quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

REGIÃO HIDROGRÁFICA DO PARANÁ

  A Região Hidrográfica do Paraná corresponde à Bacia do Paraná, composta por seis unidades hidrográficas: Grande, Iguaçu, Paranaíba, Paranapanema, Paraná e Tietê. Juntas, elas representam 6,5% da vazão de água corrente existente no Brasil.
  Sua calha principal, a do Rio Paraná, nasce na junção dos rios Paranaíba e Grande e corre ao longo de 2.900 km até sua foz, no Rio da Prata. Ela constitui um importante eixo de circulação pelo interior do continente, que já era percorrido mesmo antes da chegada dos colonizadores portugueses e espanhóis. Por serem rios de planalto, os rios que formam a Bacia do Paraná apresentam inúmeras quedas-d'água que, apesar do enorme potencial hidráulico, necessitam ser contornadas.
  A construção de usinas hidrelétricas permitiu o uso do potencial hidráulico dessa bacia para a geração de energia elétrica, que representa quase 60% da capacidade instalada no país. Atualmente, existe quase 180 usinas hidrelétricas na Região Hidrográfica do Paraná, várias de grande porte, como a de Itaipu. Em muitas delas foram construídas eclusas (sistema de comporta que permite a descida e a subida de embarcações em um canal fluvial com grande desnível), permitindo a circulação de embarcações pelos rios.
Usina Hidrelétrica do Paraná
Unidade Hidrográfica do Rio Paraná
  O Rio Paraná é o segundo maior sul-americano. Nasce da confluência de dois importantes rios brasileiros: o Rio Grande e o Rio Paranaíba, entre os estados de Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso do Sul. Em seu percurso total, o Rio Paraná adquire uma extensão total de 4.880 quilômetros, o que lhe rende o posto de sétimo rio mais extenso do mundo.
  Em sua parte alta, o rio Paraná separa os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, e este último com o estado do Paraná, além de demarcar a fronteira entre Brasil e Paraguai, numa extensão de 190 quilômetros até a foz do rio Iguaçu. A partir deste ponto marca o início da fronteira entre Argentina e Paraguai. O rio continua correndo para o sul até próximo a cidade de Posadas (Argentina) onde muda para a direção oeste. Na confluência do rio Paraguai, o Paraná entra totalmente nas terras argentinas e passa a percorrer a direção sul, desaguando no delta do Paraná e, consequentemente, no Rio da Prata.
Parte da cidade de Posadas, na Argentina, tendo ao fundo o rio Paraná
  No trecho brasileiro, há a barragem de Jupiá, que está localizada há 21 quilômetros da confluência com o rio Tietê, assim como também a barragem de Ilha Solteira, enquanto na fronteira do Paraguai com o Brasil está a barragem de Itaipu, e na fronteira entre a Argentina e o Paraguai, a barragem de Yacyretá. As duas hidrelétricas fornecem 99% da eletricidade do Paraguai (sendo que 90% vem de Itaipu), fazendo do país o maior exportador de eletricidade do mundo.
  No rio Paraná, na altura do município de Guaíra, havia o Salto de Sete Quedas, que era a maior cachoeira do mundo em volume de água, mas, com a construção da usina de Itaipu, foi submersa em 1982.
  Os principais afluentes do Rio Paraná nessa unidade hidrográfica são os rios: Sucuriú, Verde, Pardo, Ivinhema e Amambaí.
Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira, em Ilha Solteira - SP
Unidade Hidrográfica do Rio Iguaçu
  O rio Iguaçu é um afluente do rio Paraná e é o maior rio do estado do Paraná, formado pelo encontro dos rios Iraí e Atuba na parte leste do município paranaense de Curitiba, junto à divisa deste com os municípios de Pinhais e São José dos Pinhais. O curso desse rio segue o sentido geral leste a oeste com algumas partes servindo de divisa natural entre o Paraná e Santa Catarina, bem como em certo trecho do seu baixo curso faz a fronteira entre o Brasil e a Argentina. Seu ponto negativo é que no ano 2008 foi considerado o segundo rio mais poluído do Brasil, superado apenas pelo rio Tietê. O trecho aproximado do rio Iguaçu é de 910 km.
Visão aérea das Cataratas do Iguaçu
  Os principais afluentes do rio Iguaçu são os rios: Potinga, Claro, Cavernoso, Guarani, Adelaide, Andrada, Gonçalves Dias, Floriano, Jangada, Iratim, Capanema, Santo Antônio, Jordão, Areia, Chopim e Negro. Entre as principais usinas hidrelétricas instaladas na bacia do rio Iguaçu, destacam-se as usinas hidrelétricas de: Foz de Areia, no município de Pinhão; Governador Ney Aminthas de Barros Braga, no município de Mangueirinha; Salto Santiago, entre os municípios de Saudade do Iguaçu e Rio Bonito do Iguaçu; Salto Osório, entre os municípios de Quedas do Iguaçu e São Jorge d'Oeste; e Salto Caxias, no município de Capitão Leônidas Marques, todas localizadas no estado do Paraná.
Usina Hidrelétrica de Salto Santiago
Unidade Hidrográfica do Rio Paranapanema
  O rio Paranapanema é um dos rios mais importantes do estado de São Paulo. Possui uma extensão total de 929 km e suas nascentes estão localizadas na serra Agudos Grandes, no município de Capão Bonito. É considerado o rio menos poluído do estado de São Paulo.
  O rio Paranapanema divide-se em três trechos principais: Baixo Paranapanema, Médio Paranapanema e Alto Paranapanema. Além de ser a divisa natural entre os estados de São Paulo e Paraná, esse rio é um eixo de integração entre duas regiões muito homogêneas: as vertentes paulista e paranaense, que apresentam grande identidade, tanto social, quanto cultural e, principalmente, econômica. A região da bacia do Paranapanema é considerada uma Região de Conservação por possuir um importante acervo ambiental preservado, sobretudo nas porções de cabeceiras dos rios que fazem parte do Paranapanema.
Mapa da Bacia Hidrográfica do Rio Paranapanema
  Na região hidrográfica do Paranapanema desenvolve-se uma agricultura de ponta e um extraordinário potencial para a agricultura irrigada, tanto pela excelência dos seus solos, quanto pela enorme disponibilidade hídrica.
