sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

A FORMAÇÃO TERRITORIAL DA EUROPA

  A Europa é formada por muitos povos e culturas diferentes. Ao longo da história, as grandes ondas de migração, as conquistas territoriais e a fusão dessas culturas foram fundamentais para a formação da grande diversidade cultural europeia.
  Os Homo erectus e os Neanderthalis habitavam a Europa bem antes do surgimento dos humanos modernos, os Homo sapiens. Os ossos dos primeiros europeus foram achados em Dmanisi, Geórgia, e datados de 1,8 milhão de anos. O primeiro aparecimento do povo anatomicamente moderno na Europa é datado de 35.000 a.C.. Evidências de assentamentos permanentes datam do século VII a.C. e em partes da Europa Setentrional nos séculos V e IV a.C. A civilização Tripiliana (5.508-2.750 a.C.) foi a primeira grande civilização da Europa e uma das primeiras do mundo; era localizada na Ucrânia moderna e também na Moldávia e Romênia. Foi provavelmente mais antiga que os Sumérios no Oriente Próximo, e tinha cidades com 15 mil habitantes cobrindo uma área de 450 hectares.
  Começando no Neolítico, tem-se a civilização dos Camunos, no Val Camonica, Itália, que deixou mais de 350 mil petróglifos, o maior sítio arqueológico da Europa.
Arte rupestre de Val Camonica
  Também conhecido como Idade do Cobre, o Calcolítico europeu foi um tempo de mudanças e confusão. O fato mais relevante foi a infiltração e invasão de imensas partes do território por povos originários da Ásia Central, considerado pelos principais historiadores como sendo os originais indo-europeus. Outro fenômeno foi a expansão do Megalitismo e o aparecimento da primeira significante estratificação econômica e, relacionado a isso, as primeiras monarquias conhecidas da região dos Balcãs. A primeira civilização bem conhecida da Europa foi as dos Minoicos da ilha de Creta, e depois os Micenas, em adjacentes partes da Grécia, no começo do século II a.C..
Mapa de Creta, com destaque para a área da Civilização Minoica
  Os gregos e romanos deixaram um legado na Europa que é evidente nos pensamentos, leis, mentes e línguas atuais. A Grécia Antiga foi uma união de cidades-estado, na qual uma primitiva forma de democracia se desenvolveu. Atenas foi sua cidade mais poderosa e desenvolvida, e um berço de ensinamento nos tempos de Péricles. Fóruns de cidadãos aconteciam e o policiamento do estado deu ordem ao aparecimento dos mais notáveis filósofos clássicos, como Sócrates, Platão e Aristóteles. Como rei do Reino Grego da Macedônia, as campanhas militares de Alexandre o Grande espalharam a cultura helênica até as nascentes do rio Indo.
Mapa da Grécia Antiga
  A primeira grande unidade política na Europa se deu com o Império Romano, que teve sua maior extensão no século II d.C., ocupando não apenas regiões europeias, mas também o norte da África e parte do Oriente Médio.
  O Império Romano foi o período pós-republicano da antiga civilização romana, caracterizada por uma forma de governo autocrática liderada por um imperador e por extensas possessões territoriais em volta do Mar Mediterrâneo na Europa, África e Ásia. Esse império foi uma das mais fortes potências econômicas, políticas e militares do seu tempo, o maior império da antiguidade Clássica e um dos maiores da História. No apogeu da sua extensão territorial exercia autoridade sobre mais de cinco milhões de quilômetros quadrados e uma população de mais de 70 milhões de pessoas, à época 21% da população mundial. A longevidade e extensão do império proporcionaram uma vasta influência na língua, cultura, religião, técnicas, arquitetura, filosofia, lei e formas de governo dos estados que lhe sucederam.
Apogeu do Império Romano no ano 117 d.C.
  Durante a Idade Média, povos asiáticos, como os mongóis, invadiram a Europa. A invasão mongol da Europa por hordas comandadas por Batu Cã (governante mongol) e Subedei (um dos grandes generais do Exército mongol) atingiu Polônia, Hungria e Romênia após os mongóis terem conquistado e devastado a Rússia.
  Na Europa Central, os mongóis se dividiram em três grupos. Ao norte, um grupo conquistou a Polônia, arrasando várias cidades do sul do país e derrotando a Legnica (uma força combinada de tropas alemãs e polonesas); ao sul, atravessaram os montes Cárpatos, na atual Romênia; no centro, o exército principal atravessou o Danúbio. Os três exércitos reagruparam-se e devastaram a Hungria em 1241.
Quadro que representa a invasão mongol na Europa
 A partir do século VIII, os muçulmanos conquistaram a Península Ibérica, trazendo parte da cultura árabe e do norte da África para esse continente. A invasão islâmica da Península Ibérica, também chamada de invasão muçulmana, conquista árabe ou expansão muçulmana, refere-se a uma série de deslocamentos populacionais ocorridos a partir de 711 e que durou até 726, quando tropas islâmicas oriundas do Norte da África, sob o comando do general berbere Tárique, cruzaram o estreito de Gibraltar, penetraram a península Ibérica e venceram Rodrigo, o último rei dos Visigodos da Hispânia, na Batalha de Guadalete. Após a vitória, termina o Reino Visigótico.
  Nos anos seguintes, os muçulmanos foram alargando suas conquistas na península, dominando o território designado em língua árabe.  Essa conquista marca a expansão ocidental do Califado Omíada.
Império Muçulmano, no período de seu maior apogeu
  Nos séculos seguintes, o crescimento do nacionalismo e do colonialismo levou a disputas territoriais que acirraram as tensões internacionais e conduziram o continente a uma guerra no início do século XX: a Primeira Guerra Mundial.
  A Primeira Guerra Mundial (também conhecida como Grande Guerra ou Guerra das Guerras até o início da Segunda Guerra Mundial) foi uma guerra global centrada na Europa, que começou em 28 de julho de 1914 e durou até 11 de novembro de 1918. O conflito envolveu as grandes potências de todo o mundo, que se organizaram em duas alianças opostas: os Aliados (com base na Tríplice Entente entre Reino Unido, França e Rússia - depois, com a saída da Rússia, os Estados Unidos entraram na guerra) e os Impérios Centrais (com base na Tríplice Aliança entre Alemanha, Itália e o Império Austro-Húngaro, mas como o Império Austro-Húngaro tinha tomado a ofensiva, violando o acordo, a Itália não entrou na guerra. O Império Otomano, entrou depois na guerra lutando ao lado da Tríplice Aliança).
