sexta-feira, 7 de agosto de 2020

MÉXICO: TERCEIRO PAÍS MAIS POPULOSO DO CONTINENTE AMERICANO

  O México, geograficamente, está localizado na América do Norte. Porém, de acordo com a formação histórico-social, o país faz parte da América Latina. É limitado ao norte pelos Estados Unidos; ao sul e a oeste pelo Oceano Pacífico; a sudeste pela Guatemala, Belize e Mar do Caribe; e a leste pelo Golfo do México. Com quase 2 milhões de quilômetros quadrados, o México é o quinto maior país e o terceiro mais populoso do continente americano. O país possui também uma das maiores economias e é um dos maiores produtores de petróleo do mundo, cujo recurso é seu principal produto de exportação. Faz parte da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e do Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta).
  A Cidade do México, capital do país, é uma das maiores e mais populosas metrópoles do mundo. A grande concentração de fontes poluidoras, como veículos e indústrias e o relevo de altitudes elevadas e montanhas que cercam a cidade, dificultam a dispersão dos poluentes. Em razão da intensa poluição do ar, em determinadas épocas do ano, as fábricas da Cidade do México param parcialmente a produção e os automóveis ficam impedidos de circular em alguns dias da semana.
Mapa do México
HISTÓRIA
  A formação territorial do México está associada à expansão dos Estados Unidos para o oeste. Os anos seguintes à independência, ocorrida em 1821, foram de perdas territoriais. Por meio de guerras e acordos, os Estados Unidos anexaram os atuais estados do Arizona, da Califórnia, do Novo México e do Texas, além de parte dos territórios de Colorado e Utah. A cultura e a arquitetura desses estados têm influência espanhola e mexicana.
  Muito antes da chegada dos espanhóis, os astecas, toltecas e maias ocupavam a região que atualmente corresponde ao território do México. Fogueiras encontradas no Vale do México, foram datadas por radiocarbono como sendo de 21.000 a.C., e alguns fragmentos de ferramentas de pedra foram encontrados perto das fogueiras, indicando a presença de humanos naquela época.
  Há cerca de 9 mil anos, antigos povos indígenas domesticaram o milho e iniciaram uma revolução, levando à formação de muitas civilizações complexas. Entre 1.800 e 300 a.C., muitas evoluíram para avançadas civilizações pré-colombianas da Mesoamérica, tais como: olmecas, teotihuacanos, maias, zapotecas, mixtecas, toltecas e astecas, as quais floresceram durante quase 4 mil anos antes do primeiro contato com os europeus. A estas civilizações são creditadas muitas invenções e avanços em campos como a arquitetura (templos, pirâmides), matemática, astronomia, medicina e teologia. Os astecas foram notáveis pela prática de sacrifícios humanos em larga escala. No seu auge, Teotihuacan, que contém algumas das maiores estruturas piramidais construídas na América pré-colombiana, tinha uma população de mais de 150.000 pessoas. Estimativas da população antes da conquista espanhola apontam para entre 6 a 25 milhões de habitantes na região do atual território mexicano.
Vista aérea da cidade de Teotihuacan, com a Pirâmide da Lua e a Calçada dos Mortos
  A primeira civilização do México foi a olmeca. Esta civilização estabeleceu as fundações culturais que seriam seguidas por todas as civilizações indígenas que lhe sucederam no México. A civilização olmeca começou com a produção de cerâmica em grande escala, há cerca de 2.300 a.C.. Entre 1.800 a.C. e 1.500 a.C., os olmecas consolidaram o poder em várias chefias que estabeleceram a sua capital num local hoje conhecido como San Lourenzo. A influência olmeca estendeu-se por todo o México, na América Central e ao longo do Golfo do México. Dirigiram o pensamento de muitos povos na direção de um novo modo de governo, templos-pirâmide, escrita, astronomia, arte, matemática, economia e religião. Os seus êxitos preparariam o caminho para a grandeza tardia da civilização maia no oriente, e das civilizações mexicanas do centro e do ocidente.
Cabeça olmeca
  O declínio dos olmecas resultou num vazio de poder no México. Deste vazio emergiu Teotihuacan, inicialmente colonizada em 300 a.C.. Em 150 a.C., Teotihuacan já era uma verdadeira metrópole, estabelecendo uma nova ordem política e econômica. A sua influência estendia-se por todo o México até a América Central, fundando novas dinastias nas cidades maias de Tikal, Copán e Kaminaljuyú. A influência de Teotihuacan sobre os maias transformou o poder político, as manifestações artísticas e a economia. Em Teotihuacan vivia uma população cosmopolita. A maioria das etnias regionais do México encontravam-se representadas na cidade, como os zapotecas, provenientes da região de Oaxaca. Viviam em comunidades de apartamentos e contribuíam para o poder econômico e cultural da cidade. A sua influência econômica fazia-se sentir também em zonas do norte do México. Tratava-se de uma cidade cuja arquitetura monumental refletia uma nova era na civilização mexicana.
Vista da Avenida dos Mortos e a Pirâmide do Sol
  Contemporânea da grandeza de Teotihuacan, a civilização maia também apresentava um grande esplendor cultural e econômico. Apesar de as muitas cidades-estado maias nunca terem atingido uma união política da mesma ordem de grandeza da conseguida pelas civilizações do México central, elas exerceram uma tremenda influência intelectual sobre o México e a América Central. Algumas das cidades mais elaboradas do continente foram construídas pelos maias, com inovações nos campos da matemática, astronomia e escrita, que viriam a constituir o ponto mais alto dos feitos científicos do México antigo.
Fotografia aérea de Chicén Itzá - importante polo urbano da civilização maia
  Tal como Teotihuacan, também a civilização tolteca emergiu de um vazio de poder, tendo dominado o poder político a partir do ano 700 d.C. Muitos dos povos toltecas eram oriundos dos desertos do norte, muitas vezes designados por chichimecas, na língua nahuatl. Estes povos fundiram a sua orgulhosa cultura do deserto com a poderosa cultura de Teotihuacan. Esta nova cultura daria origem a um novo império do México. O império tolteca estender-se-ia até a América Central, a sul e a norte até a cultura anasazi, no sudoeste dos Estados Unidos. Os toltecas estabeleceram uma próspera rota de comércio de turquesa com a civilização setentrional de Pueblo Bonito, no que hoje é o Novo México. Os comerciantes toltecas trocavam penas de aves apreciadas com Pueblo Bonito, enquanto faziam circular pelos seus vizinhos mais próximos todos os melhores produtos que o México poderia oferecer. Na cidade maia de Chichén Itzá, a civilização tolteca expandiu-se e os maias foram mais uma vez fortemente influenciados pelos povos do centro do México. O sistema político dos toltecas era tão influente que todas as impostantes dinastias maias reclamariam mais tarde ter ascendência tolteca. De fato, seria esta apreciada linhagem tolteca a preparar o caminho para a última grande civilização indígena do México, a civilização asteca.
Guerreiros toltecas, representados pelos famosos Atlantes de Tula
  Com o declínio da civilização tolteca, ocorreu a fragmentação política no Vale do México. Neste novo jogo político de sucessão ao trono tolteca, apareceram os mexica. Tratava-se, também eles, de um orgulhoso povo do deserto, um de entre sete grupos que antes se autodenominavam asteca, tendo mudado seu nome após anos de migração. Uma vez que não eram originários do Vale do México, foram inicialmente vistos como rudes e pouco refinados perante os olhos da civilização Nahua. Através de astuciosas manobras políticas e ferozes capacidades de luta, conseguiram um verdadeiro feito: tornaram-se governantes do México, liderando a Tripla Aliança (que incluía duas outras cidades astecas: Texcoco e Tlacopan).
  Em 1400, os mexicas governavam grande parte do México central (enquanto os yaquis, coras e apaches controlavam áreas consideráveis dos desertos do norte), tendo subjugado a maioria dos outros estados regionais na década de 1470. No seu auge, cem mil mexicas presidiam um rico império que contava com cerca de 10 milhões de pessoas (quase metade dos 24 milhões que então habitavam o México). O nome moderno México tem a sua origem no nome do grupo dominante da Tripla Aliança Asteca, os Mexicas.
Tenochtitlán - capital do Império Asteca
  O termo asteca não é um nome, sendo uma invenção de um inglês (Lord Kinsborough) e de um euro-americano de nome William Prescott. Os verdadeiros nomes utilizados pelos indígenas era nahua ou mexica. Nem mesmo os espanhóis lhes chamavam astecas.