  Os principais afluentes do rio Paranapanema são os rios: Itararé, das Cinzas, Tibagi, Pirapó, Norte Pioneiro, Piraponema, Capivara, Pardo, entre outros. Dentre as hidrelétricas instaladas na bacia do Paranapanema, destacam-se as usinas hidrelétricas de: Jurumirim, no município de Cerqueira César (SP); Paranapanema, no município de Piraju (SP); Chavantes, entre os municípios de Chavantes e Ribeirão Claro (SP); Ourinhos, no município de Jacarezinho (SP); Salto Grande, entre os municípios de Salto Grande (SP) e Cambará (PR); Canoas I, localizada entre os municípios de Itambaracá (PR) e Cândido Mota (SP); Canoas II, entre os municípios de Palmitá (SP) e Andirá (PR); Capivara, entre os municípios de Porecatu (PR) e Taciba (SP); Taquaruçu, entre os municípios de Sandovalina (SP) e Itaguaré (PR); e Rosana, entre os municípios de Rosana (SP) e Diamantina do Norte (PR).
Usina Hidrelétrica de Jurumirim
Unidade Hidrográfica do Rio Tietê
  O rio Tietê é conhecido nacionalmente por atravessar, em seus 1.136 quilômetros, praticamente todo o estado de São Paulo, no sentido leste-oeste, e por banhar a maior cidade a América do Sul, São Paulo. Esse rio nasce na Serra do Mar, no município de Salesópolis, no Parque Nascentes do Rio Tietê, a 1.120 metros de altitude e, apesar de estar há apenas 22 quilômetros do litoral, as escarpas da serra obrigam-no a caminhar no sentido inverso, rumo ao interior, atravessando o estado paulista de sudeste a noroeste até desaguar no lago formado pela barragem Jupiá, no rio Paraná.
  O rio Tietê sempre foi um rio de meandros e devido a construção de avenidas marginais, foi necessário fazer uma mudança brusca no seu curso natural, além da sua canalização, na capital paulista.
Rio Tietê, na cidade de São Paulo em 1900
  Após a expansão urbana provocar a ocupação das áreas de várzea, o crescimento desordenado da cidade fez com que o solo da bacia do Tietê na região da Grande São Paulo fosse sendo impermeabilizado: asfalto, telhados, passeios e pátios foram fazendo com que a água das chuvas não mais penetrasse no solo, impedindo a retenção da mesma. Uma grande porcentagem da precipitação corre imediatamente para as galerias de águas pluviais e dali para os córregos e depois para o Tietê, que não consegue absorver toda a água, provocando constantes alagamentos na cidade de São Paulo. Além dos prejuízos e transtornos sofridos pelas pessoas diretamente atingidas (doenças transmitidas pela água - como tifo, hepatite e leptospirose -, residências, móveis, veículos e documentos destruídos, entre outros), as inundações nas marginais do Tietê acabam atingindo não só a economia da região, mas também a economia do estado e do país.
Transbordamento do rio Tietê após uma chuva caída na capital paulista
  Pelas marginais do rio Tietê, incluindo as do rio Pinheiros, passam a ligação Norte-Sul do Brasil, o acesso a várias rodovias (Presidente Dutra, Ayrton Senna, Fernão Dias, Raposo Tavares, Régis Bittencourt, dos Imigrantes e Anchieta), aos aeroportos de Congonhas e Cumbica e ao Porto de Santos, o mais importante do país.
  O rio Tietê cruza a Região Metropolitana de São Paulo e percorre 1.136 quilômetros ao longo de todo o interior do estado. Logo após sair do município de São Paulo, o rio Tietê encontra, no município de Santana de Parnaíba, a Usina Hidrelétrica de Edgard de Sousa, um pouco mais adiante a Hidrelétrica de Rasgão e, entre estas duas, encontra-se a Barragem de Pirapora do Bom Jesus.
Rio Tietê em Pirapora do Bom Jesus - SP
  O Rio Tietê drena uma área composta de seis sub-bacias hidrográficas (Alto Tietê, Sorocaba/Médio Tietê, Piracicaba-Capivari-Jundiaí, Tietê/Batalha, Tietê/Jacaré e Baixo Tietê) em uma das regiões mais ricas do hemisfério sul e, ao longo de sua extensão, suas margens banham 62 municípios ribeirinhos.
  Os principais afluentes do rio Tietê são os rios: Pinheiros, Aricanduva, Piracicaba, Sorocaba, Jacaré-Pepira, Jacaré-Guaçu, Ribeirão dos Porcos, Batalha, Dourado, Ribeirão Santa Bárbara, Ribeirão Três Irmãos, Ribeirão Água Fria, Tamanduateí, Juqueri, Jundiaí, entre outros.
Rio Tietê entre os municípios de Barra Bonita e Igaraçu do Tietê - SP
  As principais usinas hidrelétricas instaladas no rio Tietê são: Barragem da Usina Parque de Salesópolis (Salesópolis), Usina Hidrelétrica Edgard de Sousa (Santana de Parnaíba), Barragem de Pirapora do Bom Jesus e de Rasgão (Pirapora do Bom Jesus), Barragem Laras (Laranjal Paulista), Barragem Anhembi (Anhembi), Barragem Barra Bonita (Barra Bonita), Barragem Bariri (Bariri), Barragem Ibitinga (localizada entre Borborema, Ibitinga e Iacanga), Usina Hidrelétrica Mário Lopes Leão (entre Promissão e Avanhandava), Barragem Três Irmãos (Pereira Barreto) e Usina Hidrelétrica de Nova Avanhandava (Buritama).
Usina Hidrelétrica Edgard de Sousa, em Santana de Parnaíba - SP
  Em diversas barragens foram implementadas sistemas de eclusas que viabilizaram a manutenção da navegação fluvial. Muitas barcaças fazem o transporte da produção da região a baixo custo. A hidrovia Tietê-Paraná permite a navegação numa extensão de 1.100 quilômetros entre Conchas, no rio Tietê, em São Paulo, e São Simão, em Goiás, no rio Paranaíba, até Itaipu, atingindo 2.400 quilômetros de via navegável.
