a concentração de terra no Brasil
PROTECIONISMO AGRÍCOLA E VIDA NO CAMPO NOS PAÍSES DESENVOLVIDOS
  O protecionismo agrícola no comércio internacional é um conjunto de práticas que tem como objetivo impedir ou dificultar a entrada de produtos estrangeiros em um país. De forma geral, a justificativa para a adoção de tais práticas é a necessidade de proteger a produção agrícola local da concorrência de outros países mais produtivos, que teriam vantagem nos preços e na qualidade dos seus produtos. Essa política foi adotada desde os primórdios do desenvolvimento das principais economias capitalistas, mas foi após a Segunda Guerra Mundial que ela se tornou mais intensa.
  Os países que adotam as práticas protecionistas alegam que proteger a produção local é defender o emprego rural e a diversificação da agricultura. O argumento é que, sem a proteção, algumas atividades simplesmente deixariam de existir, pois não conseguiriam concorrer com as dos países mais produtivos. Menciona-se também a concorrência nacional, que estaria associada à existência de uma soberania alimentar (capacidade do país de produzir uma parte significativa de alimentos de que necessita para abastecer sua população).
Cultivo de milho nos Estados Unidos - um dos países que mais adota a prática protecionista na agricultura
  Existe grande variedade de formas de protecionismo. Destacam-se a criação de impostos elevados sobre as importações e a criação de cotas (estabelecendo uma porcentagem máxima da quantidade de cada produto que poderá ser importada. O protecionismo inclui, muitas vezes, a proibição da importação de certos produtos. Considerada uma barreira não tarifária, a proibição da importação é utilizada frequentemente sob a alegação de não cumprimento de critérios ambientais ou sanitários (caso de doenças que acometem o gado, como a febre aftosa e a gripe aviária). As barreiras de importação de produtos oriundo dos países emergentes quase sempre são alimentadas por discursos preconceituosos e estereótipos.
Febre aftosa - uma das formas dos governos promoverem o protecionismo
  Também existem os subsídios dados pelo governo dos países ricos aos seus agricultores, tais como taxas de juros mais baixas, política de preços mínimos, garantia de compra da produção, entre outos. Tais práticas têm sido constantemente questionadas pelos países que se sentem prejudicados e que são signatários da Organização Mundial do Comércio (OMC), pois normalmente são os países desenvolvidos que adotam medidas para proteger seus mercados dos produtos agrícolas oriundo dos países subdesenvolvidos, mais especializados na produção de alimentos e matérias-primas. Um exemplo disso é a sobretaxa cobrada pelos Estados Unidos para as importações de suco de laranja brasileiro. Se não houvesse a sobretaxa, o produto brasileiro poderia ser vendido por um preço bem mais baixo do que aquele produzido nos Estados Unidos, o que ocasiona prejuízos na indústria local de sucos e de produtos de laranjas.
Produção de laranja no Brasil - encontra forte concorrência com o mercado norte-americano devido o protecionismo desse produto nos Estados Unidos
  Tem sido comum, nos últimos anos, justificar o protecionismo nos países desenvolvidos por críticas às formas de produção nos países subdesenvolvidos, que são acusados de dumping social e ambiental.
  O termo dumping se refere à prática desleal na concorrência. Uma forma dessa prática seria vender um produto mais barato do que o custo para levar o concorrente à falência, e depois deter o monopólio na formação dos preços; outra seria não respeitar regras no processo produtivo, barateando o custo final dos produtos. Esse tipo de situação ocorre quando não se respeita a legislação ambiental ou algum critério básico de proteção ao meio ambiente (dumping ambiental). Isso permite produzir itens muito mais baratos do que aqueles que respeitam a natureza.
Recentemente, a África do Sul acusou o Brasil de promover dumping na exportação do frango
  Outro caso de dumping é quando as condições de trabalho são ruins e o preço da mão de obra é muito baixo, desrespeitando as legislações trabalhistas e as mínimas condições sociais, o que é chamado de dumping social. Nesses casos, os países que adotam tais práticas têm vantagens "desonestas" na concorrência internacional, o que justificaria as barreiras protecionistas impostas pelos compradores.