  Entre as causas da guerra incluem-se as políticas imperialistas estrangeiras das grandes potências da Europa, como os Impérios Alemão, Austro-Húngaro, Otomano, Russo, Britânico, a Terceira República Francesa e a Itália.
  A Primeira Guerra Mundial  reconfigurou as fronteiras europeias: os impérios Russo, Alemão, Austro-Húngaro e Otomano, por exemplo, foram destruídos. Nesse contexto, muitos países se tornaram independentes e outros conquistaram territórios.
Alianças da Primeira Guerra Mundial
  A Revolução Russa, que enfraqueceu o regime monárquico russo e conduziu os bolcheviques ao poder, originou a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), em 1922.
  A Revolução Russa foi um período de conflitos, iniciado em 1917, que derrubou a monarquia russa e levou ao poder o Partido Bolchevique, de Vladimir Lênin. Recém-industrializada e sofrendo com a Primeira Guerra Mundial, a Rússia tinha uma grande massa de operários e camponeses trabalhando muito e ganhando pouco. Além disso, o governo absolutista do Czar Nicolau II desagradava o povo que queria uma liderança menos opressiva e mais democrática. A soma dos fatores levou a manifestações populares que fizeram o monarca renunciar e, no fim do processo, deram origem à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), o primeiro país socialista do mundo, que durou até 1991.
Soldados e civis se manifestando durante a Revolução Russa de 1917
  O expansionismo alemão, que gerou agressivas anexações territoriais de países vizinhos, e as rivalidades político-econômicas conduziram a Europa à Segunda Guerra Mundial, que redesenhou novamente o mapa político desse continente, destruindo grande parte do território dos países europeus.
  A Segunda Guerra Mundial foi um conflito militar global que durou de 1939 a 1945, envolvendo a maioria das nações do mundo - incluindo todas as grandes potências - organizadas em duas alianças militares opostas: os Aliados (composto por França, Reino Unido, União Soviética, Estados Unidos e seus aliados) e o Eixo (composto por Alemanha, Itália, Japão e seus aliados). Foi a guerra mais abrangente da história.
  A guerra terminou com a vitória dos Aliados em 1945, alterando significativamente o alinhamento político e a estrutura social mundial. Enquanto a Organização das Nações Unidas (ONU) era estabelecida para estimular a cooperação global e evitar futuros conflitos, a União Soviética e os Estados Unidos emergiram como superpotências rivais.
Alianças durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) 
  Aliados ocidentais (países independentes)
  Aliados ocidentais (colônias ou ocupações)
  União Soviética
  Eixo (países)
  Eixo (colônias ou ocupações, incluindo a França de Vichy)
  Países neutros
  A Segunda Guerra Mundial é sucedida pela Guerra Fria, momento de polarização ideológica e econômica entre os países.
  A Guerra Fria é a designação atribuída ao período histórico de disputas estratégicas e conflitos indiretos entre os Estados Unidos (comandando o capitalismo) e a União Soviética (comandando o socialismo), compreendendo o período entre o final da Segunda Guerra Mundial (1945) e a extinção da União Soviética (1991). Foi um conflito de ordem política, militar, tecnológica, econômica, social e ideológica entre as duas nações e suas zonas de influência. É chamada "fria" porque não houve uma guerra direta entre as duas superpotências, dada a inviabilidade da vitória em uma batalha nuclear.
  A Europa foi dividida em duas: Europa Ocidental (capitalista e aliada aos Estados Unidos) e Europa Oriental ou Leste Europeu (socialista e aliada à União Soviética). As duas Europas eram divididas pela chamada "Cortina de Ferro", linha divisória que separava a Europa Ocidental da Europa Oriental.
  A fragilização das nações europeias, após uma guerra violenta, permitiu que os Estados Unidos estendessem uma série de apoios econômicos para as nações da Europa Ocidental, para que estes países pudessem se reerguer e mostrar as vantagens do capitalismo. Assim, o Secretário de Estado dos Estados Unidos, George Marshall, propôs a criação de um amplo plano econômico, que veio a ser conhecido como Plano Marshall.
  Em resposta ao plano econômico estadunidense, a União Soviética propôs-se a ajudar também seus países aliados, com a criação do COMECOM (Conselho para Assistência Mútua). O COMECOM fora proposto como maneira de impedir os países-satélites da União Soviética de demonstrar interesse em aderir ao Plano Marshall, e não abandonarem a  esfera de influência de Moscou.
Divisão da Europa durante a Guerra Fria
  Depois da Segunda Guerra Mundial, também ocorreu o processo de descolonização da África, da Ásia e do Caribe, colocando fim à dominação política e econômica da Europa sobre o restante do mundo, além de provocar alterações territoriais ligadas à lógica da geopolítica de polarização do comunismo e do capitalismo, sob a liderança da URSS e dos Estados Unidos, respectivamente.
  As causas do processo de descolonização na África, Ásia e América Central foram bastante variadas:
  • a Segunda Guerra Mundial significou o fim da hegemonia econômica e militar europeia no mundo, pois, completamente destroçados, os países europeus já não podiam manter impérios coloniais;
  • os movimentos nacionalistas emergentes das colônias foram reforçados pela Carta das Nações Unidas, que considerava a autodeterminação dos povos um direito básico;
  • o início da Guerra Fria também foi outra grande influência, pois, tanto os Estados Unidos como a União Soviética, apoiaram os movimentos de independência para influenciar os novos governos e a população, atraindo-os para seus respectivos blocos.
  O processo de descolonização teve três características principais:
  • ocorreu integralmente entre 1946 e 1975;
  • na maioria dos países havia partidos políticos que organizaram o processo de independência;
  • destacaram-se líderes carismáticos, que mobilizaram as massas, como Mahatma Gandhi, na Índia, Ho Chi Mi, no Vietnã, Sukarno, na Indonésia, e Lumumba, no Congo.