  Entre os mexicas, a educação era obrigatória para os homens, independentemente de sua classe social. Existiam dois tipos de escolas: as telpochcalli (para estudos práticos militares) e as calmecac (para estudos avançados de escrita, astronomia, estadismo, teologia, etc.). A sua capital, Tenochtitlán, estava situada na zona da moderna Cidade do México. Em 1519, a capital dos mexicas era a maior cidade da América, com uma população de cerca de 100.000 habitantes.
  Os mexicas deixaram uma marca profunda e duradoura na cultura mexicana, perceptível até os dias de hoje. Muito do que é considerado como cultura mexicana deriva desta civilização: gastronomia, arte, vestuário, simbologia e até a identidade do povo mexicano.
Modelo diorama do mercado asteca, em Tlatelolco
  Durante grande parte da sua história, a maioria da população mexicana teve um modo de vida urbano: cidades, vilas e aldeias. Apenas uma pequena parte da população era tribal e nômade. A maioria das pessoas vivia em povoamentos permanentes, baseados na agricultura e identificados com uma cultura urbana, em oposição a uma cultura tribal.
  Em 1519, as civilizações nativas do México foram invadidas pela Espanha, e dois anos mais tarde, em 1521, a capital dos astecas, Tenochtitlán, foi conquistada por uma aliança entre os espanhóis e  tlaxcaltecas (os principais inimigos dos astecas). O mais importante dos conquistadores foi Hernán Cortés, que entrou no território mexicano a partir de uma vila nativa costeira que ele rebatizou de Puerto de la Villa Rica de Vera Cruz, atual cidade de Vera Cruz.
Veracruz - segundo estimativas para 2020, a população da cidade é de 569.688 habitantes
  Os astecas, principal povo dominante no México na época da invasão espanhola, acreditavam (de acordo com mitos antigos) na tradição do regresso de Quetzalcóatl num ano Ce-Acati. O calendário Pré-Colombiano era dividido em ciclos ou períodos de 52 anos. Cada 52º ano era um ano Ce-Acati, sendo 1519 um desses anos. Os astecas acreditavam que os conquistadores espanhóis eram enviados dos deuses (de acordo com os estudiosos ortodoxos), tendo oferecido pouca resistência aos seus avanços.
  Após uma importante batalha, em 1519, na qual as forças espanholas foram derrotadas e obrigadas a bater em retirada, os espanhóis reagruparam-se fora do Vale do México. Passados oito meses estavam de regresso, tendo ao seu lado um contingente ainda maior de nativos, seus aliados. A varíola, trazida pelos espanhóis, havia dizimado a população asteca, reduzindo drasticamente a capacidade de combate das forças astecas. A capital Tenochtitlán foi sitiada, o que levou à derrota total dos astecas.
Conquista de Tenochtitlán
  Com a conquista, os espanhóis criaram um novo grupo étnico: os mestiços. Isso ocorreu porque os espanhóis tomaram mulheres indígenas como medida preventiva contra a revolta dos nativos, começando assim, a mistura de ambas culturas.
  Durante o Período Colonial, que durou de 1521 a 1810, o México era conhecido como Nueva España ou Nova Espanha, cujos territórios incluíam o que é hoje o México, o Caribe, a América Central (até a Costa Rica) e uma área que atualmente compreende o sudoeste dos Estados Unidos. A maior parte destas terras era dominada por proprietários espanhóis e os seus descendentes brancos.
Batalha de Tenochtitlán
  A luta pela independência do México começou em 16 de setembro de 1810, liderado por Miguel Hidalgo, um padre de ascendência espanhola. Após a invasão da Espanha por Napoleão I e a colocação do irmão deste no trono espanhol, os conservadores mexicanos e os ricos proprietários, apoiadores da família real espanhola da Casa de Bourbon, mostraram-se contrários às políticas napoleônicas, comparativamente mais liberais. Com isso, nasceu no México uma aliança até então improvável: de um lado os liberales ou liberais, que defendiam um México democrático; do outro, os conservadores, que pretendiam um México governado por um monarca de Bourbon. As duas partes concordaram que o México deveria tornar-se independente e decidir o seu próprio destino.
  Os principais nomes da Guerra da Independência do México foram o padre José Maria Morelos y Pavón, Vicente Guerrero e o general Agustín de Iturbide. A guerra durou onze anos até a entrada do exército de libertação na Cidade do México, em 1821. Nesse ano, ocorreu a independência do México, por meio da assinatura do Tratado de Córdoba, que ratificava o Plano de Iguala, no dia 24 de agosto de 1821.
  Após a independência, Agustín de Iturbide, um antigo general espanhol que havia passado para o lado das tropas independentistas, autoproclamou-se imperador. Uma rebelião contra Iturbide, em 1823, levou à criação doa Estados Unidos Mexicanos. Em 1824, Guadalupe Victoria tornou-se o primeiro presidente do México.
Querétaro - com uma população de 1.219.891 habitantes (estimativa 2020) é a décima cidade mais populosa do México
  Durante grande parte do século XIX, a situação política mexicana foi marcada pela constante instabilidade. Durante este período, o México perdeu muitos territórios do norte para os Estados Unidos, como o Texas, que se declarou independente do México em 1836. Entre 1846 e 1848, ocorreu a Guerra Mexicano-Americana. Nesse período, o México era governado por Antonio López de Santa Anna, que foi acusado de corrupção.
  Em 1855, Ignacio Comonfort, líder dos moderados, foi eleito presidente. Durante a sua presidência foi aprovada uma nova Constituição, em 1857, que manteve a maior parte dos rendimentos e privilégios que a Igreja Católica desfrutava no período colonial. Porém, essa constituição, não manteve o catolicismo como religião oficial. Isso provocou uma guerra civil, que durou de dezembro de 1857 a janeiro de 1861. Essa guerra foi entre os conservadores e os liberais.
San Luis Potosi - com uma população de 1.156.972 habitantes (estimativa 2020) é a 11ª cidade mais populosa do México
  Durante grande parte do século XIX, a situação política mexicana foi marcada pela constante instabilidade. Durante este período, o México perdeu muitos territórios do norte para os Estados Unidos, como o Texas, que se declarou independente do México em 1836. Entre 1846 e 1848, ocorreu a Guerra Mexicano-Americana. Nesse período, o México era governado por Antonio López de Santa Anna, que foi acusado de corrupção.
  Em 1855, Ignacio Comonfort, líder dos moderados, foi eleito presidente. Durante a sua presidência foi aprovada uma nova Constituição, em 1857, que manteve a maior parte dos rendimentos e privilégios que a Igreja Católica desfrutava no período colonial. Porém, essa constituição, não manteve o catolicismo como religião oficial. Isso provocou uma guerra civil, que durou de dezembro de 1857 a janeiro de 1861. Essa guerra foi entre os conservadores e os liberais.
Porfírio Díaz com sua esposa e membros do governo
  Quando os resultados oficiais da eleição foram anunciados, Díaz foi declarado vencedor com a unanimidade dos votos, sendo que Madero recebeu apenas algumas centenas de votos. Esta fraude cometida pelo Porfiriato, levou Madero a elaborar um documento em 20 de novembro de 2010, e incitar o povo mexicano a pegar em armas contra o governo de Porfírio Díaz. Esse episódio ficou conhecido como Revolução Mexicana.
  Madero foi detido em San Antonio, Texas, mas seu plano surtiu efeito, apesar de ele se encontrar preso. O exército federal foi derrotado pelas forças revolucionárias comandada por, entre outros, Emiliano Zapata no sul, Pancho Villa e Pascual Orozco no norte e Venustiano Carranza. Porífio Díaz renunciaria ao cargo de presidente em 1911 em prol da paz nacional, tendo-se exilado na França, onde morreria em 1915.
Francisco Madero e Emiliano Zapata durante a Revolução Mexicana
  Os líderes revolucionários tinham objetivos diferentes; as figuras revolucionárias iam de liberais como Madero, a radicais como Emiliano Zapata e Pancho Villa. Como consequência, não ouve um acordo sobre a organização de um governo emanado dos grupos revolucionários vitoriosos. O resultado foi uma luta pelo controle do governo mexicano, que se estendeu por mais de vinte anos. Durante esse período, seriam assassinados, entre muitos outros, os presidentes Francisco Madero (1911), Emiliano Zapata (1919), Venustiano Carranza (1920) e Pancho Villa (1923). Em 1917 foi elaborada uma nova Constituição, que ainda hoje rege o México.