Nascente do Rio Tietê, em Salesópolis - SP
Unidade Hidrográfica do Rio Grande
  O Rio Grande nasce no Alto do Mirantão, na Serra da Mantiqueira, no município mineiro de Bocaína de Minas, a uma altitude de 1.980 metros e percorre 1.360 km até encontrar o Rio Paranaíba, no município de Carneirinho, em Minas Gerais, quando ambos formam o rio Paraná. A partir dos municípios de Claraval (MG) e Ibiraci (SP), o rio forma a divisa natural do estado de Minas Gerais com São Paulo.
  A partir da nascente, seu curso tem uma orientação sudoeste-nordeste até a divisa dos municípios mineiros de Lima Duarte e Bom Jardim de Minas, onde deste ponto parte para a direção sul-norte, servindo de divisa entre estes dois municípios e entre Lima Duarte e Andrelândia. Mais a jusante, o rio passa a correr para o sul, e se mantém nesta direção até a barragem de Jaguara, em Sacramento (MG). A montante de Jaguara, à altura do reservatório de Estreito, no município de Pedregulho (SP), passa a receber as águas dos rios do estado de São Paulo, servindo de divisa entre este estado e Minas Gerais. A partir dessa cidade, o rio muda seu curso e passa a correr no sentido leste-oeste até sua confluência com o rio Paranaíba.
Cânion do Rio Grande, em Ibiraci - MG
  Os principais afluentes do Rio Grande são os rios: Aiuruoca, Lourenço, Velho, das Mortes, Jacaré, Verde, Sapucaí, Canoas, Pardo e Turvo. As principais usinas hidrelétricas instaladas na bacia do Rio Grande são: Anil (Santana do Jacaré - MG), Camargos e Itutinga (Itutinga - MG), Funil (entre Lavras e Perdões - MG), Furnas (entre São José da Barra e São João Batista da Glória - MG), Marimbondo (entre Icém e Fronteira - MG), Mascarenhas de Morais (Ibirací - MG), Jaguara (Sacramento - MG), Luiz Dias (Itajubá - MG), Poço Fundo (Poço Fundo - MG), Igarapava (Igarapava - SP), Luis Carlos Barreto (Estreito - SP), São Bernardo (São Bernardo - MG), Volta Grande (Conceição das Alagoas - MG), Jacutinga (Jacutinga - MG), Porto Colômbia (entre os municípios de Planura - MG e Guaíra - SP) e Xicão (Campanha - MG).
Usina Hidrelétrica de Volta Grande, em Conceição das Alagoas - MG
Unidade Hidrográfica do Rio Paranaíba
  O rio Paranaíba nasce no município de Rio Paranaíba (MG), na Serra da Mata da Corda, a uma altitude de 1.148 metros e, após percorrer 1.170 km, junta-se ao Rio Grande para formar o rio Paraná. A partir dos municípios de Coromandel e Guarda-Mor, o rio Paranaíba forma a divisa natural entre Minas Gerais e Goiás, e já próximo à sua foz, de Minas Gerais com o Mato Grosso do Sul. O Rio Paranaíba é conhecido principalmente pela sua riqueza diamantífera e pelo grande potencial que apresenta.
Rio Paranaíba, na divisa entre os municípios de Araporã (MG) e Itumbiara (GO)
  Os principais afluentes do rio Paranaíba são os rios: São Marcos, Corumbá, Meia Ponte, Perdizes, Veríssimo, Santa Maria, Jordão, Araguari, Ribeirão da Piedade, dos Bois, Claro, Verde, Corrente, Aporé, Bagagem, Dourados, Araguari e Tejuco. As principais usinas hidrelétricas instaladas na bacia do rio Paranaíba são as usinas hidrelétricas de: Itumbiara (entre os municípios de Itumbiara - GO e Araporã - MG), São Simão (entre São Simão - GO e Santa Vitória - MG), Emborcação (entre Araguari - MG e Catalão - GO), Cachoeira Dourada (entre os municípios de Cachoeira Dourada e Itumbiara - GO e Araporã, Cachoeira Dourada, Capinópolis, Canápolis e Centralina - MG), Corumbá (Caldas Novas - GO), Caçu (Caçu - GO), Barra dos Coqueiros (entre Cachoeira Alta e Caçu - GO) e Salto Rio Verdinho (entre os municípios de Caçu e Itarumã - GO).
Usina Hidrelétrica de São Simã, em São Simão - GO
FONTE:Araújo, Regina. Observatório de geografia / Regina Araújo, Ângela Corrêa da Silva, Raul Borges Guimarães. - 1. ed. - São Paulo: Moderna, 2009.

domingo, 18 de janeiro de 2015

TUAREGUES: POVOS DO DESERTO DIVIDIDO POR FRONTEIRAS

  Os tuaregues são um povo berbere (grupo étnico nômade que ocupa o norte da África desde a Pré-história e que vive hoje principalmente nas regiões montanhosas do Marrocos e da Argélia e em parte do deserto do Saara) constituído por pastores seminômades, agricultores e comerciantes. No passado, controlavam a rota das caravanas do deserto do Saara. Majoritariamente muçulmanos, são os principais habitantes da região saariana do norte da África. Distribuídos hoje em diferentes países, os tuaregues foram os primeiros povos a habitar o deserto do Saara. Ainda que estejam distribuídos por uma extensa região, atualmente a população tuaregue está reduzida.
  Os tuaregues estão distribuídos pelo sul da Argélia, norte de Mali, Níger, sudoeste da Líbia, Chade e, em menor número, em Burkina Faso e leste da Nigéria. Falam línguas berbere e preservam uma escrita peculiar, o tifinagh. A principal língua tuaregue é denominada tamasheq, além das outras como o tamahaq, tahaggart, tayart, tawallammat e o tetserret.
Mapa da área habitada pelos tuaregues
  A palavra "tuaregue" deriva de Targa, que é o nome berbere da província da Fazânia, no sul da Líbia. Porém, alguns estudiosos acreditam que a palavra deriva do árabe "abandonados", referência à região que habitam, uma região inóspita e hostil à ocupação humana.
  Tradicionalmente, para os tuaregues, as fronteiras não tinham nenhum significado. Mas, desde a colonização europeia, que fragmentou o território africano, a vida desses nômades se tornou muito difícil. A colonização desestruturou esses povos.
  Os tuaregues já foram um povo rico, com sua técnica de criação de camelos, os quais eram vendidos como animais de carga para as caravanas. Mais tarde, destacaram-se também na condução dessas caravanas, quando obtiveram o monopólio do sal de Bilma, no comércio saariano.
