Um dos países mais importantes do Oriente Médio são os Emirados Árabes Unidos (EAU). Trata-se de uma confederação de Estados autônomos - chamados Emirados -, situada no sudeste da Península Arábia, no Golfo Pérsico.
Os sete emirados são Abu Dhabi, Dubai, Sharjah, Ajman, Umm al-Quwain, Ras al-Khaimah e Fujairah. A capital e segunda maior cidade dos Emirados Árabes Unidos é Abu Dhabi.
Antes de 1971, os Emirados Árabes Unidos eram conhecidos como Estados da Trégua, em referência a uma trégua do século XIX entre o Reino Unido e vários xeiques árabes. O nome Costa Pirata também foi utilizado em referência aos emirados que ocuparam a região do século XVIII até o início do século XX. O país tem a sexta maior reserva de petróleo do mundo.
|
Localização dos Emirados Árabes Unidos no globo |
GEOGRAFIA
O território dos Emirados Árabes é desértico, com alguns oásis, regiões montanhosas e praias. Faz fronteiras com o Golfo de Omã e o Golfo Pérsico, entre Omã e a Arábia Saudita, além de fazer fronteira com o Catar. O país localiza-se em uma posição estratégica ao longo das aproximações do Estreito de Ormuz, um ponto de trânsito vital para o petróleo bruto mundial. Com a Arábia Saudita, os EAU compartilha uma fronteira de 530 quilômetros ao oeste, sul e sudeste, e com Omã, são 450 quilômetros ao sudeste e nordeste. Com o Catar, a fronteira é de 90 quilômetros, na área de Khawr al Udayd, porém, essa área é disputada entre os dois países.
O litoral dos EAU se estende por mais de 650 quilômetros ao longo da costa sul do Golfo Pérsico. A maior parte da costa consiste de salinas que se estendem para o interior. O maior porto natural está em Dubai, embora outros portos tenham sido dragados em Abu Dhabi, Sharjah e em outras cidades. Inúmeras ilhas são encontradas no Golfo Pérsico, e as propriedades de algumas delas têm sido objeto de disputas internacionais entre os EAU, o Irã e o Catar. As ilhas menores, bem como muitos recifes de corais e bancos de areia que se deslocam constantemente, ameaçam a navegação. Forte marés e tempestades de vento ocasionais complicam ainda mais a navegação próxima à costa.
|
Oásis Liwa, próximo de Abu Dhabi - Emirados Árabes Unidos |
O território da federação é formado por uma grande extensão desértica, coberta por salinas e areia. Essa paisagem só é quebrada pela presença das últimas ramificações dos montes al-Hajar, que se estendem pelo território de Omã. O ponto mais elevado do país é o Jabal Yibir, com 1.527 metros.
O clima é quente e seco, com temperaturas que oscilam entre 15°C e 21°C, no inverno, e 32°C e 46°C no verão, na costa e no interior, respectivamente. A precipitação média se situa entre 75 e 100 mm anuais. Devido à aridez da região, os rios são praticamente inexistentes, e a presença de água reduz-se a pequenos oásis, onde crescem palmeiras e tamareiras.
|
Jabal Yibir - ponto culminante dos Emirados Árabes Unidos |
HISTÓRIA
A habitação humana mais antiga dos Emirados Árabes Unidos data do período neolítico, há cerca de 5.500 anos a.C.. Nesta fase, há provas de interação com o mundo exterior, em particular com civilizações do norte. Estes contatos persistiram e tornaram-se abrangentes, provavelmente motivados pelo comércio de cobre nas montanhas Hajar. O comércio exterior floresceu em períodos posteriores, facilitado pela domesticação do camelo.
Por volta do século I a.C., teve início o comércio entre a Síria e cidades do sul do Iraque, seguido pela viagem marítima ao porto de Omana (atual porto de Umm al-Quwain) e, daí para a Índia, tornando-se, também, uma alternativa para a rota do Mar Vermelho pelos romanos.
Com a chegada dos enviados do profeta Maomé, em 630 d.C., começou o processo de islamização dessa área. Após a morte do profeta, realizou-se uma das maiores batalhas no atual território dos EAU, a Guerra da Apostasia, que culminou na derrota dos não-muçulmanos e a propagação do islamismo na península Arábica.