  Em 1921, Álvaro Obregón torna-se presidente, com uma política que agradava todos os grupos da sociedade mexicana, com exceção do clero e dos grandes proprietários rurais, tendo sido bem sucedido na catalisação da liberalização social, em particular, reduzindo o papel da Igreja Católica, melhorando a educação e tomando medidas visando a instituição dos direitos civis das mulheres.
Mérida - com uma população de 1.082.027 habitantes (estimativa 2020) é a 12ª cidade mais populosa do México
  Em 1929 foi formado o Partido Nacional Mexicano, ou PMN, pelo então presidente Plutarco Elías Calles. Este partido tornar-se-ia mais tarde o Partido Revolucionário Institucional ou PRI, que governou o país durante o restante do século XX. O PMN foi bem sucedido na tentativa de convencer a maioria dos generais revolucionários que ainda restavam, a desmobilizar os seus exércitos pessoais que passaram a integrar o recém-criado Exército Mexicano.
  Em 1934 chega ao poder o presidente Lázaro Cárdenas, transformando o México: em 1 de abril de 1936 Cárdenas enviou Calles, o último general com ambições ditatoriais, para o exílio; conseguiu ainda unir as diferentes facções dentro do PRI, estabelecendo as regras que permitiriam ao seu partido governar sozinho durante décadas, sem perturbações internas. No dia 18 de março de 1938, procedeu à nacionalização das indústrias petrolíferas e elétricas, criou o Instituto Politécnico Nacional, concedeu asilo aos refugiados da Guerra Civil Espanhola, iniciou a reforma agrária, a distribuição gratuita de livros escolares e, em geral, prosseguiu políticas que marcaram o desenvolvimento do México até os dias de hoje.
Mexicali - com uma população de 1.041.750 habitantes (estimativa 2020) é a 13ª cidade mais populosa do México
  Manuel Ávila Camacho, o sucessor de Cárdenas, foi presidente durante um período de transição entre a era revolucionária e a era da política de aparelho sob domínio do PRI, que duraria até o ano 2000. Afastando-se da autarquia nacionalista, propôs-se criar um clima favorável ao investimento estrangeiro favorecido, havia duas gerações, por Madero. O regime de Camacho congelou os salários, reprimiu as greves e perseguiu os dissidentes com base numa lei que proibia o crime de dissolução social. Assim, o PRI traía a herança da reforma agrária. Miguel Alemán Valdés, sucessor de Camacho, propôs uma emenda do Artigo 27 da Constituição Mexicana de forma a proteger a elite dos proprietários.
  Apesar de os regimes do PRI terem conseguido crescimento econômico e uma prosperidade relativa durante quase três décadas, a economia mexicana sofreu vários colapsos, e a agitação política aumentou no final dos anos 1960, culminando no Massacre de Tlatelolco, em 1968.
Estudantes durante os protestos de 1968, que culminaram no Massacre de Tlatelolco
  Duas crises econômicas ocorreram em 1976 e 1982, após o que se procedeu à nacionalização da banca, considerada culpada dos problemas econômicos, num período que ficou conhecido como a Década Perdida. Nestas duas crises, o peso mexicano foi desvalorizado e, até o ano 2000, era normal ocorrer a desvalorização da moeda e um período de recessão no final de cada mandato presidencial, ou seja, de seis em seis anos. A crise de dezembro de 1994, iniciada por uma desvalorização do peso mexicano, levou o México ao caos econômico, provocando a mais grave recessão econômica do país em mais de meio século.
  Em 19 de setembro de 1985, um terremoto de aproximadamente 8 graus na escala Richter e com epicentro ao largo da costa de Michoacán, causou grandes danos na Cidade do México, levando à morte de milhares de pessoas.
Ruas da Cidade do México após o terremoto de 19 de setembro de 1985
  Em 1995, o presidente Ernesto Zedillo via-se confrontado com uma grave crise econômica. Aconteceram manifestações na Cidade do México e a presença militar constante em Chiapas, após o aparecimento do Exército Zapatista de Libertação Nacional, em 1994. Foi também Zedillo que dirigiu reformas políticas e eleitorais que reduziram a capacidade do PRI em manter o poder. Após as eleições de 1988, as quais foram extremamente disputadas e aparentemente perdidas pelo partido do governo, foi criado o Instituto Federal Eleitoral (IFE). Este instituto é dirigido por cidadãos e tem como missão certificar-se que as eleições são conduzidas de forma legal e justa.
  Como resultado do descontentamento popular, o candidato presidencial do Partido Acción Nacional (PAN), Vicente Fox Quesada, foi eleito presidente em 2 de julho de 2000, não tendo conseguido a maioria no Congresso. O resultado desta eleição pôs fim a 71 anos de hegemonia do PRI na presidência.
  Atualmente, as preocupações econômico-sociais incluem baixos salários reais, precariedade no emprego de grande parte da população, concentração de renda, baixos indicadores sociais, principalmente da população ameríndia dos estados do sul, entre outros.
Aguascalientes - com uma população de 1.036.794 habitantes (estimativa 2020) é a 14ª cidade mais populosa do México
GEOGRAFIA
  O México localiza-se na porção sul da América do Norte. O país possui uma área de 1.964.375 km², sendo o 13° mais extenso do mundo. No norte, o país divide uma área de fronteira de 3.141 quilômetros com os Estados Unidos, sendo que o rio Bravo del Norte (conhecido nos Estados Unidos como Rio Grande) é a fronteira natural em quase toda a área de divisa entre os dois países.
  O México é atravessado de norte a sul por duas cadeias de montanhas. O Planalto do México é cercado por formações de maior altitude, que são prolongamentos das Montanhas Rochosas e recebem as denominações de Serra Madre Ocidental, a oeste, e Serra Madre Oriental, a leste. De leste a oeste, no centro, o país é atravessado pelo Eixo Neovulcânico, também conhecido como Serra Nevada. O vulcão Pico de Orizaba, também conhecido como Citlaltépl, localizado na fronteira entre Puebla e Veracruz, é o ponto mais elevado do território mexicano, com uma altitude de 5.610 metros, sendo também a terceira montanha mais elevada da América do Norte e o terceiro vulcão mais elevado do Hemisfério Ocidental.
Pico Orizaba - ponto mais elevado do México
  O Trópico de Câncer efetivamente divide o país em zonas temperadas e tropicais. O norte tem temperaturas mais baixas durante o inverno, com forte queda de neve nas serras e nos planaltos. Nos trechos mais elevados, o clima frio inibe a ocupação humana, enquanto os desertos, no nordeste do país, contribuem para as baixas densidades demográficas da região. No sul as temperaturas são constantes durante o ano todo, com baixas amplitudes térmicas.
  Ambas as costas do México, com exceção do litoral sul da Baía de Campeche e do norte de Baja California, são vulneráveis aos furacões graves durante o verão e o outono.
Mapa climático do México
  Os rios do México se agrupam em três vertentes: a vertente do Pacífico, a do Golfo e a do Altiplano, que não possui saída para o mar. O mais extenso dos rios mexicanos é o rio Grande, da vertente do Golfo. Ele tem 3.034 quilômetros de extensão e serve como limite com os Estados Unidos. Outros rios desta vertente são o Usumacinta, que faz limite com Guatemala; o rio Grijalva; e o rio Pánuco, cuja bacia faz parte do Vale do México.
  No Pacífico desembocam os rios Lerma e Balsas, que têm vital importância para as cidades das terras altas do México; os rios Sonora, Fuerte, Mayo e Yaqui sustentam a próspera agricultura do noroeste do país; e o rio Colorado, que é compartilhado com os Estados Unidos. A maior parte dos rios mexicanos possuem pouco volume de água e são pouco navegáveis.
Rio Grande, na divisa Estados Unidos-México
  O México abriga numerosos lagos e lagoas em seu território, porém de pequena dimensão. O mais importante é o lago Chapala, no estado de Jalisco, que devido à superexploração, está em risco de desaparecer. Outros lagos importantes são o lago Pátzcuaro, o Zirahuén e o Cuitzeo, todos eles em Michoacán. A construção de represas permitiu a formação de lagos artificiais, como o de Mil Islas, em Oaxaca.
  Pelo menos 1.500 espécies de mamíferos podem ser encontrados no México. Alguns animais são vistos quase que exclusivamente no país, como o monstro-de-gila, o coelho-dos-vulcões (segundo menor leporídeo do mundo) e o ajolote, um anfíbio também conhecido como monstro aquático. Algumas espécies de iguanas, patos e borboletas, bem como mais de 50 espécies de colibris, também compõem a fauna mexicana, que conta com mais de mil espécies de pássaros, destacando-se a águia-pescadora, a garça-azul e a várias espécies de araras.