Tuaregue da Argélia
  O meio de locomoção dos tuaregues é o camelo, têm como vestimenta característica o véu de azul índigo, com que cobre toda a cabeça e a maior parte do rosto, com exceção dos olhos, para protegerem-se do sol, que é extremamente forte.
  A alimentação dos tuaregues tem sua base no leite e derivados. Só abatem animais nas grandes festas. Possuem também ovelhas e cavalos.
  Apesar de serem tradicionalmente nômades, os tuaregues constituíram importantes centros nos países em que estão presentes, como Agadez, no norte do Níger, e Gao, Kidal e Timbuktu no Mali. Timbuktu foi no passado um importante centro do comércio trans-saariano e centro de pesquisa, contando com uma universidade e uma grande quantidade de intelectuais, que aproveitaram-se do auge da intelectualidade islâmica, na época da baixa Idade Média.
Timbuktu - Mali
  Os tuaregues usam uma linhagem materna, embora não sejam matriarcais. Sua hierarquização é formada por castas que descendem da tradicional rainha guerreira Tin Hinan e seu companheiro Takama.
  A casta nobre, Imajeren, são os guerreiros. Portam a tradicional espada Takoba, cujo formato lembra as espadas medievais das cruzadas. Há pequenas distinções no formato e detalhes entre as espadas de acordo com a região de origem ou dos artesãos-ferreiros que as fazem. A lâmina larga de dois gumes tem um friso longitudinal e o punho é guarnecido por uma peça retangular, que lembra uma cruz.
  O motivo dos homens não dispensarem o véu azul índigo é, segundo tradições tuaregues, protegê-los dos maus espíritos. A norma entre os tuaregues é fornecer chá de menta aos grupos de turistas.
Tuaregues de Mali
  A religião dos tuaregues fica a cargo dos Ineselmen, que significa Muçulmanos, e têm muito cuidado na observação das leis do Alcorão. Os tuaregues aderiram ao islamismo no século XVI. Apesar da grande observação nas leis do Alcorão, o nomadismo impossibilita-os de algumas obrigações das leis islâmicas, como é o caso do Ramadã, o mês sagrado dos muçulmanos. Combinam a tradição Sunita (Maliki madhhab) com algumas crenças pré-islâmicas animísticas, como a presença dos espíritos Kel Asuf e a divinização do Qur'an.
  Os "Homens Livres" (Imrad - que quer dizer "povo das cabras") são a maioria e se dizem descendentes de Takama. Os escravos, chamados de Iklan, são compostos por descendentes dos antigos cativos. Desde a dominação francesa, no final do século XIX, a escravidão foi abolida. Porém, eles permanecem em quantidade considerável e têm as suas subcastas.
Tuaregues de Níger
  Diferentemente de outros povos berberes, os tuaregues não usam tatuagens. Homens e mulheres pintam os olhos com kohl, pó negro de sulfato de antimônio. Os rapazes raspam a cabeça, deixando apenas uma espécie de crista no centro. Segundo a crença, o motivo de fazerem isso é que servirão para que Alá os "arraste" ao paraíso.
  As mulheres, ao contrário das outras muçulmanas, não usam véus e possuem cabelos longos e trançados. São bem consideradas e pode ser delas a iniciativa do pedido de divórcio, caso se considerem maltratadas pelo marido. Em certas ocasiões, elas pintam o rosto de vermelho ou amarelo e os lábios de azul, formando uma espécie de máscara, que serve de enfeite e de símbolo mágico. Possuem autoridade no acampamento, pois os homens estão frequentemente ausentes, cumprindo suas atividades como pastores, comerciantes ou guerreiros. Geralmente, sabem escrever e são mais instruídas que os homens. Participam dos conselhos e assembleias da linhagem e são consultadas nos assuntos da tribo.

Mulheres tuaregues de Níger
  Antes de se tornarem pacíficos com são atualmente, os tuaregues cobravam pedágios altíssimos dos outros viajantes, assaltando e massacrando os que deixavam de pagar. Em 1946, com a chegada de novos governos, os tuaregues entraram em guerra por sua liberdade, provocando a morte de milhares de pessoas. Atualmente, eles se dedicam à música, ao comércio, ao artesanato e ao pastoreio de animais, principalmente cabras e dromedários.
  O povo tuaregue recusa-se a aceitar as fronteiras de cinco estados - Argélia, Mali, Líbia, Níger e Burkina Faso - estabelecidas nos tempos coloniais, em territórios que sempre lhes pertenceram. Expulsos da Argélia em 1986, e obrigados a sair da Líbia em 1990, refugiaram-se no Níger e no Mali, onde criaram vários problemas e passaram a sofrer a dura reação dos governantes locais.
Tuaregues de Burkina Faso
FONTE: Geografia nos dias de hoje, 8° ano / Cláudio Giardino ... [et al.]. - 1. ed. - São Paulo: Leya, 2012. - (Coleção nos dias de hoje)

sábado, 17 de janeiro de 2015

MALÁSIA: UM DOS NOVOS TIGRES ASIÁTICOS

  A Malásia é um país do Sudeste Asiático que compreende dois territórios distintos: a parte sul da Península Malaia e ilhas adjacentes, e uma seção do norte da ilha de Bornéu. A nação tem suas origens no reino malaio presente na área, que, a partir do século XVIII, passou para o domínio do Império Britânico.
  O país é multiétnico e multicultural, o que desempenhou um grande papel na política. Sua Constituição declara o islamismo como religião oficial, ao mesmo tempo protege a liberdade religiosa.
Ilha de Langkawi - Malásia
Geografia da Malásia
  A Malásia é composta da Península da Malásia e da parte ocidental da Ilha de Bornéu. Localizada nas proximidades da linha do Equador, possui um clima quente e úmido, com chuvas de monções ocorrendo entre abril e outubro, o que favorece o cultivo de alimentos, embora a extensão de terras agrícolas seja limitada pelo predomínio de relevo montanhoso. O país possui fronteiras terrestres com a Tailândia a oeste e com a Indonésia e Brunei a leste. Está ligado a Cingapura por meio de uma ponte. Faz fronteiras marítimas com o Vietnã e as Filipinas.  As duas partes da Malásia, separadas uma da outra pelo Mar da China Meridional, compartilham uma paisagem bastante semelhante, pois, tanto a Malásia Peninsular quanto a Malásia Oriental (ilha de Bornéu) apresentam planícies costeiras que no interior transformam-se em colinas e montanhas.