A AGRICULTURA NOS ESTADOS UNIDOS
  Os Estados Unidos são os maiores produtores de alimentos do mundo. Possui uma agricultura bastante moderna e integrada aos diversos processos de comercialização e industrialização. São identificados dois grandes modelos agrícolas: o modelo texano e o modelo californiano.
  O modelo texano inclui as grandes propriedades produtoras de fibras e grãos no Meio-Oeste norte-americano, mercadorias pouco diferenciadas (commodities), produzidas em larga escala e com alta tecnologia. A uniformidade do produto é uma característica desejada e a intensificação do aproveitamento do solo torna-se uma necessidade para que se obtenham maiores ganhos de produção. O ganho de escala é um dos principais fatores de competitividade nesse modelo.
Produção de algodão no Texas
  O modelo californiano é o processo produtivo que tem como base a diferenciação de qualidade. Busca-se a diversidade dos produtos já na origem da produção. Nesse modelo, as mercadorias são diferenciadas e normalmente necessitam de uma atenção maior do produtor. Alguns desses produtos não passam por processo de transformação industrial (como é o caso de frutas e legumes); outros são submetidos a processos especiais para destacar sabor e aroma (como o café). Os ganhos estão associados às especificidades e diferenciações de qualidade, e não à escala de produção.
Modelo californiano de produção de uvas
A AGRICULTURA EUROPEIA
  A agricultura europeia apresenta grande diversidade regional. No entanto, é possível perceber algumas características comuns entre os países: a estrutura de propriedade baseada em pequenos e médios estabelecimentos, a adoção de técnicas modernas de cultivo e a prioridade dada aos mercados internos.
  Os países europeus mais industrializados praticam uma agricultura intensiva, apoiadas em técnicas modernas e integrada aos mercados, fruto de um processo mais intenso de modernização ocorrido desde o século XIX. Em outros países que tiveram uma modernização tardia, principalmente no Leste Europeu, as práticas agrícolas tradicionais ainda têm grande importância.
Agricultura em Portugal
  Nos países do antigo bloco socialista houve um processo de modernização ligado ao planejamento estatal, que entendia ser a coletivização da produção agrícola uma prática necessária para o desenvolvimento econômico do país. Assim, na União Soviética dos anos 1930, foram feitas experiências de coletivização da agricultura, criando-se grandes fazendas coletivas (kolkhozes), administradas por uma cooperativa de trabalhadores. Além dessas, havia as fazendas estatais (sovkhozes), administradas pelo Estado, onde os trabalhadores eram assalariados. A coletivização da agricultura na URSS foi feita com grande resistência dos camponeses, o que gerou muita violência em seu processo de implantação.
Kolkhoze na Rússia
MUNDO RURAL NOS PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO
  Uma característica que diferencia os países em desenvolvimento dos países desenvolvidos é a participação da agricultura na População Economicamente Ativa (PEA). Ao contrário dos países desenvolvidos, os países em desenvolvimento possuem uma parcela significativa de sua população vivendo no campo.
  Nesses países, o processo de modernização agrícola levou a um êxodo rural intenso, causando uma série de problemas nas cidades. Mesmo considerando-se o número de pessoas que deixam o campo, ainda é grande o número de pessoas que vivem nas áreas rurais. Alguns países procuram desenvolver políticas públicas para a manutenção das populações rurais no campo, seja por meio de subsídios às atividades agrícolas, seja pela melhoria das condições de vida nesses locais (construção de escolas, investimento em transporte público).
Construção de cisternas - uma das alternativas encontradas no Nordeste brasileiro para a melhoria de vida da população rural na região
  Alguns tipos de atividade agropecuária sao comuns em países em desenvolvimento, como a agricultura de jardinagem, o sistema plantation, a agricultura sedentária rudimentar e o pastoreio nômade.
AGRICULTURA DE JARDINAGEM
  É praticada no Sudeste Asiático, normalmente em áreas de planície onde se produzem o arroz e outros vegetais. Nesse sistema utilizam-se intensa mão de obra e técnicas modernas de adubação e irrigação.