A expansão portuguesa pelo oceano Índico, no início do século XVI, seguindo a rota de exploração do navegador Vasco da Gama, culminou numa uma batalha entre os portugueses e os turcos-otomanos pela costa do Golfo Pérsico. A vitória dos portugueses culminou no controle dessa área durante 150 anos, levando a conquistar os habitantes da península Arábica.
|
Camelos andam sobre o deserto dos EAU |
No século XVI, o Império Otomano conseguiu conquistar algumas partes dos EAU e, posteriormente, essa região passou a ser denominada pelos britânicos, de "Costa Pirata", por causa de invasores que ali se concentraram e assaltavam navios marítimos. Entre os séculos XVII e XIX, europeus e árabes patrulharam a região, objetivando diminuir os ataques dos "piratas". Expedições britânicas para proteger o comércio indiano de invasores de Ras al-Khaimah levaram à campanhas contra estas sedes e de outros portos ao longo da costa em 1819. No ano seguinte, um tratado de paz foi assinadopor todos os xeiques.
As invasões continuaram até 1835, quando os xeiques não concordaram em participar das hostilidades do mar. Em 1853, eles assinaram um tratado com o Reino Unido, sob o qual os xeiques ("Xeiques da Trégua") concordaram com uma "trégua perpétua". O tratado foi executado pelo Reino Unido, porém, disputas entre os xeiques foram encaminhadas para que os britânicos buscassem uma resolução para essas disputas.
Em reação à ambição de outros países europeus, o Reino Unido e os Xeiques da Trégua levaram a ambos estreitarem vínculos por meio de um tratado, em 1892, onde os xeiques concordaram em ceder os territórios somente aos britânicos e a não estabelecer relações com qualquer governo estrangeiro. Em troca, os ingleses prometeram proteger a Costa da Trégua de qualquer agressão marítima e ajudar em caso de ataque terrestre.
|
Mesquita em Umm al-Quwain - EAU |
No fim do século XIX e início do século XX, a indústria de pérolas prosperou, proporcionando renda e emprego no Golfo Pérsico. Porém, vários fatores, como a Primeira Guerra Mundial, a crise de 1929, a Segunda Guerra Mundial e o aumento dos impostos sobre as pérolas importadas do Golfo Pérsico por parte da Índia, levaram a indústria de pérolas a desaparecer, resultando numa grave crise econômica na região.
Em
1955, durante uma disputa com Omã pelo Oásis Buraimi, os EAU receberam
apoio do Reino Unido, o que causou a vitória dos EAU, porém, essa
disputa ainda continua incerta. Outra disputa territorial envolvendo os
EAU refere-se à fronteira entre Abu Dhabi e a Arábia Saudita.
No início da década de 1930 começou as pesquisas e uma tímida exploração de petróleo nos EAU. Em 1962 saiu o primeiro carregamento de petróleo bruto com destino à exportação, partindo de Abu Dhabi. O petróleo proporcionou o aumento de receitas, e o governador de Abu Dhabi, o Xeique Zayed bin Sultan Al Nahyan, empreendeu um programa de construções, construindo escolas, moradias, hospitais e rodovias. Isso aconteceu também em Dubai, onde o Xeique Rashid bin Saeed Al Maktoum, governante local, começou a utilizar as reservas, em 1969, para melhorar a qualidade de vida da população.
|
Ajman - Emirados Árabes Unidos |
Com o aumento da exploração petrolífera, os britânicos começaram a perder o controle sobre a exploração petrolífera. Assim, os xeiques dos Estados decidiram formar um conselho para coordenar as questões entre eles e tomar conta do programa de desenvolvimento. Eles formaram o Conselho dos Estados da Trégua, provocando o movimento que culminou na independência dos EAU. Em 1968, o Reino Unido acatou a decisão da formação do Conselho dos Estados da Trégua. Com a independência do Bahrein e do Catar, em agosto e setembro de 1971, respectivamente, os Estados que compunham os EAU decidiram, em 2 de dezembro deste ano, a se tornarem independentes.
Os mandantes de Abu Dhabi e Dubai, formaram uma união entre seus dois emirados independentes, prepararam uma Constituição, e chamaram os mandantes dos outros cinco emirados para uma reunião e ofereceram-lhes uma oportunidade de participar deste novo país.
Em 1991, os EAU participaram da coalizão internacional que lutou contra o Iraque na Guerra do Golfo. A partir desse ano, a federação buscou expandir suas relações internacionais e a exercer um importante papel em diversas questões relativas ao Golfo Pérsico.
|
Ras al-Khaimah - Emirados Árabes Unidos |
Em 1992, os EAU entraram em conflito com o Irã pela disputa de ilhas. Desde então, o governo vem investindo em equipamentos bélicos. Em 2011, aumentou a tensão entre os dois países por causa da crescente cooperação dos Emirados Árabes com a comunidade internacional na aplicação de sanções impostas ao Irã. Em 1994, a federação assinou um acordo militar de defesa com os Estados Unidos e, no ano seguinte, com a França. Em 1996, a Constituição Provisória, que vinha sendo renovada desde 1986 pelo Conselho, tornou-se permanente.