  A região peninsular possui cerca de 40% do território do país e se estende por 740 quilômetros de norte a sul. Essa região está dividida entre as suas costas leste e oeste pelas Montanhas Titiwangsa, que chegam a uma altitude de 2.183 metros, destacando-se o Monte Korbu (que é o ponto mais elevado dessa parte da Malásia) sendo parte de uma série de cadeias de montanhas que funcionam abaixo do centro da península.
Monte Korbu
  A Malásia Oriental, na ilha de Bornéu, responde por cerca de 60% do território malaio e é dividida entre regiões costeiras, montanhas e vales, com um interior bastante montanhoso. A Cordilheira Croker estende-se para o norte a partir de Sarawak, na divisão com o estado de Sabah. Aí se encontra-se o Monte Kinabalu, o ponto culminante da Malásia, com 4.095 metros. Esse monte é protegido pelo Parque Nacional de Kinabalu, considerado um Patrimônio Mundial pela Unesco.
  A Malásia é considerado um país megadiverso, com um elevado número de espécies e altos níveis de endemismo, que são encontrados nas diversas florestas e montanhas de Bornéu, onde as espécies são isoladas uma da outra por uma floresta de várzea.
Monte Kinabalu - ponto culminante da Malásia
História da Malásia
  As primeiras evidências de habitação humana na região da atual Malásia datam de aproximadamente 40 mil anos. Acreditam-se que os primeiros habitantes tenham sido de pele escura e vindos da África. Por volta do século I d.C., comerciantes indianos e chineses chegaram à região, onde estabeleceram portos e cidades costeiras nos séculos II e III, resultando numa forte influência cultural desses dois povos sobre as culturas dos povos locais e da península Malaia, principalmente no aspecto religioso, com a prática das religiões hindu e budista.
  Por volta do século II surgiu o reino de Langkasuka, no norte da Península Malaia, durando até o século XV. Entre os séculos VII e XIII, grande parte do sul dessa península passou para o domínio do Império Srivijaya que, após a sua queda, surgiu o Império Majapahit, que influenciou a maior parte da península e do arquipélago malaio.
Império Majapahit
  O islamismo começou a se espalhar entre os malaios no século XIV. No início do século XV, Parameswara, um príncipe do antigo império Srivijaya, fundou o Sultanato de Malaca, que é considerado o primeiro Estado independente na área da península. A cidade de Malaca foi um importante centro comercial durante este império, atraindo o comércio de toda a região.
  Em 1511, Malaca foi conquistada pelo Império Português, sendo tomado pelos holandeses em 1641. Em 1786, o Império Britânico estabeleceu-se na Malásia, quando o sultão de Kedah arrendou Penang para a Companhia Britânica das Índias Orientais. Os britânicos obtiveram a cidade de Cingapura em 1819 e, em 1824, assumiram o controle de Malaca após o Tratado Anglo-Neerlandês. Em 1826, os britânicos controlavam diretamente Penang, Malaca, Cingapura e a ilha de Labuan, que eles estabeleceram como colônia da Coroa dos Estabelecimentos dos Estreitos.
Mapa da Coroa dos Estabelecimentos dos Estreitos
  Por volta do início século XX, os estados de Pahang, Selangor, Perak e Negeri Sembilan, conhecido em conjunto como Estados Federados Malaios, tinham residentes britânicos nomeados para aconselhar os governantes locais, que eram obrigados a submeter-se por meio de um tratado. Os cinco estados restantes da península, conhecidos como Estados Malaios Não-Federados, embora não estivessem diretamente sob o domínio britânico, também aceitaram conselheiros britânicos.
  O desenvolvimento na península de Bornéu era separado até o início século XIX. Sob a administração britânica, a imigração de chineses e indianos para servir como trabalhadores aumentou. A área atual de Sabah ficou sob o controle britânico como Bornéu do Norte, quando os sultões de Brunei e de Sulu transferiram seus respectivos direitos territoriais de propriedade, entre 1877 e 1878. Em 1842, Sarawak foi cedida pelo sultão de Brunei a James Brooke, cujos sucessores a governaram como "rajás brancos" por meio de um reino independente até 1946, quando tornou-se uma colônia da coroa.
Malaca - Malásia
  Durante a Segunda Guerra Mundial, o exército do Império do Japão invadiu e ocupou Malásia, Bornéu do Norte, Sarawak e Cingapura por mais de três anos. Durante este período, tensões étnicas foram levantadas e o nacionalismo cresceu. O apoio popular pela independência aumentou após a Malásia ser reconquistada pelos Aliados.
  Os planos britânicos no pós-guerra de unir a administração da Malásia sob uma única colônia da coroa, chamada de União Malaia, teve forte oposição dos malaios, que se opunham ao enfraquecimento dos governantes locais e à concessão de cidadania para chineses. A União Malaia, criada em 1946 e que consistia de todas as possessões britânicas na península Malaia, com exceção de Cingapura, foi rapidamente dissolvida e substituída pela Federação da Malásia, que restaurou a autonomia dos governantes dos estados malaios sob domínio britânico. Durante esta época, os rebeldes, em sua maioria chineses, sob a liderança do Partido Comunista da Malásia, começaram operações de guerrilha destinada a expulsar os britânicos da Malásia.
Demonstração anti-comunista na Malásia, na década de 1950
  O levante malaio ocorreu entre 1948 e 1960 e envolveu uma campanha anti-insurgência por tropas da Commonwealth na Malásia. Após isto, um plano foi posto em prática para criar uma federação malaia com as colônias da coroa do Bornéu do Norte (que aderiu como Sabah), Sarawak e Cingapura. A data proposta para a criação da federação foi 31 de agosto de 1963, no entanto, a data foi adiada para 16 de setembro desse ano devido à oposição de Sukarno, presidente da Indonésia, e do Partido Povos Unidos de Sarawak.
  A federação provocou o aumento de tensões e um conflito com a Indonésia, além da saída de Cingapura e de conflitos étnicos que culminaram nos distúrbios raciais de 13 de maio de 1969.