Mapa sobre o processo de descolonização na África e na Ásia
  A Alemanha viu seu território ser dividido entre as duas potências, originando a Alemanha Ocidental e a Alemanha Oriental.
  As tropas alemãs capitularam em 8 e 9 de maio de 1945. Os membros do último Reich, encabeçados pelo almirante Karl Dönitz, foram presos. Juntamente com outros líderes da ditadura nazista, ele respondeu por crimes de guerra e contra a humanidade perante o Tribunal de Nurembergue, instaurado pelos Aliados.
  As quatro potências vencedoras - Estados Unidos, Reino Unido, França e União Soviética - assumiram o poder e dividiram o território alemão em quatro zonas de ocupação. Sob o controle soviético ficaram os territórios a leste dos rios Oder e Neisse. Berlim, encravada no território que viraria Alemanha Oriental, também foi dividida em quatro setores.
  Os diferentes sistemas de domínio no Ocidente e no Leste da Europa, geraram divergências entre os Aliados, que não conseguiam definir uma política comum para a Alemanha derrotada. Na Conferência de Potsdam, que ocorreu entre 17 de julho e 2 de agosto de 1945 para estabelecer as bases de uma nova ordem europeia no pós-guerra, só houve consenso quanto a quatro ações prioritárias na Alemanha: desnazificar, desmilitarizar, descentralizar a economia e reeducar os alemães para a democracia.
  Em 1949, o país foi formalmente dividido dando origem a República Democrática Alemã (Alemanha Oriental) e a República Federal Alemã (Alemanha Ocidental).
A Alemanha Oriental estava sob influência socialista e soviética, com capital em Berlim. Por sua vez, a parte ocidental vivia sob órbita capitalista e americana, cuja capital era Bonn.
  Esta divisão seguia a lógica da Guerra Fria, que dominou a ordem mundial até 1989 com a queda do Muro de Berlim.
Mapa da Alemanha dividida
  A antiga capital alemã não escapou desta divisão. Berlim situava-se em plena Alemanha Oriental e ali coexistiram dois sistemas de governo e duas moedas na mesma cidade. Primeiro, foi dividida de maneira sútil com bairros destinados ao lado capitalista e ao lado socialista. Porém, a partir de 1961, de forma física, com a construção do Muro de Berlim.
  Em 1953, vários operários da Alemanha Oriental, marcham em Berlim pedindo melhores condições de vida e mais liberdade. São duramente reprimidos pela polícia que atirou na população desarmada, além de prender entre 13 mil a 15 mil pessoas. Diante desta coerção, cerca de 3 milhões de alemães passaram para o lado Ocidental. Quanto mais o regime soviético dominava e reprimia a população da Alemanha Oriental, mais pessoas se mostravam insatisfeitos e fugiam para o lado Ocidental.
  As autoridades da Alemanha Oriental encontraram uma solução para impedir que os cidadãos berlinenses debandassem para o lado capitalista: a construção de um muro.
Muro de Berlim
  Por volta de 1948, as repúblicas bálticas, a Polônia, a Hungria, a Tchecoslováquia, a Romênia, a Bulgária, a Iugoslávia e a Albânia se tornaram países socialistas, sob o domínio político e econômico da URSS.
  Com o fim da Guerra Fria, no início da década de 1990, a URSS se fragmentou em 15 repúblicas. Na Europa, as repúblicas bálticas (Estônia, Letônia e Lituânia) foram as primeiras a retomar a soberania de seus antigos territórios. Além delas, Belarus, Ucrânia, Moldávia, Geórgia, Armênia e Azerbaijão tornaram-se repúblicas independentes.
  A Tchecoslováquia desmembrou-se em República Tcheca e República da Eslováquia.
  A Tchecoslováquia foi um país governado por um autoritário governo marxista-leninista de 1960 até 1989. Foi um Estado satélite soviético do Bloco Oriental. O país permaneceu em primeira instância, de 1948 a 1960, com o nome oficial de República Tchecoslováquia, transferindo depois para República Socialista da Tchecoslováquia.
  Após o golpe de Estado de fevereiro de 1948, quando o Partido Comunista da Tchecoslováquia tomou o poder com o apoio da União Soviética, o país foi declarado uma república popular.
  A Tchecoslováquia foi membro do Conselho para Assistência Econômica Mútua e do Pacto de Varsóvia. O regime terminou em 1989 com a queda do Bloco de Leste durante as Contrarrevoluções por meio de Revolução de Veludo.
Mapa da antiga Tchecoslováquia e os dois países que se originaram da sua desintegração
  A Iugoslávia, de modo bastante tenso e conflituoso, fragmentou-se em seis países: Bósnia-Herzegovina, Croácia, Eslovênia, Macedônia, Montenegro e Sérvia. Kosovo declarou independência em 2008, o que ainda não foi reconhecido.
  A Iugoslávia foi um país que existiu na região dos Balcãs durante a maior parte do século XX. Surgiu após a Primeira Guerra Mundial, em 1918, sob o nome de Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos através da fusão do provisório Estado dos Eslovenos, Croatas e Sérvios (que antes fazia parte do antigo Império Austro-Húngaro) com o Reino da Sérvia, anteriormente independente.
  Renomeado para Reino da Iugoslávia em 3 de outubro de 1929, o país foi invadido pelas Potências do Eixo em 6 de abril de 1941. Em 1943, uma Iugoslávia democrática e federal é proclamada pela resistência partsan (movimento de resistência contra a ocupação do Eixo). Em 1944, o rei o reconheceu como governo legítimo da nação, mas em novembro de 1945 a monarquia foi abolida. A Iugoslávia foi renomeada para República Popular Federativa da Iugoslávia em 1946, quando um governo comunista foi estabelecido.
  O país adquiriu os territórios de Istria, de Rijeka e de Zadar da Itália. O líder partidário Josip Broz Tito governou a Iugoslávia como presidente até sua morte, em 1980. Em 1963, o país foi rebatizado novamente para República Socialista Federal da Iugoslávia.
Processo de cisão da Iugoslávia
  República Socialista Federativa da Iugoslávia (1943-1992)
  República Federal da Iugoslávia (1992-2003), Sérvia e Montenegro (2003-2006)
  Sérvia (desde 2006)
  Croácia (desde 1991)
  Eslovênia (desde 1991)
  Macedônia (desde 1991)
  República da Sérvia de Krajina (1991-1995)
  República Sérviaa (desde 1992)
  Herzeg-Bósnia (1992-1994)
  República da Bósnia e Herzegovina (1992-1998)
  Bósnia e Herzegovina (desde 1998)
  Montenegro (desde 2006)
  Kosovo (independência não reconhecida desde 2008)
  Na Europa Ocidental, após a queda do Muro de Berlim, a Alemanha Ocidental e a Alemanha Oriental se reunificaram. O processo de reunificação do país gerou desafios para equilibrar o desenvolvimento socioeconômico e as condições de vida da população em cada porção do território alemão.
  A reunificação da Alemanha foi o processo em que a República Democrática da Alemanha (RDA/Alemanha Oriental) foi anexada pela República Federal da Alemanha (RFA/Alemanha Ocidental), ao reunificar a nação da Alemanha e a cidade de Berlim, como previsto pelo Artigo 23 da Lei Fundamental da República Federal da Alemanha. O final do processo de unificação é conhecido oficialmente como Unidade Alemã, comemorado no dia 3 de outubro.
  O regime da Alemanha Oriental começou a vacilar em maio de 1989, quando a remoção da cerca na fronteira com a com a Hungria abriu um buraco na Cortina de Ferro, o que causou o êxodo de milhares de alemães orientais, que fugiram para a Alemanha Oriental e para a Áustria, através do território húngaro. A Revolução Pacífica, uma série de protestos promovidos por parte dos alemães orientais, levou às primeiras eleições livres da RDA, em 18 de março de 1990, e ao início das negociações entre a RDA e a RFA, que culminaram no Tratado de Unificação.
Muro de Berlim, no Portão de Brandemburgo, em 10 de novembro de 1989. A queda do muro de Berlim marcou o início do processo de unificação da Alemanha
REFERÊNCIA: Sampaio, Fernando dos Santos
Geração alpha geografia: ensino fundamental: anos finais: 9º ano / Fernanda dos Santos Sampaio, Marlon Clóvis Medeiros: editor responsável Flávio Manzatto de Souza: organizadora SM Educação: obra coletiva, desenvolvida e produzida por SM Educação - 2. ed. - São Paulo: Edições SM, 2018.

