domingo, 24 de novembro de 2019

OS AUSTRALOPITHECUS E OS HOMO SAPIENS

  Pelas análises de vestígios arqueológicos, como pinturas feitas em cavernas, pedaços de ossos, cerâmicas, dentes, conchas e crânios, muitos pesquisadores concordam que os primeiros seres humanos (hominídeos) surgiram na África.
  Há cerca de 2 milhões de anos os hominídeos dividiram-se em dois ramos principais: Australopithecus, que se extinguiu há cerca de 1 milhão de anos; e o Homo, que deu origem aos seres humanos atuais.
  Assim, atualmente todos os seres humanos que habitam o planeta Terra, independente do tipo de cabelo, cor da pele ou dos olhos, pertencem ao grupo Homo sapiens sapiens (Homem duplamente sábio), que tem suas origens na África.
  Estudos sobre a origem do ser humano também mostram que, em um processo que durou milhares de anos, partindo do continente africano, nossos ancestrais migraram para a Europa e Ásia e, posteriormente, para a América.
Mapa das primeiras migrações humanas, de acordo com análises efetuadas ao DNA mitocondrial (unidades: milênios até ao presente)
Os Australopithecus
  Os Australopithecus constituem um gênero de diversos hominídeos extintos, bastante próximos ao gênero Homo e, dentre eles, o Australopithecus afarensis e o Australopithecus africanus são os mais famosos. O Australopithecus africanus, datado entre 2,5 a 2,9 milhões de anos, foi considerado durante muitos anos o ancestral direto do gênero Homo (em especial da espécie Homo erectus).
  Os australopitecíneos parecem ter aparecido há cerca de 3,9 milhões de anos. Os cérebros da maior parte das espécies de Australopithecus conhecidas eram sensivelmente 35% menores que o do Homo sapiens e os próprios animais tinham pequeno tamanho, geralmente não mais que 1,2 metro de altura. Em diversas espécies é considerável o grau de dimorfismo sexual, machis sendo maiores que as fêmeas.
  O esqueleto mais antigo de um Australopithecus foi encontrado em escavações na África. Reconstruído por cientistas, esse esqueleto do sexo feminino, recebeu o nome de Lucy.
Montagem de fotos mostra o esqueleto de Lucy e um modelo tridimensional do Australopithecus afarensis
  A existência do Australopithecus desmente a teoria de que a inteligência humana se desenvolveu primeiro e o bipedalismo depois, uma vez que estas espécies tinham um crânio não significativamente maior que o de um chimpanzé atual e, no entanto, eram definitivamente bípedes, o que sugere que foi o bipedalismo que tornou possível a inteligência humana e não o contrário. Supõe-se também que a maior parte das espécies de Australopithecus não era melhor adaptada ao uso de instrumentos que os atuais símios (uma das duas infraordens que compõem os primatas haplorrinos). Há evidências de que os Australopithecus eram presas do Dinofelis, um felino da sub-família extinta Machairodontinae.
Reconstrução de um Australopithecus afarensis
Os Homo sapiens
  A espécie Homo sapiens surgiu há cerca de 350 mil anos na região leste da África e adquiriu o comportamento moderno há cerca de 50 mil anos.
  Os membros dessa espécie têm um cérebro altamente desenvolvido, com inúmeras capacidades como o raciocínio abstrato, a linguagem, a introspecção e a resolução de problemas complexos. Esta capacidade mental, associada a um corpo ereto, possibilitou o uso dos braços para manipular objetos, fator que permitiu aos humanos a criação e a utilização de ferramentas para alterar o ambiente à sua volta mais do que qualquer outra espécie de ser vivo.
  Os parentes vivos mais próximos dos seres humanos são os gorilas e os chimpanzés, mas, segundo pesquisas, os Homo sapiens não evoluíram a partir desses macacos: em vez disso, os seres humanos modernos compartilham com esses macacos um ancestral comum, e provavelmente são estreitamente relacionados com duas espécies de chimpanzés: o chimpanzé-comum e o bonobo.
  A evolução humana é caracterizada por uma série de importantes alterações morfológicas, de desenvolvimento fisiológico e comportamental, que tiveram lugar desde a separação entre o último ancestral comum de humanos e chimpanzés.
Os hominídeos são descendentes de um ancestral comum
  A primeira grande alteração morfológica foi a evolução de uma forma de adaptação de locomoção arborícola ou semi-arborícola para uma forma de locomoção bípede, com todas as sua adaptações decorrentes, tais como um joelho valgo, um índice intermembral baixo (pernas longas em relação aos braços) e redução da força superior do corpo.
  Mais tarde, os humanos ancestrais desenvolveram um cérebro muito maior - normalmente de 1.400 cm³ em seres humanos modernos, mais de duas vezes o tamanho do cérebro de um chimpanzé ou gorila.
  Outras mudanças morfológicas foram: a evolução de um poder de aderência e precisão; um sistema mastigatório reduzido; a redução do dente canino; e a descida da laringe e do osso hioide, tornando a ovulação oculta, o que pode ter coincidido com a evolução de importantes mudanças comportamentais, tais como a ligação em casais.
Cronologia da evolução humana
  Os cientistas concordam que a origem do Homo sapiens sapiens está na África. Contudo, ainda não há consenso quanto ao trajeto percorrido por nossos ancestrais para chegar à América e quando isso ocorreu.
  Uma das hipóteses formuladas é a de que chegaram à América por terra, utilizando-se de uma passagem que teria formado com o congelamento do Mar de Bering, localizado entre o leste da Ásia (Sibéria) e o oeste da América (Alasca). Outra hipótese é a de que tenham partido das ilhas do oceano Pacífico para a América do Sul, navegando de ilha em ilha, em embarcações primitivas, e fazendo uso de correntes marítimas favoráveis.
Mapa da teoria do povoamento da América
  Entre os cientistas brasileiros, a hipótese que está ganhando força é a da chamada Corrente Australiana. Essa corrente migratória para a América do Sul começou a se destacar no fim do século XX. Pesquisadores encontraram fósseis humanos de 11.500 anos atrás na região de Lagoa Santa, em Minas Gerais, com traços negroides e semelhantes aos dos aborígenes australianos. Um dos fósseis teve o rosto reconstituído. Era uma mulher que recebeu o nome de Luzia. O processo de migração teria sido o mesmo das ilhas do Pacífico.
Reconstituição computadorizada do rosto de Luzia
REFERÊNCIA: Paula, Marcelo Moraes
Geografia espaço & interação: 8º ano: ensino fundamental: anos finais / Marcelo Moraes Paula, Maria Ângela Gomez Rama, Denise Cristina Christov Pinesso. - 1. ed. -São Paulo: FTD, 2018.

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