  Depois dos tumultos, a controversa "Nova Política Econômica" foi lançada pelo primeiro-ministro Tun Abdul Razak com o objetivo de aumentar a parcela da economia realizada pelos bumiputera, termo usado para os malaios étnicos.
Tun Abdul Razak (1922-1976) - ex-primeiro-ministro da Malásia
  Durante o governo do primeiro-ministro Mahathir bin Mohamad, houve um período de rápido crescimento econômico e urbanização. A economia deixou de ser baseada no setor agrícola e passou a ter como base a manufatura e a indústria. Vários megaprojetos foram concluídos, como a Petronas Towers, a Autoestrada Norte-Sul, o Super Corredor Multimídia e a nova capital administrativa federal de Putrajaya.
  A partir da década de 1980, as exportações de petróleo e gás natural superaram as de produtos como borracha, madeira e especiarias. Devido ao rápido crescimento econômico, o país passou a fazer parte dos Novos Tigres Asiáticos.
  Em 1994, o Parlamento aprovou a emenda constitucional que reduz o poder dos sultões. Nas eleições de abril de 1995, a coalizão governista Frente Nacional ganhou maioria arrasadora no Congresso (162 das 192 cadeiras). Mahathir bin Mohamad, no governo desde 1981, continuou no cargo de primeiro-ministro.
  No final da década de 1990, a crise financeira asiática quase causou o colapso da moeda local e dos mercados de ações e imobiliário, provocando queda no crescimento econômico, porém, com o fim da crise, o país voltou a crescer.
Putrajaya - capital administrativa da Malásia
Economia da Malásia
  A Malásia é um país de economia de mercado relativamente aberta, orientada pelo Estado e recentemente industrializada. O Estado desempenha um papel importante, mas em declínio, ao guiar a atividade econômica através de planos macroeconômicos.
  Tradicionalmente, o espaço geográfico da Malásia é marcado por uma infinidade de pequeninas propriedades, agrícolas, que cultivam principalmente arroz. Essas propriedades são cultivadas há muitas gerações por famílias inteiras, com ferramentas simples como enxadas e foices. A cena típica nessas pequenas propriedades familiares lembram muito jardineiros cuidando de seus canteiros. Por isso, esse tipo de trabalho artesanal é conhecido como "agricultura de jardinagem", praticada geralmente nas planícies e nas margens dos pequenos rios que cortam o país, tanto na península quanto na ilha.
  Entretanto, desde o início do século XIX, quando os ingleses se apossaram do território, os solos mais férteis são ocupados por grandes fazendas do tipo plantation, que ainda produzem e exportam principalmente borracha. O país é atualmente o maior produtor mundial de borracha natural. Além da borracha, a Malásia é o maior exportador mundial de azeite de dendê. Outros produtos bastante cultivados no território malaio são cacau, coco, palmito, chá, entre outros.
Fazenda de plantação de chá na Malásia
  Além das plantations, a economia malaia também depende de outros produtos primários, como bauxita, estanho, petróleo e gás natural. A partir da década de 1990, quando foi aprofundada a liberalização da economia malaia, muitas indústrias transnacionais se instalaram no país para beneficiar a borracha e os minérios. O país tem sido o maior produtor de estanho do mundo.
  Nos últimos anos, o governo malaio criou Zonas Econômicas onde oferece incentivos fiscais, como isenção de impostos para a exportação. Graças a essa medida, modernas indústrias mecânicas e eletroeletrônicas multiplicaram-se na Malásia, transformando-a em mais uma plataforma de exportação.
  O comércio internacional, facilitado pela rota marítima adjacente ao estreito de Malaca, e a manufatura, são os setores-chave da economia. O país tem sido um centro do sistema bancário islâmico e possui o maior número de trabalhadores do sexo feminino na indústria.
Mulheres trabalhando em uma fábrica de produtos eletrônicos na Malásia
  Os serviços baseados no conhecimento também estão se expandindo. Para criar uma capacidade autossuficiente para o seu desenvolvimento nacional, a Malásia privatizou algumas das suas instalações militares na década de 1970. A privatização criou a indústria de defesa, que em 1999 passou a ser administrada pelo Conselho de Defesa da Indústria da Malásia. O governo continua a promover este setor e a sua competitividade, comercializando na indústria de defesa.
  A Malásia possui algumas transnacionais. Dentre elas se destacam a Malaysia Airlines (companhia aérea), Proton Holdings Berhad (automóveis), Petronas (produção e distribuição de petróleo e gás natural), entre outras.
Posto de combustível da Petronas, em Kuala Lumpur - Malásia
  Em um esforço para diversificar a economia e torná-la menos dependente das exportações, o governo malaio vem pressionando para aumentar o setor de turismo. Como resultado, essa atividade tornou-se a terceira maior fonte de divisas do país, embora seja ameaçado pelos efeitos negativos do crescimento da economia industrial, como poluição do ar e das águas e o desmatamento.
  A infraestrutura da Malásia é uma das mais desenvolvidas da Ásia. A sua rede de telecomunicações é a segunda maior do Sudeste Asiático, atrás apenas de Cingapura. O país tem sete portos internacionais, sendo o principal deles o Porto de Klang. A rede rodoviária é bastante moderna, sendo que a Via Expresso Norte-Sul é a maior do país.
Edifícios modernos fazem parte da rotina das cidades malaias
  A industrialização do país elevou o percentual de população urbana para mais de 70% dio total. Mas grande parte dos novos moradores urbanos veio do campo sem nenhuma qualificação profissional. Essa população tem recebido grande atenção dos governantes malaios, que aplicam boa parte dos recursos gerados pelas exportações em educação para qualificar seus trabalhadores.