domingo, 24 de novembro de 2019

OS AUSTRALOPITHECUS E OS HOMO SAPIENS

  Pelas análises de vestígios arqueológicos, como pinturas feitas em cavernas, pedaços de ossos, cerâmicas, dentes, conchas e crânios, muitos pesquisadores concordam que os primeiros seres humanos (hominídeos) surgiram na África.
  Há cerca de 2 milhões de anos os hominídeos dividiram-se em dois ramos principais: Australopithecus, que se extinguiu há cerca de 1 milhão de anos; e o Homo, que deu origem aos seres humanos atuais.
  Assim, atualmente todos os seres humanos que habitam o planeta Terra, independente do tipo de cabelo, cor da pele ou dos olhos, pertencem ao grupo Homo sapiens sapiens (Homem duplamente sábio), que tem suas origens na África.
  Estudos sobre a origem do ser humano também mostram que, em um processo que durou milhares de anos, partindo do continente africano, nossos ancestrais migraram para a Europa e Ásia e, posteriormente, para a América.
Mapa das primeiras migrações humanas, de acordo com análises efetuadas ao DNA mitocondrial (unidades: milênios até ao presente)
Os Australopithecus
  Os Australopithecus constituem um gênero de diversos hominídeos extintos, bastante próximos ao gênero Homo e, dentre eles, o Australopithecus afarensis e o Australopithecus africanus são os mais famosos. O Australopithecus africanus, datado entre 2,5 a 2,9 milhões de anos, foi considerado durante muitos anos o ancestral direto do gênero Homo (em especial da espécie Homo erectus).
  Os australopitecíneos parecem ter aparecido há cerca de 3,9 milhões de anos. Os cérebros da maior parte das espécies de Australopithecus conhecidas eram sensivelmente 35% menores que o do Homo sapiens e os próprios animais tinham pequeno tamanho, geralmente não mais que 1,2 metro de altura. Em diversas espécies é considerável o grau de dimorfismo sexual, machis sendo maiores que as fêmeas.
  O esqueleto mais antigo de um Australopithecus foi encontrado em escavações na África. Reconstruído por cientistas, esse esqueleto do sexo feminino, recebeu o nome de Lucy.
Montagem de fotos mostra o esqueleto de Lucy e um modelo tridimensional do Australopithecus afarensis
  A existência do Australopithecus desmente a teoria de que a inteligência humana se desenvolveu primeiro e o bipedalismo depois, uma vez que estas espécies tinham um crânio não significativamente maior que o de um chimpanzé atual e, no entanto, eram definitivamente bípedes, o que sugere que foi o bipedalismo que tornou possível a inteligência humana e não o contrário. Supõe-se também que a maior parte das espécies de Australopithecus não era melhor adaptada ao uso de instrumentos que os atuais símios (uma das duas infraordens que compõem os primatas haplorrinos). Há evidências de que os Australopithecus eram presas do Dinofelis, um felino da sub-família extinta Machairodontinae.
Reconstrução de um Australopithecus afarensis
Os Homo sapiens
  A espécie Homo sapiens surgiu há cerca de 350 mil anos na região leste da África e adquiriu o comportamento moderno há cerca de 50 mil anos.
  Os membros dessa espécie têm um cérebro altamente desenvolvido, com inúmeras capacidades como o raciocínio abstrato, a linguagem, a introspecção e a resolução de problemas complexos. Esta capacidade mental, associada a um corpo ereto, possibilitou o uso dos braços para manipular objetos, fator que permitiu aos humanos a criação e a utilização de ferramentas para alterar o ambiente à sua volta mais do que qualquer outra espécie de ser vivo.
  Os parentes vivos mais próximos dos seres humanos são os gorilas e os chimpanzés, mas, segundo pesquisas, os Homo sapiens não evoluíram a partir desses macacos: em vez disso, os seres humanos modernos compartilham com esses macacos um ancestral comum, e provavelmente são estreitamente relacionados com duas espécies de chimpanzés: o chimpanzé-comum e o bonobo.
  A evolução humana é caracterizada por uma série de importantes alterações morfológicas, de desenvolvimento fisiológico e comportamental, que tiveram lugar desde a separação entre o último ancestral comum de humanos e chimpanzés.
Os hominídeos são descendentes de um ancestral comum
  A primeira grande alteração morfológica foi a evolução de uma forma de adaptação de locomoção arborícola ou semi-arborícola para uma forma de locomoção bípede, com todas as sua adaptações decorrentes, tais como um joelho valgo, um índice intermembral baixo (pernas longas em relação aos braços) e redução da força superior do corpo.
  Mais tarde, os humanos ancestrais desenvolveram um cérebro muito maior - normalmente de 1.400 cm³ em seres humanos modernos, mais de duas vezes o tamanho do cérebro de um chimpanzé ou gorila.
  Outras mudanças morfológicas foram: a evolução de um poder de aderência e precisão; um sistema mastigatório reduzido; a redução do dente canino; e a descida da laringe e do osso hioide, tornando a ovulação oculta, o que pode ter coincidido com a evolução de importantes mudanças comportamentais, tais como a ligação em casais.
Cronologia da evolução humana
  Os cientistas concordam que a origem do Homo sapiens sapiens está na África. Contudo, ainda não há consenso quanto ao trajeto percorrido por nossos ancestrais para chegar à América e quando isso ocorreu.
  Uma das hipóteses formuladas é a de que chegaram à América por terra, utilizando-se de uma passagem que teria formado com o congelamento do Mar de Bering, localizado entre o leste da Ásia (Sibéria) e o oeste da América (Alasca). Outra hipótese é a de que tenham partido das ilhas do oceano Pacífico para a América do Sul, navegando de ilha em ilha, em embarcações primitivas, e fazendo uso de correntes marítimas favoráveis.
Mapa da teoria do povoamento da América
  Entre os cientistas brasileiros, a hipótese que está ganhando força é a da chamada Corrente Australiana. Essa corrente migratória para a América do Sul começou a se destacar no fim do século XX. Pesquisadores encontraram fósseis humanos de 11.500 anos atrás na região de Lagoa Santa, em Minas Gerais, com traços negroides e semelhantes aos dos aborígenes australianos. Um dos fósseis teve o rosto reconstituído. Era uma mulher que recebeu o nome de Luzia. O processo de migração teria sido o mesmo das ilhas do Pacífico.
Reconstituição computadorizada do rosto de Luzia
REFERÊNCIA: Paula, Marcelo Moraes
Geografia espaço & interação: 8º ano: ensino fundamental: anos finais / Marcelo Moraes Paula, Maria Ângela Gomez Rama, Denise Cristina Christov Pinesso. - 1. ed. -São Paulo: FTD, 2018.