  A aplicação de novas tecnologias na agricultura de jardinagem, sobretudo na rizicultura, pode aumentar significativamente a produtividade. Diversos países da Ásia aplicam esse tipo de agricultura, como a China, o Vietnã e Taiwan, entre outros.
Agricultura de jardinagem na China
PLANTATION
  O sistema plantation utiliza grandes áreas de monocultura para a exportação. Aplica-se técnicas modernas, mas também utiliza muita mão de obra barata. Esse sistema, muito utilizado na época da expansão colonial europeia (séculos XVI-XIX), está atualmente nas mãos de grandes proprietários privados ou de empresas capitalistas, muitas vezes multinacionais. Vários países africanos ainda utilizam o sistema plantation, entre eles Serra Leoa, Costa do Marfim, Camarões, Angola, República Democrática do Congo, Sudão, Quênia, entre outros.
Plantation da cana-de-açúcar
AGRICULTURA SEDENTÁRIA RUDIMENTAR
  Caracteriza-se pela dependência dos recursos naturais. Os meios técnicos são escassos, o que torna baixa a produtividade. Esse tipo de agricultura representa uma das principais fontes de renda de boa parte dos países asiáticos e africanos, além de ser importante em alguns países da América Latina. Por depender da natureza, os agricultores são vitimados pelas secas ou enchentes, o que causa graves problemas.
Agricultura itinerante - um exemplo de agricultura rudimentar
PASTOREIO NÔMADE
  É muito comum nas áreas próximas aos grandes desertos, como o Kalahari, Saara e Gobi. As populações praticam atividades de subsistência com base no nomadismo, como a criação de cabras, camelos e de gado bovino. As condições naturais não permitem a adoção de práticas agrícolas sedentárias.
Criadora de cabras na África
FONTE: Geografia, 1° ano: ensino médio / organizadores: Fernando dos Santos Sampaio, Ivone Silveira Sucena - 1. ed. - São Paulo: Edições SM, 2010. - (Coleção ser protagonista).

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

AMÉRICA ANGLO-SAXÔNICA E AMÉRICA LATINA

  A história, a cultura e a economia, estabeleceram uma linha divisória no interior da América. Essa linha, que passa entre os Estados Unidos e o México, divide o continente em dois grandes conjuntos geopolíticos: o da América Anglo-Saxônica e o da América Latina.
  A América Anglo-Saxônica é constituída por apenas dois países: Estados Unidos e Canadá. Esses países-continentes originaram-se com a colonização britânica, utilizam majoritariamente a língua inglesa e apresentam predomínio de protestantes.
  Do ponto de vista econômico, Estados Unidos e Canadá são países desenvolvidos e sua população exibe, de modo geral, elevados níveis de vida e consumo. Os Estados Unidos são a maior potência econômica e militar do mundo, abrigando a sede de parte expressiva das empresas transnacionais nos setores industrial e financeiro.
Ford - um exemplo de transnacional norte-americana
  A América Latina é constituída por todos os países ao sul dos Estados Unidos. Quase todos eles originaram-se com a colonização espanhola e portuguesa, utilizam oficialmente línguas latinas e apresentam predomínio de católicos.
  Economicamente, a América Latina é um conjunto diversificado, com países de base industrial (como o Brasil e o México) e países profundamente dependentes da agricultura e da extração de minérios e combustíveis (como a Bolívia e o Equador). Mas, em todos, a pobreza atinge parcela expressiva da população e os níveis de renda são muito inferiores aos da América Anglo-Saxônica.
A pobreza domina na maioria da América Latina
  A linha divisória entre as duas Américas também tem significado demográfico. Na América Anglo-Saxônica, as taxas de natalidade são baixas e o crescimento vegetativo da população é lento. Já na América Latina, as taxas de natalidade ainda são relativamente altas e o crescimento vegetativo da população é maior, embora apresente clara tendência à redução.
  Alguns países do Grande Caribe, surgida com a colonização britânica ou holandesa, não se enquadram nos critérios culturais e históricos que definem a América Latina. Mas a economia faz toda a diferença: esses países compartilham com a América Latina níveis de renda muito inferiores aos dos Estados Unidos e do Canadá.