Após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos, os EAU foram identificados como um importante centro financeiro usado pela Al-Qaeda para transportar dinheiro para os sequestradores (dois dos sequestradores Marwan al-Shehhi e Fayez Ahmed Bannihammad, eram cidadãos emiratenses). A nação imediatamente cooperou com os Estados Unidos, congelando contas ligadas aos suspeitos de terrorismo e reprimindo fortemente a lavagem de dinheiro no país. Desde então, o governo do país passou a ser inimigo dos integrantes do Al-Qaeda.
|
Fujairah - Emirados Árabes Unidos |
ECONOMIA
A exploração do petróleo e do gás natural é a base da economia, sendo que o país é o oitavo maior produtor de petróleo e possui a sexta maior reserva petrolífera do mundo. Nas últimas décadas, o país vem investindo em outros setores, como o comércio e o turismo.
Os EAU têm uma economia aberta com um elevado rendimento per capita e um superávit comercial anual considerável.
A economia dos EAU, especialmente a de Dubai, foi duramente atingida pela crise econômica de 2008-2009, levando a economia do país a encolher. Porém, com a alta do preço do petróleo no mercado mundial, o país voltou a crescer economicamente. O boom da construção civil, a base industrial em expansão e o próspero setor de serviços estão ajudando os Emirados Árabes Unidos a diversificar sua economia.
O aumento significativo das importações de bens manufaturados, como máquinas e equipamentos de transporte, representam juntos 80% das importações do país. Mais de 200 fábricas operam no complexo de Jebel Ali, em Dubai, que inclui um porto de águas profundas e uma zona franca para a fabricação e distribuição, em que todas as mercadorias para exportação desfrutam de 100% de isenção de impostos. Uma usina de grande potência com uma unidade de dessalinização de água, associada a uma fundição de alumínio e uma unidade de fabricação de aço são instalações de destaques no complexo.
|
Zona Franca de Jebel Ali - Dubai - EAU |
Exceto nas zonas francas, os EAU exigem, pelo menos, 51% de impostos dos cidadãos locais em todas as operações financeiras no país, como parte de sua tentativa de colocar os EAU em posições de liderança. Porém, esta lei está sob revisão por causa das normas da Organização Mundial do Comércio (OMC).
PROBLEMAS SÓCIO-POLÍTICOS
Os direitos humanos são legalmente protegidos pela Constituição dos Emirados Árabes Unidos, que confere igualdade, liberdade, estado de direito, presunção de inocência em procedimentos legais, inviolabilidade de propriedades particulares, várias liberdades (de circulação, imprensa, expressão, comunicação, religião, associação, profissão, ser eleito para algum cargo, entre outras), desde que dentro dos limites da lei. Os EAU são considerados um dos países mais liberais do Oriente Médio, sobretudo, quando comparado com seu vizinho, a Arábia Saudita. O país tem um dos mais fortes níveis de direitos humanos da região, o que contribuiu para que os EAU passasse a fazer parte, em 2012, do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas para um mandato de três anos.
|
Mulheres em praia de Abu Dhabi |
Porém, muitas irregularidades ainda acontecem no EAU, principalmente no que se refere aos trabalhadores estrangeiros, em sua maioria de origem asiática, que são transformados em servos através de dívidas após sua chegada no país. A confiscação dos passaportes, apesar de ser ilegal, ocorre em grande escala, principalmente com trabalhadores não qualificados ou semi-qualificados. Operários trabalham no verão sob calor intenso, com temperaturas chegando a atingir entre 40°C e 50°C nas cidades em agosto, sem intervalo de trabalho, além de trabalharem mais do que permitido, e as leis trabalhistas, muitas vezes, não são cumpridas.
O governo restringe a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa, enquanto a mídia local pratica a autocensura, evitando criticar diretamente o governo. A liberdade de associação e de religião também são limitadas.
|
Mesquita em Abu Dhabi |
O EMIRADO DE DUBAI: UM GRANDE COMPLEXO TURÍSTICO
Dubai tornou-se um grande complexo turístico, considerado hoje uma das cidades mais modernas do Oriente Médio e a cidade mais populosa dos Emirados Árabes.
Cerca dos 20% dos habitantes nasceram nos EAU; os demais são imigrantes, com destaque para indianos, que correspondem a quase metade dos imigrantes.
