Nos últimos 40 anos, o Brasil saiu da condição de importador de alimentos para se tornar um grande provedor para o mundo. Foram conquistados aumentos significativos na produção e na produtividade agropecuárias. O preço da cesta básica, no Brasil, reduziu-se consideravelmente e o país se tornou um dos principais players do agronegócio mundial. Hoje, se produz mais em cada hectare de terra, aspecto importantíssimo para a preservação dos recursos naturais.
A agricultura se modernizou, mas ainda existem desafios. Há grande concentração de riqueza em pequena parcela de propriedades rurais, existem milhares de hectares de solos e pastagens degradados, há grande ineficiência no uso de água na irrigação, e o uso inadequado de agroquímicos oferece riscos à saúde e ao meio ambiente, entre outro problemas.
Nos anos 1960, época de fortes mudanças econômicas e sociais no país, o projeto de industrialização com base na substituição de importações se esgota. Isso se deveu, por um lado, pela incapacidade estrutural da própria indústria nacional em atender a sua crescente demanda interna por bens de capital e matérias-primas e, por outro lado, pela incapacidade da agricultura em financiar e abastecer as necessidades de um setor urbano e um parque industrial em expansão.
Esse projeto, que tinha a intenção de modernizar a agricultura, aumentando e diversificando a sua produção, pela introdução e disseminação de tecnologias de ponta, apresentava dois grandes eixos para a sua concretização: primeiro expandir e ocupar os espaços ainda não integrados ao mercado nacional, por meio da criação de incentivos fiscais em favor do grande empreendimento agropecuário capitalista nacional ou estrangeiro; e segundo ampliar a concessão de créditos subsidiados, direcionados para a grande monocultura de alto valor comercial destinado à exportação.
Graças a essas políticas, o desempenho da agricultura nos anos 1960 foi superior ao verificado na década de 1950. Isso se traduz pelo aumento superior a 170% no número de tratores utilizados no setor, naquele decênio, onde foram empregados principalmente nas áreas de lavouras da região Sul e do estado de São Paulo.
Foi nesse espaço contínuo que a agricultura moderna mais se desenvolveu nos anos 1960, no contexto nacional. Além das tradicionais monoculturas de exportação do algodão e do café, nele se intensificaram e se expandiram as lavouras do milho e da soja, em caráter empresarial.
A expansão do grande empreendimento agropecuário moderno afetou muitas áreas de pequena produção agrícola, estando estas em áreas já colonizadas ou em áreas de expansão da fronteira. Isso porque o modelo de modernização conservador, ao direcionar sua política de crédito subsidiado para a mecanização, a utilização de insumos e os implementos industriais, fez com que o desenvolvimento da agricultura dependesse cada vez mais de investimentos de capital. Nesse sentido, o alto custo da utilização de insumos modernos inviabilizava os pequenos agricultores, uma vez que a eles foram impostas condições de produção semelhantes à dos grandes proprietários.
Até mesmo espaços rurais de pequena produção, distantes da principal área de agricultura moderna formada pela região Sul e o estado de São Paulo, sofreram modificações em seu processo de produção tradicional. Este é o caso do Maranhão, onde, nos anos 1960, projetos governamentais favoreciam a apropriação da terra por grandes empreendimentos pecuários. Com a pecuarização e a privatização das terras, extensas áreas de mata e capoeira foram transformadas em pastagens, destruindo, desse modo, o sistema agroextrativo prevalecente nesta área, ao qual estavam ligados os pequenos agricultores estabelecidos há décadas nos vales dos rios Grajaú e Pindaré.
A fronteira agrícola é um termo criado para definir a região do país que sofre com o avanço das práticas agrícolas devido às devastações das florestas. A fronteira agrícola representa uma área que é mais ou menos definida de expansão das atividades agropecuárias sobre o meio natural. Geralmente, é nessa zona que são registrados muitos casos de desmatamento ilegal e de conflitos que envolvem a posse e o uso das terras que são chamadas de terras devolutas, que são aqueles espaços naturais pertencentes à União e que são delimitadas por propriedades legais. Estas, servem de moradia para índios e comunidades tradicionais e familiares.
A fronteira agrícola está diretamente ligada com a necessidade de uma maior produção de alimentos, criação de animais sob a demanda internacional de importação destes produtos. Está ligada também à ausência de políticas públicas eficientes, pois muitas terras são compradas ilegalmente e sem controle algum das fiscalizações.
Essa fronteira já esteve presente em várias regiões do nosso país. Ao longo da história, essa localização vem se expandindo e modificando de acordo com mudanças políticas e econômicas de cada período. Durante o período colonial, a fronteira agrícola se localizava na zona litorânea, principalmente na Mata Atlântica, onde havia uma grande exploração do pau-brasil. Depois, essa área passou a ser utilizada para o plantio de cana-de-açúcar. A mineração e o surgimento de novos cultivos expandiram a fronteira agrícola do Brasil.
Na segunda metade do século XX, a fronteira agrícola do Brasil chegou à região central do país, em áreas de Cerrado. Em poucos anos, essa vegetação foi quase toda devastada, restando menos de 20% de sua área original. Os principais cultivos desenvolvidos na área de cerrado são os de soja, milho, algodão e cana-de-açúcar.
Nos últimos anos, a fronteira agrícola vem avançando em direção à Floresta Amazônica, especificamente nos estados do Pará, Mato Grosso, Tocantins e Maranhão. Nesses estados são registrados vários conflitos. Esses conflitos envolvem garimpeiros, indígenas, posseiros e grandes fazendeiros, (muitos deles chamados de grileiros - que falsificam o título de uma propriedade da União para torná-la definitiva como sua propriedade).
Além dos cultivos de soja, milho e algodão, a pecuária extensiva contribui também para o avanço da fronteira agrícola na Região Norte.
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