quarta-feira, 9 de outubro de 2019

ÍNDIA: SEGUNDO PAÍS MAIS POPULOSO DO MUNDO

  Com uma área de 3.287.590 km² e uma população estimada em 2019 de 1.343.500.000, a Índia é o sétimo maior país em extensão do mundo e o segundo mais populoso, perdendo apenas para a China. Localiza-se no sul da Ásia e ocupa a maior parte do Subcontinente Indiano. O país foi colônia britânica até 1947.
  A Índia é delimitada ao sul pelo Oceano Índico, pelo mar da Arábia a oeste e pelo golfo de Bengala a leste, possuindo uma costa de 7.517 quilômetros de extensão. O país faz fronteira com o Paquistão a oeste; China, Nepal e Butão ao norte; e Bangladesh e Mianmar a leste. Maldivas e Sri Lanka, países insulares, estão localizados bem próximos ao território indiano.
  Lar da Civilização do Vale do Indo, de rotas comerciais históricas e de vastos impérios, o Subcontinente Indiano é identificado por sua riqueza comercial e cultural de grande parte da sua longa história. Quatro grandes religiões - hinduísmo, budismo, jainismo e siquismo - originaram-se no país, enquanto o zoroastrismo, o judaísmo, o cristianismo e o islamismo chegaram no primeiro milênio d.C., e moldaram a diversidade cultural da região. Anexada gradualmente pela Companhia Britânica das Índias Orientais no início do século XVIII e colonizada pelo Império Britânico a partir de meados do século XIX, a Índia tornou-se uma nação independente em 1947, após uma luta social pela independência, que foi marcada pela extensão da resistência não violenta.
  O país é uma república composta por 29 estados e sete territórios da União, com um sistema de democracia parlamentar. Apesar de possuir a sétima maior economia do planeta, a Índia sofre com altos índices de pobreza, analfabetismo, violência de gêneros, doenças e desnutrição. Uma sociedade pluralista, multilíngue e multiétnica, a Índia também é o lar de uma grande diversidade de animais selvagens e de habitats protegidos.
Mapa da Índia
HISTÓRIA
  A história da Índia tem início, com o registro arqueológico, da presença do Homo sapiens há cerca de 34.000 anos. Uma civilização da Idade do Bronze emergiu em época aproximadamente contemporânea às civilizações do Oriente Médio. Como regra, a história da Índia abrange todo o Subcontinente Indiano, correspondente às atuais República da Índia, Paquistão, Bangladesh, Sri Lanka, Nepal e Butão.
  Estima-se que a expansão dos hominídeos da África tenha chegado ao Subcontinente Indiano aproximadamente há 2 milhões de anos atcrás, e possivelmente já em 2,2 milhões de anos antes do presente. Esta datação é baseada na presença conhecida como Homo erectus na Indonésia por 1,8 milhões de anos antes do presente, e no leste asiático em 1,36 milhões de anos antes do presente, bem como a descoberta de ferramentas de pedra feitas por proto-humanos no vale do rio Soan, em Riwat e nas colinas de Pabbi, todos no atual Paquistão.
  O mais antigo fóssil hominídeo encontrado no Subcontinente Indiano, são do Homo erectus ou Homo heidelbergensis, no Vale do Narmada, no centro da Índia, e são datados de aproximadamente meio milhão de anos atrás.
Hiderabade - com uma população de 7.505.948 habitantes (estimativa 2019) é a quarta cidade mais populosa da Índia
  A colonização mais extensa do Subcontinente Indiano ocorreu no período Neolítico, após o final da última Idade do Gelo, aproximadamente 12 mil anos atrás. Os primeiros assentamentos semipermanentes confirmados surgiram há 9.000 anos nos abrigos rochosos de Bhimbetka, no moderno estado de Madhya Pradesh. As Cavernas Edakkal possui escritos pictóricos do homem neolítico que data de aproximadamente 6 mil anos a.C.
  As culturas agrícolas neolíticas surgiram na região do Vale do Indo por volta de 5.000 a.C. A primeira civilização urbana da região começou com a Civilização do Vale do Indo. As civilizações da Idade do Bronze no Subcontinente indiano lançaram as bases da moderna cultura indiana, inclusive o surgimento de assentamentos urbanos e o desenvolvimento das crenças védicas que formam o núcleo do hinduísmo.
  A irrigação do Vale do Indo, que fornecia recursos suficientes para sustentar grandes centros urbanos como Harapa e Moenjodaro há cerca de 2.500 a.C., marcou o início da civilização Harapa. Aquele período testemunhou o nascimento da primeira sociedade urbana na Índia, conhecida como a civilização do Vale do Indo (ou civilização Harapa), que floresceu entre 2.500 e 1.900 a.C., e que se concentrava em volta do rio Indo e seus tributários, estendendo-se também pelos rios Ganges, Jamuna e Guzarate, no Afeganistão. Esta civilização caracterizava-se por suas cidades construídas com tijolos, por sistemas de águas pluviais e por casas com vários andares.
Ruínas escavadas em Moenjodaro
  A civilização Védica é a cultura indo-ariana associada com o povo que compôs os Vedas. Incluía o atual estado de Punjab, na Índia e Paquistão, e a maior parte da Índia Setentrional. Esta civilização floresceu entre os séculos II e I a.C.. O uso do sânscrito védico continuou até o século VI a.C., quando a cultura começou a transformar-se nas formas clássicas do hinduísmo. Esta fase é conhecida como período védico ou era védica. Sua fase primitiva testemunhou a formação de diversos reinos da Índia antiga. Em sua fase primitiva tardia (há cerca de 700 a.C.), surgiram os Mahajapanadas, que eram dezesseis grandes reinos no norte e no noroeste da Índia. Seguiram-se-lhe a idade de ouro do hinduísmo e da literatura em sânscrito clássico, o Império Máuria (a partir de 320 a.C.) e os reinos médios da Índia (a partir do século II a.C.).
Mapa da Índia Setentrional no período védico tardio
  Durante a Idade do Ferro, que começou na Índia em torno de 1.000 a.C., diversos pequenos reinos e cidades-Estados cobriram o subcontinente. Em torno de 500 a.C., 16 monarquias e "repúblicas", conhecidas como Mahajanapadas, estendiam-se através das planícies indo-gangéticas. A língua culta daquele período era o sânscrito, enquanto que os dialetos da população, em geral do norte da Índia eram conhecidos como prácritos.
  Os rituais hindus da época eram complicados e conduzidos pela classe sacerdotal. Os Upanixades, textos védicos tardios que lidavam principalmente com filosofia, teriam sido compostos no início daquele período, e seriam, portanto, contemporâneos ao desenvolvimento do budismo e do jainismo, o que indicaria uma idade do ouro filosófica naquele momento.
Mapa dos Mahajanapadas
  Em 537 a.C., Sidharta Gautama, mais conhecido como Buda, atingiu a iluminação e fundou o budismo, inicialmente visto como um complemento ao darma védico. No mesmo período, em meados do século VI a.C., Mahavira fundou o jainismo. Ambas as religiões tinham uma doutrina simples e eram pregadas em prácrito, o que ajudava a disseminá-las entre as massas. Embora o impacto geográfico do jainismo tenha sido limitado, freiras e monges budistas levavam os ensinamentos de Buda para a Ásia Central e Oriental, Tibete, Sri Lanka e Sudeste Asiático.
  Os Mahajanapadas eram equivalentes às cidades-Estado gregas, e produziam uma filosofia que viria a formar a base de grande parte das crenças do mundo oriental, da mesma maneira que a Grécia Antiga produziria uma filosofia que embasaria grande parte das crenças do mundo ocidental. O período encerrou-se com as invasões persa e grega e a ascensão subsequente de um único império indiano a partir do Reino de Mágada.
Selos com a escrita índica
  Originalmente, Mágada era um dos 17 Mahajanapadas indo-arianos da Índia Antiga. O reino emergiu como uma grande potência após subjugar dois Estados vizinhos. O antigo Reino de Mágada é mencionado no Ramayana, Mahabharata, nos Puranas e, principalmente, nos textos budistas e jainistas. Duas das maiores religiões da Índia tiveram origem em Mágada: o budismo e o jainismo. Em Mágada também se originou dois dos maiores impérios indianos: o Império Máuria e o Império Gupta.
  O Reino Mágada incluía comunidades republicanas, tais como Rajakumara. Os aldeões tinham as suas próprias assembleias divididas pelos seus chefes locais, chamados Gramakas. A sua administração era dividida em funções executivas, judiciais e militares.
Mapa da expansão do Reino de Mágada entre os séculos VI e IV a.C.
  O Império Mágada foi estabelecido pela dinastia de Briadrata, que foi a sexta na linha do imperador Kuru, da dinastia Bharata. O primeiro imperador proeminente do ramo Mágada dos Bharatas foi o Imperador Briadrata.
  Por volta do século V a.C., o norte do subcontinente indiano foi invadido pelo Império Aquemênida e, no final do século IV a.C., pelos gregos do exército de Alexandre, o Grande. Ambos os eventos repercutiram fortemente na civilização indiana, pois os sistemas políticos dos persas viriam a influenciar a filosofia política indiana, inclusive a administração do Império Máuria, e formou-se uma miscigenação das culturas indiana, persa, centro-asiática e grega, no que é hoje o Afeganistão, de modo a produzir uma singular cultura híbrida.
Dolavira, em Guzerate - uma das maiores cidades da Civilização do Vale do Indo, com degraus para alcançar o nível da água em reservatórios construídos artificialmente
  Grande parte do noroeste do subcontinente indiano (atualmente leste do Afeganistão e quase todo o Paquistão) foi governada pelo Império Aquemênida a partir de cerca de 520 a.C. (durante o reinado de Dario, o Grande) até a sua conquista por Alexandre, o Grande. Os aquemênidas, usavam a escrita aramaica para a língua persa. Com o fim da dinastia, a escrita grega passou a ser mais comum.
  A interação entre a Grécia helenística e o budismo teve início com a conquista da Ásia Menor e do Império Aquemênida por Alexandre, o Grande. Em seu avanço, o monarca macedônico atingiu as fronteiras noroeste do subcontinente indiano em 328 a.C. Ali derrotou o Rei Poro na Batalha de Hidaspes e apoderou-se da maior parte do atual estado de Punjab.
Ahmedabad - com uma população de 6.138.784 habitantes (estimativa 2019) é a quinta cidade mais populosa da Índia
  O Império Nanda foi um antigo estado indiano efêmero, mais poderoso e extenso, governado pela dinastia homônima, com origem em Mágada, que existiu entre 345 a.C. e 321 a.C.. Na sua maior extensão os seus territórios estendiam-se desde o Punjab, a ocidente, até Bengala, a oriente, ocupando toda a planície indo-gangética. Na parte central do subcontinente indiano estendia-se até a cordilheira de Víndia. Foi fundada por Maapadma Nanda.
  Os Nandas se basearam nos sucessos de seus antecessores e instituíram uma administração mais centralizada. Durante esse império houve uma grande acumulação de riqueza, que provavelmente foi resultado da introdução da nova moeda e do sistema de tributação.
Mapa do Império Nanda na época de sua maior extensão, por volta de 325 a.C.
  O Império Máuria (322-185 a.C.) unificou a maior parte do subcontinente indiano em um único estado e foi o maior império existente nessa região. Na sua maior extensão, o Império Máuria estendia-se para o norte até as fronteiras naturais do Himalaia, e para o leste até o que hoje é Assam. Para o oeste, alcançou além do Paquistão moderno, as montanhas Indocuche, no que hoje é o Afeganistão. O império foi estabelecido por Chandragupta Máuria, quando ele derrubou a dinastia Nanda.