Paisagem das Bahamas - um país latino-americano colonizado por ingleses
  A fronteira entre os Estados Unidos e o México é uma faixa de tensão econômica, demográfica e política. Através dela, dois mundos se encaram e se confrontam, se atraem e se repelem.
Muro que separa os Estados Unidos do México:à direita, Tijuana no México; à esquerda, San Diego, Estados Unidos
FONTE: Magnoli, Demétrio Estudos de geografia, 8° ano/ Demétrio Magnoli. - 1. ed. -- São Paulo: Atual, 2008


quinta-feira, 8 de setembro de 2011

CONHEÇA UM POUCO SOBRE A ALEMANHA

O PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO DA ALEMANHA
  De 1815 a 1871 a Alemanha foi uma confederação composta de 39 unidades políticas independentes (Estados, reinos, ducados, principados e cidades-Estado). Em 1861, sob o comando de Otto Von Bismarck, chanceler da Prússia, o Estado mais poderoso da confederação germânica, iniciou-se o processo de unificação política marcado por diversas guerras contra seus vizinhos. A Alemanha entrou em guerra contra a Dinamarca, a Áustria e a França. Venceu todas, inclusive seu vizinho mais poderoso, de quem tomou os territórios da Alsácia e Lorena ao final da Guerra Franco-Prussiana (1870-71).
Otto Von Bismarck - responsável pela unificação da Alemanha
  Após esse período de guerras, o país completou o seu processo de unificação político-territorial. A partir daí houve uma aceleração do processo de industrialização e a Alemanha, em fins do século XIX, já tinha uma economia mais forte que a do Reino Unido e a da França, além de ter liderado, com os Estados Unidos, os avanços tecnológicos da Segunda Revolução Industrial.
  A unificação político-territorial de 1871 tornou a Alemanha não só um único Estado, mas também um único mercado. Entretanto, o processo de unificação econômica já havia começado com a criação do Zollverein (união aduaneira estabelecida em 1834 entre os Estados alemães), o que estimulou desde aquela época o comércio e, portanto, o desenvolvimento industrial.
Mapa do Zollverein - união aduaneira estabelecida entre os Estados alemães
  Com a unificação política, consolidou-se a integração econômica: instituição de uma moeda única, padronização das leis e constituição de um amplo mercado interno, que ampliou as possibilidades de acumulação de capitais. Em consequência disso a Alemanha tornou-se uma potência econômica e militar, mas, como não tinha colônias, se envolveu em mais guerras com o objetivo de conquistar novos territórios.
Momento em que o Rei Napoleão III se rende a Otto Von Bismarck pondo fim à Guerra Franco-Prussiana
  Ao longo dos séculos XIX e XX, muitas indústrias se concentraram na confluência dos rios Ruhr e Reno, quase na fronteira com os Países Baixos, graças à disponibilidade de grandes jazidas de carvão mineral (a hulha da bacia do Ruhr) e à facilidade de transporte hidroviário. Desde o final da Idade Média o vale do Reno foi uma das principais rotas do comércio, ligando o norte da Itália aos Países Baixos. Assim, desde então houve uma significativa concentração de capitais na região e os grandes proprietários de terras e os banqueiros passaram a investir cada vez mais na indústria que ali se instalava.
Centro Industrial de Duisburgo no Vale do rio Ruhr
  Gradativamente, a população que vivia no campo migrou para as cidades, empregou-se como mão de obra assalariada e contribuiu para a ampliação do mercado consumidor. Além desses fatores, a França, derrotada na guerra de 1871, foi obrigada a ceder à Alemanha as províncias da Alsácia e da Lorena, ricas em carvão e minério de ferro, e a pagar uma pesada indenização aos alemães. Isso significou mais recursos e acesso a novas fontes de energia e de matérias-primas. A soma desses fatores explica a intensa industrialização da Alemanha a partir de então, mas o país enfrentou problemas para sustentar seu crescimento econômico.