ALGUNS DADOS SOBRE A MALÁSIA
NOME OFICIAL: Federação da Malásia
CAPITAL: Kuala Lumpur
Petronas Twin Towers - símbolo de Kuala Lumpur
GENTÍLICO: malaio, malásio, malasiano, malaico
LÍNGUA OFICIAL: malaio e inglês
GOVERNO: Monarquia Eletiva Constitucional / Democracia Parlamentarista
INDEPENDÊNCIA: do Reino Unido
Federação Malaia: 31 de agosto de 1957
Federação (com Sabá, Sarawak e Cingapura): 16 de setembro de 1963
Expulsão de Cingapura: 9 de agosto de 1965
LOCALIZAÇÃO: Sudeste Asiático
ÁREA: 330.803 km² (67°)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2014): 29.099.206 habitantes (43°)

DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 86,84 hab./km² (87°)
MAIORES CIDADES (Estimativa 2014):

Kuala Lumpur: 1.808.685 habitantes
Kuala Lumpur - capital e maior cidade da Malásia
Johor Bahru: 985.021 habitantes
Johor Bahru - segunda maior cidade da Malásia
Ipoh: 788.299 habitantes
Ipoh - terceira maior cidade da Malásia
PIB (Banco Mundial - 2013): U$ 307.178 bilhões (35°)
IDH (ONU - 2013): 0,773 (62°)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2012): 75,7 anos (68°)
CRESCIMENTO VEGETATIVO (ONU - 2005/2010): 1,69% ao ano (75°)
TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook - 2014): 2,58 (76°).
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2014): 93,1% (111°) Obs: essa taxa se refere a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
TAXA DE URBANIZAÇÃO (Pnud - 2009/2010): 70,8% (57°)
PIB PER CAPITA (CIA World Factbook - 2013): U$ 10.547 (66°)
MOEDA: Ringgit Malaio
RELIGIÃO: islamismo (60,2%), budismo (19,8%), cristianismo (9,2%), hinduísmo (6,3%), outras religiões (1,3%), sem religião e ateísmo (3,2%).
DIVISÃO: a Malásia é uma federação composta por treze Estados e três territórios federais, onde onze estados e dois territórios encontram-se na Península Malaia e os outros dois estados e um território na Ilha de Bornéu. Os Estados são: Sultanato de Johor, Sultanato de Kedah, Sultanato de Kelantan, Sultanato de Pahang, Sultanato de Perak, Sultanato de Selangor, Sultanato de Terengganu,  Monarquia Eletiva de Negeri Sembilan, Reino de Perlis, Malaca, Pulau Pinang, Sabah e Sarawak. Os territórios federais são: Putrajaya, Kuala Lumpur e Labuan.
Mapa da divisão territorial da Malásia
FONTE: Tamdjian, James Onnig. Estudos de geografia: o espaço do mundo II, 9° ano / James Onnig Tamdjian, Ivan Lazzari Mendes.  - São Paulo: FTD, 2012.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

A POLÊMICA DA DESINDUSTRIALIZAÇÃO E A REESTRUTURAÇÃO DA METRÓPOLE DE SÃO PAULO

  A participação da indústria de transformação no PIB brasileiro recuou de, aproximadamente, 25% em 1979 para cerca de 12,6% em 2014. Mas há visões diferentes para explicar e justificar esses números. Alguns economistas, estudiosos e empresários industriais sustentam que o Brasil perdeu competitividade em diversos setores industriais, em razão da abertura econômica e do chamado Custo Brasil, exportando menos mercadorias industrializadas e importando mais máquinas e equipamentos para a indústria; afirmam, ainda, que houve uma reprimarização das exportações, nas quais as commodities (bens e serviços para os quais existe procura sem atender à diferenciação de qualidade do produto no conjunto dos mercados e entre vários fornecedores ou marcas) perfazem cerca de 50% das mercadorias vendidas. Esse processo é chamado de desindustrialização.
  O Custo Brasil é um termo genérico usado para descrever o conjunto de dificuldades estruturais burocráticas e econômicas que encarecem o investimento no Brasil, dificultando o desenvolvimento nacional, aumentando o desemprego, o trabalho informal, a sonegação de impostos e a evasão de divisas. É apontado como um conjunto de fatores que comprometem a competitividade e a eficiência da indústria nacional. São exemplos do Custo Brasil: carga tributária elevada, infraestrutura deficitária, energia cara, excessiva burocracia exigida nos negócios, moeda valorizada, corrupção administrativa pública elevada, déficit público elevado, burocracia excessiva para criação e manutenção de uma empresa, cartelização da economia, juros mais altos que os praticados em outros países, entre outros. 
  A desindustrialização é um processo de mudança social e econômica causada pela eliminação ou redução da capacidade industrial ou atividade em um país ou região, especialmente a indústria pesada ou indústria transformadora. É um termo oposto de industrialização.
  Outros economistas e estudiosos entendem que esse processo ocorre em escala mundial, particularmente naqueles países de industrialização mais antiga e que o Brasil apresentou crescimento excessivo na produção agropecuária (que é moderna) e na produção mineral, dinamizando nossas exportações, e isso beneficia a economia nacional em seu conjunto. Esse grupo de estudiosos argumenta ainda que o setor industrial no Brasil cresceu exageradamente devido a estímulos do Estado. Ambos, porém, destacam os problemas de falta de competitividade, provocado pelo Custo Brasil, além da forte concorrência da indústria chinesa.
  De qualquer modo, o Brasil exporta pequena quantidade de bens de alta tecnologia e tem importado grandes quantidades desses bens.
A modernização da agricultura tem contribuído para o processo de desindustrialização no Brasil
  Algumas medidas têm sido tomadas recentemente para melhorar a competitividade da indústria, inclusive com a criação do Plano Brasil Maior, em 2011, que estabeleceu menos impostos para diversos setores industriais. Além disso, cortes nos juros bancários, redução das tarifas energéticas e aumento de alguns impostos de importação fizeram parte das estratégias.
  O Plano Brasil Maior, lançado em 02 de agosto de 2011, é a política industrial, tecnológica e de comércio exterior do governo federal para aumentar a competitividade da indústria nacional. Ele traça uma nova política industrial, tecnológica, de serviços e de comércio exterior do país. O desafio desse plano é:
  • sustentar o crescimento econômico inclusivo num contexto econômico adverso;
  • sair da crise internacional em melhor posição do que entrou, o que resultaria numa mudança estrutural da inserção do país na economia mundial.
  Para isso, o Plano tem como foco a inovação e o adensamento produtivo do parque industrial brasileiro, objetivando ganhos sustentados da produtividade do trabalho.
  A estabilidade monetária, a retomada do investimento e crescimento, a recuperação do emprego, os ganhos reais dos salários e a drástica redução da pobreza criaram condições favoráveis para o país dar passos mais ousados em sua trajetória rumo a um estágio superior de desenvolvimento.