  Chandragupta expandiu rapidamente seu poder para o centro e oeste da Índia e, por volta de 317 a.C., o império ocupara totalmente o noroeste da Índia. O Império Máuria derrotou o Império Selêucida durante a guerra Selêucida-Máuria, ganhando território adicional a oeste do rio Indo. Durante esse império, as atividades econômicas como o comércio interno e externo e a agricultura, prosperaram e se expandiram através da Índia graças a criação de um único e eficiente sistema de finanças, administração e segurança. A Índia Máuria também gozou uma era de harmonia social, transformação religiosa e expansão das ciências e do conhecimento. A adesão de Chandragupta Máuria ao jainismo aumentou a reforma e a renovação social e religiosa através de sua sociedade, enquanto que a adesão de seu sucessor, Asoca, ao budismo, promoveu a paz e a não-violência política e social em toda a Índia. Asoca promoveu a difusão do budismo no Sri Lanka, no Sudeste e Sudoeste da Ásia e na Europa Meridional.
Império Máuria em sua maior extensão, por volta de 250 a.C.
  O Império Shunga era uma antiga dinastia indiana de Mágada que controlava áreas do Subcontinente Indiano central e oriental entre aproximadamente 187 a 78 a.C.. A dinastia foi estabelecida por Pushyamitra Shunga, depois da queda do Império Máuria. Após a morte de Agnimitra, segundo rei da dinastia, o império se desintegrou em pequenos reinos e cidades-Estados. A dinastia é conhecida por suas numerosas guerras com potências estrangeiras e indianas. Eles lutaram contra os Kalinga, a dinastia Satavahana, o Reino Indo-Grego, entre outras.
  Arte, educação, filosofia e outras formas de aprendizado floresceram durante esse período, incluindo pequenas imagens de terracota, esculturas de pedra maiores e monumentos arquitetônicos. Os governantes de Shunga ajudaram a estabelecer a tradição do patrocínio real do aprendizado e da arte. A escrita usada pelo império era uma variante da escrita Brahmi e foi usada para escrever o sânscrito.
  O Império Shunga desempenhou um papel imperativo na cultura paternalista em uma época em que alguns dos desenvolvimentos mais importantes do pensamento hindu ocorriam. O Mahãbhãsya de Pantanjali foi composto nesse período. A Arte também progrediu com a ascensão do estilo de arte Mathura. A dinastia Shunga foi substituída pelo Império Kanva, por volta de 73 a.C..
Mapa do Império Shunga por volta de 185 a.C.
  A dinastia Kanva ou Kanvayana foi uma dinastia de brâmanes que substituiu a dinastia Shunga em Magadha e governou a parte oriental da Índia antiga entre 75 a.C. e 30 a.C.. O último governante da dinastia Shunga, Devabhuti, foi destronado por Vasudeva da dinastia Kanva em 75 a.C.. O novo governante Kanva permitiu que os reis do Shunga continuassem reinando na escuridão de um canto de seus antigos domínios, enquanto Magadha era governado por quatro governantes da dinastia Kanva. Sua dinastia foi expulsa do poder pela dinastiva Saravahana.
  O Império Cuchana, teve seu auge por volta de 105 a.C., e compreendia territórios do Tadjiquistão, Afeganistão, Mar Cáspio e vale do Ganges. Foi criado pela tribo dos cuchãs que, por sua vez, pertencia à etnia dos Yuezhi, que vive atualmente em Xinjiang, na China, e que possivelmente está relacionada com os tocarianos. O império teve relações diplomáticas importantes com o Império Romano, com o Império Sassânida e com a China, em grande parte pela sua posição geográfica, num local de passagem entre o Ocidente e o Oriente.
  Foi durante o domínio dos Cuchanas sobre regiões do norte da Índia que começaram a ser produzidas as primeiras representações humanas da figura de Sidarta Gautama, o fundador do budismo (até então, era considerado desrespeitoso representá-lo desta forma: ele era representado sob formas simbólicas, como uma árvore, uma roda ou uma estupa - monumento construído sobre os restos mortais de uma pessoa importante dentro da religião budista). O Império Cuchana se fragmentou em reinos semi-independentes no século III a.C., que caíram sob o domínio dos sassânidas.
Império Cuchana
  O Império Satavahana foi baseado a partir de Amaravati e Andhra Pradesh, bem como Junnar (Pune) e Prathistan (Paithan). Cobria grande parte da Índia a partir do século I a.C. em diante. Os Satavahanas começaram como vassalos da dinastia Máuria, mas declararam independência com seu declínio. Foram contemporâneos do Império Máuria tardio e depois dos Impérios Shunga e Kanva.
  Os Satavahanas são conhecidos por seu patrocínio do hinduísmo e do budismo, que resultou em monumentos budistas de Ellora (Patrimônio Mundial da UNESCO) para Amaravati. Eles foram um dos primeiros estados indianos a emitir moedas em relevo com seus governantes. Formaram uma ponte cultural e desempenharam um papel vital no comércio, bem como na transferência de ideias e cultura da planície Indo-Gangética até o extremo sul da Índia.
  Eles tiveram que competir com o Império Shunga e depois com a dinastia Kanva de Magadha para estabelecer seu domínio. Mais tarde desempenharam um papel crucial para proteger grande parte da Índia contra invasores estrangeiros.
Império Satavahana em sua maior extensão
  O Império Gupta foi uma foi uma dinastia nativa da Índia que se opôs aos invasores do noroeste. Nos séculos IV e V a.C., esse império unificou a Índia Setentrional. Naquele período, conhecido como a Idade do Ouro indiana, a cultura, a política e a administração hindus atingiram patamares sem precedentes. Com o colapso do império no século VI, a Índia voltou a ser governada por diversos reinos regionais.
  Suas origens são, em grande medida, desconhecidas. Acredita-se que os puranas védicos foram redigidos na época do Império Gupta. Deve-se também a esse império a invenção dos conceitos zero e infinito e os símbolos que viria a ser conhecido como os algarismos arábicos. O império chegou ao fim com o ataque dos hunos brancos provenientes da Ásia Central.
Mapa do Império Gupta e territórios tributários
  Os hunos brancos aparentemente integravam o grupo heftalita, que se estabeleceu no território correspondente ao Afeganistão na primeira metade do século V, com capital em Bamiyan. Foram os responsáveis pela queda do Império Gupta, encerrando o que os historiadores consideram uma Idade do Ouro da Índia setentrional. O imperador gupta, Skandagupta, repeliu uma invasão huna em 455, mas os hunos brancos continuaram a pressionar a fronteira noroeste (atual Paquistão) e terminaram por penetrar o norte da Índia no final do século V, de maneira a acelerar a desintegração do Império Gupta.
Império Heftalita em 500 a.C.
  O Império chola emergiu como o império mais poderoso do subcontinente indiano no século IX e mantiveram seu domínio até o século XII d.C. Como uma dinastia de origem tâmil, seu centro de poder localizava-se no sul da península indiana. Governaram um território que incluía o sul do subcontinente indiano, as ilhas Maldivas e parte do Ceilão (atual Sri Lanka), chegando em certo momento até o Ganges, ao norte, a Malásia e ao Golfo de Bengala.
Mapa do Império Chola e dos territórios sob a sua influência por volta de 1.030 d.C.
  A invasão do subcontinente indiano por tribos e impérios estrangeiros foi frequente ao longo da história, e costumava terminar com o invasor absorvido pelo cadinho sócio-cultural indiano. Os Estados muçulmanos invasores - em geral, de origem turcomana -, mantiveram, uma vez instalados no subcontinente, seu caráter islâmico, com repercussões até os dias de hoje.
  A primeira incursão muçulmana ocorreu no século VIII d.C. contra o Baluchistão, Sinde e o Punjab, resultando em Estados islâmicos sobre os quais o controle do Califado era muito tênue. No início do século XI, a dinastia Gaznévida (de Ganiz, cidade do atual Afeganistão), de origem turcomana, avançou sobre o oeste e o norte da Índia, conquistando Punjab. A Caxemira, o Rajastão e Guzerate permaneceu sob o controle dos rajaputros. No século XII, os Góridas, uma dinastia também turcomana e originalmente do Afeganistão, venceram o Império Gaznévida e alguns rajás do norte da Índia e conquistaram Délhi, fundando no século XIII, o Sultanato de Délhi.
Madras - com uma população de 5.158.087 habitantes (estimativa 2019) é a sexta cidade mais populosa da Índia
  O Sultanato de Délhi (1206-1526), expandiu-se rapidamente até incluir a maior parte da Ásia Setentrional. Posteriormente, conquistou o Guzerate e Malwa e voltou-se para o sul, chegando até o atual Tâmil Nadu. A expansão para o sul continuou pelas mãos do Sultanato de Bamani, que se separara de Délhi, e dos cinco sultanatos independentes do Decão, sucessores de Bamani após 1518. O Reino de Bisnaga dos hindus uniu o sul da Índia e bloqueou o avanço muçulmano até cair frente aos sultanatos decanis, em 1565.
  Durante o Sultanato de Délhi, houve uma síntese da civilização indiana com a civilização islâmica, e a maior integração do subcontinente indiano com um sistema mundial crescente de redes internacionais mais amplas, abrangendo grande parte da Afro-Eurásia, que tiveram um impacto significativo sobre a cultura e a sociedade indianas, assim como o mundo em geral. O tempo de seu governo incluiu as primeiras formas de arquitetura indo-islâmica, maior uso da tecnologia mecânica, aumento das taxas de crescimento da população e economia da Índia, deixando monumentos duradouros sincréticos na música, literatura, religião e vestuário, como também levou ao surgimento do idioma hindustani.
Mapas do Sultanato de Délhi ao longo de sua história
  A descoberta da rota marítima para a Índia, em 1498, por Vasco da Gama, sinalizou o início do estabelecimento de territórios controlados pelas potências europeias no subcontinente. Os portugueses constituíram bases em Goa, Damão, Diu e Bombaim, entre outras. Seguiram-se os franceses e holandeses no século XVII.
  Em 1526, um descendente de Tamerlão chamado Babur, de origem turco-persa-mongol, atravessou o Passo de Khyber, invadiu o subcontinente e estabeleceu o que viria a ser o Império Mogol, que perduraria por mais de dois séculos e cobriria um território ainda maior do que o Império Máuria. Por volta de 1600, a dinastia mogol já controlava a maior parte do subcontinente; entrou em declínio em 1707 e foi finalmente dominada pelos britânicos em 1857, após a Revolta dos Sipais. Este período foi marcado por grandes mudanças sociais, ocorridas numa sociedade de maioria hindu governada por grão-mogóis (imperadores) muçulmanos que, alguns, adotavam uma postura de tolerância religiosa, outros destruíam templos hindus e cobravam impostos dos não-muçulmanos.
  Da mesma maneira pela qual os conquistadores mongóis da China e da Pérsia haviam adotado a cultura local, os mogóis professavam uma política de integração com a cultura indiana que contribui para explicar o seu sucesso em comparação com o Sultanato de Délhi. Os grão-mogóis casaram-se com a realeza local, aliaram-se com marajás e procuraram fundir a sua cultura turco-persa com as tradições indianas.