Mapa da Alemanha e da França destacando a região da Alsácia-Lorena
  Pelo fato de ter-se unificado tardiamente, a Alemanha perdeu a fase mais importante da corrida colonialEmbora tenha se apropriado de algumas colônias na partilha da África durante o Congresso de Berlim (1884-1885), e também algumas ilhas no Pacífico, não obteve muitas vantagens econômicas. Esses territórios eram limitados em recursos naturais e o país se viu privado do acesso aos mercados consumidores, às reservas de matérias-primas e às fontes de energia, fatores que poderiam acelerar sua expansão industrial. Esse conjunto de fatores levou a Alemanha a um enfrentamento bélico com o Reino Unido e a França, as duas principais potências coloniais da época, que depois envolveu outros países e resultou na Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
Mapa da Europa antes da Primeira Guerra Mundial 
GUERRAS, DESTRUIÇÃO E RECONSTRUÇÃO
  Na Primeira Guerra, a Tríplice Aliança, formada inicialmente por Alemanha, Áustria-Hungria e Itália (os italianos saíram em 1915) saiu derrotada pela Tríplice Entente, composta por Reino Unido, França e Rússia. Os vitoriosos impuseram  uma série de sanções à Alemanha por meio do Tratado de Versalhes: pesadas indenizações financeiras, grandes restrições militares e significativas perdas territoriais. Além de perder as poucas colônias ultramarinas que possuía, a Alemanha teve de devolver as províncias da Alsácia e da Lorena à França e perdeu territórios para a Polônia. Porém, a situação da Áustria-Hungria foi pior: o antigo império se fragmentou, dando origem a novos países na Europa Central.
Império Austro-Húngaro
  As sanções impostas pelo Tratado de Versalhes e a crise de 1929 conduziram a Alemanha a uma profunda crise social e econômica que criou as condições políticas  para a ascensão de Adolf Hitler ao poder. Assim que assumiu o posto de chanceler, em 1933, Hitler dissolveu o parlamento e convocou novas eleições, vencidas esmagadoramente pelo partido nazista. Com os nazistas no poder, o país transformou-se numa ditadura na qual Hitler era o Führer ("líder" em alemão), e iniciou-se o Terceiro Reich, que se estendeu até 1945.
Adolf Hitler - ditador e chanceler alemão
  Assim como no século anterior, nesse período o Estado alemão lançou-se à conquista dos territórios considerados vitais para sua expansão econômica. O general Karl Haushofer, conselheiro geopolítico e amigo pessoal de Hitler, inspirou-se nas ideias do geógrafo Friedrich Ratzel (1844-1904) para justificar o novo expansionismo alemão. Ratzel formalizou o conceito que chamou de espaço vital e seu pensamento já tinha servido para justificar o expansionismo alemão que resultou na Primeira Guerra.
  Em 1938 a Alemanha anexou a Áustria, com o argumento de que os dois países eram habitados por povos germânicos, e no ano seguinte, a Tchecoslováquia, onde havia minorias alemãs. Em setembro de 1939, após a invasão da Polônia por tropas alemãs, Grã-Bretanha e França declararam guerra à Alemanha, dando início à Segunda Guerra Mundial. Em 1941 os Estados Unidos e a União Soviética saíram da neutralidade e também entraram na guerra contra a Alemanha. Em 1945, o país estava mais uma vez derrotado: além das perdas humanas e da destruição material, sofreu perdas territoriais e fragmentação política.
Berlim após bombardeio feito pelas tropas britânicas em 1945
  Ao terminar a Segunda Guerra, a Alemanha teve seu território partilhado pelos países vitoriosos em quatro zonas de ocupação, segundo tratado firmado na cidade de Potsdam em 1945, e ainda perdeu territórios para a Polônia e a União Soviética.
Divisão da Alemanha feita na Conferência de Potsdam
  Posteriormente, em 1949, o país foi dividido em dois: as zonas de administração americana, britânica e francesa foram unificadas e constituíram a República Federal da Alemanha (RFA), com capital em Bonn (Berlim Ocidental também ficou sob o controle desses três países). Como resposta os soviéticos criaram, em sua zona de ocupação, a República Democrática Alemã (RDA), com capital em Berlim Oriental.