As principais formas de obtenção de receita em Dubai são provenientes do turismo, do comércio, do setor imobiliário e dos serviços financeiros. Já as receitas de petróleo e gás natural, que no passado foram responsáveis pela consolidação da economia dos EAU, atualmente contribuem bem menos.
Duas das mais ambiciosas construções na cidade de Dubai são o The World e o Palm Islands, espécies de arquipélagos artificiais. O primeiro tem formato do mapa-múndi e é composto por cerca de 300 ilhas artificiais. O segundo arquipélago é formado por três ilhas artificiais com formato de palmeiras: Jumeirah, Jebel Ali e Deira. As moradias foram colocadas à venda e, em apenas 72 horas, as casas foram totalmente vendidas.
|
As ilhas artificiais de The World e Palm Islands |
Dubai tornou-se a oitava maravilha do mundo. A construção das ilhas artificiais não foi bem aceita por algumas pessoas, principalmente pelos ambientalistas. Para eles, a construção das ilhas artificiais representam uma ameaça para o percurso normal da natureza, pois matou os recifes de coral, destruiu locais de nidificação de tartarugas e desestabilizou a economia marinha (pesca) da região ocidental do Golfo Pérsico.
Contrariando o luxo existente em Dubai, existe centenas de pessoas vivendo em condições subumanas. São os trabalhadores, que ganham em média 3,8 dólares por dia, trabalhando em turnos de 12 horas diárias, sob calor abrasador (em média 45°C). Esses homens vivem num verdadeiro pesadelo.
ALGUNS DADOS SOBRE OS EMIRADOS ÁRABES UNIDOS
NOME OFICIAL: Emirados Árabes Unidos
CAPITAL: Abu Dhabi
|
Visão noturna de Abu Dhabi - capital dos Emirados Árabes Unidos |
GENTÍLICO: árabe, emiratense, emiradense, árabo-emiradense, árabe-emiradense
LÍNGUA OFICIAL: árabe
GOVERNO: Monarquia Constitucional Parlamentarista
INDEPEDÊNCIA: do Reino Unido
Declarada: 2 de dezembro de 1971
LOCALIZAÇÃO: Golfo Pérsico - Oriente Médio (Ásia)
ÁREA: 83.600 km² (114°)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2014): 9.023.108 habitantes (87°)
MAIORES CIDADES (Estimativa 2014): 59,72 hab./km² (116°)
Dubai: 2.666.569 habitantes
|
Dubai - maior cidade dos Emirados Árabes Unidos |
Abu Dhabi: 1.421.044 habitantes
|
Abu Dhabi - capital e segunda maior cidade dos Emirados Árabes Unidos |
Sharjah: 951.687 habitantes
|
Sharjah - terceira maior cidade dos Emirados Árabes Unidos |
PIB (Banco Mundial - 2013): U$ 361,912 bilhões (32°)
IDH (ONU - 2014): 0,827 (40°)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2012): 79,2 anos (39°)
CRESCIMENTO VEGETATIVO (ONU - 2005/2010): 2,85% (19)
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2013): Obs: essa mortalidade é contada de menor para maior.
TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook - 2014): 2,36 filhos/mulher (88°) Obs: essa taxa refere-se ao número médio de filhos que uma mulher teria até o fim do seu período reprodutivo (de 15 a 49 anos).
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factook - 2014): 77,9% (156°) Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que podem ler e escrever.
TAXA DE URBANIZAÇÃO (Pnud - 2010/2011): 78% (35°)
PIB PER CAPITA (CIA World Factbook - 2013): U$ 43.875 (19°)
MOEDA: Dirham dos Emirados
RELIGIÃO: islamismo (76,8%), católicos romanos (5,6%), católicos ortodoxos (3,2%), outras religiões cristãs (3,7%), hinduísmo (8,4%), sem religião, outras religiões e ateísmo (2,3%).
DIVISÃO: a Nação dos Emirados Árabes Unidos é constituída por sete regiões administrativas, que são chamados "emirados". Os sete emirados são: Abu Dhabi, Dubai, Sharjah, Ajman, Umm al-Quwain, Ras al-Khaimah e Fujairah. Cada emirado é uma monarquia controlada por uma família real com soberania sobre o território regional. Desses sete emirados, o emirado de Abu Dhabi, que cobre 86,7% da área total do país, é dividido em três sub-emirados: o sub-emirado que compreende a cidade de Abu Dhabi, um sub-emirado leste e um sub-emirado oeste.
|
Divisão administrativa dos Emirados Árabes Unidos |
FONTE: Geografia nos dias de hoje, 9° ano / Cláudio Giardino ... [et al.]. - 1. ed. - São Paulo: Leya, 2012. - (Coleção nos dias de hoje).