AS MUDANÇAS OCORRIDAS NA METRÓPOLE DE SÃO PAULO
  As recentes transformações na industrialização paulista têm sido percebidas de maneira segmentada, induzindo a recortes que prejudicam a compreensão da metrópole de São Paulo. Frequentemente têm sido interpretadas como produto de dois processos segmentados: o de industrialização do interior e o de desindustrialização da capital. Por esta interpretação, de um lado é o interior, o espaço da retroterra da capital que se industrializa e, de outro, é a capital que se desindustrializa.
  A desindustrialização em São Paulo, ao mesmo tempo em que retoma aspectos da industrialização e urbanização da cidade, traz novos problemas, como o aumento de favelas, de desemprego, da violência, a queda na arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), entre outros.
Com a desindustrialização, cresce o número de favelas decorrente da queda da renda
  A partir da dinâmica do número de estabelecimentos e de empregos industriais - maior crescimento relativo do interior do que na capital -, chega-se facilmente a interpretar as transformações como sendo fruto de um processo de descentralização industrial. Confunde-se uma proposta política de governo com a interpretação ou explicação do processo real.
  A Região Metropolitana de São Paulo é o maior polo de riqueza nacional, possuindo um polo industrial extremamente diversificado com indústrias de alta tecnologia e indústrias automobilísticas. Essas indústrias estão situadas principalmente na região do ABCD paulista.
  A região do ABCD Paulista, é uma região tradicionalmente industrial fazendo parte da Região Metropolitana de São Paulo, porém, possui identidade própria. A sigla vem das quatro cidades, que originalmente formavam a região: Santo André (A), São Bernardo do Campo (B), São Caetano do Sul (C) e Diadema (D). Inclui nessa região também os municípios de Ribeirão Pires, Mauá e Rio Grande da Serra. Essa região foi o berço do sindicalismo no país. As cidades que compõem essa região abrigam uma população, de acordo com estimativas do IBGE - 2014, de 2.292.818 habitantes.
Santo André - SP
  O ABCD Paulista se especializou principalmente na produção de automóveis e eletrodomésticos, porém, possui uma indústria bastante diversificada. A região já iniciou o seu processo de desconcentração industrial e o setor de serviços é o que vem ocupando o maior espaço nas cidades que compõem essa região. Dentre os fatores que estão contribuindo para essa desconcentração industrial estão: forte elevação no preço dos imóveis, congestionamentos, esgotamento de reservas de matérias-primas e energia, elevação dos custos de mão de obra, entre outros. Esses fatores fizeram com que houvesse uma reorganização na distribuição geográfica das indústrias, que passaram a buscar cidades, geralmente médias ou pequenas, que ofereçam melhor infraestrutura urbana, com área disponível para a expansão de suas atividades e onde os governos municipais concedem incentivos fiscais.
São Bernardo do Campo - SP
  A implantação industrial fora da capital, em grande parte nos municípios próximos aos principais eixos rodoviários, não assume o significado de uma descentralização. Isso porque: a decisão, o poder de mando, o efeito catalisador, o ambiente inovador, os serviços essenciais de ordem superior, esses continuam concentrados na Grande São Paulo. A decisão e o controle do processo de valorização do capital não só continuam concentrados social e espacialmente, como são reiteradamente reforçados, apesar da relativa dispersão dos estabelecimentos.
  Entre as principais áreas industriais do interior do estado de São Paulo, destacam-se a região do Vale do Paraíba, a Região Metropolitana de Campinas, a Região Administrativa Central e a Mesorregião de Piracicaba. O Vale do Paraíba Paulista possui indústrias do ramo aeroespacial, como a Embraer, indústrias automobilísticas nacionais, como a Volkswagen e a General Motors e indústrias de alta tecnologia, além das indústrias de eletroeletrônicos, têxtil e química.
São José dos Campos - SP
  Muitas indústrias do interior, e mesmo da chamada Grande São Paulo, mantinham o escritório central na capital. A não compreensão do que seja o processo de centralização, ou até mesmo o fato de tomá-lo sem distinção do processo de concentração, tem sido responsável pela interpretação da dispersão industrial como produto de uma descentralização industrial.
  Concentração e centralização são processos distintos. Quando a empresa amplia sua base de acumulação - pelo aumento do número de equipamentos e máquinas está-se diante de um processo de concentração. Quando se trata de associação, absorção ou fusão de capitais individuais sob um mesmo controle, está-se diante de um processo de centralização do capital, sem qualquer modificação no número de equipamentos e máquinas. Centralizar é associar capitais já formados. A centralização constitui um processo em que as frações individuais de capital se reagrupam. A base da ampliação da escala de produção se dá pela incorporação de capitais já formados. Trata-se, a rigor, da abolição da autonomia individual do capital, ou seja, de expropriação de um capitalista por outro, que transforma muitos capitais menores num de maior magnitude.
  A Região Metropolitana de Campinas é conhecida como o "Vale do Silício brasileiro" devido à grande concentração de indústrias de alta tecnologia.
Campinas - SP
  Muito da dispersão industrial está vinculada a processos de centralização do capital, pois, enquanto se estreitam as possibilidades de investimentos das pequenas e médias empresas, se ampliam ainda mais as vantagens dos grandes monopólios, capazes de proceder ao controle dos capitais. Um mesmo poder, um mesmo comando, mobiliza e controla os ciclos de valorização do capital segmentado em várias unidades de produção. O que importa não é a proximidade física entre os vários segmentos da produção, ou mesmo entre a administração e a produção propriamente dita, mas sim a capacidade de controle dos distintos ciclos de valorização submetidos a um mesmo ciclo.
  A Região Administrativa Central está situada no centro do estado de São Paulo, e nela estão localizadas as cidades de Araraquara e São Carlos, e constitui um importante polo de alta tecnologia.
  A Mesorregião de Piracicaba é caracterizada pela presença de empresas de biotecnologia, produção de derivados da cana-de-açúcar e de biocombustível.
São Carlos - SP
FONTE: Lucci, Elian Alabi. Território e sociedade no mundo globalizado, 2: ensino médio / Elian Alabi Lucci, Anselmo Lázaro Branco, Cláudio Mendonça. - 2. ed. - São Paulo: Saraiva, 2013.

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