Alemanha dividida
  Com a divisão, dois modelos sociais políticos e econômicos foram implantados, um em cada lado da fronteira. Na Alemanha Ocidental, influenciada pelos Estados Unidos, passou a vigorar uma economia de mercado, assentada na propriedade privada dos meios de produção, na livre iniciativa e na concorrência de mercado. Politicamente o país se organizou como uma democracia pluripartidária sob a forma republicana de governo e estruturou o Estado do bem-estar social. Aliada a uma elevação significativa da produtividade e, portanto, dos salários, houve uma melhoria considerável da capacidade de consumo e da qualidade de vida da população. Era no território da Alemanha Ocidental que ficava as regiões industriais mais importantes do país, entre as quais o Vale do Ruhr.
Bonn - antiga capital da Alemanha Ocidental
  Em contrapartida, sob a influência da União Soviética, na Alemanha Oriental passou a vigorar uma economia planificada, na qual os meios de produção eram quase integralmente controlados pelo Estado. Estruturou uma ditadura de partido único, o Partido Socialista Unificado, criado em 1946, nos moldes do Partido Comunista da União Soviética. Havia, portanto, um monopólio político e econômico por parte do Estado. A produtividade crescia lentamente e os parques industrial aos poucos foi se defasando tecnologicamente. O padrão de vida e de consumo não acompanhou os níveis ocidentais, gerando descontentamento popular que não aflorava por causa da censura e da repressão política.
Rua em Berlim Oriental
  A Alemanha Ocidental, capitalista, organizou-se sob um sistema econômico estruturalmente mais competitivo e dinâmico e beneficiou-se muito na Guerra Fria: recebeu 1,4 bilhão de dólares do Plano Marshall. Esse fato aliado à sua entrada em organizações supranacionais, como a Comunidade Econômica Europeia (atual União Europeia), foi fundamental para sua rápida reconstrução econômica no pós-guerra, o que aprofundou as diferenças entre as duas Alemanhas.
Muro de Berlim - separava o lado Oriental do lado Ocidental da Alemanha
  Ao ocorrer a reunificação política, em 1990, as diferenças sociais, econômicas, políticas e culturais entre os sistemas afloraram claramente. O contraste de padrão de vida, comportamentos, ideias e costumes no novo país revelavam, entre alemães do oeste e do leste, um distanciamento muito maior do que o inicialmente esperado. Entretanto, passados mais de vinte anos da reunificação, apesar das diferenças socioeconômicas que ainda persistem, a Alemanha voltou a ser um único Estado-nação.
Alemães comemoram a queda do Muro de Berlim e a reunificação da Alemanha
DISTRIBUIÇÃO DAS INDÚSTRIAS
  As indústrias alemãs foram reconstruídas basicamente nos mesmo lugares que ocupavam antes da Segunda Guerra. A região de maior concentração continuou sendo a confluência dos rios Ruhr e Reno, pelas mesmas razões do passado: reservas de carvão, facilidade de transporte, disponibilidade de mão de obra e amplo mercado consumidor. Porém, no pós-guerra houve uma rápida modernização do parque industrial e ganhos significativos de produtividade em relação ao parque industrial francês e britânico. Além disso, antes da guerra a Alemanha já possuía mão de obra qualificada e os investimentos em educação contribuíram para elevar ainda mais a produtividade dos trabalhadores.
Área industrial do Vale do Ruhr
  A logística alemã é a terceira melhor do mundo segundo o Relatório de Desenvolvimento Industrial 2009. Uma densa e moderna rede de transportes hidroviários, ferroviários e rodoviários, base de todo o sistema industrial alemão, liga os principais centros produtores aos principais portos do país - Hamburgo e Bremen - e ao porto de Roterdã, nos Países Baixos.
Porto de Hamburgo - principal porto da Alemanha
  Apesar de também ter havido certa dispersão, o parque industrial ainda está fortemente concentrado no Estado da Renânia do Norte-Vestfália. Nessa região estão cidades como Colônia, Essen, Düsseldorf e Dortmund, entre outras, formam uma das maiores concentrações urbano-industriais do mundo.