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

OS PARQUES CIENTÍFICOS E TECNOLÓGICOS DO BRASIL

  Durante o século XIX e parte do século XX, um dos fatores que diferenciavam os países do mundo em desenvolvidos, subdesenvolvidos e em desenvolvimento era o nível de industrialização por eles alcançado. As técnicas de produção que impulsionaram a industrialização nesses séculos, assumiram, por volta da década de 1970 uma nova etapa graças à Terceira Revolução Industrial. Também conhecido como Revolução Técnico-Científico-Informacional, tal processo caracteriza-se pela intensa aplicação de conhecimentos científicos à produção e pelo desenvolvimento tecnológico em diversas áreas, como a informática - com amplo uso de computadores e de redes de comunicação como a internet -; as telecomunicações - satélites artificiais -; a robótica - uso de robôs no processo de produção -; a biotecnologia - aproveitamento de organismos vivos para a modificação de substâncias e produtos -; e a química fina - elaboração de substâncias que requerem alto grau de pureza.
Parque Universidade Vale do Paraíba, em São José dos Campos - SP
  A atividade industrial, considerada o "motor" do desenvolvimento econômico e social dos países durante os séculos XIX e XX, passou a disputar importância com o conhecimento sobre as técnicas, daí se falar, hoje, em economia do conhecimento.
  O "saber fazer" tornou-se uma valiosa mercadoria que passou a ser produzida e comercializada em escala global, beneficiando países, instituições e pessoas que produzem conhecimento e desenvolvem tecnologias.
  A inserção do Brasil na economia do conhecimento ainda é modesta se comparada à dos grandes centros mundiais de produção científica e tecnológica. No país, as pesquisas são realizadas principalmente em universidades e instituições governamentais e, em menor proporção, em empresas do setor privado - diferentemente dos Estados Unidos, onde a maior quantidade de pesquisadores trabalha em empresas privadas.
  No Brasil, os pesquisadores de instituições governamentais enfrentam diversos problemas, entre eles a escassez de recursos financeiros, a ineficiência dos órgãos públicos para autorizar a aquisição de materiais e substâncias necessárias para a realização de pesquisas, além de outros.
  Desde os anos 1990, o Brasil tem investido na formação de polos tecnológicos que aumentam a competitividade da sua indústria no mercado mundial. As regiões Sul e Sudeste apresentam a maior concentração de parques tecnológicos em operação ou implantação em todo o país.
  Um parque tecnológico corresponde a uma concentração geográfica de instituições dedicadas  a atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D), envolvidas na produção de bens e serviços, como universidades., centros de pesquisa, laboratórios e empresas.
Distribuição dos parques tecnológicos pelo Brasil
  A instalação de um parque científico e tecnológico exige investimentos em infraestrutura e mão de obra qualificada. Porém, pode estimular a economia e integrar territórios com os espaços nacional e internacional.
  Além de atrair populações e empresas, os parques científicos e tecnológicos dinamizam a economia, estimulam o crescimento do setor terciário (comércio e serviços), favorecendo, assim, as comunidades locais. Têm, então, uma função de reorganização do espaço geográfico. De modo geral, atraem e criam demanda por empreendimentos, tais como agências bancárias, hotéis, centros de convenção, lojas, lanchonetes, hospitais, entre outros. Além disso, quando são implantados, geram necessidades de infraestrutura básica (viária, energia, saneamento, telecomunicações etc.); fomentam a construção civil por meio de edificações para a instalação de empresas, laboratórios e outros espaços de trabalho etc.; e favorecem o surgimento de empresas de serviços (limpeza, segurança, alimentação etc.) para atender a sua infraestrutura administrativa.
  Os principais polos tecnológicos do Brasil são:
Parque Tecnológico de São José dos Campos
  Um dos principais locais de desenvolvimento da aeronáutica no Brasil, o Parque Tecnológico de São José dos Campos, no interior de São Paulo, é fomentado principalmente pelo mercado de defesa e aeroespacial. Nesse local se encontram os centros de desenvolvimento de empresas como Embraer, Boeing, Airbus, Ericsson e Vale.
Fábrica da Embraer, em São José dos Campos - SP
  A implantação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), respectivamente nos anos 1950 e 1971, no município de São José dos Campos, no estado de São Paulo, reorganizou o território do município e de suas proximidades.
  Em 1960, a população de São José dos Campos somava 40 mil habitantes e sua economia era predominantemente de base agrícola. Hoje, sua população é de 721.944 habitantes (estimativa IBGE 2019) e sua economia é de base industrial e o município conta com várias universidades e faculdades, atraindo estudantes de todo o Brasil e do exterior.
  O Parque Tecnológico de São José dos Campos abriga mais de 300 empresas. Além da aeronáutica, o parque desenvolve negócios para os setores automotivo, energético, têxtil, tecnologia da informação, comunicação e transporte.
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São José dos Campos - SP
Porto Digital - Recife (PE)
  O Porto Digital foi lançado em 2000 para atrair empresas de caráter tecnológico e postos de trabalho para o estado de Pernambuco. Atualmente, reúne cerca de 250 empresas e 7 mil profissionais na área de tecnologia e inovação. Possui incentivos de gigantes do setor, como Microsoft, IBM, Samsung e LG, e oferece auxílio a novos negócios e pequenos empresários em suas 3 encubadoras.
  É considerado um dos maiores responsáveis pela economia do estado de Pernambuco e também pelo desenvolvimento da região Nordeste, sendo um exemplo de fomento à inovação e economia criativa.
  O Porto Digital aposta principalmente em Tecnologia da Informação (TI), Comunicação e Economia Criativa, com foco em games, multimídia, cinema, música, fotografia e design.
Porto Digital, localizado no Recife antigo
Tecnopuc - Porto Alegre (RS)
  O Parque Tecnológico de Porto Alegre, conhecido como Tecnopuc, tem sua gestão feita pela Pontifícia Universidade Católica de Porto Alegre e abriga cerca de 120 empresas, sendo em sua maioria pequenas e médias.
  A característica principal desse moderno parque é a concentração de pesquisadores e especialistas em inovação que buscam aplicar seus conhecimentos no ambiente mercadológico, que muda constantemente.
  Algumas grandes empresas de tecnologia, como a Huawei, HP. Dell e Microsoft, se instalaram no polo, que trabalha com o desenvolvimento de novas plataformas em conjunto às empresas incubadas.
Um dos prédios do Parque Tecnológico de Porto Alegre - Tecnopuc
San Pedro Valley - Belo Horizonte (MG)
  Conhecida pela colaboração entre empreendedores, esse parque tecnológico conta com mais de 300 startups (empresas jovens com um modelo de negócios repetível e escalável), aceleradoras e espaços de coworking, entre eles o Seed, programa fomentado pelo governo de Minas Gerais e que desenvolve mais de 40 empresas por semestre;
  A troca entre esses empreendedores e a distância que eles estão localizados uns dos outros, fez o bairro nobre de São Pedro, na capital mineira, ganhar o apelido de San Pedro Valley, em clara referência ao Vale do Silício, localizado nos Estados Unidos.
Bairro São Pedro, em Belo Horizonte - MG
Polo Tecnológico de Florianópolis (SC)
  Eleita a segunda cidade mais empreendedora do Brasil, ficando atrás apenas de São Paulo, a capital catarinense aposta nas startups para ganhar destaque. O polo tecnológico começou a se estruturar em 1984, com a criação da Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras.
  A cidade tem mais de 600 startups tecnológicas que faturam mais de 1 bilhão de reais por ano e crescem em média 15% todos os anos.
Florianópolis - SC
Vale da Eletrônica - Santa Rita do Sapucaí (MG)