Monstro-de-gila
  O México possui uma das floras mais variadas entre os países do mundo, podendo ser encontradas várias paisagens naturais diversificadas. Há uma peculiaridade quanto aos cactos, com o país abrigando mais da metade das espécies de cacto existentes no mundo, entre as quais a pita. Cerca de 30.000 espécies de plantas e 600 espécies de orquídeas estão disseminadas em pastagens, desertos, bosques e selva tropical, distribuídos ao longo do território mexicano. Em torno de 14% do território mexicano é composto por selva tropical, enquanto que 19% é coberto de bosques de coníferas. Cerca de 37% da superfície território mexicano está coberta de plantas que sobrevivem com pouca água.
Deserto de Chihuahua
POPULAÇÃO
  Com uma população de 127.995.361 (estimativas 2020), a população mexicana é formada predominantemente pela miscigenação entre ameríndios e descendentes dos colonizadores espanhóis.
  A população mexicana encontra-se distribuída de forma bastante irregular. Nos trechos mais elevados, o clima frio inibe a ocupação humana, enquanto os desertos, no nordeste do país, contribuem para as baixas densidades demográficas da região.
  A Cidade do México e sua região metropolitana abrigam quase um quinto da população nacional, com mais de 20 milhões de habitantes. Essa alta concentração populacional faz dela uma das maiores metrópoles do continente americano, com problemas típicos das grandes aglomerações urbanas em países pobres, como zonas de miséria, falta de infraestrutura, índices elevados de poluição atmosférica e tráfego caótico, entre outros. Ao mesmo tempo, há regiões com boa qualidade de vida e infraestrutura adequada.
Mapa da densidade populacional do México
  Os indicadores sociais do México revelam grandes contrastes. O país convive com altas taxas de analfabetismo e de mortalidade infantil e mostra lentos avanços sociais. Em 2019, cerca de 50% da população mexicana encontrava-se abaixo da linha de pobreza. A estrutura etária do país apresenta elevado percentual de jovens, apesar do declínio registrado nas taxas de fertilidade.
  A violência é crescente, com destaque para a relacionada ao narcotráfico e à violência sexual sofrida por mulheres.
Pirâmide etária do México
  A fronteira entre México e Estados Unidos estende-se por aproximadamente 3.100 quilômetros, dos quais 1.100 quilômetros são separados por muros construídos para conter a migração de milhares de mexicanos que desejam entrar nos Estados Unidos em busca de trabalho e melhores condições de vida.
  Muitos desses migrantes vivem no sul e na costa oeste dos Estados Unidos, onde são conhecidos por braceros (trabalhadores) e atuam na colheita de produtos agrícolas, principalmente na região do Sun Belt. Outros trabalham em indústrias, na construção civil, no setor de serviços, entre outras ocupações.
À direita cidade mexicana de Tijuana; à esquerda San Diego, nos Estados Unidos. No centro está parte do muro construído pelos Estados Unidos para impedir a entrada de imigrantes no território norte-americano
  Na tentativa de conter a migração maciça de mexicanos para o seu território, os Estados Unidos adotaram algumas medidas, como o amplo controle da fronteira com o uso de câmeras e sensores, vigilância 24 horas com patrulhamento e imagens de satélites.
  Atualmente, cerca de 30% do total da fronteira entre os dois países já têm muros e postos de controle. Em 2017, Donald Trump tomou posse como presidente dos Estados Unidos e iniciou o projeto de extensão do muro para toda a faixa de fonteira, uma iniciativa muito criticada por políticos e pela sociedade civil em razão dos custos  envolvidos, de sua efetividade, além da questão da criação de uma barreira que impede a circulação de pessoas entre os dois países, esbarrando em questões humanas e também ambientais.
Imigrantes mexicanos tentando entrar nos Estados Unidos pelo Rio Grande
  As principais cidades do México estão situadas na porção central do território, próximo à capital do país. A urbanização mexicana ocorreu de forma muito similar à do Brasil, pois também foi impulsionada pelo processo de industrialização tardio, que se intensificou durante o período pós-guerra. A partir daquele momento, ocorreram muitos fluxos migratórios de população camponesa, que se dirigia às cidades com o objetivo de buscar novas oportunidades de trabalho e melhores condições de vida.
  Além do processo de industrialização, a modernização do campo, verificada nas décadas seguintes, também contribuiu para o aumento do êxodo rural no país. As contínuas transformações técnicas e a utilização intensiva de maquinários nos sistemas produtivos, cujo intuito era ampliar a produtividade do setor agropecuário, provocaram a liberação da mão de obra do campo e levaram a um novo ritmo de expansão urbana. Na década de 1960, por exemplo, a zona rural ocupava 92% da população. Atualmente, mais de 100 milhões de mexicanos vivem nas cidades, o que representa mais de 80% da população.
Ciudad Juárez - com uma população de 1.481.329 habitantes (estimativa 2020) é a oitava cidade mais populosa do México
  A expansão das áreas urbanas ocorreu rapidamente de forma desordenada no território. Apesar de as cidades mexicanas serem reconhecidas por preservar os centros históricos, datados do período colonial, as áreas periféricas cresceram obedecendo à lógica da dinâmica imobiliária, implantada ao longo dos grandes eixos viários.
  Atualmente, as necessidades do capital financeiro de criar novos espaços urbanos, que concentram os setores econômicos de ponta e se articulam com a escala internacional, vêm definindo novos conteúdos característicos da urbanização contemporânea também nas principais cidades mexicanas. Dessa forma, importantes centros urbanos abrigam espaços estritamente utilizados pelas sedes de grandes empresas transnacionais, bancos, edifícios inteligentes e uma ampla rede de comércio e serviços que dialogam com os principais centros financeiros globais.
Torréon - com uma população de 1.351.988 habitantes (estimativa 2020) é a nona cidade mais populosa do México
O narcotráfico
  O narcotráfico é um dos maiores problemas do México, que se tornou o principal acesso para a entrada de drogas nos Estados Unidos. A disputa por territórios entre os narcotraficantes e a ofensiva militar tem causado grande violência e muitas mortes. Apesar de avanços contra o narcotráfico, os cartéis mexicanos (grupos que controlam a produção e a venda de drogas) estão longe de ser desarticulados.
Principais cartéis e suas respectivas áreas de influência no território mexicano
CULTURA
  A riqueza da cultura mexicana é o resultado da mistura que ocorreu durante a colonização espanhola.
  Os aspectos culturais do país, como literatura, religiosidade, culinária, artes visuais, cinema, etc., exibem a forte influência das práticas e tradições dos povos indígenas e dos valores e hábitos europeus. Ao longo da história do país, a sociedade mexicana desenvolveu características culturais próprias de grande importância universal.
  A população mexicana ainda mantém fortes laços com seus antepassados, respeitando usos e costumes que eram praticados no período pré-colonial. Embora a língua espanhola seja a oficial, existem diversos idiomas nativos falados por minorias indígenas, reconhecidas nacionalmente. Um deles, o náhuatl, é comumente falado pela população que vive na região próxima à capital do país.
Puebla - com uma população de 3.034.414 habitantes (estimativa 2020) é a quarta cidade mais populosa do México
  O México também é frequentemente lembrado pela culinária. Os ingredientes típicos da região, como milho, cacau, abacate e pimenta chili, misturado a outros alimentos incorporados durante a época colonial, resultaram em uma rica combinação reconhecida como Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Unesco em 2010.
Produtos da culinária mexicana
  Do ponto de vista econômico e territorial, o México está atrelado à América do Norte. Porém, culturalmente, por sua tradição colonial hispânica, está ligado à América Latina. No entanto, pela maior proximidade, o México é um dos países da América Latina que mais recebem influência cultural dos Estados Unidos. Há um elevado consumo de produtos culturais, como filmes, músicas, além da incorporação de hábitos comportamentais e alimentares, como o consumo do fast-food (comida pronta).
Tequila - bebida feita da agave-azul, é típica do México
ECONOMIA
  O México é um país emergente e um dos três mais industrializados da América Latina, ao lado de Brasil e Argentina. Sua economia está fortemente ligada à dos Estados Unidos. Em virtude do Acordo de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta), que, desde 1994, integra comercialmente Canadá, Estados Unidos e México, praticamente, toda a exportação do país é destinada aos Estados unidos, de onde provêm cerca de 50% das importações.