  Há praticamente todos os ramos industriais na região do Ruhr, mas merecem destaque o siderúrgico, o químico, o eletroeletrônico e o de refino de petróleo. Assim, há uma predominância de indústrias pesadas e de ramos oriundos da Segunda Revolução Industrial. A reconstrução e a diversificação dos trustes, constituídos desde o final do século XIX, possibilitou a formação dos grandes conglomerados que atuam em vários setores. Um desses exemplos, é o grupo Thyssen Krupp, com sede em Düsseldorf, que é um conglomerado que atua nos setores siderúrgico, metalúrgico, mecânico, de construção civil, entre outros, produzindo aço, máquinas industriais, elevadores, autopeças etc.
Mapa das indústrias e dos recursos minerais da Alemanha
  Embora haja forte concentração nas cidades da Renânia do Norte-Vestfália, o parque industrial alemão está bastante espalhado pelo território e algumas cidades de outros estados merecem atenção especial:
Stuttgart (Baden-Wurtemberg): possui uma importante concentração de indústrias mecânicas, principalmente a automobilística; nessa cidade está sediado o Grupo Daimler, terceira maior corporação da Alemanha;
Stuttgart
Hamburgo (Hamburgo): localizada na foz do rio Elba, é o maior porto da Alemanha e concentra, entre outras, importantes indústrias navais e companhias de navegação.
Porto de Hamburgo
Wolfsburg (Baixa Saxônia): localizada próxima à antiga fronteira com a ex-Alemanha Oriental, abriga a sede do Grupo Wolkswagen, a maior corporação alemã e o segundo maior produtor mundial de automóveis.
Sede da Volkswagen em Wolfsburg
  Como a Alemanha é um país que está na vanguarda tecnológica em diversos setores, há diversos tecnopolos em seu território.
PRINCIPAIS TECNOPOLOS ALEMÃES
Munique (Baviera): é um centro industrial antigo e com o tempo se transformou no mais importante parque tecnológico da Alemanha, onde se concentram empresas de alta tecnologia, dos setores eletrônico, de tecnologias de informação (TI), automobilístico, de biotecnologia e aeroespacial. Implantado a partir dos anos 1970, abriga 12 importantes universidades, como a Universidade Técnica de Munique, e centros de pesquisa, entre os quais 13 institutos da Sociedade Max Planck, destacando a área de Física. Aí também se localizam as principais indústrias alemães do setor eletrônico, como Siemens e Robert Bosch, além de filiais de grandes empresas de outros setores.
Sede da BMW em Munique
Chempark: está localizado em Leverkussen (Renânia do Norte-Vestfália). Nele se concentram mais de 70 empresas do setor químico-farmacêutico, que atuam em pesquisa e desenvolvimento, produção industrial e prestação de serviços, destacando-se o grupo Bayer, um dos maiores conglomerados do mundo.
Parque industrial de Chempark - Alemanha
AS INDÚSTRIAS DO LESTE APÓS A REUNIFICAÇÃO
  As indústrias da antiga Alemanha Oriental estão localizadas principalmente em torno das cidades de Leipzig, Desdem e da antiga Berlim Oriental. Elas viveram uma profunda crise após a reunificação política e muitas delas fecharam as portas porque apresentavam grande defasagem tecnológica e não conseguiram concorrer com as indústrias ocidentais, que estão entre as mais modernas e produtivas do mundo.
  O melhor símbolo da defasagem tecnológica e da baixa competitividade das indústrias do leste pode ser resumido numa palavra: Trabant. Mais conhecidas como Trabies, esses carros eram fabricados na antiga RDA. Com a abertura da fronteira, muitos alemães orientais passaram à viajar à RFA dirigindo esses carrinhos antiquados, vagarosos, barulhentos e de baixo rendimento, que "invadiram" o território dos Mercedes, BMW, Audi, Volkswagen etc. Com isso, esses carros foram parar no lixo. Muitos Trabies eram abandonados nas ruas por seus donos, porque os alemães do leste já não queriam mais os produtos tecnologicamente defasados que eles mesmos fabricavam.