  Essa pequena cidade mineira figura entre os principais polos tecnológicos do país há algumas décadas. Em 1959, o município recebeu a primeira escola técnica de nível médio da América Latina, a Escola Técnica de Eletrônica.
  Com uma população de 43.260 habitantes (estimativa IBGE 2019), Santa Rita do Sapucaí produz inovações voltadas principalmente para a área de informática. Uma das grandes vantagens da cidade comparada a outros polos é a qualidade de vida, já que o município não tem problemas, como trânsito e poluição, que são bastante comuns em grandes metrópoles. Além disso, a cidade oferece infraestrutura para startups, como aceleradoras e incubadoras.
Santa Rita do Sapucaí - MG
Hub Tecnológico de Fortaleza
  O Hub Tecnológico de Fortaleza ocupa posição de destaque: é o segundo maior produtor do mundo. Atualmente, com 12 cabos submarinos de fibra óptica conectados, fica atrás somente de Fujeira, nos Emirados Árabes Unidos, que conta com 13 cabos.
  Com forte avanço nos últimos anos de grandes empresas de telecomunicações, com destaque para a Angola Cables, Fortaleza se tornou polo de concentração de cabos submarinos que ligam a cidade com África, Europa e América do Norte.
  A localização geográfica do Ceará tem sido fator preponderante na consolidação da trinca de hubs. Sua posição vem sendo considerada estratégica para a conexão de outras partes do mundo com a América Latina.
Angola Cables - Fortaleza - CE
Parque Tecnológico da Bahia
  O Parque Tecnológico da Bahia está localizado na Avenida Paralela (região que fica próxima a centros de pesquisa e universidades) em Salvador e está vinculado à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia (SECTI). Sua primeira etapa, o Tecnocentro (prédio na qual está instalado a incubadora de empresas, visando abrigar empresas de Tecnologias da Comunicação e Informação, desenvolver pesquisa em bioinformática, biosensores e desenvolvimento de softwares, além de um espaço exclusivo para fomentar a geração de empreendimentos inovadores) foi inaugurado em 19 de setembro de 2012 e várias instituições estão instaladas ou já encaminharam sua instalação.
Parque Tecnológico da Bahia, em Salvador - BA
Techno Park Campinas - Campinas (SP)
  O Parque Empresarial Techno Park de Campinas - SP, tem como objetivo estimular o desenvolvimento econômico e ampliar a competitividade do município, com foco na atração de empresas de base tecnológica. Através de Acordos de Cooperação com instituições de pesquisa e inovação, associa o conhecimento gerado no âmbito acadêmico à atividade produtiva.
  Atualmente, com mais de 60 empresas instaladas, o Techno Park conta com completa infraestrutura urbana e serviços compartilhados de segurança, telecomunicações, fibra óptica e manutenção de áreas públicas.
Techno Park - Campinas - SP
Sanca Hub - São Carlos (SP)
  O Sanca Hub (ou Sancahub) é um apelido que se refere à região geográfica de São Carlos como ecossistema de tecnologia e inovação.
  O município de São Carlos é um importante centro de produção acadêmica, industrial e tecnológica e com localização próxima a outros municípios de alta densidade tecnológica, sendo eles Araraquara e Ribeirão Preto.
  Impulsionada pela alta concentração de alunos e professores universitários e produção acadêmica voltada à tecnologia, a cidade vem apresentando um crescente aumento no nascimento de startups, fazendo com que a região seja considerada um potencial "embrião de Vale do Silício" brasileiro.
  O ecossistema Sanca Hub inclui um extenso parque tecnológico que abrange laboratórios de pesquisa, centros de inovação, coworkings, incubadoras e empresas transnacionais.
  O termo vem da junção de Sanca (apelido de São Carlos) com hub, palavra de origem inglesa que significa ponto central.
São Carlos - SP
Parque Tecnológico de Ribeirão Preto - Ribeirão Preto (SP)
  O Parque Tecnológico de Ribeirão Preto foi inaugurado no dia 26 de março de 2014, e tem como objetivo impulsionar o desenvolvimento científico e tecnológico da região, atraindo empresas que invistam em pesquisa e desenvolvimento (P&D) de produtos e processos inovadores, voltados para as áreas de Saúde e Biotecnologia, e que priorizem o desenvolvimento sustentável. A vocação do parque foi baseada em três pilares:
  • as instituições de Ensino e Pesquisa - compreendendo a formação de recursos humanos, a disponibilização de serviços tecnológicos e competências tecnológicas;
  • as demandas e gargalos tecnológicos empresariais da região de Ribeirão Preto e do Brasil;
  • e as tendências tecnológicas nacionais e internacionais do setor de Saúde e Biotecnologia.
Parque Tecnológico de Ribeirão Preto - Ribeirão Preto - SP
Parque Tecnológico de Jaguaré - São Paulo (SP)
  O parque Tecnológico de Jaguaré (ainda em construção), está localizado na zona oeste da capital paulista, em uma área de 46 mil m². Esse parque tem foco nos setores de tecnologia da informação, fármacos, biotecnologia e nanotecnologia. O complexo está sendo instalado no entorno do maior polo de ciência e tecnologia da América Latina, que reúne a Universidade de São Paulo (USP), o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), o Instituto de Pesquisas Energéticas (Ipen) e o Instituto Butantã. O parque teve suas obras de engenharia iniciadas em 21 de julho de 2010, e o término das obras está previsto para o primeiro semestre de 2021.
Parque Tecnológico de Jaguaré, em São Paulo - SP
Parque Tecnológico de Sorocaba - Sorocaba (SP)
  O Parque Tecnológico de Sorocaba (PTS) - ainda em construção -, é um ambiente criado para atrair e acomodar empresas intensivas em tecnologia, instituições de ensino e pesquisa, assim como empresas de consultoria ou organizações, pública e/ou privadas, que possam oferecer serviços de apoio técnico e de mercado. Dessa forma, o PTS facilitará às partes interessadas, o acesso ao conhecimento, bem como ao mercado, pela aproximação com possíveis desenvolvimentos em inovação tecnológica e oportunidades comerciais em nível nacional e internacional, abrigando laboratórios de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) de diversos ramos da tecnologia avançada.
Parque Tecnológico de Sorocaba - Sorocaba - SP
Parque Tecnológico de São José do Rio Preto (SP)
  O Parque Tecnológico de São José do Rio Preto é um espaço de apoio à criação ao desenvolvimento e ao aprimoramento de negócios inovadores, com o objetivo de incentivar o crescimento sustentável no município e na região por meio da inovação tecnológica. O parque tem a missão de abrigar e apoiar ideias, projetos, startups e empresas jovens e maduras, objetivando gerar e aplicar conhecimentos avançados e inovadores para a sociedade.
  O espaço viabiliza a fixação de empresas em diversas áreas de conhecimento, bem como fortalece e amplia a competitividade das empresas e instituições já existentes, gerando mais serviços ou produtos e, consequentemente, melhorias na qualidade de vida da população da região.
  A gestão do parque é feita por meio da Empro Tecnologia e Informação e todas as decisões são tomadas por um conselho independente formado por representantes do poder público, do segmento educacional e de entidades empresariais. Para ingressar no Parque Tecnológico, os interessados passam por processos de seleção, estruturados por meio de editais públicos.
Parque Tecnológico de São José do Rio Preto - SP
Parque Tecnológico Mato Grosso - Várzea Grande (MT)
  O Parque Tecnológico Mato Grosso, inicialmente localizado na Arena Pantanal, em Cuiabá e, posteriormente, estará sediado no bairro Chapéu do Sol, na cidade de Várzea Grande, Região Metropolitana de Cuiabá, tem como foco atuar nas áreas do Agronegócio, Biotecnologia, Geociências, Química Verde e Novos Materiais e Tecnologias da Informação e Comunicação. O parque é dividido em três módulos:
  • Parque Tecnológico - espaço para o desenvolvimento de inovação pelas empresas;
  • Parque de Serviços - focado na promoção de serviços para empresas, indústrias e comunidade;
  • e Parque Científico - espaço para formação e qualificação de pessoas, núcleos de universidades, laboratórios e centros de pesquisa de P&D.