  O Nafta (Acordo de Livre-Comércio da América do Norte) trouxe grandes investimentos econômicos e industriais para o território mexicano. Ao mesmo tempo, trouxe problemas, como a importação de milho norte-americano, que desestrutura a produção de um item básico da alimentação mexicana. A mão de obra barata, os incentivos fiscais e os recursos naturais, como o petróleo, atraem as empresas transnacionais, principalmente dos Estados Unidos e do Canadá.
  Nos últimos anos, o México tem atraído investimentos estrangeiros e encontrado formas de garantir o crescimento de sua economia. O país apresenta estrutura produtiva diversificada, com atividades agropecuárias, mineradoras e industriais. O petróleo é o principal produto de exportação.
Toluca - com uma população de 2.152.972 habitantes (estimativa 2020) é a quinta cidade mais populosa do México
  No México há extração de diversos recursos naturais. Os principais recursos naturais do território mexicano são: petróleo, gás natural, prata, cobre, chumbo, zinco, ferro e manganês.
  O México dispõe de grandes reservas de petróleo, principal produto de exportação, e está entre os maiores produtores mundiais. No entanto, seu petróleo bruto é muito pesado e exige refino especial para a obtenção de subprodutos como a gasolina e o óleo diesel, o que eleva os custos.
  Desde 2014, com alteração na legislação, a exploração de petróleo no país - monopolizada pela empresa estatal Petróleos Mexicanos (Pemex) desde 1938, ano em que foi nacionalizada - passou a ser feita também por empresas privadas. As reformas implantadas visavam estimular a exploração de petróleo em águas profundas no Golfo do México e impulsionar a extração de gás de xisto, fonte de energia que vem ganhando importância e já transformou a realidade energética dos Estados Unidos, maior produtor mundial desse gás.
Léon - com uma população de 1.789.768 habitantes (estimativa 2020) é a sétima cidade mais populosa do México
  A agricultura se concentra no Planalto Mexicano, onde as temperaturas são mais amenas, as chuvas regulares e os solos férteis. Nessa região, predominam extensas propriedades, conhecidas como haciendas, que empregam grande quantidade de mão de obra e são pouco mecanizadas. Correspondem a cerca de 42% das terras cultivadas no país, com destaque para o plantio de algodão, sisal, café e cana-de-açúcar, destinados ao mercado externo. Para abastecer o mercado interno, são produzidos trigo, arroz, batata, soja e milho. O milho ocupa a maior parte das áreas de cultivo, principal alimento da população, herança das antigas civilizações que se desenvolveram no território mexicano. Os ejidos, são as propriedades não cultivadas e de uso político.
Éjido - propriedade rural localizada em Cuauhtémoc
  A pecuária, praticada no centro-oeste do país, ocupa 40% do território e tem como principal atividade a criação de gado bovino.
  Em virtude dos baixos salários no campo e da concentração de terras, muitos trabalhadores rurais mexicanos migram para os Estados unidos. alguns realizam a chamada migração de transumância, deslocando-se para o país vizinho durante a época da colheita e regressando após o término do trabalho. Esses trabalhadores são conhecidos como braceros.
Mapa agrícola do México
  O turismo é uma atividade de destaque, que atrai atualmente uma grande quantidade de visitantes de todo o mundo, gerando emprego e renda para o país. Os atrativos turísticos são os extensos litorais de praias com infraestrutura, como as cidades de Cancún e Acapulco, e o grande patrimônio histórico e cultural da Cidade do México e das etnias indígenas. No entanto, há receio de que o cenário de insegurança que tem sido observado no país impacte a economia nos próximos anos. Os turistas, com o aumento da violência, podem optar por se deslocar a outros destinos considerados  mais seguros.
Acapulco - com uma população de 960.135 habitantes (estimativa 2020) é a 16ª cidade mais populosa do México
  A industrialização mexicana se acelerou a partir da segunda metade do século XX, com a entrada de capital estrangeiro no país, atraído pela oferta de mão de obra e matérias-primas baratas. Empresas transnacionais, sobretudo dos Estados Unidos, passaram a dominar o parque industrial mexicano.
  As áreas mais industrializadas do país são a Região Metropolitana da Cidade do México e a fronteira com os Estados Unidos, em grandes centros urbanos como Guadalajara, Monterrey, Veracruz e Tampico. Destacam-se os setores têxtil, alimentício, automobilístico, petroquímico, siderúrgico e metalúrgico. A maioria dessas indústrias transnacionais, chamadas de maquiladoras, beneficia-se do baixo custo da mão de obra mexicana.
Tijuana - com uma população de 1.947.590 habitantes (estimativa 2020) é a sexta cidade mais populosa do México
As maquiladoras
  A partir da década de 1960, muitas empresas de montagem e acabamento de produtos destinados à exportação instalaram-se no México, próximo à fronteira com os Estados Unidos. Contando com capital estrangeiro, essas empresas, chamadas de maquiladoras, têm incentivos fiscais, recebem peças fabricadas nas matrizes estrangeiras e apenas montam o produto final. A maioria atua no ramo eletrônico, automotivo, têxtil e de calçados.
  A implantação das maquiladoras está associada à estratégia usada pelas empresas transnacionais de se instalar nos países periféricos, aproveitando a mão de obra farta e barata. Além disso, as maquiladoras absorvem parte da mão de obra que buscaria emprego nos Estados Unidos, reduzindo as imigrações para esse país.
Mapa do México com a localização das maquiladoras
  Essas empresas são responsáveis por um grande deslocamento de mexicanos para o norte do país. Apesar de gerar empregos, as maquiladoras pagam baixos salários, escapam da forte pressão dos sindicatos de trabalhadores estadunidenses e evitam as exigências da legislação de defesa do meio ambiente dos Estados Unidos relacionadas ao tratamento de lixo e rejeitos industriais. Além disso, aumentam a dependência do México em relação aos Estados Unidos e contribuem para menor desenvolvimento da indústria e da tecnologia do país.
Indústria maquiladora mexicana
ALGUNS DADOS SOBRE O MÉXICO
NOME: Estados Unidos Mexicanos
INDEPENDÊNCIA: da Espanha
Declarada: 16 de setembro de 1810
Reconhecida: 27 de setembro de 1821
CAPITAL: Cidade do México
Santuário de Guadalupe, na Cidade do México
GENTÍLICO: mexicano (a)
LÍNGUA OFICIAL: o espanhol e mais 67 línguas indígenas são línguas nacionais, mas não existe um idioma oficialmente reconhecido.
GOVERNO: República Presidencialista
LOCALIZAÇÃO: América do Norte
ÁREA: 1.964.375 km² (13º)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa para 2020): 127.995.361 habitantes (10°)
DENSIDADE  65,15 hab./km² (121º). Obs: a densidade demográfica, densidade populacional ou população relativa, é a medida expressa pela relação entre a população total e a superfície de um determinado território.
CRESCIMENTO POPULACIONAL (ONU - Estimativa 2019): 1,12% (120°). Obs: o crescimento vegetativo, crescimento populacional ou crescimento natural é a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade de uma determinada população e é contada da maior para a menor.
CIDADES MAIS POPULOSAS (Estimativa para 2020):
Cidade do México: 9.945.823 habitantes
Cidade do México - capital e maior cidade do México
Guadalajara: 4.975.933 habitantes
Guadalajara - segunda maior cidade do México
Monterrey: 4.606.992 habitantes
Monterrey - terceira maior cidade do México
PIB (FMI - 2019): US$ 1,222 trilhão (15º). Obs: o PIB (Produto Interno Bruto), representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano).
PIB PER CAPITA (FMI 2019): U$ 9.547 (67°). Obs: o PIB per capita ou renda per capita é o Produto Interno Bruto (PIB) de um determinado lugar dividido por sua população. É o valor que cada habitante receberia se toda a renda fosse distribuída igualmente entre toda a população. 
IDH (ONU - 2019): 0,767 (76º) Obs: o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida oferecida à população. Este índice é calculado com base em dados econômicos e sociais, variando de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país. No cálculo do IDH são computados os seguintes fatores: educação (anos médios de estudos), longevidade (expectativa de vida da população) e PIB per capita. A classificação é feita dividindo os países em quatro grandes grupos: baixo (de 0,0 a 0,500), médio (de 0,501 a 0,800), elevado (de 0,801 a 0,900) e muito elevado (de 0,901 a 1,0).