  Foi o segundo maior império a ter existido no subcontinente indiano, e ultrapassou a China para se tornar a maior potência econômica do mundo, controlando 24,4% da economia mundial e líder mundial em manufatura, produzindo 25% da produção industrial global. O aumento econômico e demográfico foi estimulado pelas reformas agrárias dos grãos-mogóis que intensificaram a produção agrícola, uma economia proto-industrializante que começou a se mover em direção à manufatura industrial, e um grau relativamente alto de urbanização para sua época.
  O Império Mogol governou a maior parte da Índia no início do século XVIII. O "período clássico" terminou com a morte e a derrota do Imperador Aurangzeb em 1707 pelo crescente Império Maratha Hindu, embora a dinastia tenha continuado por mais 150 anos.
Império Mogol
  O Império Marata (posteriormente conhecido como Confederação Marata) foi um Estado hindu que existiu entre 1674 e 1818 e que esteve frequentemente em guerra com o Império Mogol muçulmano, contribuindo para o declínio deste último. O Império Marata estava localizado no sudoeste da Índia atual e expandiu-se enormemente sob o domínio dos Peshwas, os primeiros ministros do Império Marata. Foi a força predominante no subcontinente durante a maior parte do século XVIII e logrou conter o avanço dos colonizadores britânicos. Uma grande parte do Império Marata era litorâneo, o que havia sido assegurado pela poderosa Marinha Marata sob o comando de comandantes como Lanhoji Angre. Ele foi muito bem sucedido em manter os navios de guerra estrangeiros longe do litoral indiano, particularmente aqueles dos portugueses e britânicos. Assegurar as áreas costeiras e construir fortificações terrestres foram aspectos cruciais da estratégia defensiva dos Marata e da história militar regional.
  Em 1761, o exército Marata perdeu a Terceira Batalha de Panipat, que interrompeu a expansão imperial, e o império foi dividido em uma confederação de estados. Disputas internas e três guerras anglo-maratas (final do século XVIII e início do século XIX) puseram fim à confederação, cujo território foi, em grande medida, anexado ao Império Britânico, embora algumas regiões tenham mantido nominalmente independentes como Estados principescos vinculados à Índia Britânica.
Em amarelo, área dominada pelo Império Marata, em 1760
  Entre 1716 e 1799, o Punjab foi governado por um conjunto de Estados siques de médio porte conhecido como Confederação Sique. Embora em termos políticos a confederação fosse descentralizada, os Estados integrantes eram unidos em torno de uma cultura e religião comuns, representados pela religião sique. As duas guerras anglo-siques (1845-1849) resultaram na absorção do Punjab pela Índia Britânica.
  A instabilidade política resultante da queda do Império Mogol e posteriormente do Império Marata criou conflitos armados que afetaram severamente a vida econômica em várias partes do país, embora isto fosse compensado, em parte, pela prosperidade localizada nos novos reinos provinciais.
Calcutá - com uma população de 4.944.320 habitantes (estimativa 2019) é a sétima cidade mais populosa da Índia
Índia Britânica
  Em 31 de dezembro de 1600, a Rainha Isabel I da Inglaterra outorgou uma carta real à Companhia Britânica das Índias Orientais para comerciar com o Oriente. Os primeiros navios da companhia chegaram à Índia em 1608, aportando em Surate, no que é hoje Guzarate.
  Quatro anos mais tarde, comerciantes ingleses derrotaram os portugueses numa batalha naval, e com isso ganharam a simpatia do imperador mogol Johangir. Em 1615, o Rei Jaime I enviou um embaixador à corte mogol, negociando-se, então, um tratado de comércio pelo qual a companhia poderia erguer postos comerciais na Índia em troca de bens europeus. A companhia comerciava itens como algodão, seda, salitre, índigo e chá.
  Em meados do século XVII, a companhia havia estabelecido postos comerciais nas principais cidades indianas, como Bombaim, Calcutá e Madras. Em 1760, o Rei Carlos II outorgou à companhia o direito de adquirir território, formar um exército, cunhar moeda e exercer jurisdição em áreas sob seu controle.
  No final do século XVII, a companhia havia se tornado um "país" no Subcontinente Indiano, com considerável poder militar, e administrava três "presidências" (administrações coloniais regionais).
Grande Gopura, no Templo de Brihadisvara, em Thanjavu - concluída em 1010 d.C.
  Em 1773, o Parlamento britânico instituiu o cargo de governador-geral da Índia. Na virada do século XIX, o governador-geral Lorde Wellesley começou a expandir os domínios da companhia em grande escala, ao derrotar Tipu Sahib, anexar Mysore, na Índia Meridional, e remover a influência  francesa do subcontinente. Em meados daquele século, o governador Dalhousie lançou a expansão mais ambiciosa da companhia, ao derrotar os siques nas Guerras Anglo-Siques (o que lhe permitiu anexar Punjab) e subjugar a Birmânia na Segunda Guerra Anglo-Birmanesa. Dalhousie também tomou pequenos Estados principescos como Satara, Sambalpur, Jhansi e Naqpur, com base na chamada "doutrina da preempção", segundo a qual a companhia poderia anexar qualquer principado cujo governante morresse sem herdeiros do sexo masculino. A anexação de Oudh, em 1856, foi a última aquisição territorial da companhia, pois o ano seguinte viu a eclosão da Revolta dos Sipaios.
  A Revolta dos Sipaios foi um período prolongado de levantes armados e rebeliões na Índia setentrional e central contra a ocupação britânica entre 1857 e 1858. Pequenos incidentes de descontentamento em janeiro, envolvendo incêndios criminosos em acantonamentos (quartel militar temporário), foram os precursores da rebelião. Posteriormente, uma revolta em grande escala estalou em maio e tornou-se uma guerra aberta nas regiões afetadas.
  A rebelião começou a se espalhar para além das forças armadas, embora não tenha sido tão popular quanto seus líderes esperavam. Os indianos não estavam totalmente unidos. Enquanto Baadur Xá II, o último imperador da dinastia Mogol, foi restaurado ao seu trono imperial com poder real e eficaz, havia facções que queriam que o trono fosse ocupado por Nana Sahib da dinastia hindu Marata (temendo uma ressurreição do Império Mogol), enquanto os awadhis (atual Estado de Utar Pradesh) queriam manter o poder que seu Nababo tinha antes da ocupação britânica.
Revolta dos Sipaios
  Por outro lado, os siques de Punjab não desejavam a ressurreição do Império Mogol, assim como aos xiitas não interessava o renascimento de um Estado sunita. O sul da Índia permaneceu fora do conflito.
  Dois meses depois, tropas britânicas derrotaram o principal exército sipai nas cercanias de Délhi e, com o auxílio de forças siques, pachtuns e gurcas, sitiaram a cidade. Délhi foi tomada pelos britânicos após semanas de combates de rua, Baadur Xá II foi preso e seus filhos executados.
  O conflito causou o fim do governo da Companhia Britânica das Índias Orientais e o início da administração direta de grande parte do território indiano pela coroa britânica (Raj Britânico) pelos 90 anos seguintes, embora alguns estados (chamados coletivamente "Estados Principescos") mantivessem uma independência nominal e continuassem a ser governados pelos respectivos marajás, rajás e nababos.
Índia Britânica
  O domínio da Companhia Britânica das Índias Orientais sobre o subcontinente indiano trouxe grandes mudanças nas políticas tributária e agrária, que tenderam a promover o comércio agrícola, causando a diminuição da plantação de gêneros alimentícios, o empobrecimento das massas, a perda de terras pelos fazendeiros e escassez alimentar. A política econômica inglesa na Índia, causou um severo declínio no artesanato e no setor têxtil devido à redução da demanda e ao aumento do desemprego. Após a remoção das restrições internacionais pelo Ato de 1813, o comércio indiano expandiu-se substancialmente. O resultado foi uma significativa transferência de capital da Índia para a Inglaterra que, devido à política colonial dos ingleses, levou a uma fuga maciça de receita, ao invés de qualquer esforço sistemático de modernização da economia nacional.
  A colonização britânica na Índia criou um ambiente institucional que, no papel, lhe garantia o direito a propriedade entre os colonizadores, incentivando o livre comércio e o desenvolvimento de uma moeda única com taxas de câmbio fixas, pesos e medidas padronizadas e mercado de capitais. Também estabeleceu um sistema bem desenvolvido de ferrovias e telégrafos, um serviço civil que visava a ser livre de qualquer interferência política e um sistema legal baseado na Lei Comum.
Taj Mahal, em Agra, construído entre 1632 e 1653. É uma das sete maravilhas do mundo moderno
Movimento de independência
  Após a Primeira Guerra Mundial, onde alguns milhares de indianos serviram à guerra, um novo período começou na história da Índia. Ele foi marcado por reformas britânicas, mas também por uma legislação mais repressiva: pelas reivindicações cada vez mais estridentes da população indiana por independência e pelo começo de um movimento não violento de não cooperação.
  Organizações sociais fundadas no final do século XIX e início do século XX para defender os interesses indianos junto ao governo da Índia Britânica transformaram-se me movimentos de massa contra a presença britânica no subcontinente, agindo por meio de ações parlamentares e resistência não-violenta. 
  Uma das figuras mais importantes e influentes no movimento pela independência da Índia foi um advogado, Mohandas K. Gandhi (1869-1948). Ele passou vinte anos na África do Sul, onde trabalhou para tentar diminuir a discriminação racial contra os imigrantes indianos. Voltou para a Índia em 1915.
  Gandhi atuou com o CNI (Congresso Nacional Indiano), mas também levou a mensagem de independência à massa da população, visitando milhares de aldeias durante anos e anos. Ele ficou conhecido como Mahatma, palavra que significa "grande alma".
Mohandas Karamchand Gandhi (1869-1948)
  Os britânicos não cumpriram a promessa de dar mais poder aos indianos. Além disso, desconsideraram a sua contribuição à Grã-Bretanha na Primeira Guerra Mundial (1914-1918). A gota d'água foi o massacre de Amritsar, no Punjab, em 1919, quando as tropas do governo atiraram contra manifestantes, matando centenas. Gandhi pediu que as pessoas seguissem sua política de resistência passiva, não violenta. Também as encorajou a não mais comprarem artigos têxteis ingleses, e sim a fiar seus próprios tecidos.
  A partir de 1920, teve início um movimento pela libertação da Índia do domínio britânico, liderado por Mohandas Karamchand Gandhi, depois chamado de Mahatma Gandhi (Grande Alma), por causa de sua dedicação à causa indiana pela forma de conduzir a oposição aos britânicos, baseada na política de resistência e desobediência civil sem o uso de violência.
  Em 15 de agosto de 1947, os britânicos reconheceram a independência da Índia, que ficou bipartida em dois Estados: União Indiana, povoada por uma população majoritariamente seguidora da religião hinduísta, e o Paquistão, dividido em Paquistão Oriental e Paquistão Ocidental, ocupado predominantemente por muçulmanos. Jawaharlal Nehru se tornou o primeiro presidente do país.
  Em 1971, após muitos conflitos entre várias facções muçulmanas, o Paquistão Oriental proclamou a independência e alterou seu nome para Bangladesh.
Indianos comemoram a independência da Índia, em 15 de agosto de 1947