Arena Pantanal - sede do embrião do Parque Tecnológico Mato Grosso
Feevale Techpark - Vale dos Sinos (RS)
  O Feevale Techpark ou Parque Tecnológico do Vale dos Sinos, é uma organização brasileira que tem a finalidade de promover o desenvolvimento tecnológico da região do Vale dos Sinos, no Rio Grande do Sul, e tem como objetivo promover a integração regional, o incentivo ao empreendedorismo e a criação, atração, instalação e desenvolvimento de empresas intensivas em conhecimento para a diversificação econômica e inovação sistemática em todos os domínios do setor produtivo.
Abrangência do Parque Tecnológico Vale dos Sinos (Feevale Techpark)

REFERÊNCIA: Adas, Melhem
Expedições geográficas, Melhem Adas, Sérgio Adas. -- 3. ed. São Paulo: Moderna, 2018.

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

OS RIBEIRINHOS E OS CAIÇARAS

  Apesar de explorarem ambientes e ecossistemas diferentes (rios e mar) e estarem separados espacialmente, às vezes por grandes distâncias, percebemos muitas similaridades entre as comunidades de caiçaras e ribeirinhos, especialmente no uso de recursos naturais, nos conhecimentos, conflitos e nas ameaças diversas ao seu modo de vida.
  Culturalmente, tanto caiçaras como ribeirinhos são descendentes da miscigenação entre indígenas e colonizadores portugueses. Os caiçaras vivem na região litorânea do sudeste do Brasil, principalmente no litoral de São Paulo e Rio de Janeiro, em regiões onde predomina o bioma da Mata Atlântica, com grande biodiversidade e bastante devastado. Os ribeirinhos encontram-se geralmente nas margens dos grandes rios brasileiros.
Família de ribeirinhos
  As principais atividades econômicas e de subsistência (produção de alimentos) de ambos os grupos culturais consistem principalmente na pesca artesanal, agricultura de pequena escala, complementada por criação de animais e extrativismo vegetal (especialmente na Amazônia), além do turismo (principalmente no litoral).
  A herança indígena de caiçaras e ribeirinhos se manifesta no principal sistema de cultura, a roça de mandioca baseada na queima e derrubada da vegetação, seguindo um sistema de rodízio entre áreas cultivadas e áreas em recuperação.
  As populações tradicionais, entre elas os ribeirinhos e os caiçaras, foram reconhecidas pelo Decreto Presidencial 6.040, de 7 de fevereiro de 2007, onde o Governo Federal reconhece a existência formal das chamadas populações tradicionais.
  No decreto que instituiu a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais (PNPCT), o governo ampliou o reconhecimento que havia sido feito parcialmente, na Constituição de 1988, aos indígenas e aos quilombolas.
Comunidade Caiçara em Paraty - RJ
RIBEIRINHOS
  Os povos ribeirinhos ou ribeirinho é o habitante tradicional das margens dos rios. Estes vivem com as condições oferecidas pela própria natureza, adaptando-se aos períodos das chuvas. Tendo a pesca artesanal como principal atividade de sobrevivência, mas cultivam também pequenos roçados para subsistência e, às vezes, praticam atividades extrativistas.
  Nas ilhas localizadas em frente à capital paraense, Belém, mulheres artesãs de bio joias ampliam os conhecimentos em gestão e comercialização. Nas mesmas ilhas, ribeirinhos produtores rurais, recebem equipes técnicas que realizam um levantamento socioambiental para planejar a assistência técnica e extensão rural sobre as comunidades. Um pouco mais distante dali, na Ilha do Marajó, filhos de pescadores discutem em sala de aula temas relacionados à educação ambiental.
Ribeirinhos do Pará
  A movimentação social que ocorre no norte do Brasil é um reflexo da busca destes grupos por melhores condições de vida e alternativas produtivas que se aliem à realidade em que vivem: a Amazônia e uma incessante busca em aliar geração de renda e conservação socioambiental. Fortalecidos como organizações em diferentes localidades, em processo de transformação social em outras, os ribeirinhos da Região Norte aumentam diariamente o papel de protagonistas e, juntamente com entidades parceiras, realizam e participam de iniciativas que ampliam conhecimentos, apresentam novos mercados para as cadeias produtivas locais e geram inclusão social.
  O aquecimento de um mercado que aumenta a disponibilidade de recursos financeiros na mão do próprio ribeirinho - o de açaí -, e a crescente cobrança para que os poderes públicos busquem na produção local o alimento da merenda escolar, são alguns dos vetores desta mudança de participação social.
Típica comunidade ribeirinha, com casas construídas sobre um barranco, para fugir das cheias dos rios
Caiçaras
  Denominam-se caiçaras os habitantes tradicionais do litoral das regiões Sul e Sudeste do Brasil, formados a partir da miscigenação entre índios, brancos e negros e que têm, em sua cultura, a pesca artesanal, a agricultura de subsistência, a caça, o extrativismo vegetal, o artesanato e, mais recentemente, o ecoturismo.
  O termo "caiçara" tem origem no termo tupi caá-içara, que era utilizado para denominar as estacas colocadas em torno das tabas ou aldeias, e o curral feito de galhos de árvores fincados na água para cercar o peixe.
  A comunidade caiçara é formada pela mescla de populações indígenas, colonos portugueses e negros. Muitas práticas agrícolas (coivara) e de pesca (puçá), assim como a preparação de alimentos (farinha, peixe) apresentam marcante influência indígena.
Casas de madeira na comunidade Caiçara do Marujá, em São Paulo
REFERÊNCIA: Sampaio, Fernando dos Santos
Geração alpha geografia: ensino fundamental: anos finais: 6º ano / Fernando dos Santos Sampaio: editor responsável Flávio Manzatto de Souza: organizadora SM educação: obra coletiva, desenvolvida e produzida por SM Educação. - 2. ed. - São Paulo: Edições SM, 2018.