  ≥ 0,900
  0,850–0,899
  0,800–0,849
  0,750–0,799
  0,700–0,749
  0,650–0,699
  0,600–0,649
  0,550–0,599
  0,500–0,549
  0,450–0,499
  0,400–0,449
  ≤ 0,399
  Sem dados
EXPECTATIVA DE VIDA (OMS - 2019): 77,2 anos (49°). Obs: a expectativa de vida refere-se ao número médio de anos para ser vivido por um grupo de pessoas nascidas no mesmo ano, se a mortalidade em cada idade se mantém constante no futuro, e é contada da maior para a menor.
TAXA DE NATALIDADE (ONU - 2019): 20,36/mil (96º). Obs: a taxa de natalidade é a porcentagem de nascimentos ocorridos em uma população em um determinado período de tempo para cada grupo de mil pessoas, e é classificada do maior para o menor.
TAXA DE MORTALIDADE (CIA World Factbook - 2019): 4,74/mil (178º). Obs: o índice de mortalidade reflete o número de mortes registradas, em média por mil habitantes, em uma determinada região em um período de tempo, e é contada da maior para a menor.
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2019):  16,77/mil (121°). Obs: a taxa de mortalidade infantil refere-se ao número de crianças que morrem no primeiro ano de vida entre mil nascidas vivas em um determinado período, e é classificada do menor para o maior.
Mapa com um gráfico que apresenta a taxa de mortalidade infantil dos países
TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook - 2020): 2,19 filhos/mulher (94°). Obs: a taxa de fecundidade refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria do início ao fim do seu período reprodutivo (15 a 49 anos), e é classificada do maior para o menor.
Mapa com a taxa de fertilidade dos países
  7-8 crianças
  6-7 crianças
  5-6 crianças
  4-5 crianças
  3-4 crianças
  2-3 crianças
  1-2 criança(s)
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2019):  93,4% (114º). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
Mapa com o índice de alfabetização
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2020): 80,7% (44°). Obs: essa taxa refere-se a porcentagem da população que mora nas cidades em relação à população total.
Mapa com o índice de urbanização entre os países
MOEDA: Peso Mexicano
RELIGIÃO: católicos (82,7%), protestantes (6,6%), Testemunhas de Jeová (1,4%), outras religiões (1,9%), sem religião (4,7%), não especificado (2,7%).
DIVISÃO: o México é dividido em 31 estados autônomos mais a Cidade do México, formando a União Federal. A área metropolitana da Cidade do México, e partes adjacentes do estado do México, é uma das áreas mais populosas do mundo. Cada estado tem sua própria Constituição, Congresso, e um Judiciário, e seus cidadãos são eleitos por votação direta para governador por um período de seis anos, e representantes para os respectivos congressos estaduais unicamerais por três anos. A Cidade do México é uma divisão política especial que pertence à federação como um todo e não a um estado particular, e, como tal, tem um governo local mais limitado do que os estados da nação.
Mapa da divisão política do México

quinta-feira, 23 de julho de 2020

AULAS DO PROFESSOR MARCIANO DANTAS: COLONIZAÇÃO E DESCOLONIZAÇÃO DA ÁFRICA

OS MEIOS DE COMUNICAÇÕES E TELECOMUNICAÇÕES NO BRASIL


  Os meios de comunicação transmitem mensagens, informações e ideias.
 Eles possibilitam a interação entre as pessoas, empresas, grupos sociais e políticos e órgãos governamentais. Por isso, a presença de meios de comunicação contribui para a integração do território nacional. O desenvolvimento da alta tecnologia ligada à informática, à telefonia e às fibras ópticas, entre outros meios e recursos, é responsável pela comunicação em tempo real na internet. As transmissões televisivas também são feitas em tempo real, via satélite, interligando até mesmo os lugares mais distantes.
  As inovações tecnológicas avançam rapidamente, barateiam os produtos e popularizam o uso de aparelhos de telefonia celular, microcomputadores, laptops, entre outros.
Figurinha que apresenta a evolução dos meios de comunicação
  O telefone foi introduzido no Brasil em 1877, poucos meses depois da exposição de Filadélfia. O primeiro aparelho foi fabricado nas oficinas da Western and Brazilian Telegraph Company, especialmente para Dom Pedro II. Foi instalado no Palácio Imperial de São Cristóvão localizado na Quinta da Boa Vista, hoje o Museu Nacional do Rio de Janeiro, e era ligado às casas ministeriais, esta sendo a primeira linha telefônica brasileira. No mesmo ano, começou a funcionar uma linha telefônica ligando a loja O Grande Mágico, na Rua do Ouvidor, de propriedade de Leon Rodde, ao Quartel do Corpo de Bombeiros.
  No início do século XX, o serviço de telefonia era restrito a poucas cidades. Em 1907, havia apenas 15 mil linhas telefônicas no país, quase 80% delas localizadas nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
  Somente em 1965 foi criada a Intelbras, empresa com a responsabilidade de integrar e ampliar o sistema nacional de telefonia. Até esse período, era necessária a ajuda de uma telefonista para completar a chamada de um telefone para outro.
Primeiro telefone do Brasil, que atualmente se encontra no Museu Imperial de Petrópolis - RJ
  A introdução do rádio no Brasil, em  7 de setembro de 1922, mudou os costumes da população, interligou o território nacional e este ao mundo. Esse meio de comunicação se popularizou rapidamente e, nas décadas de 1930 e 1940, famílias inteiras reuniam-se em volta dele para ouvir o noticiário, as novelas radiofônicas e os grandes cantores populares.
  A primeira transmissão foi um discurso do então presidente Epitácio Pessoa,  durante a comemoração do Centenário da Independência do Brasil. Porém, a instalação do rádio de fato ocorreu apenas em 20 de abril de 1923, com a criação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro.
Transmissão do Programa "A Voz do Brasil", de 25/09/1978
  Na década de 1930 começou a era comercial do rádio, com a permissão de comerciais na programação, trazendo a contratação de artistas e desenvolvimento técnico para o setor. Com o surgimento das Radionovelas e da popularização da programação, na década de 1940, começou a chamada era de ouro do rádio brasileiro, que trouxe um impacto na sociedade brasileira semelhante ao que a televisão produz hoje.
  Com a criação da televisão, o rádio passou por transformações, os programas de humor, os artistas, as novelas e os programas de auditório são substituídos por músicas e serviços de utilidade pública. Na década de 1960, surgiram as rádios FMs, que trouxeram mais músicas para os ouvintes.
Carmem Miranda (1909-1955) - uma das estrelas da era de ouro do rádio brasileiro
  No dia 18 de setembro de 1950, a televisão uniu a imagem ao som e promoveu novos hábitos na sociedade brasileira, quando foi inaugurada a TV Tupi em São Paulo, com equipamentos trazidos por Assis Chateaubriand, fundando, assim, o primeiro canal de televisão no país. Quatro meses depois, em 20 de janeiro de 1951, entra no ar a TV Tupi Rio de Janeiro. Desde então, a televisão cresceu no país e hoje representa um fator importante na cultura popular moderna da sociedade brasileira. Posteriormente, na década de 1970, com a comunicação via satélite, iniciaram-se as transmissões de televisão em rede nacional.
Transmissão do discurso de Getúlio Vargas no Primeiro de Maio de 1951, no Estádio de São Januário, no Rio de Janeiro
  No início do século XX, o sistema de telecomunicações no Brasil era controlado por empresas particulares. Durante os anos 1960, esse sistema passou a ser responsabilidade do Estado. Nos anos 1990, essa atividade foi privatizada, ou seja, as empresas de propriedade do Estado responsáveis de executá-las, foram vendidas em leilões para empresas privadas.
  A expansão das telecomunicações e da computação na década de 1990 possibilitou a criação de novas aplicações de caráter social para a infraestrutura de telefonia e de outros serviços correlatos. No setor de educação, as principais inovações estão associadas à combinação de televisão, em especial aos telecursos, com atividades em sala de aula e com o uso da internet.
Evolução dos meios de comunicações
  Dentre os meios de  telecomunicações, a internet tem se destacado por sua conectividade e importância nas relações sociais e no mundo do trabalho. De forma inédita, ela passou a viabilizar a interação entre as pessoas, em diferentes lugares, praticamente em tempo real.
  A adoção da internet no Ensino Básico traz como benefícios o acesso do estudante a fontes de informação para a realização de trabalhos escolares e para seu enriquecimento cultural, além de colocá-lo em contato com fatos e fenômenos sociais de outros países.