Índia do presente
  A história da República da Índia começa em 26 de janeiro de 1950. A nação enfrentou a violência religiosa, o casteísmo, o naxalismo, o terrorismo e as insurgências separatistas regionais, especialmente em Jammu, Caxemira e nos estados do nordeste do país. A Índia tem disputas territoriais não resolvidas com a China, que em 1962, se transformou na Guerra Sino-Indiana, e com o Paquistão, que resultou em guerras em 1947, 1955, 1971 e 1999. O país ficou neutro na Guerra Fria, mas comprou suas armas militares à União Soviética, enquanto seu arqui-inimigo Paquistão estava intimamente ligado aos Estados Unidos e à República Popular da China.
  A história da República da Índia começa em 26 de janeiro de 1950. A nação enfrentou a violência religiosa, o casteísmo, o naxalismo, o terrorismo e as insurgências separatistas regionais, especialmente em Jammu, Caxemira e nos estados do nordeste do país. A Índia tem disputas territoriais não resolvidas com a China, que em 1962, se transformou na Guerra Sino-Indiana, e com o Paquistão, que resultou em guerras em 1947, 1955, 1971 e 1999. O país ficou neutro na Guerra Fria, mas comprou suas armas militares à União Soviética, enquanto seu arqui-inimigo Paquistão estava intimamente ligado aos Estados Unidos e à República Popular da China.
Jawaharlal Nehru (1889-1964) - primeiro presidente indiano
GEOGRAFIA
  A Índia ocupa a maior parte do subcontinente indiano, encontrando-se por cima da placa Indiana, uma placa tectônica que faz parte da placa indo-australiana. Os processos geológicos que definiram a atual situação geográfica da Índia começaram há 75 milhões de anos, quando o subcontinente indiano, então parte do sul do subcontinente Gondwana, começou a se mover para o nordeste através do que posteriormente se converteria no Oceano Índico. A colisão superior do subcontinente com a placa Euro-Asiática e a subducção debaixo dela deram lugar à Cordilheira do Himalaia, o sistema montanhoso mais elevado do planeta, que atualmente faz parte da Índia a norte e noroeste. O antigo leito marinho que emergiu imediatamente o sul do Himalaia fez com que o movimento da placa criasse uma grande depressão, que foi sendo levada pouco a pouco por sedimentos propagados por rios, no qual atualmente constitui a planície Indo-Gangética. A oeste desta planície encontra-se o deserto do Thar, separado pela cordilheira Avarali.
  A placa original indiana corresponde hoje ao subcontinente indiano, sendo também a parte mais antiga e estável da Índia, que se estende desde o norte, com as cordilheiras Satpura e Vindhya no centro. Estas cordilheiras paralelas vão desde a costa do mar Arábico, no estado de Gujarat, até o planalto de Chota Nagpur, no estado de Jharkhand. O planalto contém as formações rochosas mais antigas do território, algumas com mais de 1 bilhão de anos. Os pontos extremos do país vão de 6°43' a 39°26' latitude norte e de 68°7' a 89°25' longitude oeste. O ponto mais elevado do território indiano é o Kanchenjunga, com uma altitude de 8.586 metros, que também é a terceira montanha mais elevada do mundo.
Monte Kanchenjunga - ponto mais elevado da Índia e o terceiro mais elevado do mundo
  A Índia tem 7.515 quilômetros de litoral; destes, 5.423 quilômetros pertencem ao subcontinente indiano e 2.094 quilômetros pertencem aos arquipélagos de Andamão e Nicobar e Laquedivas. A costa indiana tem 43% de praias arenosas, 11% de costas rochosas (incluindo as falésias) e 46% de marismas ou costas pantanosas. Os principais rios têm sua origem na cordilheira do Himalaia, como o Ganges e o Brahmaputra, que desembocam no Golfo de Bengala. Entre os afluentes mais importantes do Ganges encontram-se os rios Yamuna e o Kosi, cuja pendente extremamente baixa provoca inundações catastróficas quase todos os anos.
Confluência dos rios Ganges e Yamuna, na cidade de Allahabad
  Os rios peninsulares mais importantes cujas pendentes evitam inundações são o Godavari, o Mahanadi, o Kaveri e o Krishna, todos com desembocadura no Golfo de Bengala, e os rios Narmada e Tapti, que desembocam no Mar Arábico.
  Na costa oeste, encontram-se também os pântanos do Rann de Kutch, enquanto no leste há a área protegida de Sundarbans (mangue arbóreo), que a Índia divide com Bangladesh.
  A Índia possui dois arquipélagos: Laquevidas (atóis de corais localizados na costa sudoeste indiana) e as ilhas de Andamão e Nicobar (cadeias de ilhas vulcânicas localizadas no Mar de Andamão).
Rio Brahmaputra, em Guwahati
  O clima indiano é fortemente influenciado pelo Himalaia e pelo deserto do Thar, os quais favorecem o desenvolvimento das monções. O Himalaia barra a entrada de ventos catabáricos (nome dado aos ventos que transportam ar de alta densidade de uma elevação descendo a encosta devido à ação da gravidade) frios, vindos da Ásia Central, mantendo a maior parte do subcontinente indiano mais quente do que a maioria das localidades que se localizam em latitudes similares.
  O deserto do Thar desempenha um papel crucial para atrair os ventos de monções carregados de umidade desde o sudoeste, os quais entre junho e outubro proporcionam a maioria das precipitações do país.
  As zonas climáticas principais que predominam no território indiano são: o tropical úmido, o tropical semiúmido e o subtropical úmido.
Deserto de Thar, na Índia
  O clima de monções é a alternância entre as áreas de baixa e alta pressão atmosférica. Durante o inverno há uma alta pressão atmosférica no continente e uma baixa pressão no oceano; os ventos frios sopram do continente para o oceano, provocando queda de temperatura e falta de chuvas no continente e chuvas intensas no oceano; durante o verão, ocorre o contrário: alta pressão no oceano e baixa pressão no continente; os ventos úmidos vindos do oceano, provocam chuvas intensas, que chegam a provocar inundações nas cidades. Essas chuvas torrenciais também contribuem para o desenvolvimento da agricultura, pois transportam matéria orgânica das altas montanhas, que ajudam a fertilizar os rios e a desenvolver o cultivo do principal produto agrícola, não só da Índia, como também de toda a Ásia, que é o arroz.
Esquema da atuação dos ventos de monções
  O território indiano se encontra dentro da região biogeográfica do Himalaia, que apresenta uma grande biodiversidade. Em muitas regiões existem altos níveis de endemismo; em geral, 33% das espécies indianas são endêmicas.
  Os bosques da Índia variam de florestas úmidas nas ilhas de Andamão, Gates Ocidentais e noroeste indiano, até florestas temperadas de coníferas do Himalaia. Entre esses extremos encontram-se os bosques caducifólios da Índia Oriental, o bosque caducifólio do centro-sul e o bosque xerófilo do Decã central e a planície ocidental do Ganges.
Gavial (Gavialis gangeticus) - crocodilo encontrado no Rio Ganges
  Muitas espécies da Índia são descendentes de táxons originários da Gondwana, do qual a placa indiana se separou. O movimento posterior da placa do subcontinente indiano e a sua colisão com a massa de terra denominada Laurásia deu início a um intercâmbio massivo das espécies. Entre as espécies de animais endêmicos da Índia estão: o leão-asiático, o tigre-de-bengala, o abutre-indiano-de-dorso-branco, o pavão-indiano, o elefante-asiático, entre outros.
Elefante-asiático (Elephas maximus)
  Nas últimas décadas, as invasões humanas generalizadas e ecologicamente devastadoras, criaram uma ameaça crítica à vida silvestre na Índia. Em resposta, o sistema de áreas protegidas e parques nacionais, estabelecido pela primeira vez em 1935, foi ampliado consideravelmente. Em 1970, o governo indiano decretou a Lei de Proteção da Vida Silvestre e o Projeto Tigre para proteger o habitat crucial destes animais. Em 1980, foi decretada a Lei de Conservação dos Bosques.
  A Índia tem mais de 500 santuários de vida selvagem e 13 Reservas da Biosfera, quatro das quais fazem parte da Rede Mundial de Reservas da Biosfera.
Tigre-de-bengala (Panthera tigris tigris)
ECONOMIA
  A Índia figura entre as nações consideradas potências emergentes, como o Brasil e a China. Depois de décadas de estagnação econômica, o país vem se desenvolvendo rapidamente, configurando uma potência regional, com PIB de mais de 2 trilhões de dólares, e sendo apontada como uma das futuras grandes potências do século. Segundo alguns estudiosos, a ex-colônia britânica poderá ocupar, em 2050, o terceiro lugar no ranking das grandes potências econômicas mundiais, ficando apenas atrás dos Estados Unidos, em segundo lugar, e da China, em primeiro.
  Segundo país mais populoso do mundo depois da China, com uma população de mais de 1,343 bilhão de habitantes, a Índia começou seu processo de industrialização somente depois da Segunda Guerra Mundial, pois até esse período era uma colônia britânica. Na luta pela independência, a Índia promoveu uma revolução anticolonial e provocou uma "revolução burguesa", que deu início ao processo de industrialização do país. Depois de uma longa campanha liderada por Mahatma Gandhi, a Índia alcançou a independência política em 1947 e passou a ser governada pelo líder Jawaharlal Nehru, do Partido do Congresso - Nehru assumiu o poder como primeiro-ministros e governou até 1964, embora seu partido tenha permanecido no poder até 1996.
Surate - com uma população de 4.916.126 habitantes (estimativa 2019) é a oitava cidade mais populosa da Índia
  O início do processo de industrialização na Índia contou com forte participação do Estado e com investimentos britânicos. As grandes reservas de minérios e de combustíveis fósseis disponíveis no território do país contribuíram para o desenvolvimento da indústria bélica e das obras de infraestrutura.
  A Índia passou a registrar forte crescimento econômico depois de 1991, quando o Estado abandonou políticas socialistas e deu início a um processo de liberalização da economia, que envolveu o incentivo ao investimento estrangeiro, a redução das barreiras tarifárias à importação, a modernização do setor financeiro e ajustes nas políticas fiscal e monetária. Como resultado dessa nova postura político-econômica, o país apresentou inflação mais baixa e redução do déficit comercial. Para promover sua expansão comercial, a Índia tornou-se nos últimos anos um importante centro de serviços relacionados à tecnologias de informação.
  Devido ao processo de abertura ao capital internacional, aliado a uma política de desregulamentação e de privatização, a Índia vem atraindo muitos investimentos, principalmente dos Estados Unidos e do Japão. Isso se deve aos interesses estrangeiros pelo vasto mercado interno e pela abundante mão de obra do país. Por outro lado, o crescimento econômico não é partilhado por toda a sociedade indiana, já que a maioria da população vive abaixo da linha internacional de pobreza, ou seja, obtém ganhos iguais ou inferiores a U$ 1,25 por dia. Apesar disso, a parcela da população que tem efetiva capacidade de consumo (cerca de 25%) corresponde a mais de 300 milhões de pessoas. A modernização e o rápido crescimento econômico da Índia têm provocado a ampliação dessa parcela da população, que pertence à classe média.
Varanasi - com uma população de 4.052.614 habitantes (estimativa 2019) é a nona cidade mais populosa da Índia