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

A PARCERIA TRANSPACÍFICA

  Conhecido como TPP, da sigla em inglês Trans-Pacific Partnership, a Parceria Transpacífica é um acordo de livre-comércio estabelecido entre doze países da região, liderados por Estados Unidos e Japão. Os outros países envolvidos são Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru, Cingapura e Vietnã. Esses países assinaram, em 5 de outubro de 2015 após sete anos de negociações, um acordo tributário que afeta várias indústrias, como a farmacêutica, a automobilística e a têxtil, e estabelece algumas das normas trabalhistas e regulamentações ambientais. Seus objetivos declarados são: promover o crescimento econômico, apoiar a criação e manutenção de postos de trabalho, reforçar a inovação, a produtividade e a competitividade, elevar os padrões de vida, reduzir a pobreza nos países-membros, e promover a transparência, a boa governança e a proteção ambiental.
      Membros
      Interessados em aderir
  É o acordo regional mais amplo da história e une sob o mesmo mercado 40% de bens da economia mundial. O TPP é o pacto mais importante desde 1993, quando Estados Unidos, Canadá e México assinaram o Acordo de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta). Brunei, Chile, Cingapura e Nova Zelândia começaram a negociar no início dos anos 2000 e em 2008 os Estados Unidos se juntaram ao grupo.
  Historicamente, a Parceria Transpacífica é uma expansão do Acordo de Parceria Econômica Estratégica Transpacífica (TPSEP, também referido como P4), que foi assinado por Brunei, Chile, Nova Zelândia e Cingapura em 2005.
  As negociações deveriam ser concluídas em 2012, mas vários pontos controversos, sobretudo referentes a agricultura, propriedade intelectual, serviços e investimentos fizeram com que as negociações se prolongassem, tendo os membros chegado a um acordo em 2015.
Líderes dos países membros na cúpula de 2010
  O acordo original foi ratificado pelo Japão e pela Nova Zelândia. A principal competição do Japão na região é a China e as duas nações têm visões distintas sobre como a economia do Sudeste Asiático deve se desenvolver. Antes do TPP, o Japão tentou dominar o Fundo Monetário Asiático (FMA), o que os Estados Unidos bloquearam. Em 2011, o Japão conseguiu estabelecer um acordo de cooperação com a China e a Coreia do Sul chamado de "Acordo de Livre Comércio da República Popular da China", que não incluía a intenção do Japão de usar a China para obter apoio dos Estados Unidos dentro do acordo.
  Em 9 de dezembro de 2016, a resolução da participação foi feita na Câmara dos Conselheiros e notificou a conclusão dos procedimentos internos para ratificação ao depositário do tratado, Nova Zelândia, como o primeiro país ratificado em 20 de janeiro de 2017. A Nova Zelândia ratificou o TPP em 11 de maio de 2017.
Bandar Seri Begawan - capital do Brunei
Saída dos Estados Unidos
  Durante um discurso sobre a campanha presidencial de 2016, o candidato do Partido Republicano, Donald Trump, prometeu retirar os Estados Unidos da Parceria Transpacífica, caso fosse eleito. Ele argumentou que o acordo "minaria" a economia e a independência do país. Em 21 de novembro de 2016, em uma mensagem de vídeo, Trump introduziu uma estratégia econômica de "colocar os Estados Unidos em primeiro lugar", afirmando que negociaria "acordos bilaterais de comércio justo que trouxessem empregos e indústria de volta à costa americana". Como parte desse plano, Trump confirmou sua intenção de os Estados Unidos se retirarem da Parceria Transpacífica em seu primeiro dia no cargo. Trump assinou um memorando presidencial para retirar os Estados Unidos da TPP em 23 de janeiro de 2017.
Wellington - capital da Nova Zelândia
Acordo Abrangente e Progressivo para a Parceria Transpacífica
  O futuro da TPP era incerto após a retirada dos Estados Unidos. Vários signatários, no entanto, sinalizaram sua intenção de renegociar o TPP sem a participação dos Estados Unidos. Em janeiro de 2018, os onze países restantes concordaram com um TPP revisado, agora renomeado como o "Acordo Abrangente e Progressivo para a Parceria Transpacífica" (AAPPT). O acordo permanece substancialmente o mesmo, mas contém uma lista de 20 "disposições suspensas" que foram adicionadas ao TPP por insistência dos Estados Unidos e que agora não são mais vinculativas. Essas provisões referem-se principalmente a investimentos, compras governamentais e propriedade intelectual. O Reino Unido manteve conversações informais para se juntar às negociações renovadas após o Brexit e manifestou interesse em aderir ao TPP no futuro.
Kuala Lumpur - capital da Malásia
REFERÊNCIA: Boligian Levon
Geografia espaço e sociedade, 3: ensino médio / Levon Boligian, Andressa Alves. 1. ed. -- São Paulo: Editora do Brasil, 2016. -- (Coleção geografia espaço e identidade)

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