  O uso da internet é também eficaz como instrumento de interação entre a administração do estabelecimento de ensino, o aluno e a família, fora do horário escolar. No Ensino Técnico, o instrumental de telecomunicações facilita as atividades complementares e a interação entre aluno e instrutor. No Ensino Superior, possibilita formas alternativas de ensino, inclusive com interação a distância entre profissionais e alunos, teleconferências e intercâmbio de experiências entre acadêmicos. É no ensino à distância, porém, que reside o melhor potencial de aproveitamento das telecomunicações na educação.
Esquema de como funciona a Internet
  A internet possibilitou, enfim, o acesso do cidadão e do profissional a serviços de seu interesse e a informações cuja recuperação era, antes, muito complexa. Os tribunais, por exemplo, oferecem o acompanhamento de protocolo e de andamento de processos via internet, facilitando a sua tramitação. O próprio Governo Federal, através da inciativa do Governo Eletrônico, pretende tornar disponíveis na internet todos os serviços que independam da presença física do cidadão para serem levados a termo.
  Como qualquer meio de comunicação, a internet necessita de infraestrutura física para funcionar: redes de fibra óptica, cabos submarinos, servidores de dados, satélites, entre outros dispositivos. Esses componentes estão distribuídos de forma desigual pelo Brasil e pelo mundo.
  O acesso à internet teve crescimento acelerado nos últimos anos, mas ainda se concentra em algumas regiões. Segundo levantamento do CGI (Comitê Gestor de Internet) em 2019, cerca de 70% da população brasileira estava conectada à internet. Porém, no Nordeste e no Norte, esse número é menos de 60%, enquanto que no Sudeste mais de 80% da população tem acesso à Internet.
O uso da internet no Brasil

terça-feira, 21 de julho de 2020

A EVOLUÇÃO DO ESPAÇO RURAL BRASILEIRO E AS FRONTEIRAS AGRÍCOLAS

  Nos últimos 40 anos, o Brasil saiu da condição de importador de alimentos para se tornar um grande provedor para o mundo. Foram conquistados aumentos significativos na produção e na produtividade agropecuárias. O preço da cesta básica, no Brasil, reduziu-se consideravelmente e o país se tornou um dos principais players do agronegócio mundial. Hoje, se produz mais em cada hectare de terra, aspecto importantíssimo para a preservação dos recursos naturais.
  A agricultura se modernizou, mas ainda existem desafios. Há grande concentração de riqueza em pequena parcela de propriedades rurais, existem milhares de hectares de solos e pastagens degradados, há grande ineficiência no uso de água na irrigação, e o uso inadequado de agroquímicos oferece riscos à saúde e ao meio ambiente, entre outro problemas.
A imagem apresenta a concentração de terras no Brasil
  Nos anos 1960, época de fortes mudanças econômicas e sociais no país, o projeto de industrialização com base na substituição de importações se esgota. Isso se deveu, por um lado, pela incapacidade estrutural da própria indústria nacional em atender a sua crescente demanda interna por bens de capital e matérias-primas e, por outro lado, pela incapacidade da agricultura em financiar e abastecer as necessidades de um setor urbano e um parque industrial em expansão.
  Esse projeto, que tinha a intenção de modernizar a agricultura, aumentando e diversificando a sua produção, pela introdução e disseminação de tecnologias de ponta, apresentava dois grandes eixos para a sua concretização: primeiro expandir e ocupar os espaços ainda não integrados ao mercado nacional, por meio da criação de incentivos fiscais em favor do grande empreendimento agropecuário capitalista nacional ou estrangeiro; e segundo ampliar a concessão de créditos subsidiados, direcionados para a grande monocultura de alto valor comercial destinado à exportação.
  Graças a essas políticas, o desempenho da agricultura nos anos 1960 foi superior ao verificado na década de 1950. Isso se traduz pelo aumento superior a 170%  no número de tratores utilizados no setor, naquele decênio, onde foram empregados principalmente nas áreas de lavouras da região Sul e do estado de São Paulo.
Agricultor utilizando um trator em Vitória (ES), em 1952
  Foi nesse espaço contínuo que a agricultura moderna mais se desenvolveu nos anos 1960, no contexto nacional. Além das tradicionais monoculturas de exportação do algodão e do café, nele se intensificaram e se expandiram as lavouras do milho e da soja, em caráter empresarial.
  A expansão do grande empreendimento agropecuário moderno afetou muitas áreas de pequena produção agrícola, estando estas em áreas já colonizadas ou em áreas de expansão da fronteira. Isso porque o modelo de modernização conservador, ao direcionar sua política de crédito subsidiado para a mecanização, a utilização de insumos e os implementos industriais, fez com que o desenvolvimento da agricultura dependesse cada vez mais de investimentos de capital. Nesse sentido, o alto custo da utilização de insumos modernos inviabilizava os pequenos agricultores, uma vez que a eles foram impostas condições de produção semelhantes à dos grandes proprietários.
Casa de farinha rústica em João Pessoa - PB, em 1957
  Até mesmo espaços rurais de pequena produção, distantes da principal área de agricultura moderna formada pela região Sul e o estado de São Paulo, sofreram modificações em seu processo de produção tradicional. Este é o caso do Maranhão, onde, nos anos 1960, projetos governamentais favoreciam a apropriação da terra por grandes empreendimentos pecuários. Com a pecuarização e a privatização das terras, extensas áreas de mata e capoeira foram transformadas em pastagens, destruindo, desse modo, o sistema agroextrativo prevalecente nesta área, ao qual estavam ligados os pequenos agricultores estabelecidos há décadas nos vales dos rios Grajaú e Pindaré.
Ordenha manual em uma propriedade de São Paulo, em 1958
  A fronteira agrícola é um termo criado para definir a região do país que sofre com o avanço das práticas agrícolas devido às devastações das florestas. A fronteira agrícola representa uma área que é mais ou menos definida de expansão das atividades agropecuárias sobre o meio natural. Geralmente, é nessa zona que são registrados muitos casos de desmatamento ilegal e de conflitos que envolvem a posse e o uso das terras que são chamadas de terras devolutas, que são aqueles espaços naturais pertencentes à União e que são delimitadas por propriedades legais. Estas, servem de moradia para índios e comunidades tradicionais e familiares.
  A fronteira agrícola está diretamente ligada com a necessidade de uma maior produção de alimentos, criação de animais sob a demanda internacional de importação destes produtos. Está ligada também à ausência de políticas públicas eficientes, pois muitas terras são compradas ilegalmente e sem controle algum das fiscalizações.
Colheitadeira em uma plantação de algodão
  Essa fronteira já esteve presente em várias regiões do nosso país. Ao longo da história, essa localização vem se expandindo e modificando de acordo com mudanças políticas e econômicas de cada período. Durante o período colonial, a fronteira agrícola se localizava na zona litorânea, principalmente na Mata Atlântica, onde havia uma grande exploração do pau-brasil. Depois, essa área passou a ser utilizada para o plantio de cana-de-açúcar. A mineração e o surgimento de novos cultivos expandiram a fronteira agrícola do Brasil.
  Na segunda metade do século XX, a fronteira agrícola do Brasil chegou à região central do país, em áreas de Cerrado. Em poucos anos, essa vegetação foi quase toda devastada, restando menos de 20% de sua área original. Os principais cultivos desenvolvidos na área de cerrado são os de soja, milho, algodão e cana-de-açúcar.
Cultivo de soja em área de Cerrado no estado do Piauí
  Nos últimos anos, a fronteira agrícola vem avançando em direção à Floresta Amazônica, especificamente nos estados do Pará, Mato Grosso, Tocantins e Maranhão. Nesses estados são registrados vários conflitos. Esses conflitos envolvem garimpeiros, indígenas, posseiros e grandes fazendeiros, (muitos deles chamados de grileiros - que falsificam o título de uma propriedade da União para torná-la definitiva como sua propriedade).
  Além dos cultivos de soja, milho e algodão, a pecuária extensiva contribui também para o avanço da fronteira agrícola na Região Norte.
Devastação da Floresta Amazônica no Mato Grosso

domingo, 19 de julho de 2020

O TRANSPORTE RODOVIÁRIO INTERNACIONAL DE CARGAS (TRIC)

  Para fazer transporte rodoviário internacional de cargas, as empresas devem seguir as determinações dos órgãos reguladores. São eles que estabelecem as regras para esse tipo de processo e segui-las é essencial, já que garante a segurança e a eficiência dos procedimentos.
  A principal reguladora dessa atividade no Brasil é a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). É ela a responsável por emitir os atos legais e regulamentares do setor, bem como por determinar os procedimentos operacionais a serem seguidos nesse tipo de situação.