  Devido ao seu parque industrial diversificado, a produção manufatureira indiana equivale a 30% do PIB e ocupa 23% da população ativa do país. Entretanto, a Índia ainda depende muito da agricultura, já que mais de 70% de sua população vive no campo, e a agricultura ocupa 52% da população ativa, respondendo por cerca de 18% do PIB.
  Esses números demonstram o que ocorre na estrutura social da Índia. Há no país profundos contrastes socioeconômicos: o tradicional e o moderno convivem lado a lado. A maioria da população é pobre, mas a economia da nação é uma das que mais vêm crescendo desde a década de 1990.
  A indústria de alta tecnologia da Índia destaca-se cada vez mais no mercado internacional - o país é, por exemplo, um dos maiores exportadores de software do mundo. Além de programas de computador, a Índia exporta produtos químico-farmacêuticos, máquinas, produtos eletrônicos, entre outros.
  Em razão de todo esse desenvolvimento tecnológico, o país abriga filiais das maiores empresas da área de informática e de telecomunicações do mundo. Além de produtos, a Índia exporta mão de obra qualificada: muitos jovens indianos formados nos cursos das áreas de Informática e de Engenharia vão trabalhar no exterior, principalmente nos Estados Unidos e no Reino Unido.
Pune - com uma população de 3.433.204 habitantes (estimativa 2019) é a décima cidade mais populosa da Índia
Agropecuária
  A agricultura, atividade econômica básica do país, responde por cerca de 17% do PIB indiano. Devido heranças do período colonial, esse setor é responsável por empregar quase a metade da população economicamente ativa. Contudo, poucos agricultores indianos contam com recursos técnicos adequados para direcionar a produção para fins comerciais. Esse fato, somado ao pequeno tamanho das propriedades dos camponeses - que resultou da reforma agrária realizada nos anos seguintes à independência da Índia -, contribui para que a maior parte da produção esteja voltada para o sustento familiar.
  As áreas destinadas ao cultivo ocupam mais da metade da superfície total da Índia. As produções de arroz e trigo, os principais produtos agrícolas do país e base da alimentação dos indianos, colocam o país como o segundo maior produtor mundial, superado apenas pela China.
Agricultor indiano trabalha um arado puxado por bois em Kadmati - Bengala Ocidental
  Em virtude das crenças religiosas, os hinduístas (maioria da população indiana) consideram bois e vacas animais sagrados, fazendo com que essa população não consuma carne bovina, fator que faz da Índia o país com o maior rebanho bovino do mundo. O país é responsável por quase 15% da produção mundial de leite, e mais de 50% do leite consumido pela população é de búfala. Há também expressivas criações de cabras, ovelhas, porcos e aves.
  Embora a Índia tenha se tornado autossuficiente na produção de alimentos depois da chamada Revolução Verde, ainda hoje milhões de indianos sofrem da subnutrição e escassez de alimentos.
  Entre os fatores que ajudam a explicar essa realidade encontram-se as monoculturas destinadas à exportação, herança dos colonizadores britânicos, que, no passado, favoreceram a substituição das culturas alimentares pelas de exportação, com graves consequências para a alimentação do povo. Hoje, as monoculturas de chá, algodão, café, juta e cana-de-açúcar, muitas delas em mãos de estrangeiros, ocupam vastas extensões do território indiano em detrimento do plantio de produtos voltados à alimentação da população do país.
Cultivo de chá em uma propriedade na Índia
Indústria
  Assim como ocorreu em outras colônias europeias, o sistema produtivo indiano original foi desmantelado e substituído por uma economia comandada por necessidades externas. A dominação colonial britânica, desde o século XVIII até 1947, interrompeu o desenvolvimento artesanal, industrial e tecnológico da Índia, que em alguns setores encontrava-se adiantado.
  É o caso do artesanato têxtil, que, além de abastecer a população, exportava tecidos graças à sua qualidade. Entretanto, como os britânicos estavam interessados em vender os próprios tecidos, adotaram uma política de preços baixos até conseguir desestruturar a produção têxtil local.
  Esse fato ajuda a explicar o atraso industrial da Índia até a sua independência, quando então passou a apresentar um desenvolvimento industrial mais acelerado.
  Com a independência, a Índia adotou uma política econômica caracterizada pela intensa participação do Estado na economia. A partir de 1991, com a expansão da política econômica neoliberal no mundo, o governo indiano alterou essa conduta: promoveu a liberalização da economia, marcada pela abertura para o exterior, assumindo o controle das importações e permitindo investimentos financeiros, entre outras medidas.
Jaipur - com uma população de 3.386.831 habitantes (estimativa 2019) é a 11ª maior cidade da Índia
  Hoje, o parque industrial indiano situa-se entre os dez maiores do mundo. Apesar de empregar apenas 17% da população economicamente ativa do país, destaca-se no cenário mundial por apresentar significativo desenvolvimento em vários setores de tecnologia avançada (energia nuclear, satélites artificiais, informática etc.).
  Graças aos investimentos em educação e em centros de pesquisas, o setor de informática está entre os mais avançados do mundo. A Índia é o segundo exportador mundial de softwares, superado apenas pelos Estados Unidos.
  As indústrias de alta tecnologia de informática desenvolveram-se em alguns polos industriais, principalmente em Bangalore. Em Hyderabad, instalou-se um centro de pesquisas farmacêuticas que tem desenvolvido novos medicamentos, além de medicamentos genéricos, dos quais a Índia é o maior exportador mundial.
Lançamento da Mars Orbiter Mission, da Organização Indiana de Pesquisa Espacial - uma sonda espacial que orbita Marte desde 24 de setembro de 2014
  A formação científica e tecnológica de qualidade oferecida pelas universidades e pelos institutos de pesquisa indianos, atrai empresas estrangeiras interessadas em contratar profissionais: parte significativa dos trabalhadores especializados de importantes empresas estadunidenses de informática é indiana. Do mesmo modo, calcula-se que cerca de um sexto dos colaboradores qualificados da NASA, a Agência Espacial dos Estados Unidos, são indianos. Esses profissionais desfrutam de grande prestígio e são muito requisitados em todo o mundo.
Usina nuclear de Kudankulam, em Tamil Nadu
  Outros tipos de indústria se destacam ainda na Índia, entre elas: construção naval, mecânica, química, petroquímica, siderúrgica, metalúrgica, petrolífera, extração de minerais, automobilística, entre outras.
  Merece destaque ainda a indústria cinematográfica indiana, localizada principalmente em Mumbai e conhecida como Bollywood. A produção atual de filmes supera a dos Estados Unidos. Mais de mil filmes anuais foram produzidos, em média, nos últimos anos, enquanto nos Estados Unidos a média é de 600 filmes. Essas produção atende ao mercado interno e é exportada principalmente para países asiáticos. Além de representar uma fonte de divisas para o país, é uma atividade que cria referências culturais favoráveis à Índia na região.
Cidade Cinematográfica de Ramoji, em Hyderabad, considerada pelo Guinness World Records o maior complexo de estúdios de cinema do mundo
POPULAÇÃO
  A Índia é a maior democracia do mundo e, na Ásia, uma das mais antigas. Concentra mais de 17% da população mundial - 1,3 bilhão de habitantes - sendo superada apenas pela China, mas a tendência é de que nas próximas décadas o país seja o mais populoso.
  Na Índia, as menores densidades demográficas são encontradas nas florestas e nas montanhas do extremo norte. As mais elevadas concentram-se na Planície Indo-Gangética, nos deltas dos rios e nos núcleos urbanos mais importantes. No vale do Ganges, há vastas áreas cuja densidade demográfica é superior a 200 hab./km², o que faz dessa região uma das áreas de maior concentração populacional do planeta.
  Grande parte da população indiana padece de fome e de desnutrição e vive em precárias condições de habitações e de saneamento básico, além de enfrentar elevada taxa de desemprego e grande desigualdade na distribuição de renda.
  Ao lado de razões históricas e econômicas, a estrutura social do sistema de castas contribui para as precárias condições sociais em que vivem milhões de pessoas. Ainda bastante influente na cultura e no convívio das pessoas, principalmente no meio rural, dificulta a ascensão social de muitos indianos, pois, além de impedir o casamento de pessoas de castas diferentes, desperta reações contra programas sociais do governo destinados a beneficiar os menos favorecidos.
Mapa da densidade populacional na Índia
  As desigualdades regionais também são muito grandes. Enquanto o estado de Pradesh, situado ao norte, com cerca de 150 milhões de habitantes, tem indicadores sociais abaixo da média nacional e vive em condições de extrema pobreza, no estado de Kerala, ao sul, a população apresenta melhores condições de vida: cerca de 90% dos habitantes sabem ler e escrever, e a taxa de mortalidade infantil é de 17/mil, bem abaixo da média nacional, que é de 44,1/mil.
  A Índia é um país de grande diversidade linguística. O inglês e o hindi são as línguas oficiais, mas a Constituição indiana reconhece 21 línguas regionais e mais de 1.500 dialetos. O hindi é falado por quase 40% da população, seguido por télugo, o bengali, o marati, o tâmil, o urdu e muitas outras.
Favela Dharavi, em Mumbai, uma das maiores do mundo
  Quanto à religião, os dois maiores grupos são formados pelos hinduístas, que apresentam cerca de 79,8% da população, e pelos seguidores do islamismo, que somam 14,2%. As demais possuem menos seguidores.
  Dois troncos étnicos predominam na Índia: o ariano ou hindu, ao norte, e o dravidiano, ao sul. Ao longo da história, ocorreu grande miscigenação entre eles. Além desses, há os mongóis, que habitam a região montanhosa ao norte do país, e outros grupos étnicos minoritários.
Templo Ranganathaswamy, em Tiruchirappalli
CULTURA
  A cultura da Índia está marcada por um alto grau de sincretismo e pluralismo. Os indianos têm conseguido conservar suas tradições previamente estabelecidas, enquanto absorvem novos costumes, tradições e ideias de invasores e imigrantes, ao mesmo tempo que estendem sua influência cultural a outras partes da Ásia, principalmente na Indochina e no Extremo Oriente.
  A sociedade tradicional da Índia está definida como uma hierarquia social relativamente restrita. O sistema de castas descreve a estratificação e as restrições sociais por grupos endogâmicos hereditários, que a princípio se denominam jatis ou castas.
  O sistema de castas é uma divisão social importante na sociedade hindu, não apenas na Índia, mas no Nepal e em outros países cuja população majoritária segue o hinduísmo. A Constituição da Índia rejeita a discriminação com base na casta, em consonância com os princípios democráticos e seculares que fundaram a nação. Barreiras de castas deixaram de existir nas grandes cidades, mas persistem principalmente na zona rural do país. A divisão no sistema de castas é a seguinte:

  • brâmanes (sacerdotes e letrados) - nasceram da cabeça de Bradma;
  • xátrias (guerreiros) - nasceram dos braços de Brahma;
  • vaixás (comerciantes) - nasceram das pernas de Brahma;
  • sudras (servos, camponeses, artesãos e operários) - nasceram dos pés de Brahma;
  • párias (impuros ou intocáveis) - conhecidos também como dalits ou sem castas, nasceram da poeira debaixo do pé de Brahma.
Pirâmide representando o sistema de castas na Índia
  Os valores tradicionais da família indiana são muito respeitados e o modelo patriarcal tem sido o mais comum durante séculos, ainda que recentemente a família nuclear esteja se convertendo ao modelo seguido pela população que vive na zona urbana.
  A maioria dos indianos têm seus casamentos arranjados por seus pais e por outros membros da família respeitados, com o consentimento da noiva e do noivo. O matrimônio é planejado para toda a vida, a taxa do divórcio é extremamente baixa. O casamento na infância é ainda uma prática muito comum, já que metade das mulheres indianas se casam antes dos dezoito anos.
  A gastronomia da Índia é caracterizada por uma grande variedade de estilos regionais e o uso sofisticado de ervas e espécies. Os alimentos básicos são feitos com arroz (especialmente no sul e no leste) e trigo (predominante no norte).
  A roupa tradicional varia de acordo com as cores e estilos segundo a região e depende de certos fatores, incluindo o clima. Os estilos de vestir incluem prendas simples como o sári para as mulheres e dhoti para os homens.
Forte Vermelho, em Délhi - principal residência dos imperadores mogóis por mais de 200 anos
PRINCIPAIS CONFLITOS NA ÍNDIA
  A sociedade indiana convive com conflitos étnicos, marcados pelo desejo de separatismo por parte de minorias, fato que ameaça sua unidade. Alguns deles estão relacionados ao estabelecimento das fronteiras nacionais a partir das fronteiras coloniais.
Punjab: conflitos entre indianos e sikhis
  No noroeste da Índia, no estado de Punjab, são frequentes os conflitos armados envolvendo os sikhis, minoria étnico-religiosa que soma cerca de 26 milhões de pessoas. Os sikhis reivindicam a separação de Punjab da República da Índia, e os indianos se recusam a perder essa rica região agrícola.
  A fronteira norte do Punjab é formado pelo sopé do Himalaia (o Panjal no Paquistão e as Colinas Shivalik na Índia). O rio Indo constitui a fronteira ocidental e o rio Yamuna faz a fronteira oriental. A região de cinco rios - Jhelum, Chenab, Ravi, Beas e Sutlej - integra o rio Indo, no trecho sul. Essa característica ajuda a explicar o termo Punjab: a palavra persa "Panj", que significa 5, e "ab", que quer dizer águas.
  Em um dos grandes conflitos, em 1984, cerca de 1.700 adeptos da seita sikhi foram mortos. Os sikhis responderam com o assassinato da primeira-ministra Indira Gandhi. As tensões e os conflitos continuam ainda nos dias de hoje.
Região de Punjab
Caxemira: uma região explosiva
  Na região da Caxemira são frequentes os confrontos entre indianos (hinduístas) e paquistaneses (muçulmanos). A hostilidade entre os dois países fez com que ambos entrassem em uma corrida nuclear, investindo significativamente em programa de defesa nacional.
  A Caxemira, região ao norte do subcontinente indiano (habitada predominantemente por muçulmanos), está atualmente dividida e sob o controle a Índia, do Paquistão e da China. Dois terços do território da Caxemira são controlados pela Índia, que se nega a abdicar da região. Com o apoio do Paquistão, a população muçulmana da Caxemira reivindica a separação. Em 2001, o Paquistão propôs  que se realizasse um plebiscito na Caxemira, quando então seus habitantes se manifestariam sobre o país a que desejariam pertencer. A Índia rejeitou a proposta, mantendo o problema sem solução.
  Para agravar ainda mais a questão geopolítica da Caxemira, tanto a Índia quanto o Paquistão detêm tecnologia nuclear e realizam testes nucleares para demonstrar suas capacidades destrutivas. As cinco potências nucleares mundiais (Estados Unidos, Reino Unido, Rússia, França e China) repudiam os testes e tentaram em vão fazer com que os dois países aderissem ao Tratado de Proibição de Testes Nucleares.
Mapa da Caxemira e a área em disputa
ALGUNS DADOS SOBRE A ÍNDIA
NOME: República da Índia
INDEPENDÊNCIA: do Reino Unido
Declarada: 15 de agosto de 1947
República: 26 de janeiro de 1950
CAPITAL: Nova Déli
Centro Comercial em Nova Déli
GENTÍLICO: indiano (a)
LÍNGUA OFICIAL: hindi, inglês e mais 21 línguas oficiais
GOVERNO: República Federal / Democracia Parlamentar
LOCALIZAÇÃO: Sul da Ásia
ÁREA: 3.287.590 km² (7º)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa para 2019): 1.343.500.000 habitantes (2°)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 408,65 hab./km² (14°). Obs: a densidade demográfica, densidade populacional ou população relativa é a medida expressa pela relação entre a população total e a superfície de um determinado território.
CRESCIMENTO POPULACIONAL (ONU - Estimativa 2019): 1,46% (90°). Obs: o crescimento vegetativo, crescimento populacional ou crescimento natural é a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade de uma  determinada população.
CIDADES MAIS POPULOSAS (Estimativa para 2019):
Mumbai (antiga Bombaim): 13.753.744 habitantes
Mumbai - maior cidade da Índia
Déli: 12.132.839 habitantes
Déli - segunda cidade mais populosa da Índia
Bangalore: 9.287.104 habitantes
Bangalore - terceira cidade mais populosa da Índia
PIB (FMI - 2018): US$ 2,091 trilhões (7º). Obs: o PIB (Produto Interno Bruto), representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano).
PIB PER CAPITA (FMI 2018): US$ 1.688 (140°). Obs: o PIB per capita ou renda per capita é o Produto Interno Bruto (PIB) de um determinado lugar dividido por sua população. É o valor que cada habitante receberia se toda a renda fosse distribuída igualmente entre toda a população. 
IDH (ONU - 2018): 0,640 (130°). Obs: o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida oferecida à população. Este índice é calculado com base em dados econômicos e sociais, variando de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país. No cálculo do IDH são computados os seguintes fatores: educação (anos médios de estudos), longevidade (expectativa de vida da população) e PIB per capita. A classificação é feita dividindo os países em quatro grandes grupos: baixo (de 0,0 a 0,500), médio (de 0,501 a 0,800), elevado (de 0,801 a 0,900) e muito elevado (de 0,901 a 1,0).
  Muito alto
  Alto
  Médio
  Baixo
  Sem dados
Mapa do IDH
EXPECTATIVA DE VIDA (OMS - 2018): 64,19 anos (147º). Obs: a expectativa de vida refere-se ao número médio de anos para ser vivido por um grupo de pessoas nascidas no mesmo ano, se a mortalidade em cada idade se mantém constante no futuro, e é contada da maior para a menor.
TAXA DE NATALIDADE (ONU - 2018): 16,01/mil (126º). Obs: a taxa de natalidade é a porcentagem de nascimentos ocorridos em uma população em um determinado período de tempo para cada grupo de mil pessoas, e é classificada do maior para o menor.
TAXA DE MORTALIDADE (CIA World Factbook - 2018): 7,3/mil (91º). Obs: o índice de mortalidade reflete o número de mortes registradas, em média por mil habitantes, em uma determinada região em um período de tempo e é contada da maior para a menor.
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2018): 44,1/mil (153°). Obs: a taxa de mortalidade infantil refere-se ao número de crianças que morrem no primeiro ano de vida entre mil nascidas vivas em um determinado período, e é classificada do menor para o maior.
Mapa da taxa de mortalidade infantil no mundo
TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook - 2018): 2,4 filhos/mulher (81°). Obs: a taxa de fecundidade refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria do início ao fim do seu período reprodutivo (15 a 49 anos), e é classificada do maior para o menor.
Mapa da taxa de fecundidade no mundo
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2018): 74,4% (169º). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
Mapa da taxa de alfabetização no mundo
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2018): 29,4% (161°). Obs: essa taxa refere-se a porcentagem da população que mora nas cidades em relação à população total.
Mapa da taxa de urbanização no mundo
MOEDA: Rúpia Indiana
RELIGIÃO: hinduísmo (79,8%), islamismo (14,2%), cristianismo (2,3%), sikhismo (1,7%), budismo (0,7%), jainismo (0,4%), outras/nenhuma religião (0,9%).
DIVISÃO: a Índia se subdivide em vinte e nove estados e sete "territórios da União". Todos os estados e os dois territórios da União de Pondicherry e o território da capital nacional elegem suas legislaturas e governos por meio do modelo de Westminster (sistema parlamentarista de governo). Os outros cinco territórios da União são regidos de forma direta pelo Governo Federal, através de várias administrações designadas. Em 1956, em virtude da Lei de Reorganização dos Estados, o território indiano foi dividido baseando-se em aspectos linguísticos. A partir de então, esta estrutura permaneceu sem mudanças. Cada estado ou território da União se divide em distritos administrativos. Por sua vez, os distritos se dividem em tehsils ou taluca (cidade que serve como sede, possíveis cidades adicionais e alguns povoados) e finalmente em aldeias. Os estados e territórios com suas respectivas siglas são (entre parênteses estão as capitais): Estados: 1. Andhra Pradesh - AP (Hyderabad - sede do Judiciário Estadual, em função compartilhada com Telangana até 2024; Vijayawada, atualmente Amaravati) 2. Arunachal Pradesh - AR (Itanagar) 3. Assam - AS (Dispur) 4. Bihar - BR (Patna) 5. Chhattisgarh - CG (Raipur - interino) 6. Goa - GA (Panaji) 7. Gujarat - GJ (Gandhinagar) 8. Haryana - HR (Chandigarh - compartilhado com Punjab, também um território da União) 9. Himachal Pradesh - HP (Shimla) 10. Jammu e Caxemira - JK (Srinagar - verão, Jammu - inverno) 11. Jharkhand - JH (Ranchi) 12. Karnataka - KA (Bengaluru) 13. Kerala - KL (Thiruvananthapuram) 14. Madhya Pradesh - MP (Bhopal) 15. Maharashtra - MH (Mumbai) 16. Manipur - MN (Imphal) 17. Meqhalaya - ML (Shillong) 18. Mizoram - MZ (Aizawl) 19. Nagaland - NL (Kohima) 20. Odisha - OD (Bhubaneshwar) 21. Punjab - PB (Chandigarh - compartilhado com Haryana, também um Território da União) 22. Rajasthan - RJ (Jaipur) 23. Sikkim - SK (Gangtok) 24. Tamil Nadu - TN (Chennai) 25. Telangana - TS (Hyderabad - compartilhada com o Estado de Andhra Pradesh até 2024) 26. Tripura - TR (Agartala) 27. Uttar Pradesh - UP (Lucknow) 28. Uttarakhand - UK (Dehradun - interino) 29. Bengala Ocidental - WB (Kolkata). Os Territórios da União são: A. Ilhas Andaman e Nicobar - AN (Port Blair) B. Chandigarh - CH (Chandigarh - capital dos Estados de Haryana e Punjab) C. Dadra e Nagar Haveli - DN (Silvassa) D. Daman e Diu - DD (Daman) E. Lakshadweep - LD (Kavaratti) F. Território da Capital Nacional - DL (Nova Délhi) G. Puducherry - PY (Pondicherry).
Mapa da Índia com seus estados e territórios
REFERÊNCIA: Boligian Levon
Geografia espaço e sociedade, 3: ensino médio / Levon Boligian, Andressa Alves. 1. ed. -- São Paulo: Editora do Brasil, 2016. -- (Coleção geografia espaço e identidade)