Trabie produzido na antiga Alemanha Oriental
  Na economia planificada da Alemanha Oriental havia pleno emprego porque o Estado era o único empregador e as empresas estatais não se orientavam pela concorrência. Após a reunificação, diversas empresas baseadas no oeste compraram fábricas no leste e despediram muitas pessoas para enxugar o quadro de empregados, o que elevou os índices de desemprego e agravou os problemas sociais.
  Para impedir que se agravassem as desigualdades socioeconômicas, a partir da unificação o governo canalizou vultosos recursos para modernizar a infraestrutura da ex-RDA. Esses gastos provocaram um aumento do déficit público, obrigando-o a emitir moeda, o que elevou a taxa de inflação. Tentando minimizar esses problemas, o Bundesbank (o banco central alemão) manteve, ao longo de 1992 e 1993, uma política de altas taxas de juros, medida que causou uma desaceleração do crescimento econômico e levou o país à recessão em 1993, com o consequente aumento do desemprego.
Muro de Berlim no lado Oriental
  Na segunda metade da década de 1990, a gradativa redução da inflação, do déficit público e do desemprego permitiram que a economia alemã retomasse o crescimento, mas o país foi um dos mais atingidos pela crise mundial de 2008, apresentando forte recessão.
VEJA ALGUNS DADOS SOBRE A ALEMANHA
NOME OFICIAL: República Federal da Alemanha
FORMAÇÃO: 
Sacro Império Romano-Germânico: 2 de fevereiro de 962
Unificação: 18 de janeiro de 1871
República Federal: 23 de maio de 1949
Reunificação: 3 de outubro de 1990
LOCALIZAÇÃO: Europa Central
LIMITES: a norte pelo Mar do Norte, Dinamarca e pelo Mar Báltico, a leste pela Polônia e pela República Tcheca, a sul pela Áustria e pela Suíça e a oeste pela França, Luxemburgo, Bélgica e Países Baixos.
CAPITAL: Berlim
Portão de Brandemburgo - Berlim
ÁREA: 357.114 km²  (63º)
POPULAÇÃO (ONU - 2011): 81.757.600  habitantes (16º)

DENSIDADE DEMOGRÁFICA (ONU): 228,9 hab./km² (34°)
CIDADES MAIS POPULOSAS (2010):
Berlim: 3.542.675 habitantes
Berlim - capital e maior cidade da Alemanha
HAMBURGO: 1.874.224 habitantes
Hamburgo - segunda maior cidade da Alemanha
Munique: 1.430.440 habitantes
Munique - terceira maior cidade da Alemanha
LÍNGUA: alemão
IDH (ONU - 2010): 0,885 (10°)
PIB (FMI - 2010): U$ 3,315 trilhões (4°)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2005/2010): 79,4 anos (23º)
MORTALIDADE INFANTIL (ONU - 2005/2010): 4,3/ mil (14°)
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA WORLD FACTBOOK - 2008): 74% (45°)
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (PNUD - 2007/2008): 99% (19°)
MOEDA: Euro
RELIGIÃO (2008): sem religião (34,1%), católicos romanos (30%), protestantes (29,9%), islâmicos (4%), cristãos ortodoxos (1,6%), judeus (0,2%), budistas (0,2%).
DIVISÃO: a Alemanha é uma República Federal, constituída por dezesseis unidades federadas, geralmente denominadas Land (Länder no plural). O termo alemão Land designa "país", o termo Bundesland "estado da federação" (Bundesländer no plural). Três cidades (Berlim, Hamburgo e Bremen) possuem estatuto de estado, e são denominadas Stadtstaaten ("cidade-estado"). Os treze estados restantes são designados Flächebländer ("estados territoriais"). As dezesseis unidades federadas são:
1. Baden-Württemberg 2. Baviera 3. Berlim 4. Brandeburgo 5. Bremen 6. Hamburgo 7. Hessen 8. Mecklemburgo 9. Baixa-Saxônia 10. Renãnia do Norte-Vestfália 11. Renânia-Palatinado 12. Sarre 13. Saxônia 14. Saxônia-Anhalt 15. Schleswig-Holstein 16. Turíngia.
FONTE: Sene. Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil, volume 2: espaço geográfico e globalização: ensino médio / Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. São Paulo: Scipione, 2010.

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