  O Brasil, em virtude de sua situação geográfica, mantém historicamente acordos de transporte internacional terrestre, principalmente rodoviário, com quase todos os países da América do Sul. Com a Colômbia, Equador, Suriname e Guiana Francesa, o acordo está em negociação.
  O Acordo sobre Transporte Internacional Terrestre entre países do Cone Sul, que contempla os transportes ferroviário e rodoviário, inclui Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Peru, Paraguai e Uruguai. Entre Brasil e Venezuela refere-se apenas ao transporte rodoviário. O mesmo ocorrerá com a negociação que está em andamento com a Guiana.
BR-101 - na divisa entre o Rio Grande do Norte e a Paraíba
  O Mercado Comum do Sul - Mercosul -, que é um tratado de integração com maior amplitude entre Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, absorveu o Acordo de Transportes do Cone Sul.
  Tais acordos buscam facilitar o incremento do comércio, turismo e cultura entre os países, no transporte de bens e pessoas, permitindo que veículos e condutores de um país circulem com segurança, trâmites fronteiriços simplificados nos territórios de todos os países sul-americanos.
  Complementarmente aos acordos básicos citados, têm sido estabelecidos acordos específicos no Mercosul, como o de Transporte de Produtos Perigosos e o Acordo sobre Trânsito.
  O Regulamento para o Transporte de Produtos Perigosos se deu por meio da Resolução Nº 5.848, de 25 de junho de 2019. O Artigo 5º do Capítulo II estabelece que, para a realização do transporte rodoviário remunerado de produtos perigosos, o transportador deve estar devidamente inscrito em categoria específica do Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas - RNTRC.
Rodovia BR-010, na altura do Parque Nacional da Chapada das Mesas - Maranhão
  O Acordo sobre a Regulamentação Básica Unificada de Trânsito foi estabelecido pelos governos da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai, em 29 de setembro de 1992, e foi estabelecido pelo Decreto Federal de 3 de agosto de 1993. É a legislação que regulamenta o transporte rodoviário entre os países integrantes.
  Decisões relacionadas a transporte têm grande impacto estratégico nas empresas. Empresas nacionais precisam da licença originária (que é a autorização que permite que a companhia faça transporte rodoviário internacional de cargas) e da autorização de viagem de caráter ocasional (concedida para a realização de viagem não permanente). O processo é regulamentado pela Resolução Nº 1.474/2006.
  Para obter a licença originária, a companhia deve:
  • ser constituída nos termos da legislação brasileira;
  • ter uma frota com capacidade dinâmica de transporte mínima total de 80 toneladas, composta de veículos do tipo trator com semi-reboque, caminhão com reboque ou caminhão simples;
  • ter escritórios e meios de comunicação adequados;
  • ter os veículos da frota devidamente habilitados.
Rodovia Pan-Americana - trecho na cidade de Buenos Aires, Argentina
  Se a empresa for estrangeira, é necessária uma licença complementar. Trata-se de um documento expedido pela ANTT que autoriza empresas com sede em outro país a prestar e operar serviço de transporte rodoviário internacional de cargas. Essas exigências podem ter impactos importante nos custos de fretes.
  Alguns documentos são essenciais para acompanhar mercadorias no transporte rodoviário internacional de cargas. Esses itens ficam com os produtos desde a saída do fornecedor até a chegada ao consumidor final. Antes, esses papéis eram emitidos de forma física, mas hoje são eletrônicos. Os principais documentos são:
1. Conhecimento de Transporte Eletrônico (CT-e) - trata-se de um documento emitido e armazenado apenas eletronicamente, que equivale a uma nota fiscal de prestação de serviço de transporte de carga. É usado para qualquer modal (rodoviário, aéreo, ferroviário, hidroviário e dutoviário).
  Quando há necessidade de conferência em postos de fiscalização, são exigidos as DANFEs (Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica), os CT-es (porte obrigatório no trânsito nacional) das mercadorias para que seja feita a consulta dos registros diretamente na Secretaria da Fazenda (Sefaz). O CT-e é válido em todos os estados brasileiros e pode substituir:
  • Nota Fiscal de Serviço de Transporte (quando utilizada em transporte de cargas;
  • Conhecimento de Transporte Rodoviário de Cargas - CRT;
  • Conhecimento de Transporte Aquaviário de Cargas;
  • Conhecimento Aéreo;
  • Conhecimento de Transporte Ferroviário de Cargas;
  • Nota Fiscal de Serviço de Transporte Ferroviário de Cargas.
BR-020, na divisa entre o Distrito Federal e Goiás
  O Documento Auxiliar do Conhecimento de Transporte Eletrônico (DACTE) é uma versão simplificada do CT-e impressa em papel. Não é reconhecido como conhecimento de transporte e não o substitui, mas acompanha a mercadoria  em trânsito com informações que permitem a consulta do CT-e e no site da Sefaz.
  O Conhecimento de Transporte Internacional - CRT por rodovia (Carta de Porte Internacional por Carreteira ou Carta de Porte Internacional por Carretera) - tem a função de contrato de transporte terrestre, recibo de entrega e título de crédito. Ele é emitido em três vias originais, sendo uma do transportador, uma do embarcador e uma que acompanha a carga.
BR-116 - trecho na Região Serrana do Rio de Janeiro
2. Manifesto Eletrônico de Documentos Fiscais (MDF-e) - o MDF-e, cuja finalidade é agilizar o registro em lote de documentos fiscais em trânsito e identificar a unidade de carga utilizada, também é emitido e armazenado eletronicamente. É gerado após o registro do CT-e e tem validade em todos os estados brasileiros.
  É o registro reconhecido para acompanhar o trânsito e o recebimento de mercadorias em todo o território nacional. Já o Documento Auxiliar do Manifesto Eletrônico de Documentos Fiscais (DAMDFE) é usado para acompanhar o transporte e informar o trânsito dos documentos da carga. Segundo a legislação atual, o MDF-e pode ser usado em substituição ao Manifesto de Carga.
BR-153 - trecho em Fortaleza do Tabocão (TO)
3. Manifesto Internacional de Cargas/Declaração de Trânsito Aduaneiro (MIC/DTA) - é o documento de autorização alfandegária utilizado no transporte rodoviário para que produtos sujeitos a controle aduaneiro possam ser transportados. É um formulário único que pode ser combinado o manifesto de carga com o trânsito aduaneiro quando da lotação de um veículo usado durante o trânsito aduaneiro na fronteira, onde apenas são conferidos a documentação e o lacre da carga, sem a necessidade da vistoria da carga em fronteira.
  O MIC/DTA permite a redução de custos com armazenagem e tempo na liberação em Estações Aduaneiras do Interior (EADIs). Além de permitir o desembaraço aduaneiros e o pagamento dos tributos da importação, sejam realizados no destino final e não no local do cruzamento na fronteira.
Trecho da BR-343 entre Capitão de Campos e Cocal de Telha (PI)
Principais
  Quando o transportador não tem a posse dos documentos para o transporte rodoviário internacional de cargas, as consequências podem trazer prejuízos, pois a carga pode ficar parada na fronteira até que os registros sejam regularizados.
  Isso significa a geração de custos com a estadia do caminhão parado no local, o armazenamento dos itens e até uma multa contratual. Tudo isso depende do acordo comercial entre as partes envolvidas. Outros prejuízos envolvem as cargas perecíveis, que podem ser perdidas se ficarem paradas por muito tempo.
  Uma das melhores formas de reduzir os riscos fiscais das operações de transporte rodoviário internacional de cargas é usar um sistema integrado de gestão de transporte (Transportation Mangemente System - TMS). Esse tipo de ferramenta é específico para a gestão de transporte.
  Com ele, garante-se a agilidade na emissão de documentos e mantêm-se os cuidados necessários para que sejam emitidos, sempre em conformidade com a lei. Essas resoluções tecnológicas são fundamentais para dar auxílio à gestão de documentos fiscais.
BR-324 - trecho no estado da Bahia
  De modo geral, o transporte rodoviário internacional de cargas requer muita atenção, especialmente à documentação necessária durante o processo. Ter os registros necessários em ordem é a melhor forma de reduzir as chances de penalidades e prejuízos - que podem decorrer de informações não declaradas ou do pagamento incorreto de impostos, entre outros.
BR-122, próximo à Quixadá (CE)

AULAS DO PROFESSOR MARCIANO DANTAS: ESPAÇO AGRÁRIO

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