segunda-feira, 30 de setembro de 2019

GRANDE ADRIA: O CONTINENTE PERDIDO ESCONDIDO SOB A EUROPA

  Adria, ou Grande Adria, foi um continente que existiu onde hoje é o continente europeu. Pesquisadores na Europa estudaram por uma década rochas em uma vasta região, da Espanha ao Irã, em busca de pistas desse antigo continente. Há vestígios deste continente perdido em mais de 30 países. E aos poucos, eles conseguiram determinar o que aconteceu com ele.
  A massa terrestre já havia sido detectada por ondas sísmicas no passado, mas o estudo de seus vestígios e a reconstrução de sua história é novidade. Os únicos restos visíveis do continente são calcário e outros tipos de rocha em montanhas do continente europeu. Mas a maior parte do continente está "enterrada" no sul da Europa.
Rochas calcárias - Espanha
  Há 240 milhões de anos, a Terra era bem diferente do que conhecemos hoje. Os continentes estavam bem mais juntinhos e existiam até pedaços de terra que não estão mais lá. Esse é o caso da Grande Adria, um continente que desapareceu há 120 milhões de anos. Geólogos reconstruíram a história geológica da Terra e encontraram traços do continente perdido.
  A pesquisa foi publicada no periódico Gondwana Research. De acordo com Douwe van Hinsbergen, pesquisador e geólogo da Universidade de Utrecht, Holanda, as cadeias de montanhas estudadas pelos pesquisadores se originaram de um único continente que foi separado da África há mais de 200 milhões de anos e começou a se mover para o norte. Esse continente era a Gondwana, e reunia as terras que hoje compõem o hemisfério Sul: Antártida, Oceania, África e América do Sul.
Rochas calcárias nos Montes Tauru, na Turquia, são restos visíveis da Grande Adria
  Há 240 milhões de anos, um pedaço de terra do tamanho da Groenlândia se desprendeu da Gondwana e se deslocou para o sul da Europa. Esse deslocamento é resultado da movimentação das placas tectônicas. A Grande Adria fazia parte da placa Africana e foi aos poucos se aproximando do sul da placa Euroasiática, que abriga a maior parte da Europa e Ásia atualmente.
  Há 140 milhões de anos, essa massa terrestre ficou submersa no oceano, onde os sedimentos foram lentamente transformados em rochas. Em seguida, essas rochas iniciaram o processo de colisão com o que hoje entendemos como a Europa. Entre 120 e 100 milhões de anos atrás, as rochas foram se despedaçando e acabaram sendo, literalmente, soterradas pelo continente europeu.
  Apenas uma parte das rochas ficou na superfície da Terra, em uma área que vai de Turim, na Itália, e passa pelo Mar Adriático. Esses vestígios foram suficientes para que os geólogos iniciassem seus estudos sobre a região.
Vídeo sobre a Deriva dos Continentes
  Embora a colisão tenha ocorrido a velocidade de até 3 ou 4 centímetros por ano, essa pressão foi suficiente para destruir a crosta de 100 quilômetros de profundidade e empurrar o restante do continente para grandes profundidades no manto da Terra.
  Os cientistas apontam que partes da Grande Adria estão há cerca de 1,5 mil quilômetros de profundidade.
  Os pesquisadores estudaram a idade das rochas e identificaram a direção dos campos magnéticos contidos neles. Uma das maiores dificuldades no estudo do continente perdido é que as rochas estão muito espalhadas. E somente na última década os cientistas tiveram o software necessário para uma reconstrução geológica tão complexa, segundo Douwe van Hinsbergen.
Representação gráfica criada para o estudo sobre o continente Grande Adria
FONTE: Revista Super Interessante
super.abril.com.br

domingo, 29 de setembro de 2019

ENERGIA NUCLEAR

  Após o lançamento de bombas atômicas, em 1945, sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, que levou à rendição do Japão na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), sucedeu-se uma corrida armamentista e hoje diversos países dispõem de bombas atômicas. Entretanto, a energia nuclear também é utilizada para fins pacíficos: na produção de energia elétrica (eletronuclear), na medicina e em muitas outras atividades.
  A energia nuclear ou atômica é a energia produzida nas usinas termonucleares, que utilizam o urânio e outros elementos, como combustível. O princípio de funcionamento de uma usina nuclear é a utilização do calor (termo) para gerar eletricidade. O calor é proveniente da fissão dos átomos de urânio.
Esquema de uma usina nuclear com PWR (reator de água pressurizada)
  O urânio é um recurso mineral não renovável encontrado na natureza, que também é utilizado na produção de material radioativo para uso na medicina. Além do uso para fins pacíficos, o urânio também pode ser utilizado na produção de armamentos, como a bomba atômica.
  Por ser uma fonte de energia altamente concentrada e de elevado rendimento, diversos países utilizam a energia nuclear como opção energética. A usinas nucleares já respondem por 16% da energia elétrica produzida no mundo.
Descrição do ciclo do combustível nuclear, da extração da matéria-prima até o armazenamento do lixo nuclear
  Cinco países consomem mais da metade da produção mundial de eletricidade de fonte nuclear. Mais de 90% das usinas nucleares estão concentradas nos Estados Unidos, na Europa, no Japão e na Rússia. O governo russo inaugurou em abril de 2018, a primeira usina nuclear flutuante do mundo, localizado no Mar Ártico.
  Em alguns países, como Suécia, Finlândia e Bélgica, a energia nuclear já representa mais de 40% do total de eletricidade produzida. A Coreia do Sul, China, Índia, Argentina e México também possuem usinas nucleares.
  No Brasil, há três usinas eletronucleares: Angra I, Angra II e Angra III, localizadas no município de Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro.
  O acesso à tecnologia nuclear exige altos investimentos de capital e conhecimento científico. Com receio de que esses conhecimentos tecnológicos levem à construção de bombas atômicas, os países que os possuem não permitem que sejam transferidos para outros.
Imagem aérea da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, em Angra dos Reis - RJ
Vantagens do uso de energia nuclear
  Apesar dos perigos, há vários pontos positivos na geração de energia nuclear. Um dos primeiros pontos a destacar é que a usina não é poluente durante seu funcionamento normal, desde que se cumpra as normas de segurança. Igualmente, não é necessário uma grande área para a construção de uma usina.
  Também o urânio é um material relativamente abundante na natureza, o que garante o abastecimento das usinas por muito tempo. As principais reservas de urânio estão na Índia, Austrália e Cazaquistão.
Usina nuclear na França. Essa fumaça é apenas o vapor de água
Desvantagens do uso da energia nuclear
  Entretanto, os riscos da utilização da energia nuclear são imensos. Além de sua utilização para fins não pacíficos, como a produção de bomba atômica, os resíduos gerados pela produção desta energia representam um perigo para a humanidade. Também existe o risco de acidentes nucleares e o problema do descarte do lixo nuclear (resíduos compostos de elementos radioativos, gerados nos processos de produção de energia). Além disso, a contaminação do meio ambiente provocam danos irreversíveis à saúde, como câncer, leucemia, deformidades genéticas, entre outros.
Fotografia aérea tirada da usina na cidade de Chernobyl, Ucrânia, em 27/04/1986, após a explosão do reator (no centro da imagem)
  É importante destacar ainda que a usina eletronuclear e o chamado lixo atômico representam ameaças muito sérias à população, caso a usina sofra avarias ou o lixo atômico não seja acondicionado corretamente em depósitos especiais. São exemplos de acidentes com a usina eletronuclear de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986, e com a central eletronuclear da cidade de Fukushima, no Japão, em 2011, em decorrência de um tsunami; ambos causaram mortes e contaminaram pessoas, cidades, animais e alimentos.
Imagem de 16 de março de 2011 dos quatro prédios dos reatores danificados, na cidade de Fukushima, Japão
  Também o Brasil enfrentou o pior acidente nuclear de sua história, quando o material Césio-137 não foi descartado corretamente. Calcula-se que 1.600 pessoas tenham sido contaminadas e 4 pessoas morreram neste episódio, ocorrido na cidade de Goiânia, capital de Goiás.
  O acidente radiológico de Goiânia, amplamente conhecido como acidente com o Césio -137, foi um grave episódio de contaminação por radioatividade ocorrido no Brasil. A contaminação teve início em 13 de setembro de 1987, quando um aparelho utilizado em radioterapias foi encontrado dentro de uma clínica abandonada, no centro de Goiânia, em Goiás.
  O instrumento foi encontrado por catadores de um ferro-velho do local, que entenderam tratar-se de sucata. Foi desmontado e repassado para terceiros, gerando um rastro de contaminação, o qual afetou seriamente a saúde de centenas de pessoas.
Área que abrigava o ferro-velho da Rua 26-A, em Goiânia, Goiás
REFERÊNCIA: Adas, Melhem
Expedições geográficas / Melhem Adas, Sérgio Adas. - 3. ed. - São Paulo: Moderna, 2018.

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

O MODO DE VIDA TRADICIONAL DOS POVOS NÔMADES NENETS DA RÚSSIA

  Os nenets são um povo de etnia samoieda que vive na Nenétsia, região autônoma do norte da Rússia. Estima-se que 42 mil nenets morem na Rússia.
  Após séculos de perseguição ao seu modo de vida, um povo de pastores do norte da Rússia, passaram a ser reconhecidos pelo governo como um povo autônomo. Isso garante aos nenets direitos exclusivos, como a permissão para percorrer rotas migratórias em território russo, prática milenar desse povo. A migração tem o objetivo de engordar as renas, base de alimentação nenet.
  As moradias dos nenets (chamada de chum), é bastante tradicional, e consiste em peles de renas costuradas e enroladas em postes de madeira organizados em círculo. No meio, há uma lareira usada para aquecer e manter mosquitos afastados.
Idosa nenet com seu neto
  Para muitas tribos como os nenets, contar histórias é uma das principais maneiras pelas quais a tradição e o patrimônio são transmitidos de geração em geração. Cada família nenets tem histórias próprias, que são bastante ricas: tradições no casamento, como é a vida em crescimento, a importância da preservação de sua cultura, a luta entre manter suas raízes tradicionais e prosperar em um mundo modernizado.
Mulheres nenets empacotam seus trenós
  Na tradição nenets, cintos de dentes de urso protegem as pessoas de maus espíritos e perigos. Os cintos nunca são enterrados com o proprietário, mas são passados de geração em geração.
  Certas tradições foram passadas de geração em geração em cada um dos clãs nenets. Essas tradições são muito importantes para cada membro da família e trabalham para mantê-las vivas.
Homem nenet
  Os nenets dependem muito de seus rebanhos de renas, usando-os para alimentação, roupas, ferramentas, transporte e muito mais. Todo nenet tem uma rena sagrada, que não deve ser aproveitada ou abatida até que não seja mais capaz de andar.
Homem Nenet com seu rebanho de renas
  Os pastores nenets se movem sazonalmente com suas renas, viajando por antigas rotas de migração. Durante o inverno, quando as temperaturas podem cair até -50 ºC, a maioria dos nenets pastam suas renas em pastagens de musgo e líquen nas florestas de taiga. Nos meses de verão, quando o sol da meia-noite transforma a noite em dia, eles deixam o lariço e os salgueiros para trás para migrar para o norte.
Aldeia Nenet e solo de permafrost
  A carne de rena é a parte mais importante da dieta dos nenets. É consumido cru, congelado ou fervido, juntamente com o sangue de uma rena recém-abatida, rica em vitaminas. Eles também comem peixes, como salmão-branco e muksun, um peixe branco de cor prateada, e recolhem amoras nas montanhas durante o verão.
Nenets com seus rebanhos de renas
Ameaça à vida dos nenets
  Com o colapso do comunismo, os jovens adultos começaram a deixar suas aldeias para as cidades, uma tendência que continua até hoje. Nos ambientes urbanos, eles acham quase impossível se adaptar à vida longe dos ritmos cíclicos da tundra, e sofrem com altos níveis de alcoolismo, desemprego e problemas de saúde mental.
  Os nenets enfrentaram os desafios de intrusões coloniais, guerra civil, revolução e coletivização forçada. Hoje, o modo de vida deles é novamente seriamente ameaçado. Para sobreviver como povo, os nenets precisam de acesso desobstruído a seus pastos e de um ambiente intocado por resíduos industriais. Para eles, a tundra está em casa e as renas são a própria vida.
Criadores de rena Nenets
  O Ártico está mudando rapidamente. À medida que a temperatura aumenta e o permafrost da tundra derrete, ele libera dióxido de carbono e metano, gases do efeito estufa, na atmosfera. Com o gelo derretendo no início da primavera e não congelando até muito mais tarde no outono, os pastores estão sendo forçados a mudar os padrões de migração seculares, já que as renas têm dificuldade para caminhar sobre uma tundra sem neve. O aumento da temperatura também afeta a vegetação da tundra, a única fonte de alimento para as renas.
Vegetação de tundra
  O derretimento do permafrost fez com que alguns dos lagos de água doce da tundra drenassem, o que levará a um declínio no suprimento de peixes para os nenets. À medida que o gelo marinho derrete, o oceano se abre para o tráfego marítimo. As rotas marítimas do Ártico atuam como potenciais porta de entrada para o comércio entre Ásia, Europa e América do Norte. Hoje, tubulações, torres de perfuração e estradas rodoviárias e ferroviárias estão transformando a tundra.
Linha ferroviária Obskaya-Bovanenkovo - ferrovia mais ao norte do mundo
REFERÊNCIA: Adas, Melhem
Expedições geográficas / Melhem Adas, Sérgio Adas. - 3. ed. - São Paulo: Moderna, 2018.

sábado, 31 de agosto de 2019

AS FORMAÇÕES VEGETAIS DE MONTANHAS E AS CONSEQUÊNCIAS DO AQUECIMENTO GLOBAL

  Vegetação de altitude (ou vegetação de montanha) reflete o fato de que o clima e a vegetação das áreas montanhosas variam conforme a altitude. Não apenas as temperaturas diminuem com o aumento da altitude, como também o aspecto (alinhamento da montanha em relação ao Sol) afeta as condições locais, resultando em diferentes padrões de vegetação e ditando as escolhas de áreas para cultivo e povoamento.
  A vegetação de altitude ocorre na América do Sul e na Europa, ou seja, na Zona Temperada (sul e norte). Na América do Sul, a vegetação de altitude aparece no Peru e na Bolívia, no Equador, no Chile e na Argentina. Já na Europa existe muito pouco, apenas no centro-oeste, na Alemanha. Pelo fato de estar situado em regiões de baixas latitudes, seu clima é subtropical.
Monte Aconcágua - localizado na Patagônia Andina (Argentina) é o ponto mais elevado da América
  Nas altas cadeias montanhosas, como os Alpes, os Andes e o Himalaia, a altitude tem papel fundamental no desenvolvimento das formações vegetais. Conforme a altitude aumenta, a temperatura diminui e o solo torna-se cada vez mais raso. A vegetação acompanha essas características. É por isso que nos Andes, mesmo em área equatorial, desenvolvem-se vegetações típicas das florestas temperadas e até, em altitudes muito elevadas, campos de tundra e gelo.
  Mesmo assim, o clima não deixa de exercer um papel significativo na vegetação de montanha. Nas montanhas das regiões temperadas, ocorre a neve por volta de 2.500 metros de altitude, enquanto nas regiões tropicais, somente por volta de 5 mil metros.
Monte Rosa - fronteira entre Itália e Suíça
  A altitude preferencial da maioria das espécies se deslocou para altitudes maiores ao longo do século. O pasto é substituído pela floresta, e esta vai se tornando mais rala até desaparecerem as árvores. Até certa altura deixa de existir qualquer vegetação.
  A mudança é conhecida dos ecologistas. Como o clima se altera à medida que subimos, diferentes espécies de vegetais ocupam cada nível da montanha. Espécies adaptadas ao frio ficam próximas ao pico, espécies adaptadas à temperaturas mais altas ficam próximas ao vale. A mesma distribuição ocorre horizontalmente quando viajamos pela região tropical em direção aos polos. Próximo aos trópicos predominam espécies adaptadas ao calor.
Perfil topográfico da vegetação de acordo com a altitude
  Nas montanhas europeias. esse fenômeno tem sido estudado há mais de cem anos. Cada espécie de árvore tem sua altitude preferencial. Para medi-la, o cientista sobe a montanha e mede a densidade (número de árvores por metro quadrado) de uma espécie de árvore a cada altitude. A densidade, que inicialmente é baixa, aumenta, chega ao máximo e finalmente diminui quando a temperatura fica muito baixa. A altitude preferencial é a altitude onde a densidade de árvores é máxima.
  Recentemente, um grupo de ecologistas coletou mais de 28 mil levantamentos do tipo para 160 diferentes espécies de plantas. Eles observaram que a altitude preferencial da maioria das espécies se deslocou para altitudes maiores ao longo do século passado e início deste século. Todas as árvores "subiram" a montanha. Na média elas estão subindo 30 metros por década.
Montes Urais, na Rússia
  Os cientistas acreditam que isso ocorreu por causa do aquecimento global. À medida que a temperatura aumentou, as árvores da faixa mais baixa não conseguiram sobreviver, mas em compensação as sementes que germinaram, em alturas antes inóspitas, agora encontraram um ambiente propício. Essa é mais uma consequência do aquecimento global: as árvores são obrigadas a subir as montanhas para escapar do calor.
  Outro fator que vem ameaçando a vegetação de montanhas é a urbanização. A construção de residências em áreas elevadas vem ocorrendo para fins de lazer, com o estabelecimento de moradias temporárias, condomínios de elevado padrão ou prédios, em geral ocupando também áreas de formação vegetal.
Construções em Banff - Canadá. Ao fundo as Montanhas Rochosas
REFERÊNCIA: Baldraia, André
Ser protagonista: geografia, 2º ano: ensino médio / André Baldraia .. [et al.]: organizadora: Edições SM: obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida por Edições SM: editor responsável Flávio Manzatto de Souza. 3. ed. - São Paulo: Edições SM, 2016. - (Coleção ser protagonista).

ADSENSE

Pesquisar este blog